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¦ æ________..'.--—-"—"-^^«l»-*!!-*^*^1^^ o REGULADOR BM«iSILEIM O, N.° 21/ E'tablissons nos institutions sur 1' amour des Ci- toyens, et sur ieur volonté eclairée. Le Desordre Reaidier. ARTIGO XLIH. Sermão, que na Ccremoriia tia Sagração do Nosso Au- gusto Impewador Constitucional D. Pedro I. Defen- sor Perpetuo do Brasil, repetio na Capella Impe- rtal o Padre Mestre Fr. Francisco de S. Paio. , ünxeruntque eum Sadoc Sacerãos^ et Nathan Profeta; insonuitque Chitas, Ex Libro 3.° Reg. C. I. JN Unca a Religião se appresenta com maior S&- íberania, com todos os. attributos de seo Poder, e de sua gloria do que quando os Reis, os Poderosos do mundo, conhecendo sua fraqueza vam procurar aos pés dos altares esta força, que nem o nascimen- to, nem a politica, nem o enthusiasmo dos povos lhes podem communicar. Ha huma eloqüência subU- me em todas as ceremonias, cem que a Augusta. Filha do Cco apparece w interior ^do Sanctuano oy i t -*<, *»*

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¦ ________ ..' .--—-"—" -^^«l»-*!!-*^*^1^^

o REGULADORBM«iSILEIM O,

N.° 21/

E'tablissons nos institutions sur 1' amour des Ci-toyens, et sur ieur volonté eclairée.

Le Desordre Reaidier.

ARTIGO XLIH.

Sermão, que na Ccremoriia tia Sagração do Nosso Au-

gusto Impewador Constitucional D. Pedro I. Defen-

sor Perpetuo do Brasil, repetio na Capella Impe-

rtal o Padre Mestre Fr. Francisco de S. Paio. ,

ünxeruntque eum Sadoc Sacerãos^ et Nathan

Profeta; insonuitque Chitas, Ex Libro 3.° Reg. C. I.

JN Unca a Religião se appresenta com maior S&-

íberania, com todos os. attributos de seo Poder, e

de sua gloria do que quando os Reis, os Poderosos

do mundo, conhecendo sua fraqueza vam procurar

aos pés dos altares esta força, que nem o nascimen-

to, nem a politica, nem o enthusiasmo dos povos

lhes podem communicar. Ha huma eloqüência subU-

me em todas as ceremonias, cem que a Augusta.

Filha do Cco apparece w interior ^do Sanctuano •

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«TT"); «¦

( 3Í0 )tudo falia aos sentidos, tudo nos impõe a Lei d»respeito, tudo nos mostra, por entre a nuvem dosmysterios, e dos symbolos, a admirável transformaçãodaquelles, que prostrando-se diante do Rei dos Reis ,.se levantam com o indelével caracter de seos Ungi-dos, de seos Representantes sobre a terra, encarre-gados de promover a felicidade dos povos, de sus-tentar seos direitos invioláveis, marchando á su»frente com a taboa da Lei em huma mão, e nW-tra com a vara da Justiça. Assim appareceo sobre o-Throno de Judé esse grande Rei, que levou o seo>Nome r e o de sua Nação até os fins do Universo \trazendo ao seio d' huma pequena Monarquia as ri-quezas dos Impérios , os tributos dos Príncipes maisformidáveis , empenhados em sua alliança pela idéa,de que o Omnipotente o havia engrandecido não sopara gloria do seo povo, como tãobem para fortun»daquelles, que fossem seos amigos. Os thesouros deChersoneso, e de Ophir; a prosperidade dos seos Na-vios sobre esses mesmos mares tantas vezes cobertos-com os despojos dos Phenicios, e dos Tyrios, mes-três da Navegação; a sabedoria de seo Governo conhe-cida nos lances mais críticos, o respeito, que ganhouesse povo obscurecido pelos ferros do Egypto, e daAssyria, deram ao Reinado de Salomão huma divisaparticular entre todos os seos Successores, porque s»nos seos dias a Nação foi grande, rica, e famosamais do qüe nenhuma das outras Nações, já celebresno Universo; os transportes da alegria publica nomomento, em que o Rei acabou de receber a unçãodada pelos Pontífices do Senhor annunciarain sua fu-túra magnificência: o Povo t&scobrio na Pessoa doMonarca a garantia de sua fortuna; ninguém se

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( 311 )lembrou mais de David, nem dos escudos, que as-

soberbavam a grande Torre de seo Nome; a terra

de Moab, e de Amon pressentiram ao longe sua

humiliação diante dos seos antigos escravos , e o

prazer da Cidade Santa, depois da ceremonia da un-

ção Real, nunca foi interrompido em quanto o Prin-cipe appareceo á sua vista: Unxeruntquc eum SfC.

Nós vemos hoje reproduzida- esta mysteriosâ ceremo-nia sobre a Pessoa de hum Principe, que o Ceodeo ao Brasil na epofcha, em que o monstro do

Despotismo nos mostrava além dos mares essas mes-

mas cadêas, arrancadas dos nossos pulsos; d"hum

Principe, que marchando intrépido sobre os punhaes4os nossos inimigos, como o primeiro, e o mais ze-

loso Propugnador dos nossos direitos, sobio ao Thro-

no Imperial levado pelo justo enthusiasmo de huma

Acclamação já repetida em todas as Provincias, e

lioje vem receber aos pés dos altares a unção dos

Heis para adiantar com a força da Religião o. esta*,

belecimento da nossa prosperidade, adquirindo porisso mesmo novos títulos ao nosso respeito. Ainda ha

pouco, Senhores, nós ^ vimos prostrado diante

d1 Aquelle, a quem compete a Soberania como hum

attributo de sua Essência; nós já o devemos consi-

derar como o Ungido do Senbor, respeitável pelasconvenções sociaes mais antigas, inviolável pela sane-

ção politica, e Religiosa, como huma Pessoa ligada

com os interesses da Nação, porque nelle temos o

Defensor desta Constituição, qu® nos deve dar hu-

ma idade d? ouro, desconhecida nos dias de nossos

Paes, e tão próxima de nós, porque já vemos en-

terrado debaixo do Throno Imperial esse infame sys-

tema de escravidão, que entorpecia nossa industria.39 ü

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( 312 je nosso commercio nos campos, e nos mares, ondedaqui adiante o nosiso pavilhão mostrará a Indepen-d meia, a Liberdade política, a gloria do Brasil re-

generado. Eu descubro em vossos semblantes os trans-

portes ão dia 12 dc Outubro; ainda direi mais,Senhores, eu escuto a lingoagem dos vossos corações;sim vós tendes pronunciado em silencio o juramentode sustentardes sempre illesa a gloria do Nosso Au-.

gusto Imperador: era preciso que vós tivesseís desci-âo ao ultimo gráo de prostituição para não pensardesdeste modo: ou que podesseis ser tocados pelo vene-no das conspirações só próprias daquelles paizes, ondea inconstância, e a vohibilídade sam divisas Nacie-naes. Este mesmo juramento proferido pela gratidãod^hum povo Monarquico-Constitucional', generoso , e irt-

capaz de ser ingrato passa á ser desde hoje hum dever

mais sagiado, do que até aqui pela força da unçíoReal, que augmentando o decoro devido á Augusta

Pessoa do Imperador constituirá duplícadamente réo

perante a Sociedade > e a Religião aquelle, que seattrever a transg:edito, adoptando princípios oppostosaos que a educação nos transmittio, e que a expe».riencià nos tem mostrado, como os^ mais favoráveisaos nossos públicos interesses. Direi por tanto , Senho-res, que a inviolabilidade dbs Reis, hum dos maioresdogmas polítices,. inculeado pela mesma Religião he

o penhoi da paz, da prosperidade, e da fortuna dasNações. Confésso-vos, Senho e<, que , .<endo tao rica, tão

fecunda a proposição, sinto ver-me na necessidade de me

circunscrever em hnm peqveno espado de tempo. Mas

porventura faltando eu na^es ra dos habitantes do

Brasil, terei necessidade de longos dn cursos para firmar

idéas, qu« ueltes sam inabaláveis ? Não. — Eu jmacTpto.

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Jfa^waa*-. I|««'n-i'1 ."!¦ |i a .,,. . , i. -,~.-.;,.

(âi3)Seria mui difficil enfraquecer na lembrança dos

povos aquellas idéas, que lhes foram transmittidas

com a educação se os mais empenhados nesta empre-

za não desorganizassem os primeiros elementos da mo-

ral publica, substituindo-lhes estas máximas vertigino-

sas, que fizeram entrar o Gênero humano em huma

convulsão formidável, e em huma desconfiança uni-

versai sobre as pessoas dos Reis.A educação havia ensinado sempre a respeitar

Aquelles, que a Natureza, a Religião, a antigüidade

dos séculos i a condueta uniforme das Nações mais

felizes lhes mostrava na ordem Social, como os pri,meiros objectos do seo culto politico. Nós vemos esta

verdade no berço dos povos, ganhando forças como

huma das bases dos seos interesses, dilatando-se com

as gerações pelo credito da experiência, sempre cons-

tant°e nomeio das maiores commoções, apesar mesmo,

de que os Reis se esquecessem dos deveres desta ai-

liança politica, que elles contractam com seos sub-

ditos no momento de sua elevação ao Throno. A

Grécia, a Mãe das artes, e das sciencias, dos Pia-

toes, dos Sócrates, dos Phidias, e Praxitelles, que

levou suas Luzes ao seio da grande Ásia, e com

ellas o germ*en da civilisação, e da fortuna desses

Impérios, que alli floresceram, e donde vieram para

a Europa as primeiras Colônias da Litteratura, e da

moral; a Grécia, a vingadora da Liberdade, a im-

ntea dos Tyrannos nos dá o exemplo deste respeito

„a primitiva creação dessas Monarquias reguladas pela

sabedoria das Leis, que concorreram tanto para a feh-

cidade dos povos. Vemos as Tribus de Israel fugindo

da Theocracia, abandonando o Governo dos Juizes,

m -.-urdl-o. do. Velho», - fiM* » P*--ta, <,«•

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( 314 )

os dirigia com os oráculos do Propiciatorio. —- Cons-titue-nos hum Rei, como o tem todas as Nações,

para que elle nos julgue. — Nós achamos em todoses séculos estas Augustas Personagens debaixo dosescudos das diversas Religiões dominantes nesses tem-,nos: quando a Religião do Sinai dizia ao Israelitacurvado debaixo dos pórticos do Templo — Não tal-teis á honra devida ao Rei, e o filho de Izai abatiaa seos pés a cabeça do Amalecita, que lhe trouxe acoroa de Saul tinta em seo próprio sangue; a do,Persa fazia ver ao povo , que o Rei era a imagemdo Deos, que elles adoravam. Hermes no Egypto,Zoroastres na antiga Corte dos Darios, Confucio naChina, Brachman na índia perpetuavam estas idéasde respeito convencidos, de que a segurança dos po-vos, e a felicidade das Monarquias tinham certos

pontos de contacto com estas verdades políticas tãointeressantes, que o seo desprezo deveria sempre serconsiderado como huma crise de máo agouro para atranquillidade publica.

He certo, Senhores, que nesses mesmos temposse viram Reis atados ao carro triunfal dos conquista-dores; á porta do Capitólio como supplicantes, de-baixo das machadinbas dos algozes, como victimas dabatalha: o Tibre ainda hoje na sua velhice se lembrade ter levado á presença dos Cônsules muitos Reisdecahidos do esplendor de seos Thronos: mas a sortedos combates, as Leis da victoria, escriptas com osangue dos vencidos, a idéa de que os Deoses aban-donavam aquelles, que caiam nas mãos dos seosinimigos , desculpam esses Regicidios, e só por issoos quadros, em que nós os vemos perdem muito do

iseo horror. Fazia.se então guerra ás Pessoas dos Ira-

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( 315 )

pMtef, e não á Dignidade da Realeza; ttovo»

Tfironos appareciam de pé sobre as ruínas d' outros,

novas Monarquias saíam das entranhas d'outras sub-

jugadas, os Reis marchavam contra os Reis para sô

apossarem dos seos estados: eram conduaidos pelaambição , pelo furor das conquistas, e não pelas ma-

timas d" hum systema anti-Monarquico , a Nação quehoje via no Throno o moço Dario, via depois Ale-

tandre, e o Império da Macedonia ligado com o

Império da Pérsia. Estava reservado , Senhores , ao

gênio das revoluções destruir estes princípios auetori-

gados pela Religião dos Patriarcas, e pelo mesmo Pa-

ganismo; fazer sair o mundo desse estado de equi-

librio, em que se sustentou por tantos séculos, trans-

tornando os fundamentos da ordem Social. Viram-se

no ultimo annel da cadêa dos povos aquelles, queos mesmos povos haviam collocado no primeiro logar:

Viram.se as Augustas Pessoas dos Reis cobertas com

a espuma de seos inimigos ; vio-se em fim a Anar-

quia triunfante sobre as minas dos Thronos, dizendo

ás Nações — não respeiteis a Tyrannos, deixai de

ser escravos, quebrai o jugo de ferro, que peza so-

bre vossos hombros; juntai-vos ao nosso partido, nós

vos daremos huraa outra forma de governo mais ana-

loga aos vossos interesses, porque só nós conhecemos

a grande arte de regenerar os povos. — A idéa de

huma Liberdade indefinida, idéa seduetora, que offe-

recendo na apparencia as mais lisongeiras vantagens ,

tem per isso mesmo servido de pretexto ás revoluções

dos Impérios, arrastou os povos, obrigando-os a se

esquecerem dos primeiros elementos de sua educação ,

e a sairem fora da linha daquelles deveres, a queestavam ligados pelo pacto social. A soberba do Pa-

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( 316 )

gsnismo foi publicamente attacada em suas máximas;

os Deoses foram chamados ao theatro das novas dou-

trínas, ajuntou.se aos , seos títulos o de vingadores

dos povos contra os Tyrannos; fez-se accreditar, quea espada, com que ell s deveriam ser feridos saia decima dos altares; creou-se era fim como diz, o ce-lebre Tertuliano, hum novo Paganismo sobre os restos

do antigo, e depois de conseguida esta victoria a

Religião dos Numas fugio dos seos Templos, levando

com sio-o os Reis, os penhores da tranquillidade pu-blica. Vio-se então, Senhores, na mesma epocha,

nos mesmos dias quando as palavras de Liberdade ,de segurança individual giravam pelas praças, vio-se

hum Cônsul sacrificando á sua desconfiança trinta milCidadãos honrados, e erguendo sobre os seos cada-veres o abominável Templo da Concórdia.

Dirá alguém, Senhores, que essas Monarquiasdegradadas de suas antigas attribuições, transformadasem governos populares fofam mais ditosas, concorre-ram melhor para a felicidade das Nações? Violou-sea imunidade dos Reis; por quem foram substituídos?Eu vejo ali Ephoros, Tyrannos infinitamente nnaisformidáveis , do que áquelles, de quem se fugia ; vejo

huraa turba de famintos, de orgulhosos Déspotas es-magando os povos, e impondo silencio aos seos ge-midos: vejo aqui Decemviros, Triumviros, Dictado-res esixangulando^se mutuamente , e escrevendo nas

taboas da proscripçáo os nomes daquelles, que ou

pela amizade seguiam hum partido opposto, ou pelotemor se mostravam neutros no meio da tempestade,e das convulsões políticas. Os antigos Reinos de Car-

tlugo , de Esparta, de Athenas, e de Roma se con-

vertem em campos de mortandade, onde com o titu-

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P( 317 )

lo da Pátria em perigo se degolam Paes, Fithos»

Esposas, Amigos sem attenção nem á idade, nem a

innocencia. De que crimes não he capaz a ambição,,

quando se desenfreia, e apparece em publico com o$

exteriores do zelo pelo bem crmmum! Infames De-

magogos, verdadeiros Tigres na espécie humana, por-«que fatalidade ainda sois vós acreditados, sendo tão

conhecidos os vestígios de sangue, e tie rainas, quedeixastes em todos os legares, onde se ouviram vos»

sas exclamações? Serieis por ventura incumbidos de

f.user desiapparecer os povos, paia tpie novas geraçõesüwccede sem rapidamente a outras, devoradas por vos*

sos flagellos? Em que archivos se guardaram os te*-

temunhos dos benefícios , que vós tendes feito as Na.

çê-s ? Ah ! desde o dia, em que vós -apparecestes a

bi>toria dos séculos começou á ser escripta com o

«augue dos povos: o universo mudou de face; o os-

tracismo, o yetMisn.o, e a morte náo deixaram mais

em repouso nem a honra, nem a probidade, nem a

virtude , nem o merecimento'; os louros ganhados no

P loponeso f .ram niurchar nos campos da Pérsia;

emudeceram as artes, filhas do gênio; a eloqüência

caio debaixo do punhal d1 lium escravo, e os Deoses

Penates foram eonstran_;idos á confessar, que não po-

diam offerecer asillo a aquelles , que se abraçavam

com os >eos altares.Lancemos agora as vistas sobre estas Potências

modernas, onde as Pessoas dos Reis foram oíTendidas,

e expoliadas dos seos direitos invioláveis. A Gram-

Bretanha debaixo dos pés d'hum monstro, tinto com

o sangue de Carlos I,, a Nação dividida em mil di-

vers»s partidos, não encontrando em nenhum delles a

paz, e a segurança individual; o Parlamento, e a.40

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gPlill li.il iliiillidla^

Constituição insultada; as garantias pnblittti sem res*peito; o povo desconhecendo-ss a si mesmo, em éucpnStancias e;n fim de deixar de ser Naçad: a Hollan-d» fugindo do sceptro de ferro de Filippe II., mashumilhando-se vergonhosamente diante d1 hum Stá*.toudher , verdadeira Aristocracia , Senhora sobre osmares do Oriente de todos esses empórios do com.»raereip.j onde apparecia © pavilhão Portuguez; fazen-do tremer a politica de Hespanha, concebendo, erealisandoempresas, dificultosas, porém ligada dentrodos seos próprios muros com as cadêas d' huma pre-potência , que denegria os seos troféos: a Suécia di*»laeerada. por facções a, desde que o sangue do famosoGustavo appareceo no* punhal iV hum. assassino; per*.dendo aquella consideração, que lhe adquirira o Prin-cipe apunhalado; vendo retornar a humüiação , env-que caíra depois da paz de Nystad, receando novastentativas da Dinamarca,, e dá Rússia; e frustradasas esperança* de gloria, que lhe dera o grandeIrederico, e o celebre José II.: a França illustfada,os gênios distinctos pelas artes, e pelas sciencias,que illustrarairt o Nome db Nação precipitados nogolfo, em que se abismaram as instituições politicas,.d'onde saíra sua gloria, e seo credito; os proekma-(Jores da Liberdade Democrática, os inimigos dosTyrannos, lançandó-se aos pés d'hum Déspota, d'humsoldado intrüso na jerarquia dos Reis, que escreveoo Código de suas Leis com a ponfca da espada; le*v-ado ao Throno Imperial pela força,, ungido porhama criminosa , e fatal condescendência do Chefe da»Igreja ; legitimo Tyranno pela usurpação dós direitosde tantos Cidadãos honrados , que o terror fazia ap-far<$cer em silencio á roda de seo Throno^ eisaqui

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«^^ii;'''!'11*'1'111'-1'1'''1'"!-1*1'

( M )penhores, os resultados tias mudança»; mi é&hfo'**

eisaqui, como o Supremo Arbitro dos Impérios caítB>

gou á face do Universo aquellas NaçSes, tfte*''W*attreveram á levantar as mãos sobre oá seos uégldes,

julgando que se poderiam regenerar, e que seriaift5

mais felizes, depois que se embriagassem com o sati-

gue dos Reis. Todas essas Potências, Senhores, in»-

traídas por suas desgraças , conhecendo que a «ovf

forma dos Governos sempre he perigosa, e contrariai segurança publica; e ntuifo principalmente que se»

meral, sem educação, sem respeito as Leis, sem

fettmá Constituição firmada sobre as bases do direitodas gentes, sem haver hum centro de unidade, don-

êe resulta a vida, e a força geral das Nações, não'

pediam ter Fortsuna , voltaram ao antigo systema : a¦€rràtíi*Bretanlia tornou ao seo estado Monárquico^Constitucional abandonando os projectos da Democra-cia; a França chamou os Successores de Luiz XVI.,as Províncias unidas, que durante a revolução dàEuropa haviam adoptado as formas Republicanas fa-

findo de Statoudhe. ado receberam no Thxono dos

teos antigos o Principe d1 Orange.Que lições, Senhores, que exemplos t5o grandes,

tio eapazes dè despertar nossas vistas sobre os prm-cipios desta educaçío politica, que conservou portanto» séculos em equilíbrio a balança dos destinesd» EfcVep* ? Que ha de commum entre os vicios dò

Coverno, qm nós' nio podemos negar, porque havia*«¦feegado SO- utóitf» ponto de degradação, e * férmàesseííeial dos mesmos Governos? Por ventura pa*aque 0» peyos se regenwom, para, qne sejam felizes,«. rstwn^uistem* a feerínç* dos seos direitos será pie-«wo dtwibât •» Thronor?¦ Vós- acabais de ver a

40 ü

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filfli^WrtlaW^-^M^^

( 320 )

ambição, a hypocrisia * a supposta amizade do povaempunhando numa vara de ferro em todas essas Mo-«arquias, prostituídas pela degradação do seo caracter.Consentiremos nóst que no Brasil se produzam essasacenas formidáveis, cuja lembrança ainda, assusta aEuropa com o temor, de que rebentem segunda vezos volcoes amortecidos ? Não,. o orgulhoso gênio daAnarquia, não pode achar accolhimento no seio dehum povo, o único talvez hoje-entre as Nações, quepor sua moeidade, por sua energia, pelos brios do_seo Patriotismo oífendido, e ancioso de se vingar, estásas circunstancias de appresentar huma fisionomia decivilisação, e de honra debaixo do sceptro Imperialro penhor mais infallivel da inviolabilidade da nossafutura. Constituição, e da reintegração dos nossos di-reitos. A Philodoxia , ( o amor da celebridade por no-vas opiniões ) que atrevidamente toma as apparencia»da Filosofia amiga dos Povos, e dos Reis, vingado-ra dá harmonia, e da paz dos Império»; sim essafilha bastarda dos Licêos, trabalha no meio das Na-ções para estabelecer o seo systema desorganizador t.ella não quer ver nos Thronos esses mesmos Reisfilósofos, que segundo o pensamento d? hum Sábiosam os únicos, de quem os povos devem esperar suafelicidade: humas vezes ella apparece dizendo as Na-ções, que só serám afortunadas quando se uniremem roda dos altares da Liberdade, e lhe offerecerem? mesmo culto, que lhe consagravam os Romanos, aos Gregos: outras vezes aproveitando-se dos desejos ,que os povos mostram em ver reformado o pacto so-ciai, obscurecido por mil abusos, e usurpações lhesappresenta bases Democráticas para sobre ellas ergue**em o edifício d' huma Monarquia Constitucional, co.

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Ai^kMMt*.P:'.Li'PlP- ú.l.jaj.ll.llui iHilli,r'Mf",: "- a.-.-a.,-,..>.".»~-^^»-*«i','ll''',*l'W.lJ|>1' **»

OTHpA-t^W-rfi>li|iin*fijUliiiiipiKI11fI 'i"""'ir1" ,---.- .. t>

( 321 )

mo se de elementos heterogêneos, e ©ppostos se po-

desse formar huma Constituição regular. Depois de

lão grandes calamidades, que oppriimram a Europa,

e que lhe fizeram ver por huma experiência fatal, que

a idéa das Republicas sobre as ruinas à* huma Mo-

narquia he hum verdadeiro absurdo no século presen-te, depois de verem as Na.õcs refluindo para o sys-

tema de sua creaçâo, debaixo dos escudos Constítucio-

naes , e outras em vésperas de se estrangularem por-

que se lhes não da huma Constituição Monárquica, os

inovadores dispersos por todo o mundo ainda espalham

punhaes por entre os povos, para gozarem do expe-

ctaculo das suas desgraças. Ah! a sua Missão será

sempre baldada no Brasil: nos havemos ter huma

Constituição, com qae possamos exprobar aos nossos

inimigos os erros do seo novo Código político, e hum

Imperador, que acaba de receber a espada para a

sustentar a Lei, e o sceptro serám os penhores da

nossa gloriosa regeneração. Os Amalecitas serám tão

mal recebidos entre nós, como foram em outros secu-

los; o povo dirigido pelo espirito da Religião conser-

vara illesos os sentimentos de seo respeito para com o

Augusto Defensor Perpetuo do Brasil: mãos sacrile-

gas nunca poderam abalar esta eolumna, que susten-

ta os Impérios com sua força moral , e em cujo

seio se guardam as Tradições Religiosas, sem alte-

ração , que as offenda í os bravos Defensores da Pa-

tria formaram huma trincheira em roda do Templo da

Lei, e do Throno; resoem muito embora, essas

trombetas , com que 6 Vandalismo, e a Demagogia

nos pertendem assustar ; digam embora que fujamos

do Fantasma da Tyrannia, que elles figuram de pé

wbre a axmiquüação do» princípios Constitucionaes;

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diga» que se tfabalha surdamente em cadêas par*nos escravisarem ; estas expressões de piedade sam filhas

dos seos interesses particulares, e do seo ciúme:

nòs conhecemos até onde vara suas vistas, sabemos

que o nome da Pátria, o ido da gloria do povo,os empenhos para sua prosperidade sam como véos,

que cobrem sua ambição, e os planos das emprezas ,«ue elles conceberam para sobirem á esfera de seoS

desejos. Não temamos, Senhores, a violência d'hum

retrocesso contrario á marcha actual do gênero hu-

mano; tudo nos promette o mais bellq futuro, por-

que nos vamos apparecer no meio das Nações com a

Lei, que mostrará nossa Independência política, e

só esta vantagem , de que se não poderia lisongea»

nem hum dos antigos Impérios, fios dá antecipada-

mente hum catacter de nobreza, que os nossos ini-

migos nunca pèderam eclypsar. He natural que os

povos desconto $ hum Príncipe, que apenas era

conhecido como hum homem antes de cingir o diade-

ma; este momento tem sido muitas veses critico, e

dicisivo das fortunas das Trações; mas quando as boas

qualidades dos Monarcas, quando suas intenções, e

seo nwão de pensar já he conhecido não só peladiversidade dos testemunhos públicos, oo*»© pelaconstância, e fírmesa de soa conducta, 4©*em apa-

gar-se os motivas de receio; o povo deve fechar seo

coração as JnspiraçSes, e ás intrigas da malevolencia;

e desconfiar mais daquelle», que suscitam estas idéasi,

do que d* pessoa, appresentada como objecto de, sua

desconfiança. Vós, tende» visto, Senhores,, a intrepi-

de* cem que o Augrnt» Defensor do Brasil saie á

campo «a» çecasiSe», em que a po«o receia alguma

calamidade:* vis o vistes ia» ao interior da* noss*s

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rrôTiftóíai centMé* áp*&t <* ff&oifr -áM dfostfnçfttf

eivls, proclamar noSsá Independência á vista daquel-

ks, qne esperatam tfuvír a litigoagê» do Deapotis-

i«iô; publicar com maior energia os direitos do pôto,do que seos deveres, lembrando-se «tais do que «o*

pertencia, do qne das nossas obrigações para com

Sua Pessoa: vós o vistes convidar a nossa Assembléa•geral com mais sinceridade, do que tevê Henrique VI.

convocando a Assembléa de Rouen; sua accessibilíáa-

de, sua franqueza, os empenhos com que trabalha

#m nossa segurança,, não nos deveram convencer,

que o Imperador deseja promover nossa felicidade *-Jue espera receber no seo ThrôW * nossa futura

Constituição Monárquica f Refleeti berô , Senhores,

néstaS acçÕes, e vós sèteis forçados a èonfes.sar quea sua conducta he hum modeiie extraordinário, sê

próprio de hum gênio livre das antigas preocupações *

filosofo por natureza, por educação, pelo itnpulsé do

teo século, destinado á governar na épocha da r^e-

neraçâo dos povos. Seria elle mais digu-s de vosso

respeito sé apparecesse coberto de trofcos, é de-d-ft*-"

porjos ganhados Sobre Nações vencidas no cntúpo da

batalha ? Podem-se conquistar Reinos, mas difíicuJto*-

sam-enté se conquista o amor dos povos em geral.0etavianno Augusto foi mais admirável no seio dê

Roma traaqoilla, do que nos campos d* Aceio; ò

seo século mio se fez celebre com as riquezas da antiga

Monarquia dos Ptoiomeos, porém pelos progressosda civilisaçáo , pela cultura das artes y pela sabedoria

das Leis, que terminando as vertigens dá Repufolie*,

dilataram por todo o mundo a gloria do Império Ro-

mano. Que opposição, Senhores , descobriram os §•&a*es da discórdia entre o respeito devido aos Imç«HB*

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( 324 )

tes, e a liberdade dos povoe? Quando estes clamam

pelos seos direitos deveram faltar ao prim< iro dot,

seos deve es na ordem social? Nossos maiores fica-

riam assombrados se ouvissem dizer, que sam servi»

aquelles, que honram o Augusto Representante da

Nação, o centro donde saie a força, que anima os

diflerentes ramos da prosperidade publica: a Religião

se horrorisa ouvindo esta lingoagem proferida peloódio, com que os Revolucionários caracterisam huma

virtude, recommendada nos mesmos dias dos Neros,

e dos Caligulas. Não pensava deste modo o Mestre

das Nações, que os S.bios do Areopago ouviram em

silencio, e que por todas as Ilhas do Arquipélago

d* Ásia menor propagou esta doutrina : não tinham

estas idéas os Basilios, os Chrysostomos , os Cyrillos ,todos esses Anjos das Igrejns d' Ásia , d' África , e

da Furopa. Seriam ignorantes aquelles, que faziam o

ornamento de Constantinopla nos dias dos Theodo-

8Íos, e dos Arcadios, sustentando a fé, ca discipli-

na nos Estados Geraes da Igreja contra ôs Distipu-

los do Pórtico, do Lieéo, e d'Academia?Ah! he com as fracas luzes do nosso século,

que os perturbadores da segurança publi* a pertendemestabelecer o seo systema sobre as ruinas de tudo

quanto o se uio d* oure oíferece de mais solido: he

com idéas abstractas, que se procura destruir aquelles

princípios políticos, que náo se combatiam nos diai

dos Meduis na Italta, de Luiz XIV. na França,

epocha, em que, segundo a mesn-a lingoagem do Pa**

triarca dos ímpios, a Razáo appareceo com o Gênero

humano em tanto esplendor , que se quizesse sobir aci.

xna se precipitaria nas trevas para nunca mai-* s*

«rguer. Parece incrível que estas verdades defendidas n*

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( 325 }

campo da vietoria , no gabinete dos Sábios, sustenta-das pela eloqüência dos Bossuets, e dos Fenelons^

que firmaram as bases da Monarquia nos lancesmais críticos debaixo dos raios da Corte de Roma-,habituada á desligar os povos da obediência devidaaos Reis, sejam desconhecidas, e furiosamente cora-batidas por estas figuras trágicas, que trabalham tan-to em illudir os povos, quanto esses gênios sublimestrabalharam em os illuminár. Obrigam-se á silencio asantigas tradições , que vieram até nós atravessandoos séculos , e as revoluções dos Impérios, escapan-do das ruínas conto caracter de verdade, que lhesdera a Religião: o espirito da novidade arrasta os

povos, banda seos olhos, e os leva, como ondas dehum mar tempestuoso, á se quebrarem nas Sirtis pre-paradas pelas doutrinas do dia. Tudo deve emmudecer,

curvar o joelho diante do novo Evangelho, porque só

assim não serám apontados como servís. O1 Deos! he

deste modo que tu fazes delirar a razão do homem•para o castigares deixando-o iuctar braço a braço com

suas próprias paixões. Que juizo farám de tua Sa-

bedoria aquelles, que sabem que tu mandas dar a Ce-

*ar o que he de Cezar, e que na tua Pátria res-

peitáste o Imperador Romano na Pessoa d' hum seo

escravo í Nâ«, os flagellos, que tu fizeste cair sobre

as margens do Nilo, confundindo os Prineipes de Ta-

nes , e de Merophis não foram nem mais temíveis,

nem mais assoladôres do que esta prole de inséctos

racionaes, que discorrem sem se entenderem, que es-

tragam tudo, em que tocam , e julgam edifiear; quedam o nome de liberdade á verdadeira escravidão,

de ordem á anarquia, de interesse pelo bem publi-eo ao egoísmo da ambição, que chamam era fim m

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( 32G )

Reis Tyrannos, sendo elles monstros ho tneio do*

seos Concidãos. ' -""

Conservemos, Senhores , em nossa lembrança o an-

í>o dogma político, c moral, que a Religião ensinou

a^nossos Paes sobre o respeiio divido aos Reis. Sua

inviolabilidade he huma das bases de todas as Consti-

tuiçoens Monárquicas, porque tem huma ligação tão

intima com os primeiros elementos da Sociedade,

que não se poderá jamais romper sem que o todo ex-

perimente gravíssimos males. Eu vos. appresentei em

miniatura as conseqüências da violação desíe prhcU

pio, e as convulsões, que a prosperidade publica so-

frêo nessas epochas escripas com o sangue dos povos.Não consintamos que o veneno da anarquia se in-

troduza em nosso seio; vossas familias , vossas rique-

zas , vossa segurança individual vos pedem que nun-

ca vos esqueçais dos sentimentos d' honra, e de gra-tidío, com que vós devastes o grande Império do

Sul d' America , ofterecende a coroa a hum Príncipe,

que renasceo nos braços da nossa Pátria, para ser

mais digno do nosso amor, e da nossa confiança.

Eu sei que estas idéas se conservam em vossos cora-

ções com toda a energia d1 hum enthusiasmo incapaz

de se extinguir; eu os vejo tão cerrados que não

dam logar a brechas , não temo que se abalem por

que todos os dias se reforção mais. Sim o nome do Ini-

mortal Pedro I. Imperador do Brasil ja he grandena idéa dos mesmos meninos, que, não conhecendo

ainda o que he Pátria, nem o que he Constituição,

nem o que sam direitos do Cidadão, já sabem que o

Imperador os ha de fazer ditocos, zelar sua instruc-

ção.» e preparar seos pulsos > nio para receberem ca-

Mm? porem para as quebrarem. Ouvem-se pelas pra-

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( 327 >

CÜ seos innócehtes cânticos de louvor, e nos acredu.«amos que ouvimos a posteridade fallando por suasfoocas; elles se armam, se dispõem em fileiras, comose quizessem voar aos combates em defeza do SeoAugusto Patrício,, e do Seo Amigo. Brasil , quantonâo deves esperar ? A nova geração , que se Ievant|em teo seio, cobre de vergonha aquelles, que negaráo respeito aos Reis; com que orgulho náo pizaria ellaSobre os túmulos dos revolucionários se apparecessCnos theatros de suas intrigas? Talvez, Senhores, queOs Brasileiros estejam reservados para mostrarem aos

povos da Europa o admirável espectaculo d1 hum»Constituição Monárquica , fazendo-íhes ver ao mesmotempo huma Nação livre , Independente , e hum Im-

perador Constitucional com todas as attribuições devi-das á Sua Augusta Representação; a Europa deci-dirá se nós fomos bem julgados por aquelles, que só«os consideravam próprios para a condição de escravos.

Religião Santa, que apparecestes hoje á nossavista como o berço do Império do Brasil, mostran-do-nos nos braços do Anjo Fluminense, do Anjo

' tle Marianna , e de Thermia o primeiro Ungidodo Senhor neste Hemisfério Austral , confirma atua obra, communicando-lhe a estabilidade, quehe própria das instituições feitas á tua sombra. Sus-tenta a fiimeza do caracter do Nosso Augusto Impe-rador , virtude tâo necessária naquelles, que estará4 frente das Nações , e que, se por desgraça perdesua força, as Monarquias balanceara sobre os seosalicerces, e caiem debaixo do Ímpeto das paixõestumultuosas. Reanima por tanto esta virtude, quetiús já reconhecemos no Imperador , para que a anar-quia se apirte de nós, e deixe a Constituição sairá luz sobre as columnas da nossa Independência, eda nossa Liberdade política: Iam;a aos pés do Thro-mo esses punhaes , com que a ingratidão se attreve aapparecer diante dos Monarcas mais dignos do amordos povos ; e voando além dos mares, quebra essastrombetas , que propagam a desunião com ideai» filhasda mais baixa inüiga: mostra a. aquelles , (jue aindavacillam hum galho da Arvore de nossa Liberdade,que mãos Reaes plantaram entre nós para eterna ver-gonha dos Déspotas, e dos Tyrannos. Mostra4bes os

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íructos fá crescidos neste solo Virginal, e diz-lheafoitamente, que nós provaremos sua doçura, primei-ro áo que essss Potências da Europa , onde se tra*balha em erguer esta Arvore sem prepararem o ter-reno. Abençoa Aquella, que nasceo entre as coroasmais respeitável do antigo mundo: tão modesta co-mo a Esposa de Germânico, tão instruída como aheroina da Suécia , e muito mais- firme nos sentimen-tos de Religião, do que foi essa Princeza; abençoaa herdeira das virtudes da Immortal Mana Thereza ,a Augusta Imperatriz, Filha desse Imperador, que nomeio das revoluções appareceo de pe a vista daquellemesmo, que se lisongeava de marchar sobre as rui-nas dos Thronos. Praza aos Geos, que dentro de

poucos dias rufe vejamos as Águias do Norte, e domeio Dia da Europa unidas com» o nosso pavilhão,o Labarum do moço Constantino Brasileiro, a cujos

pés devem cair os Maxencios„ inimigos do Império»

ellas chegam... já estam entre nos... tremei^Barba-ros, que nos insultais , o Danúbio, o Rlun, o Wol-

ga vam se abraçar com o Janeiro,, com o Amaso.ias, e o.Prata; o Sena e o Tamiza nao tardam.Dia In de Outubro, e 1.° de Deaambro, a Religião,se ligou com a politica, o Império Constitucionaldo.Brasil será inabalável; quem duvidar,, venha^ fazer a,

experiência, e ou voltará confundido , ou ficara ¦*

campo da batalha: hum povo, que combate por sua,

I*d«pendencia, he lium povo de heroes, Dice,

Quarta Fèuu 11 ws üzzembro ve 1S2&

MO Mt JANEIRO «.IMPRENSA NACIONAL