avaliaÇÃo “in vivo” da aÇÃo anti-helmÍntica de plantas · faculdade de veterinÁria...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS CONSIDERADAS MEDICINAIS COMO RECURSO POTENCIAL NO CONTROLE DE ENDOPARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS Dissertação de Mestrado Ricardo Gutierrez Oliveira PORTO ALEGRE, 2003.

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Page 1: AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS · faculdade de veterinÁria programa de pÓs-graduaÇÃo em ciÊncias veterinÁrias avaliaÇÃo “in vivo” da aÇÃo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS

CONSIDERADAS MEDICINAIS COMO RECURSO POTENCIAL NO CONTROLE DE

ENDOPARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS

Dissertação de Mestrado

Ricardo Gutierrez Oliveira

PORTO ALEGRE, 2003.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS

CONSIDERADAS MEDICINAIS COMO RECURSO POTENCIAL NO CONTROLE DE

ENDOPARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS

Autor: Ricardo Gutierrez Oliveira

Dissertação apresentada como requisito para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências

Veterinárias, na especialidade de Medicina

Veterinária Preventiva.

Orientador: Prof. Dr. José Maria Wiest.

Co-orientador: Prof. Dr. César Augusto

Marchionatti Avancini.

PORTO ALEGRE, 2003.

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Catalogação na fonte

Preparada pela Biblioteca da Faculdade de

Medicina Veterinária da UFRGS

O48a Oliveira, Ricardo Gutierrez

Avaliação “in vivo” da ação anti-helmíntica de plantas

consideradas medicinais como recurso potencial no controle de

endoparasitos gastrintestinais de ovinos / Ricardo Gutierrez

Oliveira. – Porto Alegre: UFRGS, 2003.

153 f.; il. – Dissertação (Mestrado) – Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária,

Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Porto

Alegre, BR-RS, 2003. José Maria Wiest, Orient.

1. Plantas medicinais 2. Parasitologia veterinária:

Ovinos 3. Anti-helmínticos 4. Etnoveterinária I. Wiest, José

Maria, Orient. II Título.

CDD 619.4

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Autor: Ricardo Gutierrez Oliveira

AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS

CONSIDERADAS MEDICINAIS COMO RECURSO POTENCIAL NO CONTROLE DE

ENDOPARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS.

Aprovado em 20 de agosto de 2003.

APROVADO POR:

PROF. DR. JOSÉ MARIA WIEST.

Orientador e Presidente da Comissão

PROF. DR. FLÁVIO ANTONIO PACHECO DE ARAÚJO

Membro da Comissão

PROFª. DRª. INGRID BERGMAN INCHAUSTI DE BARROS

Membro da Comissão

PROFª. DRª. NARA AMÉLIA DA ROSA FARIAS

Membro da Comissão

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Aos meus avós

Silvino e Haidee (in memorian)

Antônio e Guilhermina (in memorian)

A minha tia

Viviane Gutierres (in memorian)

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. José Maria Wiest, ao Prof. Dr. César Augusto Marchionatti Avancini e

a Profª. Dra. Mary Jane Tweedie de Mattos Gomes pela orientação, amizade e serenidade

durante a realização deste trabalho.

Ao médico veterinário Yderzio Luiz Vianna Filho pelo conhecimento e

desprendimento no trabalho de análise estatística do experimento.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS.

Ao Programa RS-RURAL / SAA-RS pela seleção e financiamento do projeto, e aos

parceiros participantes; a EMATER-RS, em especial os colegas Luis Trindade, Marcelo

Machado, Oldemar Weiller, Jorge Lunardi, Caroline Velloso, Silvino Ramos e Ernani

Schwengber; a UFPEL, e os colegas Nara Farias, Jerônimo Ruas, Joziani Dias e Tatiana

Pesenti; a COCEARGS, e os colegas, Dário de Melo, Luciana Honorato, Ricardo Diel e Celso

Silva; e a bióloga Silvia Marodin.

Aos agricultores das 7 comunidades rurais participantes, que demandaram esta

pesquisa, em especial aos 19 agricultores entrevistados, reais detentores do conhecimento

trabalhado.

Aos professores e bolsistas do Setor de Helmintoses da Faculdade de Veterinária da

UFRGS, Rita Hoffman, Eduardo Sisson, Cristina Fialho, Mayra Seibert, Aline Gouvêa e

Veronica pelo apoio e convívio.

Aos colegas e bolsistas do Laboratório de Higiene de Alimentos - ICTA, Alexandre

Aspereza, Raquel Czamanski, Heloisa Carvalho, Saionara Wagner, Ângela Antunes, Dalton

Greco, Fabiana Cruz, Patrícia Barraco, Alessandra Sffair, Marilene e Giovani Girolometto

pelo apoio e convívio.

Ao Programa de Pós-Graduação da Emater-RS que possibilitou minha participação

neste trabalho e em especial aos colegas Nilton de Bem, Francisco Caporal, Lino de David,

Décio Cotrin, Gisele Almeida, José Severo, Carmen Lúcia, Johana Aragão e colegas do DRH,

Mariléia Borralho e colegas da Biblioteca, e aos colegas da Regional Metropolitana.

Aos amigos Denise Brigido, Eduardo Moraes, Marcelo Maronna, Carlos Lessa, Atila

Soares, Edgardo Velho, Ronaldo Bica, Natanael Brandão, João Valdai, Wilson Jaeger e

Wilmar Goulart, pela inestimável contribuição a este trabalho.

A minha esposa Liane Azevedo, pela paciência e companheirismo, e a sua família,

em especial, a Dona Nara Azevedo.

Aos meus pais, Nei Oliveira e Diana Oliveira, meus irmãos, Rogério Oliveira e

Rafael Oliveira e as minhas cunhadas, Laura Martinez e Natália Luft.

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APRESENTAÇÃO

A realização desta pesquisa, como requisito para constituição de uma dissertação de

mestrado, está relacionada à sub-área e especialidade do conhecimento Medicina Veterinária

Preventiva. Conforme Avancini (2002), esta especialidade se caracteriza pela interação com

diversos campos de saberes e conhecimentos buscando uma visão holística e sistêmica sobre a

realidade sanitária, visando evitar a ocorrência, ou interromper a evolução, de enfermidades

nos animais e nos seres humanos.

O objetivo geral deste trabalho foi o de avaliar se espécies vegetais, mais

especificamente plantas consideradas medicinais pelo saber popular tradicional, podem ser

usadas como recurso potencial no controle de endoparasitos de ovinos (redução na produção

de ovos contribuindo com menores níveis de contaminação nas pastagens e redução de

helmintos adultos proporcionando uma menor espoliação verminótica no hospedeiro), na ótica

da agricultura familiar e com ênfase no desenvolvimento rural sustentável. Acrescido a isto,

pretendeu-se verificar se essas plantas podem ser usadas como produtos alternativos ou

complementares aos anti-helmínticos de origem sintético-laboratorial.

As inúmeras vezes, ao longo da minha trajetória como extensionista rural, em que

fiquei sem respostas a demanda de produtores rurais, em especial de agricultores familiares,

de alternativas acessíveis sob o ponto de vista econômico e ambientalmente adequadas no

controle das enfermidades dos animais domésticos e o contato com inúmeros casos de sucesso

de tratamentos a base de plantas consideradas medicinais que não tinham sido desenvolvidas

segundo as regras do método científico, foram fatores que me motivaram a realizar esta

pesquisa através do Programa de Pós-Graduação da Emater-RS. Acrescente-se a isto, a

possibilidade de capacitação técnico-científica e a de auxiliar na importante tarefa de criar

redes de cooperação e apoio entre entidades de pesquisa e de extensão rural.

O Programa de Pós-Graduação da EMATER/RS (Associação Riograndense de

Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural) está justificado na complexidade

da realidade na qual está inserido o trabalho de extensão rural e assistência técnica e, a

necessidade de respostas adequadas para que a empresa cumpra sua missão e seus objetivos.

Para tanto é necessário qualificação e constante aprimoramento dos seus profissionais. Tal

constatação remete a adoção e a manutenção de um programa que incentive e instrumentalize

os empregados para o atendimento das demandas próprias da natureza e da abrangência do

trabalho desenvolvido (EMATER, 2001).

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A EMATER/RS, instituição de extensão rural oficial do Estado do Rio Grande do

Sul, tem como Missão: promover a construção do desenvolvimento rural sustentável, com

base nos princípios da Agroecologia, através de ações de assistência técnica e de extensão

rural e mediante processos educativos e participativos, objetivando o fortalecimento da

agricultura familiar e suas organizações, de modo a incentivar o pleno exercício da cidadania

e a melhoria da qualidade de vida.

Esta missão está orientada por cinco objetivos principais:

a) sustentabilidade – Buscar um crescente apoio à conservação, a manutenção e ao

manejo de agroecossistemas sustentáveis, de modo que, apesar das restrições

ecológicas e das pressões socioeconômicas, possam ser alcançados e mantidos

níveis adequados de produção agrícola.

b) estabilidade – Atuar de forma conjunta com os agricultores familiares e suas

organizações, com o objetivo de integrar os recursos disponíveis localmente e

outros que estejam ao alcance dos mesmos, com vistas a obter uma estabilidade

na produção que sejam compatível com as condições ambientais, econômicas e

socioculturais predominantes.

c) produtividade – Apoiar os agricultores familiares na seleção de tecnologias de

produção capazes de reduzir riscos e otimizar o uso de recursos internos, de

modo a alcançar, na totalidade dos sistemas agrícolas, níveis de produtividade

compatíveis com a preservação do equilíbrio ecológico.

d) equidade – Contribuir para a consolidação de estratégias associativas que

fortaleçam os laços de solidariedade e que propiciem a justa distribuição do

produto gerado nos agroecossistemas, de modo que atenda requisitos de

segurança alimentar e de geração de renda para todas as famílias envolvidas.

e) qualidade de vida – Agir interativamente nas áreas econômicas, sociocultural e

ambiental, de forma a maximizar o emprego e gerar renda desconcentradamente,

promovendo a defesa da biodiversidade e da diversidade cultural, o incremento

da oferta de produtos “limpos”, a soberania alimentar e a qualidade de vida da

população (EMATER, 2002b).

Esta dissertação, desta forma, buscou em sua construção, seguir como norte a Missão

da Instituição a que pertenço, tendo como balizadores os cinco objetivos acima listados que

orientam esta missão.

Informo também, que a presente pesquisa é um subprojeto do projeto de pesquisa

“Validação de tecnologias agroecológicas para controle de mamite, endoparasitos e

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ectoparasitos em bovinocultura leiteira, através da utilização de plantas medicinais, nas

Regiões da Grande Porto Alegre e Noroeste do Rio Grande do Sul” construído e apresentado

pelas seguintes entidades: EMATER, COCEARGS (Cooperativa de Prestação de Serviços

Técnicos Ltda.), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e UFPEL

(Universidade Federal de Pelotas) ao Programa RS-Rural/SAA-RS, quando do edital

003/2001 de seleção de projetos de pesquisa por demanda, tendo sido aprovado seu

financiamento no dia 11 de novembro de 2001(TRINDADE et al., 2001). Este subprojeto,

aqui apresentado como a dissertação “Avaliação “in vivo” da ação de plantas consideradas

medicinais como recurso potencial no controle de endoparasitos gastrintestinais de ovinos”

além do aporte financeiro do RS-Rural, também obteve o fundamental suporte técnico e

operacional das quatro entidades acima citadas.

O objetivo geral do projeto de pesquisa apresentado ao RS-Rural é o de demonstrar a

eficácia da utilização de plantas medicinais no controle de mamite e parasitoses, em

bovinocultura leiteira, nas condições da agricultura familiar, nas regiões da Grande Porto

Alegre e Noroeste do RS. Deste modo as extrações vegetais avaliadas poderão ser

recomendadas para prevenção da ocorrência ou interrupção da evolução de enfermidades,

significando maior renda familiar, menor dependência de insumos externos e preservação

ambiental.

Entre os objetivos específicos do referido projeto de pesquisa, os que convergem

com os desta dissertação são:

a) resgatar as experiências e saberes locais sobre a utilização de plantas medicinais,

priorizando as espécies que serão avaliadas;

b) avaliar a presença e a intensidade de atividade antiparasitária de extrações de

plantas medicinais em endoparasitos gastrintestinais de ruminantes;

c) elaborar e divulgar um plano de controle sanitário, com a participação dos

beneficiários diretos da pesquisa, com base na apropriação dos resultados;

d) introduzir, nas comunidades, áreas coletivas de cultivo das plantas medicinais

com eficácia testada experimentalmente na pesquisa, evitando ações

exclusivamente extrativistas.

Reafirmo ser de suma importância destacar a inserção desta dissertação no projeto do

RS-Rural, para o entendimento de atitudes e informações que serão apresentadas durante o

transcorrer deste trabalho.

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HIERARQUIA DA PESQUISA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – CNPq e PPGCV (Resolução n.º 02/00)

1 - Grande Área: CIÊNCIAS AGRÁRIAS

(CNPq 5.00.00.00 - 4)

2 - Área: MEDICINA VETERINÁRIA

(CNPq 5.05.00.00 –7)

3 - Sub-área – MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA

(CNPq 5.05.02.00-0 e PPGCV, Res. N.º 02/00)

4 - Especialidade: MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA

(PPGCV, Res. N.º 02/00)

5. Linha de Pesquisa: SANEAMENTO APLICADO EM SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL

(PPGCV, Res. N.º 02/00)

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RESUMO

Com o objetivo de verificar a eficácia de plantas medicinais como recurso potencial no

controle de endoparasitos de ovinos, na ótica da agricultura familiar e com ênfase no

desenvolvimento rural sustentável, realizou-se levantamento de informações empíricas

relativas ao saber popular tradicional de plantas consideradas medicinais. Utilizou-se

entrevistas com questionários semi-estruturados com 19 usuários tradicionais destas plantas.

Essas pessoas foram indicadas pelos participantes de reuniões realizadas em 7 comunidades

rurais tendo como referência seu conhecimento do uso e manipulação de plantas em saúde

humana e animal. Nas entrevistas foram citadas 14 plantas utilizadas como anti-helmínticas

de uso individual e outras 7 como anti-helmínticas com uso composto com algumas de uso

individual. Destas avaliou-se o potencial anti-helmíntico do decocto da Campomanesia

guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell.; do decocto

do Polygonum punctatum Ell.; da planta seca do Chenopodium ambrosioides L.; do macerado

hidroalcoólico do Allium sativum L. e incluiu-se um anti-helmíntico sintético a base de

ivermectin como referência. Utilizou-se 6 grupos de 8 ovinos infectados naturalmente nos

quais após o tratamento realizou-se o Teste de Redução de OPG associado a Coprocultura e o

Teste Controlado. Verificou-se nas condições do experimento que o uso do decocto da

Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum

Ell. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea

e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia,

Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; o uso do decocto do Polygonum punctatum Ell.,

apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do

gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia,

Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; o uso da planta seca do Chenopodium

ambrosioides L. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília

Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros

Haemonchus, Ostertagia, Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides; o uso do macerado

hidroalcoólico do Allium sativum L. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da

Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos

adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides e o uso do

ivermectin apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília

Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros

Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia, Strongyloides, Oesophagostomun e Trichuris.

Observou-se também que os cordeiros ganharam peso mesmo com alta carga parasitária,

quando mantidos sob uma dieta de 18,8 % de proteína e livres de reinfecção de endoparasitos.

Os resultados obtidos na presente pesquisa permitem concluir que a redução na produção de

ovos (contribuindo com menores níveis de contaminação nas pastagens) e a redução de

helmintos adultos (proporcionando uma menor espoliação verminótica no hospedeiro)

alcançados através do uso do decocto da Campomanesia guazumifolia (Camb) Berg. +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell., do decocto do Polygonum punctatum Ell.,

da planta seca do Chenopodium ambrosioides L. e da maceração hidroalcoólica do Allium

sativum L. qualificam estas plantas medicinais como recursos potenciais disponíveis no

controle integrado dos endoparasitos de ovinos.

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ABSTRACT

With the objective of verify the efficacy of the medicinal plants like a potential recourse in the

control of endoparasitos of the ovines, into the familiar agriculture vision, with emphasis in a

supportable rural development, was made a survey of empiric informations, in the traditional

popular knowledge, about the plants considered medicinal. Was utilized interviews with semi

structural questionnaire with 19 persons that traditionally use this plants. This persons were

indicated by the participants of the reunions realized in 7 rural communities had with

reference their knowledge about the use and manipulation of plants in human and animal

health. In the interview 14 plants were cited in order of to be utilized as anthelmintic it plant

individual used, and 7 others as anthelmintic with compost use with some of individual use.

From this was made an evaluation about the potential anthelmintic of the decocto of

Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum

Ell.; of the decocto of the Polygonum punctatum Ell.; the dry plant of the Chenopodium

ambrosioides L.; of the hidroalcoholic macerated of Allium sativum L. and also was including

the synthetic anthelmintic based in ivermectin as reference. Was used 6 groups of 8 infected

sheeps, in which after the treatment, was realized the Reduction Test of FEC associated with

coprocultura and Controlled Test. Was verificated in the experiment conditions that the use of

the decocto of Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. +

Polygonum punctatum Ell. showed efficacy in the reduction of eggs production of the

Superfamily Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and in the reduction of

the adults helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; the

use of the decocto of Polygonum punctatum Ell. showed efficacy in the reduction of eggs

production of the Superfamily Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and

in the reduction of the adults helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e

Strongyloides; the use of the dry plant of the Chenopodium ambrosioides L. showed efficacy

in the reduction of eggs production of the Superfamily Trichostrongyloidea and in the generus

of Strongyloides, and in the reduction of the adults helmintos a generus of Haemonchus,

Ostertagia, Cooperia Trichostrongylus e Strongyloides; the use of hidroalcoholic macerate of

Allium sativum L. showed efficacy in the reduction of eggs production of the Superfamily

Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and in the reduction of the adults

helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; and the use

of ivermectin showed efficacy in the reduction of eggs production of the Superfamily

Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and in the reduction of the adults

helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia, Strongyloides,

Oesophagostomun e Trichuris. Was observed that the lambs fattening, even so with the high

parasitary charge when were maintained with a diet of 18,8 % of proteins and free of

reinfection. The results obtained in this present research permit the conclusion that the

reduction in the eggs production and in the reduction of adults helmintics reached with the

use of decocto of Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. +

Polygonum punctatum Ell., the decocto of Polygonum punctatum Ell, the dry plant of the

Chenopodium ambrosioides L and the hidroalcoholic macerate of Allium sativum L.

qualifying this medicinal plants as a potential recourse available in the integrate control of

endoparasitos of the ovines.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos

grupos Controle e 1 e a eficácia do tratamento........................................................................ 72

TABELA 2 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 1.........................................73

TABELA 3 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos

grupos Controle e 2 e a eficácia do tratamento.........................................................................74

TABELA 4 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 2.........................................74

TABELA 5 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos grupos

Controle e 3 e a eficácia do tratamento......................................................................................76

TABELA 6 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 3.........................................76

TABELA 7 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos grupos

Controle e 4 e a eficácia do tratamento......................................................................................78

TABELA 8 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 4.........................................78

TABELA 9 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos grupos

Controle e 5 e a eficácia do tratamento......................................................................................80

TABELA 10 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 5.......................................80

TABELA 11 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 1 e a eficácia do tratamento.........82

TABELA 12 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 2 e a eficácia do tratamento.........83

TABELA 13 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 3 e a eficácia do tratamento.........84

TABELA 14 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 4 e a eficácia do tratamento.........85

TABELA 15 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 5 e a eficácia do tratamento.........86

TABELA 16 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 1 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................87

TABELA 17 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 2 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................88

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TABELA 18 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 3 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................89

TABELA 19 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 4 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................90

TABELA 20 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 5 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................91

TABELA 21 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 1 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................92

TABELA 22 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 2 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................93

TABELA 23 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 3 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................94

TABELA 24 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 4 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................95

TABELA 25 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos

encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 5 e a eficácia do

tratamento...................................................................................................................................96

TABELA 26 – Médias (valores mínimos e máximos) do peso dos ovinos dos

grupos Controle, 1, 2, 3, 4, e 5 no dia da chegada dos animais, no dia zero e 14

dias após o tratamento e a média total por dia de pesagem......................................................97

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg.................................................. 62

FIGURA 2 – Eugenia uniflora L........................................................................................ 64

FIGURA 3 – Polygonum punctatum Ell............................................................................. 66

FIGURA 4 – Chenopodium ambrosioides L...................................................................... 68

FIGURA 5 – Allium sativum L........................................................................................... 70

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15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 17

1.1 Justificativa...................................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 20

2.1 Desenvolvimento rural sustentável: a busca da sustentabilidade............... 20

2.2 Agricultura familiar........................................................................................ 22

2.3 Conhecimento popular e seu resgate: Etnometodologia............................. 24

2.4 Plantas medicinais........................................................................................... 26

2.5 Etnoveterinária................................................................................................ 33

2.5.1 Plantas anti-helmínticas.................................................................................... 35

2.6 Controle de endoparasitos.............................................................................. 41

2.7 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica..................................... 50

2.7.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura........................................................ 51

2.7.2 Teste Controlado............................................................................................... 51

3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 53

3.1 Seleção das plantas através de entrevistas.................................................... 53

3.2 Modalidades de extração................................................................................ 54

3.3 Animais............................................................................................................ 54

3.4 Procedência dos animais................................................................................. 54

3.5 Seleção dos animais......................................................................................... 55

3.6 Alimentação dos animais................................................................................ 55

3.7 Delineamento experimental............................................................................ 55

3.8 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica..................................... 57

3.8.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura........................................................ 57

3.8.2 Teste Controlado............................................................................................... 57

3.9 Exames parasitológicos................................................................................... 58

3.10 Análise estatística............................................................................................ 58

3.10.1 Transformação dos dados.................................................................................. 58

3.10.2 Nível de significância........................................................................................ 58

3.10.3 Análise de resultados........................................................................................ 58

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 59

4.1 Descrição e análise dos resultados................................................................. 59

4.1.1 Entrevistas......................................................................................................... 59

4.1.1.1 Plantas selecionadas.......................................................................................... 61

4.1.1.2 Modo de utilização das plantas......................................................................... 70

4.1.2 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica........................................... 72

4.1.2.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura....................................................... 72

4.1.2.1.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................

72

4.1.2.1.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2................... 74

4.1.2.1.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3............. 76

4.1.2.1.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4................................. 78

4.1.2.1.5 Avaliação da aplicação do ivermectin – Grupo 5............................................. 80

4.1.2.2 Teste Controlado............................................................................................... 82

4.1.2.2.1 Abomaso........................................................................................................... 82

4.1.2.2.1.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................

82

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4.1.2.2.1.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2................... 83

4.1.2.2.1.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3............. 84

4.1.2.2.1.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4................................. 85

4.1.2.2.1.5 Avaliação da aplicação do ivermectin – Grupo 5............................................. 86

4.1.2.2.2 Intestino delgado 87

4.1.2.2.2.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................

87

4.1.2.2.2.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2................... 88

4.1.2.2.2.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3............. 89

4.1.2.2.2.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4................................. 90

4.1.2.2.2.5 Avaliação da aplicação do ivermectin – Grupo 5............................................. 91

4.1.2.2.3 Intestino grosso................................................................................................ 92

4.1.2.2.3.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................

92

4.1.2.2.3.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2................... 93

4.1.2.2.3.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3............. 94

4.1.2.2.3.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4................................. 95

4.1.2.2.3.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5............................................. 96

4.1.3 Peso................................................................................................................... 97

4.2 Comparação de resultados............................................................................. 99

4.2.1 Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia uniflora L. + Polygonum

punctatum Ell. – Grupo 1..................................................................................

99

4.2.2 Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.............................................................. 100

4.2.3 Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3........................................................ 100

4.2.4 Allium sativum L. – Grupo 4............................................................................ 101

4.2.5 Ivermectin – Grupo 5........................................................................................ 102

5 CONCLUSÕES............................................................................................... 103

6 RECOMENDAÇÕES / SUGESTÕES.......................................................... 105

REFÊRENCIAS.................................................................................................................. 106

APÊNDICE A – Instruções e roteiro para realização das reuniões e entrevistas................. 116

ANEXO A – Entrevistas com usuários tradicionais de plantas medicinais.................... 118

APÊNDICE B – Resultado da contagem do número de ovos por grama da Superfamília

Trichostrongyloidea..................................................................................

141

APÊNDICE C - Resultado da contagem do número de ovos por grama do gênero

Strongyloides.............................................................................................

143

APÊNDICE D –Resultado da contagem da carga parasitária do abomaso.......................... 145

APÊNDICE E – Resultado da contagem da carga parasitária do intestino delgado............ 147

APÊNDICE F – Resultado da contagem da carga parasitária do intestino grosso............... 149

APÊNDICE G –Resultado da pesagem dos animais............................................................ 151

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17

1 INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa

A ovinocultura gaúcha apresentou nas últimas décadas um enorme declínio do seu

rebanho, apontando para uma redução de mais de 50% no número de cabeças, de 12.500.000

cabeças da década de 80, para 5.868.652 em 1994. Nos anos oitenta havia em torno de 40.000

criadores empregando diretamente no setor 100.000 pessoas e indiretamente um grande

número de trabalhadores ligados às cooperativas, indústrias, transporte, produtos veterinários,

comércio de artigos de lã, curtumes e frigoríficos. Destes criadores, 70 % se enquadram como

agricultores familiares o que reforça a importante função social desta atividade

(DORNELLES, 2002). Na última década, esta tendência de redução do rebanho manteve-se,

mas em níveis menores do que apontado anteriormente. Atualmente o Estado do Rio Grande

do Sul conta com aproximadamente 4.645.484 cabeças de ovinos (ANUALPEC, 2002).

Já o rebanho ovino brasileiro manteve-se estável nesta última década. De um total de

15.223.834 cabeças no ano de 1993, conta atualmente com 15.106.832 cabeças. Esta

estabilidade ocorreu devido ao aumento dos rebanhos das Regiões Norte, 287.222 cabeças em

1993 para 437.466 em 2002, da Centro Oeste, 509.730 cabeças em 1993 para 721.310 cabeças

e principalmente da Nordeste, 6.946.045 cabeças para 8.181.434 cabeças em 2002,

compensando a redução dos rebanhos das Regiões Sudeste, de 415.497 cabeças para 393.587

e principalmente da Sul, de 7.065.339 para 5373.035 (ANUALPEC, 2002).

Conforme Gomes et al. (1997), dentre os motivos que contribuíram para este quadro

de redução do rebanho ovino gaúcho, destacam-se quatro:

a) queda dos preços da lã no mercado internacional, ocasionando um forte impacto

na rentabilidade da atividade, por tratar-se de rebanho formado por raças laneiras ou

de dupla aptidão;

b) avanço das lavouras de arroz e soja nas áreas de pastoreio na região sul do estado;

c) baixo consumo da carne ovina no país, resultado de uma cadeia produtiva que

desconsiderou o potencial da carne ovina tratando-a como um subproduto, quando os

preços da lã estavam altos, espaço ocupado hoje pela carne de suínos e de aves. O

consumo per capita brasileiro de carne ovina é de 0,7 kg/hab/ano, contra os 11

kg/hab/ano no Uruguai e de 26,5 kg/hab/ano na Nova Zelândia;

d) intensificação dos sistemas de produção com a conseqüente aglomeração dos

animais, levou a um aumento dos problemas sanitários, acarretando incremento nos

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custos de produção da atividade, em especial, no item medicamentos, com os anti-

helmínticos.

Apesar deste quadro a ovinocultura gaúcha continua ocupando importante espaço

dentro do contexto econômico social do setor primário do Estado, podendo crescer com o

atual aumento do preço da lã (U$ 2,00 / Kg), com campanhas que visam aumentar o consumo

da carne ovina e com alternativas de menor custo na prevenção e controle das enfermidades

dos ovinos.

A importância econômica da verminose e do uso de medicação anti-helmíntica como

uma ferramenta no seu controle já é por demais conhecida, não só na ovinocultura, como nos

demais sistemas de produção que incluem ruminantes tais como os bovinos e caprinos. Cabe

ressaltar que este tratamento é um complemento ao controle da verminose, não sendo um

substituto do manejo adequado. Acrescido a isto, diversas pesquisas indicam que muitos

destes medicamentos industriais, não têm produzido os resultados sanitários esperados

(LANUSSE, 1994).

Conforme Waller (1996), os sistemas de produção animal que requerem uso

freqüente de anti-helmínticos para suprimir os parasitos são tão ecologicamente

desbalanceados que inevitavelmente ficarão à margem, devido aos resíduos ou à seleção para

resistência parasitária múltipla. É tarefa dos parasitologistas veterinários desenvolver

recomendações de controle de verminose que sejam sustentáveis, incorporando técnicas

apropriadas para cada tipo de sistema de produção. Estas recomendações devem ser testadas a

campo, em larga escala, para mostrar que o sistema funciona na prática. Este será o grande

desafio dos parasitologistas veterinários, extensionistas e produtores neste século que inicia.

Ainda segundo o autor acima citado, formas alternativas de controle de parasitos com

métodos não químicos estão sendo investigados ativamente para tornarem-se alternativas

econômicas e práticas em um futuro próximo.

Conforme Dimander (2003), o novo milênio traz como marca o movimento em

direção a uma agricultura orgânica, que faz com que haja um aumento considerável no

desenvolvimento de formas alternativas de controle de endoparasitos, que contemplam um

vasto arsenal de recursos (manejo de pastagens, controle biológico, animais ou raças

geneticamente resistentes, vacinas-resposta imunológica, plantas medicinais, entre outros)

para a construção de um controle integrado da verminose.

Existe atualmente uma enorme demanda mundial na construção de contextos que

proporcionem um desenvolvimento sustentável, ou seja, um desenvolvimento que satisfaça as

necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações poderem

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satisfazer suas próprias necessidades. Parte-se do reconhecimento da insustentabilidade do

atual modelo de desenvolvimento das sociedades contemporâneas, pois tal padrão levou ao

desencadeamento de crises econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais. O novo

conceito de desenvolvimento reforça a necessidade da adequação dos atuais sistemas a uma

agricultura sustentável, com uma baixa dependência de insumos comerciais e o uso de

recursos renováveis localmente (ALMEIDA, 1998).

Estes sistemas de produção, incluindo a ovinocultura, estão presentes em importante

parcela das terras ocupadas pela agricultura familiar, foco desta pesquisa. De acordo com o

Censo agropecuário 1995/96 do IBGE (1998), no Brasil são 4.139.369 estabelecimentos de

agricultores familiares, correspondendo a 85,2 % do total de estabelecimentos e ocupando

30,5 % da área total. Estas unidades familiares, além de atenderem melhor aos interesses

sociais do país, são mais produtivas, asseguram melhor a preservação ambiental e são

economicamente viáveis (BRASIL, 2000).

O uso de recursos da medicina tradicional é amplamente utilizado por grande parcela

da população mundial, tanto em humanos como em animais, em face de seu reduzido custo e

dos resultados apresentados no enfrentamento de enfermidades no cotidiano de várias

gerações, conforme indica a Organização Mundial da Saúde (FARNSWORTH et al., 1989).

Dentre estes recursos utilizados pela medicina tradicional, as plantas medicinais fazem parte

do arsenal utilizado devido ao grande poder terapêutico que representam (AKERELE, 1988).

Nesta direção pesquisas em etnoveterinária nos mostram o uso de inúmeras plantas

medicinais na prevenção e controle de doenças dos animais. Dentre elas, várias com

comprovada atividade anti-helmíntica in vitro e in vivo, em uso por inúmeras comunidades

compostas de agricultores familiares, por características peculiares desta enorme parcela de

produtores.

Desta forma, o objetivo geral da presente pesquisa foi verificar a eficácia de plantas

medicinais como recurso potencial no controle de endoparasitos de ovinos, na ótica da

agricultura familiar e com ênfase no desenvolvimento rural sustentável. Os objetivos

específicos foram prospectar através de entrevistas, com questionário semi-estruturado,

aplicado junto a usuários tradicionais de plantas medicinais, quatro plantas com indicação

anti-helmíntica e verificar a eficácia anti-helmíntica destas plantas medicinais em

endoparasitos gastrintestinais de ovinos.

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20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Desenvolvimento rural sustentável: a busca da sustentabilidade

A noção de desenvolvimento rural sustentável tem como uma de suas premissas

fundamentais o reconhecimento da “insustentabilidade”, ou inadequação econômica, social e

ambiental do padrão de desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Esta noção nasce

da compreensão da finitude dos recursos naturais bem como das injustiças sociais provocadas

pelo modelo de desenvolvimento vigente na maioria dos países (ALMEIDA, 1998).

De acordo com esta compreensão do esgotamento do padrão de desenvolvimento

tecnológico do pós-guerra, foi criado no sul do Brasil, em 1994, o Programa Tecnologia e

Desenvolvimento Rural Sustentável (P.T.D.R.S.), composto por entidades públicas de ensino,

pesquisa e de extensão (Embrapa; UFRGS; Fepagro; Emater/RS e Pref. Mun. de Porto

Alegre), e por organizações não-governamentais (Rede de Tecnologias Alternativas / Sul e

Programa de Cooperação em Agroecologia / RS), que em seus documentos apontam para a

crescente preocupação com os impactos do padrão contemporâneo do desenvolvimento

tecnológico na agricultura, e que estaria sendo caracterizado pelo uso intensivo, muitas vezes

predatório, dos recursos naturais, além de forte dependência de mercadorias agroindustriais

incorporadas ao processo produtivo em função da estruturação tecnológica da agricultura

então consagrada. Essa preocupação foi reafirmada pela constatação de que em diversas

regiões agrárias do mundo os impactos deste padrão de desenvolvimento têm sido perversos

em termos de seletividade social, perda de autonomia produtiva, dependência tecnológica e,

em muitos casos, até mesmo a redução efetiva dos níveis de bem-estar social, sendo

igualmente responsáveis por sérias conseqüências ambientais, com repercussões em diversas

esferas da vida social (AVANCINI, 2002).

Conforme Oliveira (2002), para uma melhor compreensão do significado de

“desenvolvimento sustentável” é importante trabalharmos com os conceitos formadores desta

expressão: a palavra “desenvolvimento” significa retirar o invólucro, desenvolver-se, ou seja,

sair do envolvimento de uma situação existente para outra situação diferente, rompendo as

amarras, os condicionantes naturais ou constituídos que impedem a mudança. Durante vários

anos seu significado esteve associado à idéia de crescimento. O autor argumenta que o

crescimento está relacionado com o incremento quantitativo da escala física, enquanto o

desenvolvimento é a melhora qualitativa ou o desabrochar das potencialidades. Atualmente

diferencia-se crescimento de desenvolvimento, considerando este último um melhoramento da

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21

qualidade de vida, sem necessariamente causar um aumento na quantidade de recursos

consumidos. Uma comunidade pode crescer sem desenvolver, ou desenvolver sem crescer.

Para o significado da palavra “sustentável” encontraremos que é tudo aquilo que é

capaz de ser suportado, mantido. A sustentabilidade vem do latim sustentare que significa

suster, suportar, conservar em bom estado, manter, resistir. Em português significa impedir a

ruína, resistir, manter, conservar a mesma posição, manter o nível apropriado (OLIVEIRA,

2002).

De acordo com Deponti (2001), “desenvolvimento sustentável” é um novo projeto

social que promove a transformação econômica, tecnológica, política, ambiental do atual

modelo de desenvolvimento para que as necessidades básicas sejam satisfeitas, tanto das

presentes como das futuras gerações, procurando não degradar o meio natural e os recursos

humanos e, assim, apresentar maiores condições de manutenção do sistema ao longo do

tempo.

Conforme Altieri (1989) sustentabilidade é a habilidade de um agroecossistema em

manter a produção através do tempo, em face de distúrbios ecológicos e pressões

socioeconômicas de longo prazo. A idéia chave se baseia na noção de sustentabilidade como

característica de um processo que pode manter-se indefinidamente. E, seu fundamento é dado

pelo conceito de equilíbrio em relação às capacidades e limitações existentes.

Segundo Guzmann (1999) apud Caporal e Costabeber (2001), a “sustentabilidade faz

parte de um processo de busca permanente de estratégias de desenvolvimento que

qualifiquem a ação e a interação humana nos ecossistemas”. Este processo deve ser orientado

por certas condições tais como: rupturas das formas de dependência que colocam em perigo

os mecanismos de reprodução, sejam estas de natureza ecológica, socioeconômica e/ou

política; utilização daqueles recursos que permitam que os ciclos de materiais e energias

existentes no agroecossistema sejam os mais parcimoniosos possíveis; utilização dos impactos

benéficos que se derivam dos ambientes ecológicos, econômico, social e político existentes

nos distintos níveis (desde a propriedade rural até a sociedade maior); não alteração

substantiva do meio ambiente quando tais mudanças, através da trama da vida, podem

provocar transformações significativas nos fluxos de materiais e energia que permitem o

funcionamento do ecossistema, o que significa a tolerância ou aceitação de condições

biofísicas em muitos casos adversas; estabelecimentos dos mecanismos biótipos de

regeneração de materiais deteriorados, para permitir a manutenção em longo prazo das

capacidades produtivas dos agroecossistemas; valorização, regeneração e ou criação de

conhecimentos locais, para a sua utilização como elementos de criatividade, que melhorem a

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qualidade de vida da população, definida desde sua própria identidade local; estabelecimento

de circuitos curtos para o consumo de mercadorias, que permitam uma melhoria da qualidade

de vida da população local e uma progressiva expansão espacial, segundo os acordos

participativos alcançados por sua forma de ação social coletiva e potenciação da

biodiversidade, tanto biológica como sociocultural”.

Esta busca da sustentabilidade seria alcançada através de uma agricultura sustentável,

que é conceituada como, segundo Gliessmann (1990) apud Caporal e Costabeber (2001), “sob

o ponto de vista agroecológico é aquela que, partindo de uma compreensão holística dos

agroecossistemas, seja capaz de atender, de maneira integrada, aos seguintes critérios: uma

baixa dependência de insumos comerciais; o uso de recursos renováveis localmente

acessíveis; a utilização dos impactos benéficos ou benignos do meio ambiente local; a

aceitação e/ou tolerância das condições locais, ao invés da dependência da intensa alteração

ou controle do meio ambiente; a manutenção em longo prazo da capacidade produtiva; a

preservação da diversidade biológica e cultural; a utilização do conhecimento e da cultura da

população local e a produção de mercadorias para o consumo interno e para a exportação”.

Conforme Avancini (2002), a capacidade institucional para promover uma

agricultura sustentável seria ainda muito débil e, muitas das tecnologias disponíveis têm

dificuldades para serem implantadas. Como ressaltam Navarro e Almeida (1997) apud

Avancini (2002), as ofertas tecnológicas propriamente alternativas (ao padrão dominante) são

ainda poucas e limitadas, residindo aí um amplo e desafiador campo de investigação e de

esforços institucionais, particularmente nas agências de pesquisa.

2.2 Agricultura familiar

Segundo Ribeiro (2002), as definições que melhor permitem compreender o que

significa unidade de produção familiar, ou a chamada “agricultura familiar”, a aborda como

um modo peculiar de exploração da terra, ou seja, que possui formas de condução das

atividades e da vida na unidade de produção, ligadas a lógica da reprodução e sobrevivência

da família. Ribeiro (1997) apud Ribeiro (2002), afirma que agricultor familiar é aquele que

constrói toda a sua estratégia de sobrevivência e multiplicação dos bens que possui a partir da

família. Carmo e Salles (1998) apud Ribeiro (2002), por sua vez, afirmam que o

funcionamento da exploração familiar passa necessariamente pela família, enquanto elemento

básico da gestão financeira e do trabalho disponível internamente na unidade do conjunto

familiar. Acrescentam que as decisões sobre a renda líquida obtida com a venda da produção,

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23

fruto do trabalho da família, pouco tem a ver com a categoria lucro “puro” de uma empresa,

representada pela diferença entre renda bruta e custo total. Estas características organizariam a

lógica de funcionamento das unidades familiares. A comercialização das mercadorias e

produtos disponíveis da propriedade é feita obedecendo a necessidades, vontades, anseios e os

projetos da família e não obedecendo rigorosamente a épocas de melhor preço ou de melhor

oferta dos produtos. Estas características são extremamente importantes para a compreensão

da lógica de produção dos agricultores familiares, que são diferenciadas da agricultura

patronal e capitalista.

A definição de agricultura familiar brasileira atende a três características essenciais:

a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são executados

por indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou de casamento;

b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família;

c) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à

família, e é em seu interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou

aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva (FAO / INCRA, 1996).

De acordo com o Censo Agropecuário 1995/96 do IBGE (1998), existem no Brasil

4.859.864 estabelecimentos rurais ocupando uma área de 353,6 milhões de hectares. Destes

4.139.369 são de agricultores familiares, correspondendo a 85,2 % dos estabelecimentos e

ocupando 30,5 % da área total. Na Região Sul são 907.635 estabelecimentos de agricultores

familiares, que representam 90,5 % de todos os estabelecimentos da região, ocupando 43,8 %

da área e produzindo 57,1 % do VBP (Valor Bruto da Produção). A área média dos

estabelecimentos familiares no Brasil é de 26 ha, enquanto que a patronal é de 433 ha. Na

Região Sul a área média dos estabelecimentos familiares é de 21 ha, e a dos estabelecimentos

patronais é de 283 ha.

A Renda Total por hectare demonstra que a agricultura familiar é mais eficiente que

a patronal, produzindo uma média de R$ 104,00 /ha/ano contra apenas R$ 44,00 /ha/ano dos

agricultores patronais. Na Região Sul o quadro se mantém, enquanto a Renda Total por

hectare da agricultura familiar é de R$ 241,00 a Renda Total dos estabelecimentos patronais é

de R$ 99,00/ ha /ano. A agricultura familiar é a principal geradora de postos de trabalho no

meio rural brasileiro. Mesmo dispondo de apenas 30% da área, é responsável por 76,9 % do

Pessoal Ocupado (PO). Dos 17,3 milhões de postos ocupados na agricultura brasileira,

13.780.201 estão empregados na agricultura familiar. Na Região Sul a agricultura familiar

ocupa 84 % da mão de obra utilizada na agricultura, que corresponde a 2.839.972 de pessoas

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ocupadas. Estes números demonstram as enormes vantagens da agricultura familiar

comparativamente às grandes propriedades rurais (BRASIL, 2000).

O acesso à tecnologia apresenta grande variação tanto entre agricultores familiares e

patronais, quanto entre os agricultores de diferentes regiões. Entre os agricultores familiares,

apenas 16,7 % utilizam assistência técnica contra 43,5 % entre os patronais. Dentre os

agricultores familiares da região Sul 47,2 % utilizam assistência técnica, ou seja, os demais

52,8 % dos agricultores não utilizam esta assistência, correspondendo a 479.231

estabelecimentos (BRASIL, 2000). Em especial estes agricultores desenvolveram, ao longo

dos anos, práticas e conhecimentos para resolver os problemas do seu dia a dia. Estas práticas

têm sido utilizadas há vários anos, sendo testadas com erros e acertos, frente às diferentes

realidades encontradas em cada momento de sua história, gerando um precioso acúmulo de

conhecimentos que não pode ser desconsiderado (MEJIA, 1985).

O equívoco histórico de restringir ou atribuir as dificuldades vividas pelos

agricultores familiares às formas “atrasadas” de produção e comercialização que praticam,

encaminham geralmente a uma intervenção técnica que as modifique. As intervenções

técnicas se resumem a aspectos de renda, produção e produtividade. Embora ninguém negue a

importância destes aspectos, nem sempre eles têm para as sociedades rurais a mesma

relevância que possuem para os técnicos. Aspirações de produção, renda e produtividades

mais elevadas certamente fazem parte dos seus interesses, mas podem não ser o centro do seu

sistema de vida e produção. Não se pode restringir as formas de produção a um padrão único,

ideal e hegemônico que desconsidera os conhecimentos frutos da vivência e as maneiras

alternativas de produção, isto é, só a tecnologia levada pela extensão e assistência técnica (e,

por conseguinte, fruto da pesquisa científica) é que pode modificar a realidade encontrada. Ao

colocarem os agricultores familiares como atrasados, significa reconhecer, e interpretar como

verdade, que o seu único caminho para se desenvolver é se transformar em agro-

industrializado, o que não tem se constituído em realidade (RIBEIRO, 2002).

2.3 Conhecimento popular e seu resgate: etnometodologia

Segundo Mejia (1985), o conhecimento prático camponês se expressa em uma

variedade de práticas e raciocínios, que as populações rurais vem desenvolvendo para resolver

problemas concretos da vida cotidiana. Estas práticas foram aprendidas através da experiência

e erro, ao longo dos anos, e vão se transmitindo de uma geração a outra. Este conhecimento,

em muitos casos, é produto de uma larga tradição histórica, que também se nutre e se refaz de

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25

acordo com as circunstâncias que enfrentam as populações em cada dia da sua existência.

Assim, este conhecimento se converte em ferramenta segura e ao alcance para resolver os

problemas diários, sem ter que depender do uso de elementos estranhos.

Conforme “O que é Ciência” (2003), o conhecimento popular, ou senso comum,

geralmente típico do camponês, é transmitido de geração em geração por meio da educação

informal e baseado em imitação e experiência pessoal. Este conhecimento não difere do

conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que o

diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos para se obter o "saber". Pode-se

dizer que o conhecimento popular é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que

se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: é o saber que prevalece em

nossas vidas diárias, aquele que é sem comprovação ou estudo, sem a aplicação de um estudo

(método) mais cuidadoso e sem se haver refletido sobre algo que é afirmado como verdade.

Segundo Camargo (1998), o uso de plantas medicinais no combate a parasitos, ou

seja, os mecanismos de defesa contra as verminoses criados pelos componentes de uma

comunidade, são representados pelas formas de comportamento herdadas de seus

antepassados, somadas aos novos conhecimentos que vão sendo adquiridos dentro dos grupos

sociais a que passam a pertencer. Sabe-se que a influência indígena deixou profundas marcas

nas diferentes áreas da nossa cultura, notadamente na medicina popular, quando esta

permanece viva e atuante em todas as camadas sociais e culturais das sociedades

contemporâneas. Desta forma, a medicina popular, sendo dinâmica e nunca estática, vai se

modificando espontaneamente, influenciada não só pelos meios intelectualizados e de

comunicação, como também pelo entrelaçamento de traços culturais entre habitantes de um

mesmo grupo social.

Singh e Ali (1989) realizaram trabalho de resgate do uso tradicional de plantas junto

a habitantes do distrito de Achegar, Índia. Como resultado, obtiveram 47 plantas com uso na

medicina popular, que foram coletadas e identificadas, dentre elas, a Azadirachta indica,

utilizada como anti-helmíntico. Os autores destacam a importância do uso de plantas

medicinais para a sobrevivência de comunidades rurais na Índia, enfatizando que o resgate do

conhecimento tradicional do uso de plantas medicinais deveria ser sistematicamente

documentado, antes de ser perdido pela rápida redução dos cultivos tradicionais e recursos

naturais, devido à urbanização e industrialização das áreas rurais.

O resgate do conhecimento popular vem merecendo crescente atenção por parte de

pesquisadores, tendo este procedimento recebido diversas denominações, como exemplo o

termo etnometodologia. Entende-se por “etno” a maneira como um membro de uma

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comunidade, baseado em conhecimentos de senso comum, compreende e explica seu mundo

circundante. A etnometodologia referir-se-ia, pois, a “um estudo sobre a organização do

conhecimento de um membro sobre suas atividades ordinárias; sobre o seu próprio

empreendimento organizado, onde o conhecimento é tratado por nós como parte do mesmo

ambiente que ali também organiza” (HAGUETE, 1990).

Segundo Silva (1998), etnometodologia é uma corrente da sociologia americana,

surgida na Califórnia nos anos 60. A obra de Harold Garfinkel, “Studies in Ethnomethodoly”

é considerada como o marco inicial nesta corrente. Ela provoca uma reviravolta na sociologia

tradicional, pois, além da concepção singular da construção social, ataca exatamente a

maneira como os dados são recolhidos e tratados. Para a etnometodologia a abordagem

quantitativa, que só se preocupa com a entrada e a saída dos dados sem observar o processo

como eles são construídos, não reflete adequadamente o modo de construção da realidade. O

corpus da pesquisa etnometodológica é o conjunto dos etnométodos, isto é, os métodos de que

todo indivíduo, erudito ou não, se utiliza para interpretar e pôr em ação na rotina de suas

atividades práticas cotidianas a fim de reconhecer seu mundo, tornando-o familiar ao mesmo

tempo em que o vai construindo.

A palavra etnometodologia significa o estudo dos etnométodos, e não uma

metodologia específica da etnologia. Na verdade, a etnometodologia é o estudo dos métodos

de que todo indivíduo se utiliza para descrever, interpretar e construir o mundo social. A

etnometodologia se propõe a privilegiar as abordagens microssociais dos fenômenos, dando

maior importância à compreensão do que à explicação. Enquanto a sociologia tradicional

despreza as descrições que os atores/autores fazem dos fatos sociais que os cercam,

entendendo que essas descrições são por demais vagas, a etnometodologia valoriza

exatamente essas interpretações que passam a ser o objeto essencial da pesquisa (SILVA,

1998).

Conforme Avancini (2002), o método de seleção dos informantes, que são indivíduos

tidos como possuidores do vocabulário mais extenso acerca do sistema social e cultural local

do que os outros membros da comunidade, estão na dependência do modo de distribuição do

conhecimento popular na população.

2.4 Plantas Medicinais

Conforme Poser e Mentz (2001) o homem primitivo, ao procurar plantas para seu

sustento, foi descobrindo plantas com ação tóxica ou medicinal, dando início a uma

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sistematização empírica dos seres vivos, de acordo com o uso que podia fazer deles. Indícios

do uso de plantas medicinais foram encontradas nas mais antigas civilizações.

Segundo Schenckel et al. (2001), até o século XIX, os recursos terapêuticos eram

constituídos predominantemente por plantas e extratos vegetais. Isso pode ser ilustrado pela

Farmacopéia Geral para o Reino e Domínios de Portugal, de 1794, na qual, entre os produtos

chamados simplices constam 30 produtos de origem mineral, 11 produtos de origem animal e

cerca de 400 espécies vegetais. Ou seja, as plantas medicinais e seus extrativos constituíam a

maioria dos medicamentos, que naquela época pouco se diferenciavam dos remédios

utilizados na medicina popular, sendo que muitas das espécies resistiram à ação do tempo e da

crítica científica, estando presentes em farmacopéias mais recentes.

Conforme Lorenzi e Matos (2002), os principais alicerces de toda a tradição no uso

de plantas medicinais no Brasil foram fundados através da contribuição dos escravos, com o

uso de plantas trazidas do continente africano. Também do conhecimento dos europeus sobre

o uso de plantas, que foram induzidos a testar usos similares para as espécies nativas

proximamente relacionadas com as plantas conhecidas no velho mundo e principalmente com

a grande quantidade de plantas medicinais usadas pelas inúmeras tribos indígenas que aqui

viviam, que por intermédio dos pajés, foram transmitindo e aprimorando seus conhecimentos

e usos de geração em geração.

Ainda segundo os autores (op. cit.), até o século XX o Brasil era um país

essencialmente rural, com amplo uso da flora medicinal. Com o início da industrialização e

subseqüente urbanização do país, o conhecimento tradicional passou a ser posto em segundo

plano. O acesso a medicamentos sintéticos e o pouco cuidado com a comprovação das

propriedades farmacológicas das plantas tornou o conhecimento da flora medicinal sinônimo

de atraso tecnológico, e muitas vezes charlatanismo. As novas tendências mundiais de

preocupação com a diversidade, e com um desenvolvimento sustentável, trouxeram novos

“ares” ao estudo das plantas medicinais brasileiras. Novas linhas de pesquisa foram

estabelecidas em universidades brasileiras, algumas delas buscando bases mais sólidas para a

validação científica do uso de plantas medicinais.

Segundo Oliveira e Akisue (2000), planta medicinal é todo vegetal que contém em

um ou vários de seus órgãos substâncias que podem ser empregadas para fins terapêuticos ou

precursores de substâncias utilizadas para tais fins. Chamam-se de parte usada do vegetal os

órgãos vegetais nos quais estas substâncias ocorrem em quantidades maiores, e por esta razão,

são empregadas como matéria prima do medicamento. Droga vegetal é a planta ou suas partes

que, após sofrerem processo de coleta, preparo e conservação (secagem, estabilização),

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justifiquem seu emprego na preparação de medicamentos. Uma das características da droga

corresponde à presença de princípios ativos, que são substâncias quimicamente definidas, nas

matérias primas e nos fitoterápicos responsáveis pelos efeitos terapêuticos desses materiais.

Segundo Farnsworth et al. (1989), a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima

que 80% da população mundial utiliza, primeiramente, os recursos da medicina tradicional

para seus cuidados primários de saúde. Medicamentos derivados de plantas nativas, tanto

preparadas a domicílio ou mesmo prescritos por “curadores” tradicionais são amplamente

utilizados para o tratamento de uma variedade de problemas.

Para a Organização Mundial da Saúde (1980), cuidados primários de saúde ou

atenção primária em saúde foi definida na 30ª Assembléia Mundial de Saúde, celebrada em

1978, em Alma-Ata, União Soviética, como sendo: “A assistência sanitária essencial (básica),

fundada em métodos e tecnologias práticas, cientificamente assegurados, socialmente

aceitáveis e economicamente sustentáveis, postos ao alcance universal dos indivíduos, das

famílias e da comunidade mediante sua participação plena a um custo suportável para a

comunidade e o país em todas e em cada uma das etapas de desenvolvimento com espírito de

autoresponsabilidade e autodesenvolvimento”.

Ainda para a Organização Mundial da Saúde (OMS), dentre as características

reunidas na atenção primária em saúde destacam-se: se propor a atender e resolver os

problemas de saúde da comunidade em seu âmbito e com a participação de seus membros; ter

caráter preventivo, buscando superar as causas que produzem as distintas enfermidades; estar

centrada nas pessoas e suas capacidades, cultura e potencialidades; realiza-se a partir da

participação da comunidade, sendo ela que deve tomar as decisões e colocar em marcha às

ações e utiliza conhecimentos e recursos locais disponíveis e que são parte do universo

cultural e social da comunidade. Aqui, é onde as plantas medicinais aparecem como um dos

mais valiosos potenciais de todos os povos do mundo (KOSSMANN; VICENT, 2001).

Segundo Lorenzi e Matos (2002), a OMS, visando diminuir o número de excluídos

dos sistemas governamentais de saúde, recomenda aos órgãos responsáveis pela saúde pública

de cada país, que:

a) procedam a levantamentos regionais das plantas usadas na medicina popular

tradicional e identifique-as botanicamente;

b) estimulem e recomendem o uso daquelas que tiverem comprovadas eficácia e

segurança terapêuticas;

c) desaconselhem o emprego das práticas da medicina popular consideradas inúteis

ou prejudiciais;

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d) desenvolvam programas que permitam cultivar e utilizar as plantas selecionadas

na forma de preparações dotadas de eficácia, segurança e qualidade.

Para o atendimento destas recomendações é preciso conhecer bem as plantas

medicinais de cada região, o que significa decidir ingressar em um novo universo vasto e

variado para descobrir que as plantas podem realmente ajudar a recuperação e a manutenção

do bem estar de nossos semelhantes, o que nos levará a repensar os conceitos de saúde, de

doença e dos tratamentos secularmente estabelecidos e, através do contato com a riqueza e a

diversidade da cultura popular, exigir de nós mesmos, uma maior abertura de nossas mentes, e

a deixar de lado o tipo de estrutura de pensamento linear, onde só cabe uma verdade.

As plantas têm sido tradicionalmente usadas por populações de todos os continentes

no controle de diversas doenças e pragas. O mercado atual de fitofármacos e fitoterápicos é da

ordem de US$ 9 a 11 bilhões por ano, sendo que mais de 13.000 plantas são mundialmente

usadas como fármacos ou fontes de fármacos (TYLER, 1994 apud FRANÇA, 2001).

Baseada nestes fatos, a Organização Mundial de Saúde advoga o estudo de plantas

medicinais como fonte de medicamentos fazendo parte de seu programa “Saúde para todos no

ano 2000” (ELISABETSKY, 1987).

Segundo Castro et al. (1993), é bem provável que das cerca de 120.000 espécies

vegetais existentes no Brasil pelo menos a metade tenha alguma propriedade terapêutica útil à

população. No entanto, nem 1% dessas espécies com potencial foi motivo de estudos

adequados. Muitas substâncias exclusivas de plantas brasileiras já foram patenteadas por

empresas ou órgãos governamentais estrangeiros, que encontram nesta matéria prima

medicamentos em menor tempo e com custos inferiores aos medicamentos sintéticos.

As pesquisas em plantas medicinais progrediram no objetivo de verificar a natureza

química e biológica das drogas nelas existentes. Historicamente, contudo, o produto planta

medicinal, ou em senso comum “o produto natural”, como objeto substancial da

farmacognosia, está direcionado e conectado ao conhecimento popular de seu uso e o acesso a

essas informações é essencialmente interdisciplinar, incluindo, além das ciências biomédicas,

a antropologia, a sociologia médica e a lingüística (LABADIE et al., 1989 apud SOUZA,

1998).

Bakhiet e Adam (1995) comentam que, há uma crescente preocupação das

comunidades científica e médica com relação à importância das plantas medicinais nos

sistemas de saúde dos países em desenvolvimento. Projetos científicos têm sido realizados

para esclarecer os fenômenos curativos associados aos remédios tradicionais bem como para

identificar tecnologias simples que pudessem produzir remédios a custos reduzidos.

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Os mesmos autores citam inúmeros constituintes químicos das plantas e os

relacionam ao emprego para diferentes propósitos, como atividade cardiovascular e nervosa,

antimicrobiana, anti-helmíntica, estrogênica, galactogênica, inseticida e outras. Entretanto,

advertem que a superdosagem de produtos a base de plantas pode causar reações tóxicas em

animais e humanos.

De acordo com Castro et al. (1993) e Oliveira e Akissue (2000), as formas de

extração galênica freqüentemente utilizadas pela população são:

a) infusão: preparação utilizada para todas as partes de plantas medicinais ricas em

componentes voláteis, aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela

ação combinada da água e do calor prolongado. No caso de plantas com grande

quantidade dessas substâncias ou facilmente degradáveis, recomenda-se a

maceração, que seria a infusão a frio. Normalmente, trata-se de partes tenras das

plantas, tais como flores, botões e folhas. As infusões são obtidas, fervendo-se a água

necessária, que é derramada sobre a erva já separada e picada, colocada noutro

recipiente. De modo geral, utiliza-se uma colher de sopa de erva fresca para uma

xícara de água. Após a mistura, o recipiente permanece tampado por um tempo

variável entre 10 e 15 minutos. O infuso, coado logo após o término do repouso,

deve ser utilizado no mesmo dia da preparação.

b) decocção: do latim decoctio, operação a fazer ferver em um líquido a substância

da qual se quer extrair os princípios solúveis. Preparação normalmente utilizada para

as ervas não aromáticas (que contêm princípios estáveis ao calor) e para as drogas

vegetais constituídas por sementes, raízes, cascas e outras partes de maior resistência

à ação da água quente. Numa decocção, coloca-se à parte da planta na quantidade

prescrita de água fervente, cobre-se e deixa-se ferver, em fogo baixo, por 10 a 20

minutos. Após o cozimento, deixa-se em repouso por 15 minutos e côa-se.

c) maceração: do latim maceratio, submeter um corpo sólido à ação de um líquido.

Preparação (realizada a frio) que consiste em colocar a parte da planta medicinal

dentro de um recipiente contendo álcool, óleo, água, ou outro líquido extrator.

Folhas, flores e outras partes tenras são picadas e ficam macerando por 10 a 12 horas,

enquanto partes mais duras ficam macerando por 18 a 24 horas. O recipiente

permanece em lugar fresco, protegido da luz solar direta, podendo ser agitado

periodicamente. Findo o tempo previsto, filtra-se o líquido e pode-se acrescentar uma

quantidade de diluente (liquido extrator), se achar necessário, para obter um volume

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final desejado. Plantas com possibilidade de fermentações não devem ser preparadas

desta forma.

Segundo Simões et al. (1988), a postura de menosprezo dos profissionais de saúde

com relação à utilização das plantas medicinais começou a mudar nas últimas décadas. Esta

mudança ocorre devido às expectativas exageradas em relação aos produtos da grande

indústria, os efeitos indesejáveis causados pelo uso correto ou não dos medicamentos

produzidos sob o manto científico, o reconhecimento de que novos medicamentos derivados

das pesquisas com plantas utilizadas na medicina popular apresentam perspectivas inegáveis e

o reconhecimento de que atualmente amplas camadas da população não têm acesso aos

medicamentos.

Elisabetsky e Posey (1986) apud Avancini (2002), mostraram que a relação entre

produtos estudados e produtos colocados no mercado cai de 22.900:1 (produtos sintéticos)

para 400:1, com produtos naturais. Além do valor comercial dos princípios químicos das

plantas, existe o valor comercial do cultivo e emprego da mão-de-obra agrícola. Avalia que no

caso da China existem 400.000 hectares aproveitados para o plantio de plantas medicinais,

permitindo a existência de 800 indústrias farmacêuticas nacionais (80.000 trabalhadores

produzindo cerca de 2.000 variedades de medicamentos), deve existir aproximadamente

220.000 pessoas envolvidas com o plantio, processamento e distribuição de plantas

medicinais.

A valorização do potencial da medicina tradicional e o conseqüente uso das plantas

medicinais vem sendo enfatizado como um dos suportes que fundamentam a sustentabilidade

(EHLHERS, 1996).

De acordo com o marco referencial para as ações sociais da EMATER/RS (2002a), a

utilização das plantas medicinais faz parte da cultura popular do Estado. Diversas são as

experiências populares que utilizam plantas medicinais no Rio Grande do Sul, evidenciando

em seu uso vários enfoques: o econômico, como forma de geração de renda, através da

produção e comercialização de plantas medicinais; o antropológico, pois é parte da cultura do

povo gaúcho que precisa ser resgatada e valorizada; o ecológico, sob ponto de vista da

valorização e preservação da nossa biodiversidade; o pedagógico, no sentido que serve como

instrumento para trabalhar e discutir diversas outras questões relacionadas à saúde e ao meio

ambiente, bem como o reforço à organização social; e, ainda, o enfoque terapêutico, pela sua

utilização como opção de tratamento de diversos transtornos da saúde. Além disso, também é

crescente o interesse de Universidades e Órgãos de pesquisa do Estado em ampliar o

conhecimento nesta área.

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Em 2001, o Governo do Estado/RS lançou a Política Intersetorial de Plantas

Medicinais, atendendo a uma reivindicação dos movimentos populares, órgãos

governamentais e não governamentais, instituições universitárias e de pesquisa. Dessa forma

o Governo do Estado reconhece o uso das plantas medicinais como opção terapêutica legítima

e com enorme potencialidade de contribuir no suprimento de medicamentos para os usuários

do SUS (Sistema Único de Saúde), passando a valorizar tanto o conhecimento histórico e

científico acumulado na área, como as informações historicamente construídas pela cultura

popular.

Destaca-se aqui alguns princípios da Política de Plantas Medicinais desse Estado:

a) o uso e a preservação de recursos naturais de modo sustentável e a manutenção

do patrimônio genético nacional, são fatores fundamentais para a garantia da

soberania, defesa da vida e ruptura da dependência tecnológica;

b) o conhecimento tradicional/popular sobre plantas medicinais, sua manipulação e

uso, devem ser resgatados, protegidos, respeitados e validados cientificamente

como prática de saúde no SUS;

c) a construção do conhecimento e a pesquisa sobre plantas medicinais devem

estabelecer uma relação dialética entre o saber científico e o tradicional/popular;

d) os princípios da Agroecologia devem orientar a produção de plantas medicinais.

A EMATER/RS faz parte da Comissão Intersetorial responsabilizada por

acompanhar a implementação desta política. Cabe a EMATER/RS resgatar, valorizar,

promover e qualificar iniciativas em plantas medicinais.

Para tanto, propõem-se que o trabalho seja realizado com os seguintes objetivos:

a) resgatar e valorizar as plantas medicinais e a utilização das mesmas;

b) promover e orientar sobre o cultivo, proteção e propagação das espécies de

plantas medicinais;

c) orientar sobre a utilização de plantas medicinais;

d) qualificar as experiências/iniciativas com plantas medicinais, através de

capacitação para técnicos e agricultores;

e) elaborar material educativo para subsidiar o trabalho com plantas medicinais;

f) participar da construção e implementação da Política Intersetorial de Plantas

Medicinais do RS.

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2.5 Etnoveterinária

Segundo McCorkle (1986), a etnoveterinária é definida como a investigação

sistemática e aplicação prática do conhecimento popular, da teoria e da prática, dentro de uma

visão holística e comparativa, onde os sistemas de produção animal seriam abordados nos

seus aspectos ecológicos, socioeconômicos, culturais, políticos, históricos, entre outros. O

objetivo prático da etnoveterinária seria incrementar saúde e produção animal através da

pesquisa e do desenvolvimento de alternativas sustentáveis, culturalmente aceitáveis e

economicamente viáveis a partir do conhecimento popular local acerca da anatomia,

fisiologia, etiologia, diagnósticos, terapêutica, epidemiologia e técnicas de manejo das

diferentes espécies de animais.

O princípio superior da etnoveterinária é o reconhecimento da complexidade de

variáveis que influenciam a saúde animal. Esta área de estudo é recente e tem crescido

enormemente nas duas últimas décadas, surgindo a partir de projetos interdisciplinares na área

da produção animal nos países em desenvolvimento. Este tipo de conhecimento empírico

sobre agroecologia e medicina foi elaborado e transmitido oralmente através de gerações e

continuam a ser desenvolvidos ou modificados pelos grupos locais a medida em que mudam

as circunstâncias sociais, econômicas, ecológicas, demográficas e outras (MATHIAS et al.,

1996).

Para De Maar (1992), o enfoque na medicina veterinária deveria ser revisto,

explorando-se em que medida seria possível integrar o velho, ou não ortodoxo, com o novo e

o desenvolvido cientificamente. A simples crença nas curas populares, que podem ser

charlatanismo, deveriam ser evitadas, mas também não se poderia ignorar simplesmente todo

tratamento que não tenha sido desenvolvido segundo as regras do método científico. O autor

comenta que os antigos práticos veterinários alternativos tinham os mesmos problemas e

desejos dos veterinários modernos, ou seja, proteger os animais das enfermidades e aliviar seu

sofrimento. Suas práticas teriam sido levadas a cabo durante séculos, sendo elaboradas com

erros e acertos e aperfeiçoadas por sucessivas gerações e transmitidas por elas como um saber

valioso. O fato de estas práticas terem sobrevivido por tantos anos deveria ser um indício

eloqüente de que estes métodos foram suficientemente testados, determinando-se assim sua

importância e sua permanência no cotidiano da atenção à saúde animal.

Conforme Schilhorn Van Veen (1997) o crescente interesse das sociedades

ocidentais em práticas da medicina veterinária tradicional através da utilização de alternativas

não convencionais, tais como, as plantas medicinais, a homeopatia, a acupuntura, dentre

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outras, pode ser medido pelo reconhecimento concedido durante a Convenção Anual da

Associação Americana de Medicina Veterinária em 1996, classificando-as como modalidades

a serem oferecidas em um contexto válido na relação veterinário / cliente / paciente. Ainda

conforme o autor, melhores benefícios com estas práticas são alcançadas com um controle

integrado das doenças similar ao aplicado na agricultura e que um melhor conhecimento da

fisiologia e da epidemiologia podem explicar tratamentos que inicialmente poderiam parecer

irracionais. Conclui afirmando que há um ressurgimento no interesse do uso de plantas

medicinais.

Malik et al. (1996) listam inúmeras plantas medicinais, mostrando que a literatura

científica sobre o potencial das plantas para prática veterinária na Índia é ampla e crescente.

Esta ênfase dos autores para a etnobotânica deve-se ao fato de que as plantas provavelmente

sejam o principal recurso, na ótica etnoveterinária indiana, empregados na atenção à saúde

animal. Os produtores acreditam que as plantas, que são geralmente nativas da própria região,

ajudam a prevenir ou tratar doenças nos animais. Dependendo da anormalidade, uma única

planta ou uma combinação destas pode ser utilizada sozinha ou juntamente com outros

ingredientes. As plantas são administradas secas ou frescas, ou na forma de infusões ou

decocções. Os autores relatam práticas tradicionais, a base de plantas medicinais, no

tratamento de enfermidades comuns, como abscessos, feridas, mastite, problemas oftálmicos e

gastrintestinais, ectoparasitismo e problemas reprodutivos como retenção de placenta e

infecções uterinas.

Anjaria (1996) afirma que existem entre 60 a 80 pequenas indústrias na Índia

produzindo remédios veterinários a base de plantas medicinais e, que o crescimento da

indústria nacional também cria empregos e estimula a economia local. A exportação destes

remédios teria um futuro promissor, visto que o consumo de medicamentos naturais para uso

humano e veterinário no ocidente está aumentando. No entanto, é necessário o

desenvolvimento da legislação para regularizar e padronizar o processamento e a qualidade

das formulações tradicionais, assim como a pesquisa científica para identificar e validar esta

terapêutica tradicional. Ainda conforme o autor, (op.cit.) de 2.500 plantas citadas em revisão

bibliográfica, que abrangeu o período de 1950-1975, somente 1,9% passaram por triagem

clínica e a maioria não foi investigada além de triagens preliminares.

Em estudo realizado por Gutkoski et al. (1998) com pequenos produtores na

localidade da Solidão, em Maquiné (RS), observou-se que frente a uma situação de

isolamento e escassez de recursos técnicos existe uma riqueza de percepções e conhecimentos

sobre a saúde animal e o manejo das criações. No tratamento das enfermidades mais citadas

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como a mamite, verminose, ectoparasitos e infecções, são utilizadas drogas comerciais e,

principalmente, remédios caseiros à base de plantas e outros ingredientes como sal e vinagre.

Segundo os entrevistados, estes remédios são tidos como eficazes e seguros. Praticamente em

todas as propriedades observou-se o cultivo de plantas medicinais, que seriam utilizadas em

problemas de saúde das pessoas e dos animais.

A pesquisa de Mesquita et al. (1998), efetuada por alunos do curso de Medicina

Veterinária da UNIFENAS (MG), revelou o largo emprego de fitoterápicos no tratamento de

enfermidades dos animais. Entre as plantas mais utilizadas foram citados a “carqueja”, o

“barbatimão”, a “goiabeira” e a “erva-de-são-joão”. A maioria das plantas eram utilizadas no

estado fresco (75,11%); 45,41% empregavam folhas e para 48,31% dos entrevistados o modo

de preparo mais utilizado era o decocto. As plantas eram utilizadas no tratamento de enterites,

ferimentos, retenção de placenta e verminose. A maioria dos entrevistados obtinha efeitos

desejados e não observou efeitos colaterais.

Roepke (1996) relata um repertório de recursos terapêuticos utilizados pelos nativos

da África Oriental para o tratamento de enfermidades nos animais, incluindo antifúngicos,

antivirais, anti-helmínticos, hemoparasiticidas, ectoparasiticidas, anti-hemorrágicos,

catárticos, laxantes, antiofídicos e galactágogos.

De Maar (1992) remete a etnoveterinária indicando caminhos para esta relação de

conhecimentos acadêmicos, científicos, com o conhecimento tradicional popular.

2.5.1 Plantas anti-helmínticas

Segundo Alawa et al. (2003), atualmente, há um crescente interesse mundial em

etnomedicina e etnoveterinária, em especial, naquelas práticas relacionadas ao uso de plantas

medicinais em tratamento de várias doenças. Nos países desenvolvidos, este movimento está

ligado à produção de animais livres de resíduos de substâncias químicas industriais e a

necessidade de descobrir substâncias terapêuticas novas de origem natural com baixa

toxicidade para homens e animais. Ainda segundo os autores, em países do terceiro mundo, o

uso do recurso de anti-helmínticos químicos, pelos fazendeiros pobres é cada vez mais difícil,

em função do seu alto custo, isto conduz ao uso crescente da medicina etnoveterinária pelos

pequenos produtores de gado. Desta forma, práticas veterinárias tradicionais continuam

cumprindo importante papel em sanidade animal, sendo usadas na maioria dos países em

desenvolvimento. E como são partes integrantes da cultura das pessoas, não é provável que

seu uso mude significativamente com o passar dos anos.

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Para Aurvalle (1985), deve-se abandonar as drogas químicas sintéticas utilizadas

como coadjuvantes nas criações animais e substituí-las por métodos naturais de controle. O

emprego de plantas oferece possibilidades extraordinárias para o controle de moléstias. A

autora cita exemplo de controle de doenças parasitárias com plantas medicinas, como a

experiência realizada na Estação Experimental de Sendany (Ásia), em 1947, na qual os porcos

parasitados, quando receberam pedaços da bananeira misturados a ração apresentaram

decréscimo do parasitismo. O pesquisador Caberá (1984) apud Aurvalle (1985) obteve

resultados surpreendentes com a utilização de “fumo” em corda no controle de carrapatos em

bovinos. Idris (1982) apud Aurvalle (1985) comprovou a atividade anti-helmíntica da

Artemisia herba alba, no tratamento de parasitoses em caprinos. Os animais infectados

receberam 2, 10 ou 30 gramas de Artemisia e se recuperaram rapidamente, o apetite voltou ao

normal, as fezes não apresentaram mais ovos de parasito nem formas adultas foram

encontradas no abomaso ou lesões significativas nos órgãos.

Booth et al. (1993) descrevem as alterações ocorridas em períodos de crise

econômica no tratamento anti-helmíntico utilizado em uma comunidade rural na Guatemala.

O Allium sativum L. e o Chenopodium ambrosioides L. eram utilizados conjuntamente com

drogas comerciais. Os autores relatam que em períodos de crise econômica aumenta a

utilização das plantas e decresce o uso de produtos comerciais no tratamento anti-helmíntico.

Segundo Sharma (1993) um preparo anti-helmíntico comercial do ayurvedic (sistema

de medicina tradicional hindu), chamado Jantana, foi utilizado em uma triagem de 26 bovinos

com infecções mistas entre suave e moderada de Haemonchus spp., Strongyloides spp.,

Trichostrongylus spp. e Nematodirus spp.. A contagem de OPG nas fezes, que estava entre

300-1.400 no dia do tratamento, foi reduzida a zero, 7 dias depois. Jantana é um pó de ervas

encontrado na forma de cápsulas de gelatina, 10 g é a dose para adultos e 5 g para animais

jovens. Este preparo é vendido na Índia como um anti-helmíntico de amplo espectro. Alguns

constituintes do pó são Artemisia maritima, Brassica nigra, Cassia lanceolata, Vernonia

anthelmintica, Cuprium sulphas e Embelia ripes. Nenhum efeito colateral foi relatado como

resultante do tratamento.

De acordo com Mathias-Mundy e McCorkle (1995), nem todas as práticas

etnoveterinárias provaram ser eficazes ou ser a solução ideal para os problemas de saúde

animal. Por outro lado, a literatura indica claramente que em várias áreas da medicina

etnoveterinária há amplo espaço de aplicação destes conhecimentos. Segundo os autores

incluí-se nesta área o tratamento de endoparasitos. E descrevem que testes a campo e em

laboratório tem confirmado a eficácia de várias plantas de uso na medicina veterinária

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tradicional no controle de endoparasitos, citando que na Nigéria, experimentos com seis

plantas mostraram significativa atividade contra Trichostrongylus spp. em ratos; na América

Latina o uso de Senécio sp. e sementes de Cucurbita maxima contra parasitos gastrintestinais

demonstraram sua eficácia.

Para Hammond et al. (1997), as plantas com propriedades anti-helmínticas

representam uma alternativa tradicional, sustentável e ecologicamente aceitável aos anti-

helmínticos comerciais. No futuro, algumas plantas poderão ter um papel importante no

controle de helmintos em animais nos trópicos. No entanto, os autores comentam que são

necessárias triagens in vivo para suprir a falta de comprovação científica de espécies

atualmente utilizadas, identificando-se espécies que tenham eficácia e desenvolver estratégias

para sua utilização.

Segundo Camargo (1998), não obstante o grande progresso em terapêutica das

verminoses intestinais, a medicina popular procura resolver este problema através do uso de

plantas medicinais, às quais são atribuídas propriedades anti-helmínticas. Entre os fatores que

justificam o uso de plantas medicinais no meio popular, destaca-se o baixo nível sócio-

econômico de certas comunidades.

Lans e Brown (1998), utilizando-se de metodologias de resgate etnoveterinário,

catalogaram 76 plantas utilizadas em terapêutica veterinária em Trinidad e Tobago. As plantas

são utilizadas predominantemente para endoparasitos e doenças da reprodução e dentre as de

uso anti-helmíntico destaca-se a Azidarachta indica, a Petiveria alliacea, a Ruellia tuberosa e

a Stachytarpheta jamaicensis. Estas plantas são utilizadas em bovinos, ovinos e caprinos nas

forma de infuso, decocto e “in natura”.

Guarrera (1999) descreve que realizou coleta de informações com 28 famílias de

fazendeiros e pastores da região Central da Itália a respeito das memórias e noticias do uso

continuado de plantas com efeito anti-helmíntico. O resultado desta coleta foi uma lista com

51 plantas, sendo que a Ruta graveolens, Cucurbita maxima, Artemisia absinthium e o Allium

sativum eram as mais usualmente utilizadas.

Athanasiadou et al. (2001) relatam que ministrar o extrato do “quebracho” (73% de

tanino condensado, 19% de fenóis simples e 8% de água) durante 3 dias reduz o parasitismo

intestinal em ovinos. Os ovinos infectados com T. colubriformis e N. battus e tratados com

extrato de “quebracho” a 8% tiveram redução da contagem de ovos nas fezes e redução

significativa da carga parasitária quando comparados aos animais do grupo controle. O

mesmo autor, Athanasiadou et al. (2000a), já havia demonstrado o efeito anti-helmíntico do

extrato da planta “quebracho” em uma população adulta de T. colubriformis. A administração

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de extrato de “quebracho” durante três dias a ovelhas 28 dias após a infecção, reduziu a

contagem de ovos nas fezes, a população de vermes adultos e a fecundidade de T.

colubriformis, quando comparado com o grupo controle parasitado.

Alawa et al. (2003) testou a Vernonia amygdalina e a Annona senegalensis, duas

plantas usadas como anti-helmínticas por pequenos produtores da Nigéria, em seus rebanhos,

e listadas por vários autores por seu potencial anti-helmíntico. Os autores realizaram testes in

vitro de atividade anti-helmíntica usando ovos de Haemonchus contortus. O extrato de V.

amygdalina não demonstrou atividade significativa nos testes realizados, já o extrato de A.

senegalensis mostrou significativa inibição do crescimento de larvas, na concentração de 7,1

mg/ml. Os autores concordam com os curandeiros locais e pequenos produtores que

consideram que a planta A senegalensis é efetiva como anti-helmíntica, e concluem que os

resultados indicam promissora atividade anti-helmíntica da mesma, especialmente com o uso

da planta inteira como utilizada pelos fazendeiros.

Em estudos realizados no Brasil, Amorim et al. (1987) sugerem que se utilize como

critério de avaliação, para levantamento do potencial anti-helmíntico de plantas brasileiras, a

infecção por oxiurídeos no camundongo, que tem sido explorada como modelo de estudo da

quimioterapia anti-helmíntica. Neste trabalho avaliam a atividade anti-helmíntica de nove

espécies de plantas pelo método critico controlado em camundongos albinos naturalmente

infectados por oxiurídeos (Syphacia obvoelata e Aspiculuris tetraptera). Extratos brutos das

plantas a 5% em água foram aplicados na dose de 2 g/kg durante 3 dias consecutivos, com o

seguinte resultado em termos de redução do número de vermes: “cipó-cravo”, 57,2%; “fruta-

de-conde”, 43,4%; “alho”, 20,3%; “romã”, 19,7%; “camomila”, 17,1%; “picão”, 12,9%;

“losna”, 12,7%; “abóbora” (semente), 12,3% e “hortelã”, 10,6%.

Em outro trabalho sobre a atividade anti-helmíntica de plantas empregadas na

medicina popular para o tratamento de verminoses, Amorim et al. (1989), revelaram que na

triagem in vivo da atividade anti-helmíntica de 17 extratos aquosos brutos (chá e suco) em

camundongos naturalmente infectados com oxiurídeos (Syphacia obvelata e Aspiculuris

tetraptera) observaram um percentual de vermes eliminados de 52,1% para o chá a 5% da

folha da bananeira prata-maçã (Musa acuminata x Musa balbesiana) e 13,8% para o chá a 5%

da casca do caule do “jatobá” (Hymenaea courbaril). O extrato aquoso bruto (EAB) do pó da

casca do caule do “cipó-cravo” (Tynnanthus fascilatus), obtido a partir da infusão a 3%,

causou um índice elevado de mortalidade in vitro (61 a 100%, nas concentrações

compreendidas entre 0.2 e 6 mg/ml) em larvas de primeiro estádio de estrongilídeos

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intestinais de eqüino. O EAB obtido a frio (4ºC por 24 h) nas concentrações de 2.5 a 15

mg/ml não afetou as larvas infectantes de primeiro estágio (L1).

Posteriormente, Amorim et al. (1996) verificaram a atividade anti-helmíntica in vitro

de extratos aquosos sobre larvas de nematódeos gastrintestinais de bovinos. O infuso a 5%

das folhas da “fruta-do-conde” (Annona squamosa) produziu mortalidade expressiva na

concentração de 5 mg/ml. O infuso a 5% do epicarpo de “romã” (Punica granatum) produziu

mortalidade parasitária de 24% na concentração de 0.625 mg/ml e 80% em concentrações

superiores (1.25, 2.5 e 5 mg/ml). Os autores afirmaram que estes estudos abrem perspectivas

para a possibilidade do emprego de extratos vegetais no controle de helmintoses em animais.

Hirschmann e Arias (1990) resgataram, através de entrevistas junto a agricultores da

Serra do Cipó, Lapinha e Vespasiano, distantes aproximadamente 100 km de Belo Horizonte,

Minas Gerais, o uso de 22 espécies de plantas com propósitos medicinais. Destas plantas nove

eram utilizadas como anti-helmínticas destacando-se a Carica papaya, a “erva-de-santa-

maria” (Chenopodium ambrosioides) e a “hortelã” (Mentha sp.). O autor chama a atenção da

necessidade de um rápido resgate da farmacopéia local pelas perdas de diferentes

ecossistemas e do conhecimento do uso de produtos a base das plantas, descrevendo-o como

quase perdido entre a população jovem.

Vieira et al. (1991) avaliaram a eficácia anti-helmíntica das plantas Anona squamosa

e Mormodica charantia em caprinos naturalmente infectados com nematódeos

gastrintestinais. As plantas foram administradas na forma de suco, durante quatro dias

consecutivos. A eficácia observada na eliminação de nematódeos adultos, através de

necropsia, foi de 18 % para a A. squamosa. A M. charantia não apresentou eficácia na

redução da carga parasitária dos caprinos.

Segundo Menezes et al. (1992), para o controle de parasitoses gastrintestinais que é

realizada principalmente através de anti-helmínticos sintéticos, as plantas representam

candidatas naturais, como fontes alternativas, visto que elas possuem, contra o ataque de

patógenos, mecanismos de defesa baseados na produção de compostos específicos que lhe

conferem resistência.

Pereira et al. (1993) identificaram através de entrevistas, com informantes

qualificados, 22 espécies vegetais utilizadas como vermífugas em caprinos por pequenos

agricultores de Ouricuri/Pe. Foram testadas as eficácias da “mamona” (Ricinus communis L.)

e da “babosa” (Aloe sp.) em caprinos naturalmente infectados, obtendo ambas as plantas uma

eficiência de 63,2% para Haemonchus spp.. Para o Oesophagostomun spp., a eficiência no

grupo tratado com “mamona” foi de 87,5% e no tratado com “babosa” de 62,5%.

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Oliveira et al. (1997) comprovaram a atividade anti-helmíntica da bananeira (Musa

sp.) fornecendo folhas frescas ad libitum a bezerros naturalmente parasitados por

Haemonchus spp., Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp.. O

percentual de eficácia, avaliado pela contagem do número de ovos por grama (OPG) e

coproculturas, foi de 100%, para os quatro gêneros, no terceiro dia de tratamento.

Em outro estudo, Oliveira (1997) pesquisou a ação anti-helmíntica da bananeira

(Musa sp.) em caprinos (Capra hircus) naturalmente parasitados com Haemonchus spp.,

Cooperia spp., Trichostrongylus spp., e Oesophagostomum spp.. Ao grupo teste foram

fornecidas folhas frescas de bananeira ad libitum e ao grupo controle Brachiaria

purpurascens igualmente ad libitum. A atividade anti-helmíntica da bananeira foi verificada

através de exames coprológicos e necropsia. O número médio do OPG diminuiu em todos os

caprinos do grupo teste, enquanto houve um aumento acentuado em metade dos caprinos do

grupo controle. O número médio do OPG por coleta reduziu significativamente no grupo

teste. A coprocultura demonstrou redução da quantidade de L3 nos quatro gêneros no grupo

teste, e um grande aumento de L3 de Trichostrongylus spp. e Oesophagostomun spp. nos

caprinos do grupo controle. O efeito anti-helmíntico da bananeira foi significativo para as

formas imaturas de Oesophagostomun spp. e para Haemonchus spp. na fase de

desenvolvimento parasitário compreendido entre a ovopostura e L3. No Teste Controlado o

percentual de eficácia da folha de bananeira foi de 70,4% para Oesophagostomun spp., de

65,4% para Trichostrongylus spp., de 59,55% para Cooperia spp. e de 57,1% para

Haemonchus spp..

Girão et al. (1998) relacionaram 54 espécies de plantas utilizadas no tratamento de

animais domésticos, através da aplicação de questionários junto a criadores nos municípios de

Monsenhor Gil, Campo Maior e Castelo do Piauí, PI. Destas, quinze foram citadas para o

tratamento da verminose: abóbora (Cucurbita moschata), bucha-paulista (Luffa operculata),

batata-de-purga (Operculina sp.), crista-de-galo (Heliotropium sp.), hortelã (Mentha sp.),

mamoeiro (Carica papaya), mamona (Ricinus communis), maria-mole (Senna alata),

mastruço (Chenopodium ambrosioides), melão-de-são-caetano (Momordica charantia),

milone (não identificada), pau-de-leite (Plumeria sp.), pinhão-branco (Jatropha curcas),

vassourinha (Scoparia dulcis) e velame (Croton sp.). Nos Testes de Redução de OPG, em

fezes de caprinos infectados naturalmente por nematódeos gastrintestinais, os resultados

apresentaram uma tendência de redução do OPG no sétimo dia após a administração do

extrato das plantas.

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Batista et al. (1999) testaram, in vitro, a atividade de inibição da eclosão e da

motilidade de larvas do nematódeo Haemonchus contortus das plantas Spigelia anthelmia e

Momordica charantia. Os resultados foram analisados pela comparação das médias de ovos

eclodidos e larvas imóveis, sendo usado o teste de Duncam a um nível de 5% de significância.

A dose inibidora de eclosão de ovos foi de 0,173 mg/ml para S. anthelmia e 0,101 mg/ml para

M. charantia. No teste de imobilização de larvas foram usadas concentrações de 1.000, 500,

250 e 125 mg/ml, sendo que S. anthelmia foi mais efetiva, na imobilização de larvas, do que

M. charantia nas concentrações maiores. Não houve diferença significativa entre os efeitos

das concentrações de M. charantia, enquanto o efeito de S. anthelmia aumentou com a

concentração desta planta. Portanto S. anthelmia tem o efeito dependente da dose, enquanto o

efeito M. charantia não varia com a concentração. Os autores indicam estudos adicionais in

vivo para ratificar a validação científica, demonstrada in vitro neste experimento.

2.6 Controle de endoparasitos

Os nematódeos parasitos ocorrem ao longo do trato gastrintestinal de ruminantes

desde o abomaso (Haemonchus spp., Ostertagia spp., Trichostrongylus axei) e intestino

delgado (Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp.) até o intestino grosso

(Oesophagostomun spp. e Trichuris spp.). Durante a evolução biológica dessas espécies de

nematódeos, foi desenvolvido um equilíbrio na relação hospedeiro-parasito em animais em

pastoreio, em diferentes zonas climáticas. Contudo, com o advento da intensificação da

produção animal, o impacto do parasitismo por nematódeos foi sentido mais profundamente

pelos hospedeiros. Esse impacto é afetado pela espécie, pela quantidade de parasitos

ingeridos, pela idade e pela espécie de hospedeiro (EMERY et al., 1996).

Segundo Horton (1990), programas adequados de controle antiparasitário são

cruciais para a eficiência de sistemas produtivos. A importância econômica do parasitismo

em produção animal tem sido amplamente demonstrada e, talvez por essa razão, os avanços

mais significativos em quimioterapia antiparasitária têm surgido da área de saúde animal ao

invés de provir da medicina humana.

Do ponto de vista de produção, a mortalidade por parasitos é a forma mais extremada

economicamente de reduzir a produtividade. Entretanto, também são muito importantes as

perdas ocasionadas diretamente por menor produção tanto em lã, carne e leite dos animais

doentes e indiretamente o efeito sobre as suas crias (ENTROCASSO, 1994).

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Conforme Lanusse (1994), as perdas por parasitismo clínico e subclínico

representam só uma parte do impacto econômico total da enfermidade parasitária em

produção animal. Uma significativa porção destas perdas econômicas é atribuída aos

investimentos em medidas de controle. O fracasso no controle antiparasitário tem uma

importância econômica de enorme transcendência em países onde a criação de ovinos é

expressiva e as condições climáticas e características de exploração favorecem uma elevada

ocorrência do parasitismo. Então, o entendimento do comportamento farmacológico das

drogas anti-helmínticas e sua integração com a informação epidemiológica disponível são

fundamentais para otimizar a eficiência do controle parasitário.

O controle preventivo baseado na epidemiologia dos parasitos foi primeiramente

introduzido por Gordon (1948) apud Alves-Branco (1997), que o denominou de tratamento

estratégico. O objetivo principal desta abordagem, segundo o autor, seria a redução da

contaminação das pastagens e, como objetivo secundário, o tratamento terapêutico. Ainda

conforme Gordon (op.cit.) o conceito de controle integrado tem sua origem na área agrícola,

onde foi desenvolvido há muitos anos. O controle integrado visa controlar os parasitos, não

somente através do emprego de produtos químicos, mas também de outras alternativas

disponíveis.

De acordo com Steffan (1997), um programa de controle integrado não compete

com a utilização dos anti-helmínticos sintéticos e sim o incorpora como uma ferramenta

complementar, não fundamental, tentando inclusive prolongar sua vida útil através do seu

uso estratégico nos sistemas de produção.

Conforme Lanusse (1994), um anti-helmíntico ideal deveria reunir as seguintes

propriedades:

a) amplo espectro de atividade antiparasitária, um custo razoavelmente baixo e uma

dose que não produza efeitos indesejáveis nos animais tratados (grande margem

terapêutica);

b) flexibilidade para sua formulação e facilidade de administração;

c) apresentar baixos índices de resíduos tissulares que permitam um curto período de

carência, antes que a carne e o leite de animais tratados possam ser destinados ao

consumo humano.

Ainda conforme o autor, o controle da enfermidade parasitária deve ser a síntese dos

conhecimentos adquiridos através de estudos diagnósticos, ecológicos, econômicos e sociais,

enfocada a aplicação local da tecnologia disponível. A esse tipo de conceito de controle das

parasitoses, tendem as mais modernas ações de luta a helmintos que afetam a saúde e

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produção animal. Acrescentou também que os problemas na produção gerados pelos

nematódeos gastrintestinais são dependentes do manejo utilizado, o que faz com que sua

ocorrência esteja condicionada a cada sistema produtivo em particular. Dentro deste contexto

poderiam existir diversas estratégias de controle, como sistemas produtivos (bovinos de

carne/leite e ovinos entre outros) e suas variações (extensivo, semi-intensivo e intensivo).

Segundo Barcellos et al. (1999) e Echevarria (1996a), o objetivo de programas de

controle de verminose é o de reduzir ou eliminar os efeitos adversos dos parasitos através de

métodos práticos e econômicos. Os autores descrevem outra divisão entre os tipos de

controle:

a) curativo, emergencial ou terapêutico: os animais são medicados quando estão

apresentando alguns sinais clínicos de parasitismo ou ocorrem mortes. Nesta

condição os animais já sofreram a conseqüência do parasitismo e os parasitos adultos

já provocaram a contaminação do meio ambiente;

b) supressivo: os animais são medicados com curtos intervalos que variam entre 15 a

45 dias. Pode ser utilizado durante curtos períodos como um meio de evitar perdas

durante épocas conhecidas por serem favoráveis para a transmissão parasitária.

Regimes que utilizam deste tipo de tratamento tem demonstrado um aumento da

produção animal devido a uma redução da população parasitária. Entretanto, estes

programas acentuam a pressão de seleção de estirpes resistentes aos anti-helmínticos

e apresentam um elevado custo com medicamentos;

c) estratégico: é baseado na epidemiologia dos helmintos. Este tipo de controle

objetiva administrar anti-helmínticos quando os parasitos estão em seu menor

número na pastagem, ou em épocas em que o clima estiver proporcionando as piores

condições de sobrevivência dos estádios de vida livre. Baseia-se na aplicação de

tratamentos anti-helmínticos antes que se espere um aumento significativo da

população de parasitos, em épocas do ano pré-determinadas;

d) tático: baseia-se no manejo dos animais, utiliza-se medicação anti-helmíntica antes

da rotação de potreiros, em períodos de alta concentração de animais, quando da

compra de animais, entre outros;

e) regular: o uso de medicação anti-helmíntica está baseado no resultado dos exames

laboratoriais. Utiliza-se usualmente a contagem de ovos de nematódeos

gastrintestinais e coprocultura. Deve-se coletar de 10 a 15 amostras por potreiro e por

faixa etária. Este tipo de controle tem seu uso restrito, face às limitações encontradas

em algumas regiões de acesso a laboratórios veterinários.

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Vieira (1999) cita que além das dosificações estratégicas, recomenda-se as seguintes

medidas de manejo como auxiliares no controle da verminose em pequenos ruminantes:

limpeza e desinfecção das instalações; manter as fezes em locais distantes dos animais e se

possível construir esterqueiras na propriedade; evitar superlotação das pastagens; separar os

animais por faixa etária; vermífugar os animais ao trocar de área; não introduzir no rebanho

animais provenientes de outras propriedades, antes de serem vermifugados e manter os

animais no aprisco no mínimo até 12 horas após a vermifugação.

O mesmo autor descreve “práticas de manejo que visam a descontaminação das

pastagens, que associadas à aplicação de anti-helmínticos, auxiliam no controle dos

nematódeos gastrintestinais:

a) pastejo combinado com diferentes espécies animais – A maioria dos nematódeos

que parasitam caprinos e ovinos não ocorrem em bovinos e eqüinos, com exceção do

Trichostrongylus axei. Desta forma utilizando-se diferentes espécies animais espera-

se que as larvas de nematódeos provenientes de uma espécie animal sejam destruídas

no trato digestivo, ao serem ingeridas por outro hospedeiro, promovendo desta forma

a redução do nível de parasitismo no rebanho;

b) pastejo alternado entre animais imunologicamente resistentes e da mesma espécie

– Os animais jovens são sabidamente mais suscetíveis aos efeitos patogênicos da

nematodeose gastrintestinal. Desta forma recomenda-se que esta categoria animal,

após vermifugada, seja colocada em pastagem descontaminada, que posteriormente

será utilizada pela categoria mais resistente aos nematódeos gastrintestinais, que são

os adultos;

c) descanso da pastagem – A sobrevivência de larvas infectantes nas pastagens é

limitada pelas condições de baixa umidade, alta ou baixa temperatura e inimigos

naturais (COSTA, 1982 apud VIEIRA, 1999). Desta forma devemos estabelecer um

período de descanso das pastagens que vise reduzir a contaminação ambiental não

perdendo de vista as perdas na qualidade da forragem;

d) rotação das áreas de pastejo com restolhos culturais – A utilização para pastejo de

áreas após as colheitas das culturas anuais, praticamente sem contaminação, deve ser

precedido da vermifugação dos animais para manter os níveis de infecção destas

áreas baixos por mais tempo”.

Comum a todos os programas de controle de verminose, o uso de medicação anti-

helmíntica, encontra nas populações de helmintos, aqueles que tem a habilidade de sobreviver

aos efeitos de um dado composto químico. Esta habilidade de sobreviver a futuras exposições

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a uma droga desafiante pode ser transmitida aos seus descendentes desenvolvendo indivíduos

resistentes (ECHEVARRIA, 1996b).

A resistência anti-helmíntica, que é o aumento significativo da capacidade da

população sobreviver a sucessivas aplicações do anti-helmíntico, apresenta alguns fatores que

a predispõem:

a) freqüência do tratamento: quanto maior a freqüência de tratamentos, com a

conseqüente eliminação dos helmintos suscetíveis, maior é a seleção de indivíduos

resistentes;

b) dose utilizada: erros de avaliação do peso dos animais, aparelhagem de medicação

inadequada e ou desregulada e doses inadequadas indicadas pelos laboratórios

fabricantes são alguns dos motivos que levam ao uso de sub doses no rebanho;

c) uso contínuo de anti-helmínticos pertencentes à mesma classe de drogas:

alternância de nomes comerciais dos produtos com o mesmo princípio químico não

alterando as diferentes classes de anti-helmínticos (BARCELLOS et al., 1999).

Conforme Herd (1996), problemas relacionados à resistência e ecotoxicidade

enfatizam a necessidade de serem implementados programas integrados de controle de

parasitos em animais em pastoreio. Estes programas objetivam assegurar a saúde e a

segurança de organismos vivos por meio de controles parasitários melhorados, conservação

de recursos, incluindo drogas, e a proteção do ambiente. Controles racionais e inovadores para

bovinos, ovinos e caprinos estão disponíveis em muitos paises, mas raramente difundidos ou

aplicados no campo. Ainda conforme o autor programas de controle irracionais parecem ser a

regra com produtores sendo pressionados a usar excessivamente compostos antiparasitários.

A ecotoxicidade dos produtos químicos utilizados como anti-helmínticos é uma

realidade, pois são excretados nas fezes, persistem no bolo fecal por um período longo e são

letais ou subletais a uma variedade de insetos benéficos que colonizam o bolo fecal. Os

efeitos adversos das avermectinas nas fezes incluem mortalidade dos estádios larvares e

adultos, interferência com a alimentação dos insetos, dentre outros.

Os insetos auxiliam em atividades como dispersão das fezes, reciclagem de

nutrientes, aeração do solo, formação de húmus, percolação da água, produtividade das

pastagens e controle de nematódeos. Eles também asseguram que a área de pastagem não seja

reduzida drasticamente pelo acúmulo de fezes. Os efeitos adversos das avermectinas também

são encontrados nas minhocas, nos coleópteros, na degradação das fezes e seu impacto sobre

a agricultura necessitam de trabalhos mais conclusivos. O autor conclui afirmando que

nenhuma catástrofe ecológica em pastagens foi atribuída ao uso de avermectinas, entretanto, é

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importante notar que os processos biológicos são lentos e seus efeitos imprevisíveis em longo

prazo. Um exemplo é a resistência anti-helmíntica, que pode interferir com o controle dos

parasitos por muitos anos, sem que seja notada pelos produtores. Geralmente a resistência está

avançada quando efeitos catastróficos como a alta mortalidade de animais tratados ocorre. O

laboratório Merial, fabricante do ivermectin, estimou que a concentração de ivermectin nos

dejetos acumulados de bovinos e ovinos não é maior que 0,02 ppm. Essa estimativa, contudo,

não reflete a realidade. Os resíduos de ivermectin nas fezes bovinas são 1000 vezes maior e

sua degradação ou dissociação é mínima por semanas ou meses (HERD, 1996).

Conforme Waller (1996) é agora aceito universalmente que não é mais possível ter

confiança total no uso de anti-helmínticos para controlar os nematódeos de ruminantes. Uma

conseqüência indesejável do uso intensivo de anti-helmínticos é o acúmulo de resíduos nos

produtos de origem animal e o possível efeito em organismos não alvos no meio ambiente.

Sem considerar a importância desses fatos, preocupações com o aumento da resistência anti-

helmíntica levaram pesquisadores da Austrália a desenvolverem e promoverem programas

regionais de controle das verminoses focados no manejo adequado dos anti-helmínticos

disponíveis.

Ainda conforme o autor, com a ameaça da resistência anti-helmíntica, resíduos

químicos e ecotoxicidade, outros métodos não químicos de controle de parasitos estão sendo

investigados ativamente. Espera-se que eles se tornem alternativas econômicas e práticas e/ou

auxiliares do controle em um futuro próximo. Isto significa que o controle de parasitos não

será restrito à integração de tratamentos anti-helmínticos e manejo de pastagens, mas

constituído por uma variedade de opções e será análogo ao controle integrado de pragas usado

na agricultura.

Segundo Alawa et al. (2003), as doenças parasitárias permanecem como o principal

empecilho ao aumento da produtividade da pecuária em qualquer uma das zonas

agroecológicas e sistemas de produção na África, e os nematódeos gastrintestinais são o fator

econômico mais importante em pecuária ao longo do mundo. Os pecuaristas geralmente

obtêm significativos benefícios com o uso de anti-helmínticos controlando parasitoses, mas

em especial, nos países de terceiro mundo, o acesso a este recurso não está disponível a

grande parcela dos pequenos produtores em função de seu alto custo.

O alto custo dos medicamentos anti-helmínticos, e o aparecimento de resistência

anti-helmíntica, impulsionam pesquisas de formas alternativas de controle do parasitismo

gastrintestinal de pequenos ruminantes (MELO et al., 2003a).

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A possibilidade de uso do controle biológico na profilaxia das verminoses é uma

alternativa promissora. Para isto, agentes biológicos com ação sobre ovos e larvas seriam

aplicados na pastagem ou administrado aos animais em épocas estratégicas a serem definidas

de acordo com a epidemiologia das verminoses e a biologia dos agentes. Eles então

exerceriam sua ação sobre os ovos e larvas, promovendo a redução da contaminação através

de mecanismos que possam determinar a mortalidade dos ovos ou larvas ou interferir em

funções vitais que ocasionem alterações no comportamento larval (PADILHA, 1996).

Melo et al. (2003a) pesquisaram o controle biológico desses parasitos usando fungos

nematófagos. Estes fungos podem atuar nos ovos, nas larvas em desenvolvimento ou nas

larvas infectantes. Eles vivem na matéria orgânica do solo, onde desenvolveram relações

parasíticas ou predatórias com os nematódeos. Conídios de Monacrosporium thaumasium

foram administrados por via oral a caprinos para verificar a viabilidade desse fungo

nematófago após passagem pelo trato gastrintestinal. Houve uma redução média de 79,24%

no número de larvas infectantes de Haemonchus contortus provenientes de coproculturas

preparadas com fezes coletadas 24 horas após a administração do fungo. Constatou o autor

que o fungo M. thaumasium manteve atividade predatória sobre H. contortus, após passagem

através do trato gastrintestinal de caprinos. Mota et al. (1999) testaram a atividade predatória

de fungos nematófagos das espécies Arthrobotrys conoides e Monascrosporium thaumasium

sobre larvas infectantes de H. contortus constatando que ambos desenvolvem atividade

predatória sobre as larvas, sendo que a espécie M. thaumasium demonstrou ser mais eficaz

nos testes in vitro.

Dentre as formas alternativas que buscam minimizar a parasitose ovina e reduzir as

perdas produtivas geradas por esta, encontra-se o uso de animais ou raças geneticamente

resistentes a parasitos gastrintestinais. Por exemplo, Nunes et al. (1999) observaram que

existe variabilidade genética na raça Crioula lanada e que a seleção para resistência a

endoparasitos em cordeiros não afeta negativamente as características de pesos e ganhos de

pesos. Também Bricarello et al. (1999) concluíram que cordeiros da raça Corriedale foram

mais suscetíveis do que os cordeiros da raça Crioula lanada a infecção natural pelo

Haemonchus contortus em condições de pastejo, indicando maior resistência desta raça ovina

a este endoparasito. Thomaz-Soccol et al. (2002) apresentaram em seu estudo resultados que

indicam uma maior resistência dos ovinos deslanados em relação aos ovinos lanados frente a

parasitose gastrintestinal.

De acordo com Dimander et al. (2003), em vários países europeus o novo milênio

traz como marca um movimento em direção à agricultura orgânica. Na Suécia a meta é que no

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final de 2005, 20% do gado seja produzido organicamente. Chama a atenção o fato de que o

uso preventivo de anti-helmínticos químicos sintéticos neste sistema de produção é proibido.

Desta forma, têm aumentado consideravelmente as pesquisas de formas alternativas de

controle dos endoparasitos. O autor realizou um experimento com terneiros entre 6 e 9 meses

de idade, que receberam uma dose infectante de larvas de terceiro estágio de

aproximadamente 5.000 Ostertagia ostertagia e 5.000 Cooperia oncophora, sendo colocados

então em pastagem. Foram avaliadas através de exames parasitológicos (OPG e coprocultura),

as diferenças entre os grupos controle, um grupo tratado com o fungo nematófago

Duddingtonia flagrans e um grupo mantido em condições de pastoreio rotativo. Durante três

anos o experimento foi repetido com o autor concluindo que é possível, nas condições de

clima e pastagens suecas, montar um eficiente e sustentável controle de parasitos sem o uso

de anti-helmínticos, utilizando-se pastoreio rotativo, previamente pastoreado com gado

adulto. E que o controle biológico com o fungo nematófago Duddingtonia flagrans também

provou benefícios, mas sua eficácia foi prejudicada em períodos de alta precipitação

pluviométrica.

No Brasil, segundo Herd (1996) dentre as opções que poderão auxiliar na redução de

efeitos indesejáveis dos compostos químicos usados no controle das verminoses estão

incluídos o controle biológico com o uso de microrganismos que possam ocasionar

mortalidade nos ovos em desenvolvimento e larvas antes que elas migrem às pastagens; a

identificação de marcadores genéticos para resistência e o uso destes marcadores na tomada

de decisões de cruzamentos, o desenvolvimento de práticas de manejo que contribuam com o

aumento da imunidade, que poderá ser obtido com melhorias na nutrição, tratamentos para

manipular a resposta imunológica ou vacinas.

As vacinas contra nematódeos de ruminantes já são uma possibilidade real de em

curto prazo estarem disponíveis comercialmente. O desafio, agora, é descobrir imunógenos

que possam produzir imunidade cruzada e desenvolver métodos que possam otimizar a

apresentação dos antígenos ao sistema imunológico dos hospedeiros (MURRAY, 1989 apud

WALLER, 1996). O produto final deverá ser eficiente contra várias espécies de vermes, e

deve conter 3-5 antígenos parasitários. A vacina precisa também ser simples de administrar e

barato o suficiente para competir com a adoção de tecnologias que ela substituiria, ou os quais

será integrada (EMERY, 1996).

Na relação hospedeiro/parasito, o desenvolvimento de imunidade está,

habitualmente, associado a uma exposição prévia ao parasito e não à idade em si. Armour

(1985) apud Bianchin (1996) comenta que a imunidade adquirida contra a maioria dos

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nematódeos, principalmente os gastrintestinais, é um processo que se desenvolve de forma

relativamente vagarosa e que, muitas vezes, requer um ano completo antes que qualquer

imunidade significante se faça presente. Esta imunidade adquirida pode ser quebrada por

várias formas: aumento do OPG no periparto; problemas nutricionais; pelo estresse de longas

caminhadas ou transporte de animais; pela administração de esteróides de efeito duradouro e

pela administração de anti-helmínticos que pode causar uma supressão temporária da resposta

imunológica (BIANCHIN, 1996).

Ainda segundo o autor, na estação chuvosa existe maior disponibilidade de larvas

infectantes nas pastagens, com piques no início e final da mesma, e que a Cooperia spp. é a

mais resistente ao período seco do ano. Concluiu que a temperatura não é o fator limitante ao

desenvolvimento e sobrevivência de larvas infectantes nas pastagens e, sim, a precipitação

pluviométrica. Animais sujeitos a uma criação mais intensiva são forçados a se alimentar sem

muita seletividade e próximos aos bolos fecais. Isto faz com que adquiram cargas maiores de

helmintos, o que, somado ao fator nutricional, leva a uma quebra de imunidade ou mesmo que

esta não seja adquirida.

Os produtores, muitas vezes, relutam ao uso de alternativas de programas de controle

integrados, apesar dos benefícios que possam ser obtidos. Contudo, se a resistência anti-

helmíntica se tornar um grande problema dentro da exploração pecuária e se o público

consumidor brasileiro aprender a demandar por produtos com menores quantidades e/ou livres

de resíduos químicos, então, o enfoque de controle integrado talvez possa influenciar os

criadores a adotarem estratégias alternativas (BIANCHIN, 1996).

De acordo com Pessoa et al. (2002) os nematódeos gastrintestinais são um dos

fatores limitantes para uma eficiente produção de pequenos ruminantes. No controle destes

nematódeos utiliza-se normalmente anti-helmínticos sintéticos. O surgimento de nematódeos

resistentes aos anti-helmínticos sintéticos estimulou pesquisas de alternativas ao seu uso, e

dentre elas estão as plantas medicinais. De acordo com as circunstâncias e, dependendo de sua

eficácia, as plantas medicinais oferecem uma alternativa que pode superar este problema além

de serem sustentáveis e ambientalmente aceitáveis. Trabalhos indicam que vários óleos

essenciais, e seus constituintes, possuem comprovada atividade anti-helmíntica (GARG,

1997; HAMMOND, 1997 apud PESSOA et al., 2002).

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2.7 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica

Segundo Vercruysse et al. (2001), a necessidade de harmonizar mundialmente as

exigências de requerimentos técnicos para registro de produtos veterinários é uma realidade

sob o ponto de vista das indústrias multinacionais de produtos da Medicina Veterinária, em

função dos altos custos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, e a preocupação

da sociedade com o uso de animais em experimentos. Ainda conforme o autor, a

harmonização de exigências de dados técnicos deve, com o passar do tempo, racionalizar o

desenvolvimento de novos produtos, potencialmente reduzir os altos custos em pesquisa e

desenvolvimento, e facilitar a avaliação das autoridades responsáveis pela fiscalização dos

produtos. Isto deve, em troca, aumentar a necessária disponibilidade de novos medicamentos

que beneficiem aos produtores rurais e profissionais da área.

Com este pensamento foi lançado “A Cooperação Internacional de Harmonização de

Requerimentos Técnicos para Registro de Produtos da Medicina Veterinária” (VICH). O

VICH é um programa internacional de cooperação entre autoridades reguladoras e de

indústrias de saúde animal da União Européia, do Japão, dos Estados Unidos, da Austrália e

da Nova Zelândia que cuidam de harmonizar os requerimentos técnicos para registro de

produtos usados em Medicina Veterinária, incluindo produtos veterinários farmacêuticos e

biológicos. O VICH foi estabelecido sobre os auspícios do Escritório Internacional de

Epizotiases (OIE), e pela Organização Mundial de Saúde Animal. Este programa gerou o

Guia Internacional de Avaliação de Anti-helmínticos, documento que não se propõe a

estabelecer regras rígidas, mas faz claras recomendações do padrão mínimo necessário para

testagem de produtos anti-helmínticos. Para os veterinários e produtores rurais a

harmonização de procedimentos deste Guia deve significar um rápido acesso a anti-

helmínticos de uso veterinário mais seguros e efetivos (VERCRUYSSE et al., 2001).

Nas instâncias do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul), foi aprovado o

Regulamento Técnico para Registro de Produtos Antiparasitários de Uso Veterinário cuja

responsabilidade de implementação em seus respectivos países estão ao encargo do Servicio

Nacional de Sanidad Animal (Secretária de Agricultura e Pesca e Alimentação) na Argentina,

do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Secretária de Defesa Agropecuária) no

Brasil, do Ministério da Agricultura e Ganaderia no Paraguai e do Ministério de Agricultura e

Pesca no Uruguai. Este Regulamento visa padronizar regulamentos específicos que assegurem

que os produtos antiparasitários a serem registrados em cada país sejam controlados por um

único regulamento (MERCOSUL, 1996).

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Desta forma, adotou-se no presente experimento as recomendações de testes

constantes nestes guias, por se tratarem de referência na testagem dos produtos de origem

sintético-laboratorial disponíveis no mercado.

2.7.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura

O Teste de Redução de OPG é um método prático e rápido, que não requer o

sacrifício dos animais, podendo desta forma ser implementado em nível de propriedade para

determinação da eficácia dos produtos utilizados. Pode ser realizado em ruminantes, cavalos,

suínos e com todos os anti-helmínticos e todas as espécies de nematódeos, cujos ovos são

eliminados nas fezes (ECHEVARRIA, 1996b).

Este teste apresenta alguns fatores intervenientes que exigem prudência na

interpretação de seus resultados, tais como: a contagem de ovos não reflete necessariamente o

número de helmintos adultos existentes nos animais, em virtude da reação do hospedeiro e as

características próprias de cada espécie; quando existe mais de uma espécie de nematódeo,

podem ocorrer interações entre elas, principalmente se parasitam o mesmo órgão; o OPG só

fornece informações da população de helmintos adultos, não detectando as formas imaturas;

os nematódeos que parasitam animais adultos, portadores de certo grau de resistência, põe

relativamente poucos ovos em comparação com os que parasitam animais jovens, já que estes

últimos são mais sensíveis ao parasitismo; e finalmente, para interpretar a relação que existe

entre a contagem de ovos e os helmintos adultos, deve-se levar em conta as experiências

locais; além disto, há de considerar-se a nutrição, o manejo e as condições clínicas dos

animais (UENO; GUTIERRES, 1983).

No caso de infecções mistas, é necessário que se faça coprocultura para a obtenção

das larvas infectantes e identificação do(s) gênero(s), pois através da contagem de ovos não é

possível identificá-los. Esta identificação poderá indicar que gênero se destaca na população

helmíntica (ECHEVARRIA, 1996b).

2.7.2 Teste Controlado

Como sugerido em Mercosul (1996) e Vercruysse et al. (2001), o Teste Controlado é

o procedimento mais confiável para a determinação da eficácia de anti-helmínticos em

ruminantes. Testes anti-helmínticos com este delineamento são realizados com infecções

induzidas artificialmente ou em animais portadores de infecção naturalmente adquiridas

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(usualmente avaliados quanto ao estágio adulto). As infecções naturais são desejáveis porque

os animais naturalmente infectados abrigarão, provavelmente, a variedade e a quantidade de

parasitas nativos do local. Os animais a serem empregados no teste devem ser examinados

individualmente com base em exame de fezes e de coproculturas para determinação dos

gêneros de nematódeos presentes, sendo recomendado que as médias das contagens

individuais do número de ovos de helmintos por grama de fezes dos grupos seja no mínimo de

500 ovos. Com base nos resultados observados, os animais serão distribuídos em grupos, um

deles o controle, sem tratamento, com um mínimo de seis animais. A eficácia é determinada

por comparação da diferença do número de helmintos recuperados à necropsia parasitológica

nos grupos medicados e controle.

Segundo Ueno e Gutierres (1983), este é o método de maior confiança para

determinar-se à eficácia de anti-helmínticos em ruminantes. Vercruysse et al. (2001) afirma

ser o teste mais usado e aceito quando o número da amostra é o mesmo.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Seleção das plantas através de entrevistas

A seleção das plantas para este experimento foi realizada através de entrevistas com

questionários semi-estruturados, aplicados a usuários tradicionais de plantas por eles

consideradas medicinais. Estas pessoas foram indicadas pelos participantes de reuniões

realizadas em 7 comunidades rurais que os citaram como referência no conhecimento do uso e

manipulação desta “matéria médica”.

As comunidades foram escolhidas pelo fato de terem sido estas as que demandaram

ao Programa RS-Rural o projeto de pesquisa “Validação de tecnologias agroecológicas para

controle de mamite, endoparasitos e ectoparasitos em bovinocultura leiteira, através da

utilização de plantas medicinais, nas Regiões da Grande Porto Alegre e Noroeste do Rio

Grande do Sul” conforme relatado na apresentação deste trabalho. Estas reuniões foram

coordenadas e executadas pelos técnicos da EMATER/RS e COCEARGS, e objetivaram

motivar e preparar as comunidades para a realização das entrevistas, bem como, possibilitar

que os participantes indicassem os usuários tradicionais de plantas para uso humano e/ou

animal, reconhecidos pela comunidade.

As reuniões foram realizadas no Assentamento São Domingos, no município de

Garruchos; na APLESETE - Associação dos Produtores de Leite de Sete de Setembro, no

município de Sete de Setembro; no Assentamento Filhos de Sepé, no município de Viamão;

no Assentamento Lagoa do Junco, no município de Tapes; no Assentamento Capela, no

município de Nova Santa Rita e nos Assentamentos Integração Gaúcha e Padre Josimo no

município de Eldorado do Sul.

Os resultados de natureza etnometodológica referente ao uso de plantas foram

colhidos e registrados seguindo indicações de Elisabetsky (1987), Lipp (1989), Hedberg

(1990), Crom (1983) adaptado por Amoroso (1996). O questionário com questões semi-

estruturadas constituído segundo Thiollent (1982), consta como Apêndice A deste trabalho.

As quatro plantas mencionadas com mais freqüência, e que apresentaram uma

descrição precisa do seu modo de utilização nas entrevistas, foram selecionadas, atendendo-se

prioritariamente à disponibilidade de acesso destas plantas.

O modo de utilização destas plantas medicinais para os ovinos foi referenciado pelas

informações recolhidas dos usuários tradicionais, tendo sido indicadas as formas de decocto e

macerado hidroalcoólico.

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A coleta do material botânico, realizada por Ramos e Marodin (2003), com a

obtenção das partes vegetativas e reprodutivas ocorreu junto às casas dos informantes ou em

lugares próximos. Posteriormente cada material foi herborizado, com o auxilio de prensa e

jornal e catalogado conforme metodologia aplicada em taxonomia vegetal, com posterior

identificação botânica.

3.2 Modalidades de Extração

A escolha dos modos extrativos utilizados nesta pesquisa baseou-se nas informações

etnográficas que indicaram serem estes os modos tradicionalmente usados pelos agricultores

familiares, o que possibilita o retorno da informação quanto a suas ações biológicas, avaliadas

pelo método científico moderno (AVANCINI, 2002). As formas de extração, decocto e

maceração hidroalcoólica estão descritas no item 2.4, quanto às quantidades e procedimentos

estão descritos no item 3.7.

3.3 Animais

Para o experimento foram utilizados 48 ovinos, machos, sem raça definida (SRD),

com peso vivo médio de 23 kg, entre seis e sete meses de idade e naturalmente parasitados

por nematódeos gastrintestinais. O uso de 48 animais no experimento baseou-se na formação

de seis grupos de oito animais. Como o número mínimo de animais participantes de cada

grupo recomendado por Vercruysse et al. (2001) é de seis, trabalhou-se com uma margem de

segurança de dois animais a mais por grupo, prevendo-se perdas de animais em função da alta

carga parasitária.

3.4 Procedência dos animais

Os animais participantes do experimento foram oriundos de uma propriedade da

Sucessão Mathias Azambuja Velho situada na RST 101 km 62, no município de Mostardas,

RS. O rebanho ovino da propriedade é de aproximadamente 1.000 cabeças, criado em sistema

integrado com bovinos e alimentado exclusivamente através do pastoreio de campo nativo.

Esta propriedade está localizada à beira da Lagoa dos Patos, tratando-se de áreas de campos

de várzeas alagadiças. Apresenta historicamente altos índices de verminose em seu rebanho,

só sendo possível a manutenção deste sistema de produção, através do estabelecimento de um

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programa de controle de verminose pelo veterinário responsável pela propriedade. Assim,

estabeleceu-se de comum acordo com o proprietário e este técnico o não tratamento do lote de

animais alvo do experimento durante um período mínimo de 60 dias (na última medicação

anti-helmíntica foi aplicado produto a base de Closantel), e a permanência destes animais em

um mesmo piquete.

3.5 Seleção dos animais

Para a seleção dos animais participantes do experimento, amostras fecais foram

coletadas diretamente da ampola retal de 60 ovinos, armazenadas em sacos plásticos

identificados e conservadas em isopor com gelo. No Setor de Helmintoses da Faculdade de

Veterinária da UFRGS foram realizados os seguintes exames: Método de Gordon & Whitlock

modificado com a câmara de McMaster (OPG), no qual os animais que participariam do

experimento deveriam apresentar um número de ovos por grama igual ou superior a 500; e

Roberts O’ Sullivan (coprocultura) conforme descrito em Ueno e Gutierres (1983).

Os resultados apresentados indicaram que os animais estavam aptos a participar do

projeto.

3.6 Alimentação dos animais

Os animais receberam como fonte alimentar feno de alfafa e ração peletizada

contendo 20 % PB, 1,1 % CA, 0,6 % P e 70 % de NDT. A alimentação era fornecida duas

vezes ao dia conforme indicado por Kyriazakis et al. (1996) apud Athanassiadou et al. (2001),

para reduzir o desperdício, durante os 52 dias do período do experimento. A quantidade diária

fornecida foi de 950 gramas de ração peletizada por ovino e de 400 gramas de feno de alfafa

por ovino. Estas quantias são superiores às necessidades nutricionais de ovinos em

crescimento, pensando-se na espoliação causada pela alta carga verminótica dos animais. Os

animais tinham acesso permanente à água.

3.7 Delineamento experimental

Supra Lã Cabanha Laminado (SUPRA )

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O experimento ocorreu em uma propriedade situada no município de Arroio dos

Ratos, distante 70 km de Porto Alegre. Os 48 animais foram confinados e arraçoados em um

galpão com piso de cimento, que foi coberto com maravalha sendo esta trocada de 3 em 3

dias.

Os animais foram identificados através de brincos numerados, pesados, e amostras

fecais individuais foram coletadas um dia após a chegada. Os animais permaneceram neste

regime por 34 dias, para a adaptação ao ambiente e à alimentação, e só depois deste período

foi iniciado o experimento propriamente dito.

Os animais foram divididos em 6 grupos de 8 animais através de sorteio

(amostragem aleatória simples). Em 4 dos grupos utilizou-se uma planta ou um pool de

plantas com potencial anti-helmíntico. Em um grupo utilizou-se um anti-helmíntico sintético e

o sexto grupo recebeu placebo (controle).

No grupo 1 – os ovinos receberam Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”)

Família botânica: Polygonaceae + Eugenia uniflora L. (“pitangueira”) Família botânica:

Myrtaceae + Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. (“sete-capotes”) Família botânica:

Myrtaceae.

Utilizou-se 130 gramas de cada planta (2 maços), que foram fragmentadas e fervidas

(durante 5 minutos) em 6 litros de água, que após a fervura foi reconstituída. A mistura foi

utilizada por via oral, na dose de 250 ml por dia, por ovino, durante três dias.

No grupo 2 – os ovinos receberam Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”)

Família botânica: Polygonaceae.

A planta verde macerada foi fervida, e a relação foi de 0,5 kg da planta por litro de

água. Cada ovino recebeu 50 ml, via oral, em dose única.

No grupo 3 – os ovinos receberam Chenopodium ambrosioides L. (“erva-de-santa-

maria”) Família botânica: Chenopodiaceae.

A planta seca (galho com sementes e folhas) foi moída e misturada na ração, sendo

administrada em dose única de 7,5 gramas por ovino.

No grupo 4 – os ovinos receberam Allium sativum L. (“alho”) Família botânica:

Liliaceae.

Foram macerados 160 gramas de Allium sativum (seis alhos) e colocados em uma

garrafa contendo 600 ml de aguardente de cana, deixando-se macerar por um período de dois

dias. O macerado foi utilizado via oral, em duas doses de 25 ml, por ovino, com intervalo de

12 horas.

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No grupo 5 - os ovinos receberam um anti-helmíntico sintético de amplo espectro, à

base de ivermectin , administrado oralmente, na dose de 0,2 mg/kg. A escolha deste anti-

helmíntico sintético deveu-se a quatro motivos: por tratar-se de anti-helmíntico dos mais

utilizados entre os ovinocultores (MATTOS et al. 1997); por tratar-se de anti-helmíntico de

amplo espectro; por não fazer parte dos produtos utilizados nos últimos seis meses no rebanho

de origem dos animais participantes do experimento; e pela disponibilidade do referido anti-

helmíntico no Laboratório de Helmintoses da Faculdade de Veterinária da UFRGS.

A atividade anti-helmíntica foi avaliada in vivo através dos seguintes critérios:

contagem do número de ovos por grama (OPG), para verificar a redução do número de ovos;

coproculturas, para identificar os gêneros de nematódeos presentes (larvas infectantes); e

necropsia dos animais para avaliar a carga parasitária dos diferentes grupos. Quando da

realização das necropsias, reduziu-se o número de animais dos seis grupos, através de sorteio

(amostragem aleatória simples), de oito para seis ovinos (VERCRUYSSE et al., 2001).

3.8 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica

3.8.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura

O Teste se baseia na comparação da redução de OPG do grupo não tratado

(controle) com os grupos de animais tratados (1 a 5), sete e quatorze dias após o tratamento.

Utiliza-se a média aritmética do OPG dos grupos. A eficácia foi calculada pela fórmula:

Eficácia = OPG médio do grupo controle – OPG médio do grupo tratado x 100

OPG médio do grupo controle

Como este experimento se trata de uma infecção mista, realizou-se coprocultura para

obtenção das larvas infectantes e identificação do gênero dos helmintos.

3.8.2 Teste Controlado

O Teste baseia-se na comparação do número de parasitos adultos recolhidos,

contados e identificados na necropsia dos animais do grupo não tratado (controle) com os

grupos de animais medicados (1 a 5). Utiliza-se a média aritmética dos parasitos dos grupos.

A eficácia do tratamento é determinada pela fórmula:

Eficácia = média de nematódeos do grupo controle – média de nematódeos do grupo tratado x 100

média de nematódeos do grupo controle

Ivomec Solução Oral (MSD Agvet).

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3.9 Exames parasitológicos

Os exames parasitológicos foram realizados no Laboratório de Helmintologia, do

Setor de Helmintoses da Faculdade de Veterinária da UFRGS.

Amostras fecais foram colhidas diretamente da ampola retal dos animais. Nestas

amostras foram realizados exames coprológicos individuais, pelo Método de Gordon &

Whitlock modificado com a câmara de McMaster, descrita por Ueno e Gutierres (1983). Os

resultados dos exames coprológicos foram dados em número de ovos por grama de fezes

(OPG). Coproculturas foram realizadas em pool, misturando amostras fecais dos animais de

cada grupo experimental, segundo o Método de Roberts e O’Sullivan, descrita por Ueno e

Gutierres (1983). A identificação e contagem dos helmintos adultos colhidos em necropsia

foram realizadas seguindo os critérios descritos por Ueno e Gutierres (1983).

3.10 Análise estatística

3.10.1 Transformação dos dados

Aos dados originais encontrados para OPG e carga parasitária foram somadas dez

unidades a cada observação para o aproveitamento estatístico de todos os resultados (inclusive

o 0). Aos dados originais somados de dez foi realizada uma transformação em log10.

3.10.2 Nível de significância

Foi determinado um p = 0,95.

3.10.3 Análise de resultados

Os resultados foram analisados através do Teste de Análise de Variância (ANOVA)

– Teste F de Fischer. Nos casos onde se encontrou diferença significativa foi utilizado o Teste

de Duncan (Amplitude Mínima Significativa – AMS) com um p= 0,95.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Descrição e análise dos resultados

4.1.1 Entrevistas

Segundo Almeida (1989), a entrevista é um método de obter informações através de

uma conversa profissional com um indivíduo para fins de pesquisa. Difere da conversa pelo

fato de ser deliberadamente planejada. A entrevista é essencialmente uma forma de interação

humana e pode ser realizada a partir de um questionário semi-elaborado conforme utilizado

nesta pesquisa.

Nas situações onde o trabalho de campo deve ser realizado sobre a habilidade de

poucos indivíduos, entrevistas com informantes-chave, combinadas com observação, podem

ser usadas com grande resultado (BECKER, 1958; LIIP, 1988 apud AVANCINI, 2002).

Assim, referenciado no conhecimento do uso e manipulação de plantas medicinais, as

reuniões realizadas nas 7 comunidades indicaram os informantes, que deveriam ser

entrevistados para a escolha das plantas utilizadas no experimento:

a) Assentamento São Domingos, no município de Garruchos, indicados 4

informantes;

b) APLESETE - Associação dos Produtores de Leite de Sete de Setembro, no

município de Sete de Setembro, indicados 6 informantes;

c) Assentamento Filhos de Sepé, no município de Viamão, indicados 3 informantes;

d) Assentamento Lagoa do Junco, no município de Tapes, indicado 1 informante;

e) Assentamento Capela, no município de Nova Santa Rita, indicado 1 informante;

f) Assentamento Integração Gaúcha, no município de Eldorado do Sul, indicados 3

informantes;

g) Assentamento Padre Josimo, no município de Eldorado do Sul, indicado 1

informante.

Estes informantes foram entrevistados (ANEXO - A) no período de 10/05/2002 a

12/06/2002, sendo que 10 entrevistas foram realizadas pelos técnicos da Emater, na Região de

Santa Rosa:

a) o Méd. Vet. Marcelo Machado (6 entrevistas);

b) o Méd. Vet. Oldemar Heck Weiller (4 entrevistas).

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E 9 entrevistas foram realizadas pelos técnicos da Coceargs, na Região

Metropolitana:

a) o Méd. Vet. Dário Milanez de Mello (1 entrevista);

b) a Méd. Vet. Luciana Honorato (4 entrevistas);

c) o Eng. Agr. Ricardo Diel (3 entrevistas)

d) o Téc. Agric. Celso Alves da Silva (1 entrevista)

A escolha desta amostra intencional esta justificada, conforme Thiollent (1996) apud

Avancini (2002), pois esta trata de um pequeno número de pessoas que são escolhidas

intencionalmente em função da relevância que elas apresentam em relação a um determinado

assunto, pela representatividade social dentro da situação considerada.

Nas entrevistas com os informantes foram citadas 14 plantas utilizadas como anti-

helmínticas de uso individual:

a) Allium sativum L. (“alho”);

b) Chenopodium ambrosioides L. (“erva-de-santa-maria”);

c) “pimenta do reino” (taxonomia não realizada);

d) “erva mate” (taxonomia não realizada);

e) Musa paradisíaca L. (“bananeira”);

f) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”);

g) Carica quercifolia Solms (“mamão-do-mato”);

h) “uva-do-japão” (taxonomia não realizada);

i) Manihot esculenta Crantz (“mandioca” - folhas);

j) “mamão” (taxonomia não realizada);

k) Casearia sylvestris Sw. (“pau-de-bugre”);

l) “goiabeira” (taxonomia não realizada);

m) “baleeira” (taxonomia não realizada);

n) “abóbora” (semente) (taxonomia não realizada).

Outras 7 utilizadas como anti-helmínticas foram citadas com uso em mistura com

algumas de uso individual:

a) “marcela” (taxonomia não realizada) + “hortelã” (taxonomia não realizada) +

Chenopodium ambrosioides (“erva-de-santa-maria”);

b) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”) + Eugenia uniflora (“pitangueira”)

+ Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. (“sete-capotes”);

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c) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”) + Chenopodium ambrosioides

(“erva-de-santa-maria”) + “catinga-de-mulata” (taxonomia não realizada) +

“hortelã branca” (taxonomia não realizada);

d) “hortelã branca” (taxonomia não realizada) + sabão caseiro;

e) “pimenta preta” (taxonomia não realizada) + sal + Allium sativum L. (“alho”).

Apóiam os resultados obtidos nesta pesquisa o estudo realizado por Hirschmann e

Arias (1990), que utilizando-se de entrevistas realizadas com agricultores, resgataram o uso

de 22 espécies de plantas com propósitos medicinais. Dessas, nove eram utilizadas como anti-

helmínticas, destacando-se a “erva-de-santa-maria” e a “hortelã”. Pereira et al. (1993)

também identificaram, através de entrevistas com “informantes qualificados”, 22 espécies

vegetais utilizadas como vermífugos por pequenos agricultores, das quais foram testadas as

eficiências frente a endoparasitos, da “mamona” e da “babosa” obtendo resultados de até

87,5% de eficácia. Em um estudo realizado através de entrevistas com pequenos produtores,

Gutkoski et al. (1998) observaram que frente a uma situação de isolamento e escassez de

recursos, os remédios caseiros a base de plantas são os mais utilizados no tratamento das

enfermidades, dentre elas, a verminose.

4.1.1.1 Plantas selecionadas

A priorização das plantas ficou a cargo dos técnicos que realizaram as entrevistas,

pois além do relatado nas mesmas, acumularam impressões, fruto da observação do seu

entorno, algumas vezes não verbalizadas pelo informante, que podem ser consideradas no

momento da escolha das plantas a serem utilizadas. Conforme Thiollent (1996) apud Avancini

(2002) o princípio da intencionalidade, apresentado nestas amostras, seria adequado ao

contexto da pesquisa social com ênfase nos aspectos qualitativos, e que, portanto, exigem um

tratamento qualitativo na interpretação do material captado.

As plantas utilizadas para testagem de seu potencial anti-helmíntico, selecionadas a

partir dos critérios descritos no item 3.1, estão descritas abaixo.

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A) Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. ("sete-capotes”) +

Eugenia uniflora L. (“pitangueira”) +

Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”).

a) Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. ("sete-capotes”)

Figura 1. Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg *

Família botânica: MYRTACEAE

Nome científico: Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg

Sinônimos: Britoa guazumaefolia (Cambess.) Legr. Britoa guazumifolia (Cambess.) Legr.

Psidium guazumifolium Cambess.

Nome popular: “sete-capotes”, “capoteira”, “sete-capas”, “sete-casacas”, “guabirobeira”,

“araçazeiro-grande” e “araça-do-mato”.

*Fonte: Disponível em:<http:www.cepen.com.br>

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Local de coleta: município de Sete de Setembro, RS.

Descrição botânica: árvore decídua, de pequeno porte, de até 15 m de altura, com fustes

curtos, tortuosos e canelados, com até 30 cm de diâmetro. Casca cinza-clara, descamante e

sedosa. Folhas simples, opostas, oblongo-lanceoladas, rugosas, de até 15 cm de comprimento

por até 7 cm de largura. Flores isoladas, brancas, de 4 cm de diâmetro, pentâmeras. Frutos do

tipo baga, globoso, pubescente, de aproximadamente 3 cm de diâmetro, de cor verde –

amarelada. A floração ocorre em outubro-novembro e a frutificação entre março e maio.

Origem: nativa do Rio Grande do Sul

Distribuição geográfica: Argentina e Brasil (Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de

Janeiro até o Rio Grande do Sul)

Uso: fruto comestível ao natural ou processado com alto teor vitamínico. Os frutos são

também avidamente consumidos por várias espécies de pássaros por essa razão é planta

indispensável nos reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas

degradadas de preservação permanente. Madeira médio-pesada, usada em carpintaria e com

fins energéticos. Apropriada para paisagismo em áreas pequenas (BACKES; IRGANG,

2002).

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b) Eugenia uniflora L. (“pitangueira”)

Figura 2. Eugenia uniflora L.*

Família botânica: MYRTACEAE

Nome científico: Eugenia uniflora L.

Nomes populares: “pitanga-graúda”, “pitanga-miúda”, “pitanga”, “pitangueira”, “pitanga-

vermelha”, “pitanga-roxa”, “pitanga-branca”, “pitanga-rósea”, “yba-pitanga”, “ginja”,

“pitanga do mato” e “mangaripé”.

Local de coleta: Assentamento São Domingos no município de Garruchos, RS.

Descrição botânica: altura de 6-12 m, dotada de copa mais ou menos piramidal. Tronco

tortuoso e um pouco sulcado, de 30-50 cm de diâmetro com casca descamante em placas

irregulares. Folhas simples, levemente discolores, glabras, brilhantes na face superior, de 3-7

cm de comprimento por 1-3 cm de largura. Flores solitárias ou em grupos de 2-3 nas axilas da

extremidade dos ramos. Fruto drupa globosa achatada e sulcada, glabra, brilhante, vermelha,

amarela ou preta quando madura, de polpa carnosa e comestível, contendo 1-2 sementes. A

floração ocorre entre agosto e novembro e a frutificação entre outubro e janeiro. Planta

*Fonte: Disponível em:<http:www.cepen.com.br>

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semidecídua, heliófita, seletiva higrófita, muito freqüente em solos úmidos de regiões acima

de 700 m de altitude. Sua freqüência é maior nos planaltos do sul do país, onde pode chegar a

representar a espécie dominante dos extratos inferiores. É igualmente abundante em solos

aluviais da faixa litorânea, aonde chega a formar agrupamentos quase puros. Rebrota

intensamente das raízes e produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis

(LORENZI, 1998).

Origem: nativa do Rio Grande do Sul

Distribuição geográfica: Argentina, Uruguai e Brasil, do Rio Grande do Sul até Minas

Gerais, na floresta semidecídua do planalto e da bacia do rio Paraná.

Composição química: óleo essencial, tanto na folha como nos frutos, vários sesquiterpenos,

além de taninos, pigmentos flavonóides e antocianicos, saponinas, sais minerais e um pouco

de vitamina C.

Uso: Suas folhas e frutos são empregadas na medicina caseira por serem consideradas

excitantes, febrífugas, aromáticas, anti-reumáticas e antidisentéricas. A literatura

etnofarmacológica recomenda a infusão de uma colher das de sopa de folhas bem picadas em

uma xícara nos casos de diarréias, verminoses e febres. Contra bronquite, tosse, febre,

ansiedade, hipertensão arterial e verminose é indicado o extrato alcoólico, preparado com

duas colheres das de sopa de folhas picadas e deixadas em maceração durante 7 dias em uma

xícara das médias com álcool de cereais a 70%, que deve ser ministrado na dose de 10 gotas

diluídas em água, duas vezes ao dia. Vários ensaios farmacológicos feitos com o extrato das

folhas desta planta permitiram evidenciar as seguintes propriedades: atividade inibitória da

enzima xantina-oxidase por ação dos flavonóides presentes em suas folhas e atividade

antibacteriana contra alguns agentes patogênicos (LORENZI; MATOS, 2002).

Segundo Backes e Irgang (2002) é utilizada como ornamental e frutífera. Os frutos

são consumidos ao natural ou processados. Uso medicinal amplo: antidiarréico,

hipoglicemiante, diurético, antifebril e anti-reumático. A madeira branca, pesada e dura é

usada como cabo de ferramentas e lenha. Conforme Franco e Fontana (2002), o chá das

folhas, em infusão, é tradicionalmente usado para diarréias, cólicas, febres e irritação. Pode-se

fazer xarope adicionando mel ou açúcar, para a tosse, bronquite e doenças respiratórias. Usa-

se contra o reumatismo, gota e artrite e para baixar a pressão.

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B) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”)

Figura 3. Polygonum punctatum Ell.*

Família botânica: POLYGONACEAE

Nome cientifico: Polygonum punctatum Ell.

Sinônimos: Persicaria punctata Small

Nome popular: “erva-de-bicho”, “persicaria”, “pimenta-do-brejo” e “pimenta-da-água”.

Local de coleta: município de Sete de Setembro, RS.

Descrição botânica: planta herbácea anual ou perene, ramificada, com ramos radicantes na

parte inferior, eretos na superior, com até 50cm de altura, glabros ou levemente pilosos,

geralmente avermelhadas. Folhas inteiras, alternas, lanceoladas, de até 15 cm de comprimento

e 1,8 cm de altura, curto-pecioladas, com pelos nas margens e sobre as nervuras; ócrea

cilíndrica de 1 a 2 cm de comprimento, ciliada na margem. Flores hermafroditas, pentâmeras,

monoclamídeas, actinomorfas, branco a rosadas, pequenas, reunidas em várias inflorescências

* Fonte: Castro et al 1993

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do tipo racemo espiciforme, interrompido. Fruto do tipo aquênio, lenticular ou trígono. Possui

o perigônio coberto de glândulas escuras (Lorenzi, 2000).

Origem: nativa do Rio Grande do Sul

Distribuição geográfica: espécie comum nas Américas. Planta aquática, ocorre em banhados,

rios e lagos. Pelo seu crescimento vigoroso e infestante, é considerada indesejável em áreas

agrícolas e canais de drenagem no sul do país.

Composição química: presença de flavonóides e taninos em grandes quantidades, ácido

gálico e óleo essencial contendo um aldeído que confere sabor picante à erva. As ações

antidiarréica e anti-hemorroidal são atribuídas aos elevados teores de taninos e flavonóides

(SIMÕES et al., 1988). Conforme Lorenzi e Matos (2002) na sua composição química,

destaca-se a presença de flavonóides, saponinas, taninos, ácidos orgânicos, fitosterina,

pelargonidina, quercetina, luteoolina, rutina e óleo essencial que contém o poligodial, um

diálcool sesquiterpênico tóxico para fungos e dotado de propriedades antiinflamatória e

analgésica compatível com as ações preconizadas para esta planta, pela medicina tradicional.

Usos: é amplamente utilizada na medicina caseira como adstringente, estimulante, diurética,

antigonorréica, anti-hemorroidal e vermicida sendo utilizada localmente, contra úlceras de

pele, erisipela e artrite. Internamente é empregada contra diarréia, parasitoses intestinais,

astenia e indisposição. É considerada abortiva, não sendo utilizada em gestantes (LORENZI;

MATOS, 2002). Conforme Simões et al. (1988) é usada internamente, como diurética e

antidiarréica. Externamente, como anti-reumática e anti-hemorroidal.

Conforme Castro et al. (1993) é uma planta com indicação de uso contra úlceras, diarréias

sanguíneas e congestões cerebrais. È antitérmica, estimulante, diurética e vermicida. Tem

poder adstringente, cicatrizante, anti-hemorroidal.

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C) Chenopodium ambrosioides L. (“erva-de-santa-maria”).

Figura 4. Chenopodium ambrosioides L.

Família botânica: CHENOPODIACEA

Nome científico: Chenopodium ambrosioides L

Nome popular: “erva-de-santa-maria”, “quenopódio”, “mastruço”, “mentruz”, “mentrusto”,

“cravinho do mato”, “erva-formigueira”, “paico”, “apazote”, “chá-dos-jesuitas”, “mata-

cobra”, “erva-das-cobras”, “erva-santa”, “lombrigueira” e “ambrósia-do-méxico”.

Local de coleta: Assentamento São Domingos no município de Garruchos, RS.

Descrição botânica: erva perene ou anual muito ramificada, com até 1 m de altura. Folhas

simples, alternas, pecioladas, de tamanhos diferentes, sendo menores e mais finas na parte

superior da planta. Flores pequenas, verdes, dispostas em espigas axilares densas. Frutos

muito pequenos do tipo aquênio, esféricos, pretos, ricos em óleo e muito numerosos,

geralmente confundidos com sementes. Toda a planta tem cheiro forte, desagradável e

característico, sua florescência ocorre no verão (LORENZI; MATOS, 2002).

Fonte: Disponível em:<http:www.cepen.com.br>

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Origem: americana cultivada

Distribuição geográfica: espécie considerada cosmopolita, originária da América Central e

do Sul, ocorre espontânea no estado em beira de estradas, terrenos abandonados, sendo

também cultivada (SIMÕES et al., 1988).

Composição química: a planta contém óleo essencial rico em ascaridol (60 a 70 %), p-

cimeno, 2-terpinemo, l-limonemo e metadieno (MERCK ÍNDEX, 1976 apud CAMARGO,

1998). As folhas fornecem, por arraste de vapor, até 9,2% de óleo essencial com até 60% de

ascaridol, enquanto dos frutos se obtêm até 20% deste óleo com 80 a 90 % de ascaridol, que é

o principio ativo anti-helmíntico da planta.

Usos: o Chenopodium ambrosioides L. vem sendo usado desde os remotos tempos da

América. Segundo Pardal (1937) apud Camargo (1998) já era usado na América desde o

México até o Rio da Prata e conhecido pelos Astecas como “epazotl”. De acordo com Vogel

(1973) apud Camargo (1998) os maias já utilizavam essa planta como vermífugo. No Brasil,

século XVII, Piso (1948) apud Camargo (1998), estudando as plantas usadas na medicina

indígena, encontrou o Chenopodium ambrosioides empregado como vermífugo.

Nos levantamentos da O.M.S. esta planta esta relacionada como uma das mais

utilizadas entre os remédios tradicionais do mundo inteiro. Na medicina popular brasileira é

tida como estomáquica, anti-reumática e anti-helmíntica. O óleo-de-quenopódio, como era

conhecido o óleo essencial obtido por hidrodestilação desta planta em fase de produção de

sementes, foi muito usado durante décadas, pelas famílias brasileiras para eliminar vermes

intestinais, especialmente Ascaris lumbricoides em mistura com o óleo-de-rícino (LORENZI;

MATOS, 2002).

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D) Allium sativum L. (“alho”)

Figura 5. Allium sativum L.*

Família botânica: LILIACEAE

Nome científico: Allium sativum L.

Nome popular: “alho”, “alho comum” e “alho-manso”.

Local de colheita: Assentamento Integração Gaúcha no município de Eldorado do Sul, RS.

Descrição botânica: erva bulbosa, pequena, de cheiro forte e característico, perene, com

bulbo formado de 8-12 bulbilhos (dentes). Folhas lineares e longas. Flores brancas ou

avermelhadas, dispostas em umbela longo-pedunculada. O fruto é uma cápsula loculicida com

1 a 2 sementes em cada loja (LORENZI; MATOS, 2002).

Origem: Ásia

Distribuição geográfica: é largamente cultivado em todo o mundo para uso como

condimento de alimentos.

* Fonte: Castro et al 1993

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Composição química: o Allium sativum L. contém a aliina, proteínas, ácidos graxos,

carboidratos, flavonóides, vitaminas A, B1, B2, C e adenosina. A teoria mais aceita para

explicar suas atividades biológicas baseia-se na reatividade apresentada pela alicina

(composto originado através da hidrólise da aliina) e por alguns dos seus produtos de

degradação frente a grupamentos sulfidrila de proteínas, uma vez que foi demonstrado in vitro

que a alicina inibe um grande número de enzimas, cujos sítios ativos contem cisteína

(HEINZMANN, 2001).

De acordo com Lorenzi e Matos (2002), o óleo essencial obtido do bulbo, contém

cerca de 52 constituintes voláteis instáveis, quase todos derivados orgânicos do enxofre,

principalmente, o ajoeno, alicina e aliina que se degradam mais lentamente em meio ácido, o

que explica o melhor efeito do Allium sativum L. quando associado a sucos de frutas ácidas

como o limão e outras.

Uso: Conforme Lorenzi e Matos (2002), o Allium sativum L. vem sendo utilizado na medicina

tradicional desde a mais remota antiguidade, para evitar ou curar numerosos males, desde

perturbações do aparelho digestivo, verminoses, edema, gripe, trombose, arteriosclerose e

infecções da pele e das mucosas na forma de macerado, chá, xarope e tintura ou mesmo por

ingestão dos dentes recentemente cortados. Segundo Heinzmann (2001) é consumido como

alimento e como medicamento desde a antigüidade; é nativo do sudoeste da Sibéria, onde

teria se distribuído pela Europa através das cruzadas. Na Idade Média, era utilizado no

tratamento de uma série de doenças, principalmente contra parasitas da epiderme. No século

XIX, Pasteur relatou sua atividade antibacteriana.

4.1.1.2 Modo de utilização das plantas

A escolha dos modos extrativos utilizados nesta pesquisa baseou-se nas informações

etnográficas que indicaram serem estes modos tradicionalmente usados pelos agricultores

familiares entrevistados. Das plantas selecionadas três foram descritas com seu uso individual

(grupo 2, grupo 3 e grupo 4) e um quarto grupo foi descrito com o uso de um pool de três

plantas (grupo 1).

As dosagens referidas para bovinos foram adaptadas para a espécie ovina, levando-

se em consideração o parâmetro peso. Os terneiros referidos no levantamento foram

considerados como de 100 Kg e os ovinos apresentaram peso médio ao redor de 25 kg. Assim

adotou-se a relação de ¼ da dose referida para terneiros no uso para os ovinos.

A forma de utilização está descrita no item 3.7.

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4.1.2 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica

4.1.2.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura

Os resultados das médias das contagens do número de ovos por grama (OPG) e das

coproculturas, obtidos através de exames coprológicos no experimento estão resumidos nas

Tabelas 1 a 10. Os valores individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados nos

APÊNDICES B e C.

4.1.2.1.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia

uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.

Tabela 1 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes

(OPG) dos grupos Controle e 1 e a eficácia em porcentagem do tratamento.

GRUPO

Superfamília/Gênero

D I A

0 1 2 7 14

Controle Trichostrongyloidea 7.818,75 A 7.331,25 A 8.975,00 A 8.918,75 A 7.300,00 A (2550-14800) (1900-11800) (5100-16200) (900-15400) (1200-16800)

1 Trichostrongyloidea 12.037,50A 12.562,50A 13.418,75A 4.656,25 A 2.662,50 B (1200-30000) (4100-53850) (900-65400) (150-11700) (100-9200)

Eficácia - 71,35 % - 49,51 % 47,79 % 63,52 %

Controle Strongyloides 975,00 a 743,75 a 725,00 a 1556,25 a 512,50 a

(0-4800) (0-3600) (0-2400) (0-9800) (0-2200)

1 Strongyloides 562,50 a 243,75 a 331,25 a 187,50 b 68,75 a

(0-1500) (0-1050) (0-900) (0-800) (0-450)

Eficácia 67,22 % 54,31 % 87,95 % 86,58 %

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.

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Tabela 2 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos Controle e 1.

GRUPO

GÊNEROS

D I A

0 1 2 7 14

Haemonchus 80 50 76 83 77

Ostertagia 17 21 1 - -

Controle Cooperia 1 23 2 1 3

Strongyloides - 2 21 16 16

Oesophagostomun 2 2 - - 4

Haemonchus 93 95 93 97 45

Ostertagia 3 1 1 3 4

1 Cooperia 4 2 1 - 8

Strongyloides - 1 3 - 41

Oesophagostomun - 1 2 - 2

Os resultados da Tabela 1 demonstram que para a Superfamília Trichostrongyloidea,

o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de OPG, de 47,79 % e 63,52

%, respectivamente, 7 e 14 dias após sua aplicação, quando confrontado com o grupo

controle. O resultado apresentado no 14º dia mostrou diferença muito significativa entre as

médias dos grupos tratado e controle. A Tabela 2 indica que a redução do OPG apresentada

no grupo tratado no 14º dia deva ter ocorrido nos helmintos do gênero Haemonchus.

No grupo 1, realizou-se avaliação da eficácia durante os dias do tratamento (dias 1 e

2), pois tratava-se do grupo com indicação de uso do tratamento por mais de um dia. Os

resultados demonstraram não haver eficácia para a Superfamília Trichostrongyloidea nos

primeiros dois dias de aplicação do produto, tampouco houve diferença significativa entre os

três primeiros dias, indicando a necessidade do uso pelo período utilizado. Os resultados da

Tabela 1 demonstram que para o Strongyloides spp. o tratamento apresentou uma eficácia

sobre a redução do número de OPG de 87,95 % e 86,58 %, respectivamente, 7 e 14 dias após

sua aplicação, quando comparado com o grupo controle. O resultado apresentado no 7º dia

mostrou diferença significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo controle. A

eficácia foi de 67,22 % e 54,31 %, um e dois dias após a primeira aplicação do produto,

demonstrando uma ação mais imediata deste tratamento sobre este gênero. Apesar destes

resultados não houve diferença significativa entre os três primeiros dias.

Observou-se redução muito significativa na produção de ovos, não encontrando-se

referências ao uso da mistura destas três plantas como anti-helmínticas.

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4.1.2.1.2. Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.

Tabela 3 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes

(OPG) dos grupos Controle e 2 e a eficácia em porcentagem do tratamento.

GRUPO

Superfamília/Gênero

D I A

0 7 14

Controle Trichostrongyloidea 7.818,75A 8.918,75 A 7.300,00 A

(2550-14800) (900-15400) (1200-16800)

2 Trichostrongyloidea 12.700,00 A 11.993,75 A 6.237,50 A

(1700-29200) (1700-23800) (1050-18150)

Eficácia - 34,47 % 14,55 %

Controle Strongyloides 975,00 a 1.556,25 a 512,50 a

(0-4800) (0-9800) (0-2200)

2 Strongyloides 737,50 a 550,00 a 525,00 a

(0-1800) (100-1100) (0-1600)

Eficácia 64,65% - 2,43 %

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.

Tabela 4 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos Controle e 2.

GRUPO

GÊNEROS

D I A

0 7 14

Haemonchus 80 83 77

Ostertagia 17 - -

Controle Trichostrongylus - - -

Cooperia 1 1 3

Strongyloides - 16 16

Oesophagostomun 2 - 4

Haemonchus 79 92 94

Ostertagia 2 4 -

2 Trichostrongylus 2 1 -

Cooperia 12 1 -

Strongyloides 2 2 5

Oesophagostomun 3 - 1

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75

Os resultados apresentados na Tabela 3 demonstram que para os helmintos da

Superfamília Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia na redução do

número de ovos por grama de 14,55 % no décimo quarto dia após sua aplicação, quando

confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença

significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

A Tabela 4 indica que a redução do OPG apresentada no grupo tratado no décimo

quarto dia deva ter ocorrido nos helmintos do gênero Ostertagia, Trichostrongylus e

principalmente Cooperia.

Os resultados apresentados na Tabela 3 demonstram que para os helmintos

Strongyloides o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de ovos por

grama de 64,65 % no sétimo dia após sua aplicação quando confrontado com o grupo

controle. No décimo quarto dia o tratamento não apresentou eficácia. O tratamento pode ter

causado um efeito temporário na redução da postura dos helmintos, como já foi citado por

Vercruysse et al. (2001). A comparação das médias não mostrou diferença significativa entre

o grupo controle e o grupo tratado.

Infere-se nas condições do experimento que houve redução na produção de ovos. Em

conformidade aos dados ora apresentados Castro et al. (1993) e Lorenzi e Matos (2002)

descrevem o Polygonum punctatum Ell. como sendo utilizado popularmente como anti-

helmíntico.

Apóiam os dados obtidos neste experimento a redução da contagem de OPG, descrita

por Athanasiadou et al. (2001), em ovinos infectados com Trichostrongylus colubriformis,

quando tratados durante três dias, com o extrato do “quebracho” rico em tanino, quando

comparados com o grupo controle. Paolini et al. (2003) descrevem a redução da contagem de

OPG de caprinos tratados com o extrato do “quebracho”, parasitados com Haemonchus

contortus e concluem que esta ação não está associada à redução de carga parasitária e sim a

redução da fecundidade das fêmeas.

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76

4.1.2.1.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3

Tabela 5 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes

(OPG) dos grupos Controle e 3 e a eficácia em porcentagem do tratamento.

GRUPO

Superfamília/Gênero

D I A

0 7 14

Controle Trichostrongyloidea 7.818,75 A 8.918,75 A 7.300,00 A

(2550-14800) (900-15400) (1200-16800)

3 Trichostrongyloidea 5.556,25 A 4.193,75 A 3.812,50 B

(700-10600) (900-9100) (0-14000)

Eficácia 52,97 % 47,50 %

Controle Strongyloides 975,00 a 1.556,25 a 512,50 a

(0-4800) (0-9800) (0-2200)

3 Strongyloides 525,00 a 193,75 b 493,75 a

(0-2000) (0-750) (0-2600)

Eficácia 87,55 % 3,65 %

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.

Tabela 6 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos controle e 3.

GRUPO

GÊNEROS

D I A

0 7 14

Haemonchus 80 83 77

Ostertagia 17 - -

Controle Trichostrongylus - - -

Cooperia 1 1 3

Strongyloides - 16 16

Oesophagostomun 2 - 4

Haemonchus 65 87 87

Ostertagia 5 1 4

3 Trichostrongylus 1 1 -

Cooperia 27 10 3

Strongyloides - - -

Oesophagostomun 2 1 6

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77

Os resultados apresentados na Tabela 5 demonstram que para os helmintos da

Superfamília Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do

número de ovos por grama de 52,97 % no sétimo dia e de 47,50 % no décimo quarto dia após

sua aplicação, quando confrontado com o grupo controle. O resultado apresentado no décimo

quarto dia mostrou diferença muito significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo

controle.

A Tabela 6 indica que a redução de OPG apresentada no grupo tratado no sétimo e

décimo quarto dia provavelmente tenha ocorrido nos helmintos do gênero Cooperia.

Os resultados apresentados na Tabela 5 demonstram que para os helmintos

Strongyloides o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de ovos por

grama de 87,55 % no sétimo dia e de 3,65 % no décimo quarto dia após sua aplicação, quando

confrontado com o grupo controle. O tratamento pode ter causado um efeito temporário na

redução da postura dos helmintos, como já foi citado por Vercruysse et al. (2001). O resultado

apresentado no sétimo dia mostrou diferença significativa entre as médias do grupo tratado e

do grupo controle.

Infere-se nas condições do experimento que houve redução muito significativa na

produção de ovos. Em conformidade aos dados ora apresentados Munssynski (1953),

Camargo (1998), Simões et al. (1988), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e

Vicent (2001) descrevem o potencial anti-helmíntico do Chenopodium ambrosioides através

do uso da parte aérea da planta.

Adicionalmente, Ketzis (2000) testou o óleo do Chenopodium ambrosioides frente a

uma infecção por Haemonchus contortus em cabras. In vitro o óleo foi 100 % efetivo na

inibição do desenvolvimento de ovos do Haemonchus contortus.

Pesquisas realizadas por Amorim et al. (1987) com extratos de folhas de

Chenopodium ambrosioides sobre larvas de primeiro e terceiro estádios de nematóides

estrongilídeos de eqüinos e sobre oxiurídeos Syphacia obvela e Aspiculuris tetraptera de

camundongos naturalmente infectados não demonstraram a atividade anti-helmíntica desta

espécie vegetal. Estas informações discordam do observado no presente estudo provavelmente

por tratar-se de espécies animais e gêneros de helmintos diferentes.

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4.1.2.1.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.

Tabela 7 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes

(OPG) dos grupos Controle e 4 e a eficácia em porcentagem do tratamento.

GRUPO

Superfamília/Gênero

D I A

0 7 14

Controle Trichostrongyloidea 7.818,75A 8.918,75 A 7.300,00 A

(2550-14800) (900-15400) (1200-16800)

4 Trichostrongyloidea 19.125A 8.812,50 A 3.331,25 B

(4900-32000) (800-21000) (200-9450)

Eficácia 1,19 % 54,36 %

Controle Strongyloides 975,00a 1.556,25a 512,50 a

(0-4800) (0-9800) (0-2200)

4 Strongyloides 493,75a 462,50b 312,50 a

(0-2600) (0-3000) (0-1800)

Eficácia 70,28 % 39,02 %

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.

Tabela 8 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos controle e 4.

GRUPO

GÊNEROS

D I A

0 7 14

Haemonchus 80 83 77

Ostertagia 17 - -

Controle Trichostrongylus - - -

Cooperia 1 1 3

Strongyloides - 16 16

Oesophagostomun 2 - 4

Haemonchus 94 96 90

Ostertagia - - 3

4 Trichostrongylus - - -

Cooperia 5 - 4

Strongyloides - - -

Oesophagostomun 1 4 3

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79

Os resultados apresentados na Tabela 7 demonstram que para os helmintos da

Superfamília Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do

número de ovos por grama de 1,19% no sétimo dia e de 54,36% no décimo quarto dia após

sua aplicação, quando confrontado com o grupo controle. O resultado apresentado no décimo

quarto dia mostrou diferença muito significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo

controle.

Os resultados apresentados na Tabela 7 demonstram que para os helmintos

Strongyloides o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de ovos por

grama de 70,28 % no sétimo dia e de 39,02 % no décimo quarto dia após sua aplicação,

quando confrontado com o grupo controle.

Infere-se nas condições do experimento que houve redução muito significativa na

produção de ovos. Em conformidade aos dados ora apresentados Musnsynski (1953), Chiej

(1983), Pereira e Melo (1988), Castro et al. (1993), Camargo (1998), Santos et al. (1999),

Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem o Allium

sativum como agente anti-helmíntico.

Os resultados obtidos no presente experimento se assemelham aos relatados por

Pereira e Melo (1988), que verificaram que o Allium sativum apresentava eficácia sobre

Strongyloides em caprinos.

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80

4.1.2.1.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.

Tabela 9 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes

(OPG) dos grupos Controle e 5 e a eficácia em porcentagem do tratamento.

GRUPO

Superfamília/Gênero

DIA

0 7 14

Controle Trichostrongyloidea 7.818,75A 8.918,75 A 7.300,00 A

(2550-14800) (900-15400) (1200-16800)

5 Trichostrongyloidea 9.706,25 A 5.500,00 A 637,50 C

(900-24300) (0-23500) (0-2300)

Eficácia 38,33 % 91,26 %

Controle Strongyloides 975,00a 1.556,25 a 512,50 a

(0-4800) (0-9800) (0-2200)

5 Strongyloides 525,00a 100,00 b 12,50 a

(0-1950) (0-400) (0-100)

Eficácia 93,57 % 97,56 %

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.

Tabela 10 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos Controle e 5.

GRUPO

GÊNEROS

D I A

0 7 14

Haemonchus 80 83 77

Ostertagia 17 - -

Controle Trichostrongylus - - -

Cooperia 1 1 3

Strongyloides - 16 16

Oesophagostomun 2 - 4

Haemonchus 95 100 100

Ostertagia 1 - -

5 Trichostrongylus - - -

Cooperia 1 - -

Strongyloides - - -

Oesophagostomun 3 - -

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81

Os resultados apresentados na Tabela 9 demonstram que para a Superfamília

Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de

ovos por grama de 38,33 % no sétimo dia e de 91,26 % no décimo quarto dia após sua

aplicação, quando comparado com o grupo controle. O resultado apresentado no décimo

quarto dia mostrou diferença muito significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo

controle.

Na Tabela 10, são demonstrados os resultados obtidos nas coproculturas do grupo

medicado com ivermectin, indicando que no sétimo e décimo quarto dia só foram

identificadas larvas de Haemonchus.

Em relação ao gênero Strongyloides verificou-se na Tabela 9 uma eficácia sobre a

redução do número de ovos por grama de 93,57 % no sétimo dia e de 97,56 % no décimo

quarto dia após sua aplicação quando confrontado com o grupo controle. Houve diferença

significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo controle no sétimo dia.

Os resultados encontrados neste experimento se assemelham aos relatados por

Mattos et al. (1992) que verificaram que o uso do ivermectin em cordeiros naturalmente

parasitados por Haemonchus spp. apresentou baixa eficácia no Teste de Redução de OPG.

Também Mattos et al. (2002) observaram em ovinos parasitados naturalmente por

Haemonchus spp., e medicados com ivermectin, redução de apenas 17% do número de OPG

(100% Haemonchus spp. na Coprocultura) quando comparados com o grupo controle.

Ramos et al. (2002) utilizando-se do Teste de Redução de OPG, na avaliação da

eficácia do ivermectin, em 65 rebanhos ovinos do Estado de Santa Catarina, também

encontraram resultados semelhantes ao deste trabalho, 77% dos rebanhos testados

apresentavam resistência anti-helmíntica de endoparasitos gastrintestinais (somente

identificadas larvas de Haemonchus spp.).

Melo et al. (2003b) utilizando-se do Teste de Redução de OPG avaliaram a eficácia

do ivermectin em ovinos, encontrando em 58,8% das fazendas pesquisadas, nematódeos do

gênero Haemonchus resistentes.

Os dados ora apresentados divergem em parte de Pinheiro et al. (1997) que

encontraram aos cinco e dez dias após tratamento, na mesma dose utilizada, 100% de redução

na ovopostura dos endoparasitos de ovinos.

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82

4.1.2.2 Teste Controlado

4.1.2.2.1 Abomaso

Os resultados das médias das contagens da carga parasitária total do abomaso obtidos

através da necropsia no experimento estão resumidos nas Tabelas 11 a 15. Os valores

individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados no APÊNDICE D.

4.1.2.2.1.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.

Tabela 11–Resultados médios (máximo e mínimo) da contagem do número de machos,

fêmeas e carga parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e

Trichostrongylus spp. do grupo Controle e grupo 1 encontrados no abomaso dos

ovinos na necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em

porcentagem.

Grupo

Haemonchus spp. Ostertagia spp. Trichostrongylus spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 211,67 191,67 403,33a 83,33 156,67 240,00a 10,00 50,00 60,00a (60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200) (160-340) (0-20) (0-90) (0-110)

1 238,33 141,67 380,00a 46,67 68,33 115,00b 5,00 30,00 35,00a (0-500) (0-350) (0-830) (0-160) (0-160) (0-320) (0-30) (0-50) (0-80)

Eficácia 5,79% 52,08% 41,67%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 11 demonstram que o tratamento do grupo 1

apresentou uma eficácia de 5,79 %, 52,08 % e 41,67 % sobre os gêneros Haemonchus,

Ostertagia e Trichostrongylus, respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A

comparação das médias mostrou diferença muito significativa entre o grupo controle e o

grupo tratado frente ao gênero Ostertagia.

Houve redução muito significativa de helmintos adultos, não sendo encontradas

referências ao uso da mistura destas três plantas como anti-helmínticas.

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83

4.1.2.2.1.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.

Tabela 12 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do

grupo Controle e grupo 2 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a

eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Haemonchus spp.

Ostertagia spp.

Trichostrongylus spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 211,67 191,67 403,33a 83,33 156,67 240,00a 10,00 50,00 60,00a (60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200) (160-340) (0-20) (0-90) (0-110)

2 196,67 233,33 430,00a 106,67 80,00 186,67a 13,33 30,00 43,33a (0-630) (0-840) (0-1470) (30-280) (30-190) (70-470) (0-40) (0-70) (10-70)

Eficácia - 6,61% 22,22% 27,78%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 12 demonstram que o tratamento do grupo 2

apresentou uma eficácia de 22,22 % e 27,78 % sobre os gêneros Ostertagia e

Trichostrongylus, respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A comparação

das médias não mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

Em conformidade aos dados ora apresentados, de redução de helmintos adultos,

Castro et al. (1993) e Lorenzi e Matos (2002) descrevem o Polygonum punctatum Ell. como

sendo utilizado popularmente como anti-helmíntico.

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4.1.2.2.1.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3.

Tabela 13 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do

grupo Controle e grupo 3 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a

eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Haemonchus spp. Ostertagia spp. Trichostrongylus spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 211,67 191,67 403,33a 83,33 156,67 240,00a 10,00 50,00 60,00a (60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200) (160-340) (0-20) (0-90) (0-110)

3 178,33 113,33 291,67a 66,67 86,67 153,33a 16,67 48,33 65,00a (0-700) (0-540) (0-1240) (10-130) (0-190) (10-310) (0-60) (0-90) (0-110)

Eficácia 27,69% 36,11% -8,33%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 13 demonstram que o tratamento do grupo 3

apresentou uma eficácia de 27,69 % e 36,11 % sobre os gêneros Haemonchus e Ostertagia,

respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não

mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

Infere-se nas condições do experimento que houve redução de helmintos adultos no

abomaso. Em conformidade aos dados ora apresentados Munssynski (1953), Camargo (1998),

Simões et al. (1988), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001)

descrevem o potencial anti-helmíntico do Chenopodium ambrosioides através do uso da parte

aérea da planta.

Contrariando em parte os dados ora apresentados Ketzis (2000) testou in vivo a

planta fresca do Chenopodium ambrosioides em várias doses frente a uma infecção de

Haemonchus contortus em cabras não obtendo redução do número de vermes adultos.

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4.1.2.2.1.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. - Grupo 4.

Tabela 14 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do

grupo Controle e grupo 4 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a

eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Haemonchus spp. Ostertagia spp. Trichostrongylus spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 211,67 191,67 403,33a 83,33 156,67 240,00a 10,00 50,00 60,00a (60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200) (160-340) (0-20) (0-90) (0-110)

4 220,00 255,00 475,00a 41,67 88,33 130,00a 8,33 38,33 46,67a (0-450) (0-640) (0-990) (10-100) (0-270) (10-370) (0-50) (0-200) (0-250)

Eficácia - 17,77% 45,83% 22,22%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 14 demonstram que o tratamento do grupo 4

apresentou uma eficácia de 45,83 % e 22,22 % sobre os gêneros Ostertagia e

Trichostrongylus, respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A comparação

das médias não mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

Infere-se nas condições do experimento que houve redução de helmintos adultos no

abomaso. Em conformidade aos dados ora apresentados Musnsynski (1953), Chiej (1983),

Pereira e Melo (1988), Castro et al. (1993), Camargo (1998), Santos et al. (1999), Cravo

(2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem o Allium sativum

como agente anti-helmíntico. Santos et al. (1999) avaliaram o efeito do extrato alcoólico do

Allium sativum sobre larvas de terceiro estágio de nematódeos gastrintestinais em seis

diferentes concentrações. Foram realizadas coproculturas em triplicata, coletadas de caprinos

infectados naturalmente, e que foram tratadas para cada concentração dos extratos. Os

resultados mostraram uma redução do número de larvas dos gêneros Haemonchus e

Trichostrongylus em 100% nas concentrações 1448,75 mg/ml e 905,47 mg/ml do extrato

alcoólico. A conclusão foi que o extrato alcoólico do Allium sativum teve um efeito anti-

helmíntico in vitro. Adicionalmente, Amorim (1987) avaliou através do método crítico

controlado o efeito anti-helmíntico do Allium sativum em camundongos naturalmente

infectados com Syphacia obvelata e Aspiculuris tetraptera obtendo um percentual de

oxiurídeos eliminados de 20,3 % com a utilização de três aplicações por via intragástrica.

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4.1.2.2.1.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.

Tabela 15 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do

grupo Controle e grupo 5 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a

eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Haemonchus spp. Ostertagia spp. Trichostrongylus spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 211,67 191,67 403,33a 83,33 156,67 240,00a 10,00 50,00 60,00a (60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200) (160-340) (0-20) (0-90) (0-110)

5 208,33 210,00 418,33a 1,67 0,00 1,67c 0,00 0,00 0,00b (0-700) (0-410) (0-1050) (0-10) (0-0) (0-10) (0-0) (0-0) (0-0)

Eficácia -3,72% 99,31% 100,00%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 15 demonstram que o tratamento do grupo 5

apresentou uma eficácia de 99,31 % e 100 % sobre os gêneros Ostertagia e Trichostrongylus,

respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.

A comparação das médias mostrou diferença muito significativa entre o grupo

controle e o grupo tratado frente aos gêneros Ostertagia e Trichostrongylus.

Em conformidade aos dados ora apresentados Pinheiro et al. (1997) encontraram

eficácia de 100% na redução de helmintos do gênero Ostertagia com o mesmo tratamento

utilizado neste experimento. Melo et al. (2003b) encontraram em 10 (58,8%) fazendas de

criação de ovinos pesquisadas nematódeos do gênero Haemonchus resistentes a ivermectin, a

semelhança do aqui encontrado.

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4.1.2.2.2 Intestino delgado

Os resultados médios da contagem da carga parasitária total do intestino delgado

obtidos através da necropsia no experimento estão resumidos nas Tabelas 16 a 20. Os valores

individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados no APÊNDICE E.

4.1.2.2.2.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.

Tabela 16 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do

grupo Controle e grupo 1 encontrados no intestino delgado dos ovinos na

necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em

porcentagem.

Grupo

Cooperia spp. Trichostrongylus spp. Strongyloides spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Fêmea Total

Controle 3.663,33 5.771,67 9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a 55,00 55,00a

(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460) (0-190) (0-190)

1 750,00 1.150,00 1.900,00a 125,00 146,67 271,67a 5,00 5,00b

(90-2140) (20-3150) (110-5290) (10-640) (0-460) (10-1100) (0-30) (0-30)

Eficácia 79,86% 73,50% 90,91%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 16 demonstram que o tratamento do grupo 1

apresentou uma eficácia de 79,86 %, 73,50 % e 90,91 % sobre os gêneros Cooperia,

Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente, quando confrontado com o grupo

controle. A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o

grupo tratado frente ao gênero Strongyloides.

No presente estudo, observou-se que houve redução significativa de helmintos

adultos, não sendo encontradas referências ao uso da mistura destas três plantas como anti-

helmínticas. Resultados semelhantes foram alcançados por Oliveira (1997) no Teste

Controlado, através do uso de folhas frescas de Musa sp. em caprinos (Capra hircus) com

idade entre três e cinco meses, durante 25 dias. O percentual de eficácia encontrado foi de

59,55% para Cooperia spp. e de 65,4% para Trichostrongylus spp..

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4.1.2.2.2.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.

Tabela 17 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do

grupo Controle e grupo 2 encontrados no intestino delgado dos ovinos na

necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em

porcentagem.

Grupo

Cooperia spp. Trichostrongylus spp. Strongyloides spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Fêmea Total

Controle 3.663,33 5.771,67 9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a 55,00 55,00a

(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460) (0-190) (0-190)

2 1.203,33 1.408,33 2.611,67a 188,33 581,67 770,00a 16,67 16,67b

(60-2870) (180-2400) (240-5270) (0-950) (0-2230) (0-3180) (0-100) (0-100)

Eficácia 72,32% 24,88% 69,70%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 17 demonstram que o tratamento do grupo 2

apresentou uma eficácia de 72,32 %, 24,88 % e 69,70 % sobre os gêneros Cooperia,

Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.

A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo

tratado frente ao gênero Strongyloides.

Artigos publicados por Castro et al. (1993) e Lorenzi e Mattos (2002) descrevem o

uso do Polygonum punctatum Ell. como anti-helmíntico, concordando com os resultados ora

apresentados, em que nas condições do experimento houve redução significativa de helmintos

adultos no intestino delgado.

Adicionalmente, apóiam os dados obtidos neste experimento pesquisas realizadas por

Athanasiadou et al. (2000a), Athanasiadou et al. (2000b) e Athanasiadou et al. (2001) que

observaram que o uso do extrato do “quebracho” (73% de tanino condensado), administrado

durante três dias, a ovinos infectados com Trichostrongylus colubriformis alcançaram

significativa redução do OPG e da carga parasitária.

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4.1.2.2.2.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3.

Tabela 18 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do

grupo Controle e grupo 3 encontrados no intestino delgado dos ovinos na

necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em

porcentagem.

Grupo

Cooperia spp. Trichostrongylus spp. Strongyloides spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Fêmea Total

Controle 3.663,33 5.771,67 9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a 55,00 55,00a

(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460) (0-190) (0-190)

3 1.036,67 1.433,33 2.470,00b 101,67 335,00 436,67a 3,33 3,33b

(0-5100) (0-6200) (0-11300) (0-260) (0-580) (0-820) (0-10) (0-10)

Eficácia 73,82% 57,40% 93,94%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 18 demonstram que o tratamento do grupo 3

apresentou uma eficácia de 73,82 %, 57,40 % e 93,94 % sobre os gêneros Cooperia,

Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.

A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o

grupo tratado frente ao gênero Strongyloides e diferença muito significativa entre o grupo

controle e o grupo tratado frente ao gênero Cooperia.

Munssynski (1953), Simões et al. (1988), Camargo (1998), Cravo (2000), Garcia e

Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem o potencial anti-helmíntico do

Chenopodium ambrosioides através do uso da parte aérea da planta, o que coincide com os

resultados do presente experimento demonstrando que houve redução significativa de

helmintos adultos no intestino delgado.

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4.1.2.2.2.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.

Tabela 19 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do

grupo Controle e grupo 4 encontrados no intestino delgado dos ovinos na

necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em

porcentagem.

Grupo

Cooperia spp. Trichostrongylus spp. Strongyloides spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Fêmea Total

Controle 3.663,33 5.771,67 9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a 55,00 55,00a

(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460) (0-190) (0-190)

4 1.233,33 1.965,00 3.198,33a 113,33 195,00 308,33a 1,67 1,67b

(30-2620) (70-5140) (100-7500) (0-350) (0-660) (0-800) (0-10) (0-10)

Eficácia 66,10% 69,92% 96,97%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 19 demonstram que o tratamento do grupo 4

apresentou uma eficácia de 66,10 %, 69,92 % e 96,97 % sobre os gêneros Cooperia,

Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.

A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o

grupo tratado frente ao gênero Strongyloides.

O presente experimento demonstra que houve redução significativa de helmintos

adultos no intestino delgado, confirmando a ação anti-helmíntica do Allium sativum

anteriormente relatada por Musnsynski (1953), Chiej (1983), Camargo (1988), Pereira e Melo

(1988), Castro et al. (1993), Santos et al. (1999), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e

Kossmann e Vicent (2001) que o descrevem como agente anti-helmíntico.

Santos et al. (1999) avaliaram o efeito do extrato alcoólico do Allium sativum sobre

larvas de terceiro estágio de nematódeos gastrintestinais em seis diferentes concentrações.

Foram realizadas coproculturas em triplicata, cada uma com 2 g de fezes, coletadas de

caprinos infectados naturalmente, e que foram tratadas para cada concentração dos extratos.

Os resultados mostraram uma redução do número de larvas do gênero Trichostrongylus em

100% nas concentrações 1448,75 mg/ml e 905,47 mg/ml do extrato alcoólico. Para as demais

concentrações o percentual de redução do número de larvas variou de 29,92 a 99,85. A

conclusão foi que o extrato alcoólico do alho teve um efeito anti-helmíntico in vitro.

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4.1.2.2.2.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.

Tabela 20 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do

grupo Controle e grupo 5 encontrados no intestino delgado dos ovinos na

necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em

porcentagem.

Grupo

Cooperia spp. Trichostrongylus spp. Strongyloides spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total Fêmea Total

Controle 3.663,33 5.771,67 9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a 55,00 55,00a

(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460) (0-190) (0-190)

5 106,67 180,00 286,67c 0,00 6,67 6,67b 0,00 0,00b (0-450) (0-850) (0-1300) (0-0) (0-20) (0-20) (0-0) (0-0)

Eficácia 96,96% 99,35% 100%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 20 demonstram que o tratamento do grupo 5

apresentou uma eficácia de 96,96 %, 99,35 % e 100 % sobre os gêneros Cooperia,

Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.

A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o

grupo tratado frente aos gêneros Strongyloides e Trichostrongylus e diferença muito

significativa entre o grupo controle e o grupo tratado frente ao gênero Cooperia.

A utilização do ivermectin foi relatada por Pinheiro et al. (1997) que demonstraram

que este princípio ativo mostrou uma eficácia de 100% sobre Cooperia spp.. Bevilaqua e

Melo (1999) em estudo realizado em rebanhos ovinos de três diferentes fazendas encontraram

eficácia de 100% do ivermectin no controle dos parasitos Trichostrongylus spp. e

Strongyloides spp.. Estes resultados se assemelham ao observado no presente experimento.

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4.1.2.2.3 Intestino Grosso

Os resultados das médias das contagens da carga parasitária total do intestino grosso

obtidos através da necropsia no experimento estão resumidos nas Tabelas 21 a 25. Os valores

individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados no APÊNDICE F.

4.1.2.2.3.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.

Tabela 21 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. do grupo Controle e

grupo 1 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia

sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Oesophagostomun spp. Trichuris spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 25,00 38,33 63,33a 1,67 3,33 5,00a (0-90) (0-100) (0-170) (0-10) (0-20) (0-20)

1 41,67 71,67 113,33a 1,67 3,33 5,00a (0-180) (0-220) (0-300) (0-10) (0-10) (0-20)

Eficácia -78,95% 0%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 21 demonstram que para os helmintos do

gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 1 não apresentou eficácia quando

confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença

significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

No presente estudo, observou-se que não houve redução de helmintos adultos no

hospedeiro, não sendo encontradas referências ao uso da mistura destas três plantas como

anti-helmínticas.

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4.1.2.2.3.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.

Tabela 22 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. do grupo Controle e

grupo 2 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia

sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Oesophagostomun spp. Trichuris spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 25,00 38,33 63,33a 1,67 3,33 5,00a (0-90) (0-100) (0-170) (0-10) (0-20) (0-20)

2 260,00 380,00 640,00a 6,67 18,33 25,00a (0-1060) (0-1560) (0-2620) (0-40) (0-80) (0-120)

Eficácia -910% -400%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 22 demonstram que para os helmintos do

gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 2 não apresentou eficácia quando

confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença

significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

Infere-se nas condições do experimento que não houve redução de helmintos adultos

no hospedeiro. Os dados ora apresentados divergem de Castro et al. (1993) e Lorenzi e Matos

(2002) que descrevem o Polygonum punctatum Ell. como utilizado popularmente como anti-

helmíntico.

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4.1.2.2.3.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3.

Tabela 23 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. dos grupos Controle

e grupo 3 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia

sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Oesophagostomun spp. Trichuris spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 25,00 38,33 63,33a 1,67 3,33 5,00a (0-90) (0-100) (0-170) (0-10) (0-20) (0-20)

3 123,33 125,00 248,33a 3,33 11,67 15,00a (0-700) (0-600) (0-2620) (0-10) (0-40) (0-120)

Eficácia -292,11% -200 %

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 23 demonstram que para os helmintos do

gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 3 não apresentou eficácia quando

confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença

significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

Infere-se nas condições do experimento que não houve redução de helmintos adultos

no intestino grosso do hospedeiro. Contrariando os dados ora apresentados Munssynski

(1953), Simões et al. (1988), Camargo (1998), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e

Kossmann e Vicent (2001) descrevem o potencial anti-helmíntico do Chenopodium

ambrosioides através do uso da parte aérea da planta.

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4.1.2.2.3.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.

Tabela 24 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. dos grupos Controle

e grupo 4 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia

sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.

Grupo

Oesophagostomun spp. Trichuris spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 25,00 38,33 63,33a 1,67 3,33 5,00a (0-90) (0-100) (0-170) (0-10) (0-20) (0-20)

4 56,67 66,67 123,33a 1,67 8,33 10,00a (0-240) (0-200) (0-410) (0-10) (0-50) (0-60)

Eficácia -94,74% -100 %

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 24 demonstram que para os helmintos do

gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 4 não apresentou eficácia quando

confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença

significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

Infere-se nas condições do experimento que não houve redução de helmintos adultos

no intestino grosso do hospedeiro. Em desacordo com os resultados ora apresentados

Musnsynski (1953), Chiej (1983), Pereira e Melo (1988), Castro et al. (1993), Camargo

(1998), Santos et al. (1999), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent

(2001) descrevem o Allium sativum como agente anti-helmíntico.

Em contraposição aos dados ora apresentados Santos et al. (1999) avaliaram o efeito

do extrato alcoólico do Allium sativum sobre larvas de terceiro estágio de nematódeos

gastrintestinais em seis diferentes concentrações. Foram realizadas coproculturas em

triplicata, cada uma com 2 g de fezes, coletadas de caprinos infectados naturalmente, e que

foram tratadas para cada concentração dos extratos. Os resultados mostraram uma redução do

número de larvas do gênero Oesophagostomun em 100% nas concentrações 1448,75 mg/ml e

905,47 mg/ml do extrato alcoólico. Para as demais concentrações o percentual de redução do

número de larvas variou de 29,92 a 99,85 %. Ao autores concluíram que o extrato alcoólico

do Allium sativum teve um efeito anti-helmíntico in vitro.

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4.1.2.2.3.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.

Tabela 25 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga

parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. dos grupos Controle

e grupo 5 encontrados no Intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia

do tratamento sobre a carga parasitária total em porcentagem.

Grupo

Oesophagostomun spp. Trichuris spp.

Macho Fêmea Total Macho Fêmea Total

Controle 25,00 38,33 63,33a 1,67 3,33 5,00a (0-90) (0-100) (0-170) (0-10) (0-20) (0-20)

5 0,00 0,00 0,00a 0,00 0,00 0,00a (0-0) (0-0) (0-0) (0-0) (0-0) (0-0)

Eficácia 100% 100%

Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre

tratamentos (P<0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 25 demonstram que para os helmintos do

gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 5 apresentou eficácia de 100 %

quando confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença

significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.

Em conformidade aos dados ora apresentados Pinheiro et al. (1997) encontraram

eficácia de 100% na redução de helmintos do gênero Oesophagostomun com o mesmo

tratamento utilizado neste experimento.

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4.1.3 Peso

Tabela 26 – Resultados médios (máximo e mínimo) do peso dos ovinos dos grupos controle,

1, 2, 3, 4 e 5 na chegada dos animais (23/5), 26 dias após a chegada (no dia zero)

e 40 dias após a chegada (14 dias após o tratamento) e a média total por dia de

pesagem.

Grupos

Data

Chegada-23/05 26 dias após-18/06 40 dias após-02/07

Controle 25,00 a 27,44 a 28,56 a

(22-34) (23,5-37) (24-39,5)

1 22,06 a 24,13 a 25,00 a

(18,5-29) (17-32) (18,5-33,5)

2 22,56 a 24,25 a 24,94 a

(20-25,5) (21-27) (22,5-28)

3 24,44 a 27,63 a 27,94 a

(21-31,5) (24,5-36,5) (23-38,5)

4 23,69 a 26,69 a 27,81 a

(20,5-26) (18-30) (21-31)

5 23,38 a 26,38 a 28,00 a

(20,5-28) (21,5-31,5) (24-31)

Média Total

23,50 A

26,10 B

27,00 B

Médias com letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa

entre tratamentos (P<0,05).

Médias Totais com letras maiúsculas diferentes na mesma linha indicam diferença

significativa entre tratamentos (P< 0,05).

Os resultados apresentados na Tabela 26 não demonstraram um efeito dos

tratamentos sobre o parâmetro peso dos grupos tratados, pois estes não diferiram

significativamente do grupo controle. Encontrou-se diferença muito significativa entre a

média total de peso dos grupos entre o dia da chegada-23/05 e o dia zero-18/06.

De acordo com Holmes (1987) apud Bricarello (1999) o parâmetro ganho de peso

não é um bom indicador para avaliar as condições corpóreas em animais parasitados, mesmo

sendo amplamente utilizado. A quantidade de água no organismo, bem como a composição da

carcaça, encontram-se geralmente alteradas nessas infecções, influenciando diretamente o

peso e conduzindo a interpretações errôneas.

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Baseados em Holmes (1985) apud Bricarello (1999) de que o parasitismo

gastrintestinal pode resultar na diminuição do peso corporal seguido de alterações na

composição corporal, redução na quantidade e qualidade da produção de lã e desempenho

reprodutivo, esperava-se perda de peso dos animais participantes do experimento durante o

período de sua chegada (23/5) e o início do tratamento (dia zero) e nos animais do grupo

controle até a última pesagem (14 dias após o tratamento) em função da alta carga parasitária

apresentada pelos ovinos.

Os resultados apresentados na Tabela 26 de ganhos de peso em todos os grupos nas

diferentes datas de pesagem e o resultado das médias totais dos dias de pesagem,

demonstrando um aumento muito significativo entre os dias da chegada e 26 dias após

contrariaram esta expectativa.

Este resultado pode ser explicado pela dieta adequada fornecida aos animais durante

o experimento, associado ao fato dos ovinos não estarem sujeitos a reinfecção verminótica.

Segundo Ueno & Gutierres (1983) animais bem nutridos, ainda que sendo portadores de

helmintos em número relativamente grande, geralmente não apresentam sinais clínicos.

Entretanto, em animais mal nutridos e com um mesmo grau de infecção, constata-se a

exaltação de sinais clínicos. Holmes (1985) apud Bricarello (1999) afirmou que a dieta

protéica pode influenciar na capacidade do hospedeiro de suportar os efeitos fisiopatológicos

da infecção. Abbott et al. (1986) apud Bricarello (1999) ao avaliarem cordeiros de três meses

de idade submetidos a dois níveis nutricionais, observaram que os animais que receberam

uma dieta com baixa proteína (8,8%), resistiram menos aos efeitos patogênicos da infecção

com 350 L3 de H. contortus / kg de peso vivo, do que os cordeiros que receberam uma dieta

de alta proteína (16,9%). Houtert et al. (1995) concluem que dietas ricas em proteínas

reduzem as perdas atribuídas as infecções de nematódeos em cordeiros em pastoreio. Desta

forma a dieta utilizada no experimento com 18,8 % de proteína teria contribuído para este

aumento de peso apresentado.

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4.2 Comparação de resultados

Nesta seção serão apresentados comparativamente os resultados alcançados pelas

plantas nos testes aplicados.

4.2.1 Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum

Ell.

Não foram encontradas referências do uso do decocto destas três plantas para

nenhuma atividade terapêutica, embora Lans e Brown (1998) reconheçam que certas plantas

são usadas em combinações. Etkins (1993) apud Lans e Brown (1998) explica que ocorrem

interações entre os complexos constituintes químicos de uma mistura de plantas podendo

incrementar a bioatividade dos compostos.

Encontrou-se apenas referência ao uso individual da Eugenia uniflora L. e do

Polygonum punctatum Ell.. O uso da Eugenia uniflora L. como antidiarréico foi citado por

Lorenzi e Matos (2002), Backes e Irgang (2002) e por Franco e Fontana (2002). Seu emprego

contra parasitoses intestinais através de infusão e extrato alcoólico foi descrito por Lorenzi e

Matos (2002). O uso popular do Polygonum punctatum Ell. como anti-helmíntico foi descrito

por Castro et al. (1993) e por Lorenzi e Matos (2002).

Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma

redução de helmintos adultos no abomaso de 52,08% e de 41,67 % dos gêneros Ostertagia e

Trichostrongylus, respectivamente. No intestino delgado de 79,86 %, de 73,50 % e de 90,91

% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente.

No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na

produção de ovos de 47,79 % e de 63,52% no sétimo e no décimo quarto dia,

respectivamente, após sua aplicação, frente aos helmintos da Superfamília

Trichostrongyloidea (a coprocultura indica que a redução apresentada no grupo tratado deva

ter ocorrido nos helmintos do gênero Haemonchus, o que não se confirma no Teste

Controlado) e de 87,95 % e de 86,58 % no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente,

após sua aplicação para os helmintos Strongyloides spp.

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4.2.2 Polygonum punctatum Ell.

O uso popular do Polygonum punctatum Ell. como anti-helmíntico foi descrito por

Castro et al. (1993) e por Lorenzi e Matos (2002).

Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma

redução de helmintos adultos no abomaso de 22,22% e de 27,78 % dos gêneros Ostertagia e

Trichostrongylus, respectivamente. No intestino delgado de 72,32 %, de 24,88 % e de 69,70

% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente.

No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na

produção de ovos de 14,55 % no décimo quarto dia após sua aplicação frente aos helmintos da

Superfamília Trichostrongyloidea (a coprocultura indica que a redução apresentada no grupo

tratado deva ter ocorrido nos helmintos do gênero Ostertagia, Trichostrongylus e

principalmente Cooperia, que se confirma no Teste Controlado) e de 64,65 % no sétimo dia

após sua aplicação para os helmintos do gênero Strongyloides.

4.2.3 Chenopodium ambrosioides L.

Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma

redução de helmintos adultos no abomaso de 27,69 % e de 36,11% dos gêneros Haemonchus

e Ostertagia, respectivamente. No intestino delgado a redução foi de 73,82 %, de 57,40 % e

de 93,94% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente.

No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na

produção de ovos de 52,97 % e de 47,50% no sétimo e no décimo quarto dia após sua

aplicação frente aos helmintos da Superfamília Trichostrongyloidea (a coprocultura indica

que a redução de postura apresentada no grupo tratado deva ter ocorrido nos helmintos do

gênero Cooperia, que se confirma parcialmente no Teste Controlado) e de 87,55 % e de 3,65

% no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente, após sua aplicação para os helmintos

Strongyloides.

Em conformidade com os dados apresentados Munssynski (1953), Simões et al.

(1988), Camargo (1998), Golin [2000], Cravo (2000) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem

que a ação anti-helmíntica do Chenopodium ambrosioides L. ocorre pela presença do

ascaridol, substância ativa com comprovada propriedade anti-helmíntica, figurando nas

farmacopéias de países como os EUA, Inglaterra e Alemanha, que produz paralisia sobre a

musculatura do parasito. Ainda conforme os autores o uso do Chenopodium ambrosioides L.

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como vermífugo, através do uso interno das folhas e ou das sementes, é conhecido no Brasil e

na Europa desde o século XVII.

Pode-se supor que os resultados obtidos com a aplicação de uma única dose

poderiam ser potencializados com a aplicação por períodos mais prolongados conforme

literatura e os relatos de outros informantes, entrevista 7 (uso durante 5 dias) e entrevista 10

(uso durante 3 dias).

4.2.4 Allium sativum L.

Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma

redução de helmintos adultos no abomaso de 45,83% e de 22,22 % dos gêneros Ostertagia e

Trichostrongylus, respectivamente, e no intestino delgado de 66,1 %, de 69,92 % e de 96,97

% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente.

No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na

produção de ovos de 1,19% e de 54,36% no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente,

após sua aplicação, frente aos helmintos da Superfamília Trichostrongyloidea e de 70,28 % e

de 39,02 % no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente, após sua aplicação para os

helmintos do gênero Strongyloides.

Apóiam os dados obtidos neste experimento Munssynski (1953), Chiej (1983),

Castro et al. (1993), Camargo (1998), Santos et al. (1999), Golin [2000], Cravo (2000) e

Kossmann e Vicent (2001) que descrevem o Allium sativum L. com uma vasta utilização

terapêutica na medicina popular, empregado como agente anti-helmíntico, utilizado na

prevenção e tratamento de parasitos. Conforme os autores o uso do Allium sativum L., que

contém um óleo isotiocianato de alilo composto sulforoso e derivados aminados, como

vermífugo na medicina popular concorda perfeitamente com as propriedades terapêuticas

cientificamente comprovadas.

O uso do extrato hidroalcoólico do Allium sativum L, neste experimento em

detrimento a outras formas de extração é apoiado por Chiej (1983) e Camargo (1998) que

afirmam que a infusão e o decocto fazem com que o Allium sativum L. perca suas

propriedades medicinais, pelo arraste do seu óleo essencial pelo vapor da água. Santos et al.

(1999) concluíram que o extrato aquoso do Allium sativum L. apresentou melhores resultados

como anti-helmíntico em caprinos que o extrato alcoólico.

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4.2.5 Ivermectin

Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma

redução de helmintos adultos de 96,96% a 100% para todos os endoparasitos testados

(Ostertagia spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp., Strongyloides spp., Oesophagostomun

spp. e Trichuris spp.), exceção feita ao gênero Haemonchus no qual o tratamento não

apresentou eficácia. Soma-se a este resultado o apresentado no Teste de Redução de OPG e a

Coprocultura onde os resultados indicaram a permanência apenas de helmintos do gênero

Haemonchus.

Em conformidade aos dados ora apresentados Echevarria et al. (1996) encontraram

através do Teste de Redução de OPG, aplicado em ovinos de 182 fazendas de criação de

ovinos no Estado do Rio Grande do Sul, que 12,6 % das fazendas testadas apresentavam em

seus rebanhos resistência anti-helmíntica frente ao ivermectin. Souza et al. (1997) relatam que

na década de 60 encontram-se os primeiros registros de cepas resistentes a anti-helmínticos.

Em um estudo utilizando-se o Teste de Redução de OPG em ovinos encontraram, adotando o

critério de eficácia superior a 90 %, que a resistência está presente em 91,3% dos rebanhos

testados para o ivermectin. Os autores (op.cit.) chamam a atenção para a possibilidade de

falência do controle químico das parasitoses gastrintestinais de ovinos no Estado do Paraná.

De acordo com Cunha Filho et al. (1999) foram avaliados 850 ovinos de 10 rebanhos na

região de Londrina, Paraná e o fenômeno de resistência ao ivermectin ocorreu em 80% das

propriedades, sendo o gênero Haemonchus o mais freqüente.

Melo et al. (2003b) encontraram em 10 (58,8%) fazendas de criação de ovinos no Estado

do Ceará pesquisadas nematódeos do gênero Haemonchus resistentes a ivermectin. Blackhall

et al. (1998) apud Melo et al. (2003b) justificam que esse parasito tem uma grande

variabilidade genética e, possivelmente, alberga o alelo que causa a diminuição da

suscetibilidade a uma droga. Echevarria e Trindade (1989) afirmam que provavelmente este

nematódeo desenvolve resistência mais rapidamente, devido ao seu alto potencial biótico.

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5 CONCLUSÕES

O levantamento de informações empíricas, de senso comum, relativas ao saber

popular tradicional sobre plantas consideradas medicinais, através de entrevistas com

questionários semi-estruturados (roteiro para os entrevistadores de questões que devem ser

tratadas durante a entrevista), mostrou ser um importante instrumento na seleção de plantas

com potencial anti-helmíntico.

Nas condições do experimento:

o uso do decocto da Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia uniflora L. +

Polygonum punctatum Ell. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da

Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de

helmintos adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e

Strongyloides.

o uso do decocto do Polygonum punctatum Ell., apresentou eficácia na redução da

produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na

redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e

Strongyloides.

o uso da planta seca do Chenopodium ambrosioides L. apresentou eficácia na redução

da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e

na redução de helmintos adultos dos gêneros Haemonchus, Ostertagia, Cooperia,

Trichostrongylus e Strongyloides.

o uso do macerado hidroalcoólico do Allium sativum L. apresentou eficácia na redução

da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e

na redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e

Strongyloides.

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o uso do Ivermectin apresentou eficácia na redução da produção de ovos da

Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de

helmintos adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia, Strongyloides,

Oesophagostomun e Trichuris.

as plantas testadas, em diferentes extrações e modos de uso apresentaram eficácia na

redução de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides

as plantas testadas, em diferentes extrações e modos de uso apresentaram eficácia

frente a helmintos do abomaso e do intestino delgado.

nenhuma das plantas testadas neste experimento apresentou eficácia frente aos

helmintos do intestino grosso (Oesophagostomun spp. e Trichuris spp.).

os cordeiros ganharam peso mesmo com alta carga parasitária quando mantidos sob

uma dieta de 18,8 % de proteína e livres de reinfecção de endoparasitos.

Os resultados obtidos na presente pesquisa permitem concluir que a redução na

produção de ovos (contribuindo com menores níveis de contaminação nas pastagens) e a

redução de helmintos adultos (proporcionando uma menor espoliação verminótica no

hospedeiro) alcançados através do uso do decocto da Campomanesia guazumifolia (Camb) +

Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell., do decocto do Polygonum punctatum Ell.,

da planta seca do Chenopodium ambrosioides e da maceração hidroalcoólica do Allium

sativum L. qualificam estas plantas medicinais como recursos potenciais disponíveis ao

controle integrado dos endoparasitos de ovinos.

Os resultados da pesquisa reforçam o potencial uso das plantas como recursos

preventivos e terapêuticos na etnoveterinária e a valorização das plantas medicinais na

atenção à saúde animal.

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6 RECOMENDAÇÕES / SUGESTÕES

Trabalhar com outras concentrações e número de dosagens.

Testar a atividade biológica em outros endoparasitos (nematódeos, trematódeos e cestódeos)

Testar a campo como recurso em um controle integrado.

Aferir toxicidade.

Aferir índices de resíduos tissulares (carne e o leite), bem como sua sensorialidade.

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APÊNDICE A – Instruções e roteiro para realização das reuniões e entrevistas.

CONTRIBUIÇÕES PARA AS REUNIÕES E ENTREVISTAS A SEREM

REALIZADAS NA BUSCA DE UNICIDADE DE PROCEDIMENTOS.

REUNIÃO

A metodologia de escolha da amostra baseia-se na técnica de amostragem não

paramétrica. Para isso foi escolhida a abordagem através de amostra intencional que, segundo

Thiollent (1986) apud Avancini (2002), trata-se de uma pessoa ou pequeno número de

pessoas que são escolhidas intencionalmente em função da relevância que elas apresentam em

relação a um determinado assunto.

Portanto na reunião programada, a comunidade indicará 1, 2, 3 ou mais pessoas, não

necessariamente presentes, que possam falar sobre o “uso de plantas medicinais no tratamento

de doenças dos animais”.

ENTREVISTA

Deve-se perceber que não se trata da aplicação de um questionário, mas sim de um

roteiro para os entrevistadores de questões que devem ser tratadas durante a entrevista. Não

devemos esquecer durante este processo das palavras chaves do nosso projeto: verminose,

verme, parasitas, mamite, mastite, inflamação do úbere e carrapato.

ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA

Data da entrevista: ______________ Entrevistador: _________________________________

Instituição: ____________________ Município: ___________________________________

a) Dados de Identificação

Nome: _____________________________________________________________________

Localidade (há quanto tempo): __________________________________________________

Local de nascimento: _________________________________________________________

Com quem, quando e aonde aprendeu a trabalhar com plantas medicinais? _______________

Participou de alguma atividade relacionada a plantas medicinais (curso, reunião, palestra,...)?

___________________________________________________________________________

b) Questões gerais

Quais doenças que os animais apresentam (devem ser listadas todas as doenças

citadas)?____________________________________________________________________

Os itens a seguir devem enfocar as três linhas da pesquisa: endoparasitos, ectoparasitos e

mamite. Devendo ser tratadas preferencialmente de forma individual para cada tema.

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O que as provoca (causas)?_____________________________________________________

Como identifica as doenças (sinais)?______________________________________________

Como poderia evitar / prevenir o aparecimento destas doenças?________________________

O que utiliza primariamente no combate a estas doenças?_____________________________

c) Uso das Plantas

Quais plantas utilizam?________________________________________________________

Qual à parte da planta que utiliza? E em que condições usam esta planta? Seca ou

verde?_____________________________________________________________________

Mistura com outras plantas?____________________________________________________

Existe alguma condição especial para uso?_________________________________________

Quais as restrições ao uso? Perigos? Prenhez? Fraqueza?.....?__________________________

Como prepara para o uso (chá, infusão, pomada, tintura, xaropes,...)? Uso interno ou externo?

___________________________________________________________________________

Quanto usa da planta? Quantas vezes?____________________________________________

d)Coleta das plantas

Qual a época do ano, horário, lua,..., e estágio de desenvolvimento da planta?_____________

Existe alguma condição especial para coleta?_______________________________________

Onde coleta a planta? Cultiva?___________________________________________________

Como guarda, seca e conserva a planta?___________________________________________

e)Dados sobre uso de plantas junto à família

Quais as doenças mais freqüentes na sua família e os acidentes mais comuns: _____________

Quando surge alguma doença em casa o que costuma fazer primeiro: ____________________

Quando alguém da família está doente utiliza plantas medicinais (isolada ou associada a

outros medicamentos)?________________________________________________________

f) Dados de identificação da planta pesquisada

Denominação: _______________________________________________________________

Data da coleta: ____________________Quem coletou: ______________________________

Quem deu a informação: _____________________Local da coleta: ____________________

Abundância local: ____________________________________________________________

Habitat: ____________________________________________________________________

OBSERVAÇÕES:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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ANEXO A - Entrevistas com usuários tradicionais de plantas medicinais

Entrevista 1

Data da entrevista: 10/05/2002 Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: São Luiz Gonzaga/RS

a) Dados de identificação

Nome do informante: Santina Maria da Cruz

Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos.

A família é natural de Nonoai. Mora no Assentamento São Domingos há nove anos aonde faz

parte de um grupo de mulheres que produz essências, principalmente para uso humano.

b) Questões gerais

Antes de ser assentada, usava algumas essências para uso humano. Seu pai usava a

“erva-de-santa-maria” para o controle da verminose em terneiros e “pimenta-do-reino” via

oral para o controle do carrapato e da verminose.

Como exemplos de uso rotineiro de medicamentos, que aprendeu a preparar, cita o

uso da “losna” para a dor de estômago, essência de “malva” e “erva penicilina” para a gripe e

como calmante a “quebra-pedra” e a “pata-de-vaca” para problemas de rins e bexiga. Usa

também a “alfavaca” para o controle do churrio de terneiros.

Entende como principais problemas na área animal o carrapato, berne, verminose e

carbúnculo.

Identifica o animal com verminose quando este está com o pêlo arrepiado, range os

dentes e come pouco. Também faz uma observação no olho, que fica pálido.

A mastite na sua propriedade não é problema, pois após a ordenha deixa os terneiros

mamarem nas vacas. Antes de adotar este manejo seguidamente apareciam casos de mamite.

Acredita que as gramas altas, matos e capoeiras favoreçam o aparecimento dos

carrapatos. Decide banhar os animais quando aparecem alguns carrapatos.

Começou a usar o pastoreio rotativo há seis meses, que associado ao uso das ervas,

tem provocado uma diminuição de carrapatos nos animais.

Tem usado, como primeira opção no controle das doenças, plantas em diversas

formas de usos, usa também a homeopatia. Produtos químicos são raramente usados na

propriedade.

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c) Uso das plantas:

Controle do carrapato

Folha de “umbu” + folha de fumo.

São coletadas as folhas verdes, livres de manchas, em qualquer época do ano. Utiliza

como medida um punhado de cada planta, coletadas de manhã ou à tardinha. Utiliza em todos

os animais, não tendo restrições. As folhas são fervidas até obter a cor amarelada. É colocada

água suficiente para cobrir as folhas no vasilhame. Usar um litro deste chá em 20 litros de

água. Fazer banhos com intervalos de 15 a 20 dias. Prefere preparar no dia em que vai usar,

mas pode ser guardado em recipiente fechado por até 30 dias.

Segundo observações da produtora esta mistura não mata os carrapatos, mas somente

os derruba. O uso mais concentrado mata os bernes, porém derruba o pêlo dos animais.

O “umbu” é abundante, porém o fumo depende de ser plantado. Na sua propriedade

o fumo nasce todo ano por ressemeadura natural. Prefere banhar ao entardecer, após a

ordenha.

2-Cinza de “umbu” + sal

São coletados tocos ou galhos secos para a produção de cinza de “umbu”. Usa 100

gr. de cinza misturada em 10 kg de sal. Deixa comer toda a mistura.

Relatou que usa também “erva-mate” + sal para o controle do carrapato.

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Entrevista 2

Data da entrevista: 10/05/2002 Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: São Luiz Gonzaga/RS

a) Dados de identificação

Nome do informante: Ozair de Farias

Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos.

É natural de Erval Grande. Mora no Assentamento São Domingos há 9 anos. Seus

pais já usavam ervas e plantas, era comum o uso de “alho macho” para o controle da

verminose e do carrapato.

Faz parte de um grupo de mulheres que no assentamento prepara essências

medicinais para uso humano, fato que permite a redução dos gastos com medicamentos

comprados pela família.

b) Questões gerais

Os principais problemas que enfrenta na sua propriedade são o carrapato, a mosca do

chifre, a verminose e a diarréia em terneiros. A verminose é mais problema em animais

jovens, com menos de 1 ano de idade.

Identifica a verminose quando os terneiros param de comer, ficam delgados,

amarelados dentro das orelhas.

Identifica a mastite quando incha o úbere, a vaca dá coices, ás vezes tem grumos no

coador, pode aparecer sangue no leite ou não.

Usa o pastoreio rotativo em tifton e campo nativo. Não faz o manejo de colocar o

terneiro mamar na vaca antes ou após a ordenha.

Usa para a diarréia a raiz e ponta de “erva-de-bicho” mais galhos de “mata-campo”

que são fervidos juntos e dados para os animais beberem.

Usa “marcela” + “hortelã” + “erva-de-santa-maria” para controlar os vermes das

crianças.

c) Uso das plantas:

Controle do carrapato:

1º- Grimpa de “pinheiro”.

Para o carrapato o que tem funcionado muito bem é a grimpa de pinheiro fervida em

água. 1 Kg de grimpa de “pinheiro” + 10 litros de água. Pulverizar os animais à tardinha,

após a ordenha. A grimpa de “pinheiro” deu proteção por 20 dias, o carrapato não se fixa no

gado.

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Podem ser coletadas em qualquer época do ano, em qualquer horário do dia. Como

principal problema, cita a pouca disponibilidade desta planta, embora seja adaptada a região,

possui poucas árvores no assentamento.

O chá deve ser preparado e usado no dia. Não tem contra-indicação. Prioriza para o

controle do carrapato a grimpa de “pinheiro”, por julgar mais eficiente.

2º - Grimpa de “pinheiro” + sal

100 gr. de folhas torradas juntamente com 2 kg de sal. Usar esta mistura durante

cinco dias.

3º - Folhas de “pessegueiro” + folhas de “cinamomo” + folhas de “umbu”

Usa um punhado grande de folhas de cada planta, fervidas em água. Colocar água

suficiente para tapar as folhas. Diluir um litro deste chá em 10 litros de água e banhar os

animais. Estas plantas têm em abundância no assentamento. Esta mistura é feita e usada no

dia. Não tem restrições de coleta e nem contra-indicações de uso.

4º - “Alho” + azeite + sabão em pó

Seis cabeças de “alho” + 200 ml de azeite + 2 colheres de sopa de sabão em pó. Dar

banho nos animais. O sabão em pó é fabricado pela própria agricultora com produtos

existentes na propriedade. Esse é um tratamento que tem uma boa eficiência.

Controle da mamite:

1º Essência de “tansagem”:

Coletar um vidro cheio de folhas de tansagem, cobrir com cachaça, tapar o frasco,

colocar no sol por 21 dias. Não pegar sereno. Usa 2 ml de essência de “tansagem” + 3 ml de

água fervida em infusão intramamária 2 vezes ao dia, após a ordenha. Usa tanto para mastites

com sangue ou não. Obteve bons resultados com este tratamento.

A “tansagem” é abundante no assentamento. O seu uso não se restringe só a mastite,

é usada para contusões e lesões de pele. Costumeiramente usa a essência de “tansagem”

associada ao óleo de angico. Não é coletada no inverno, pois a planta seca.

2º - Óleo de “angico vermelho”

Desfiar a casca interna do “angico vermelho”, colocar em vidro, cobrir com óleo de

girassol ou de milho, levar 21 dias ao sol.

Usar 5 ml em infusão intramamária 2 vezes ao dia durante 3 dias. Usa este óleo tanto

isolado como associado a essências de própolis e a de “tansagem”.

O “angico vermelho” também é usado para humanos em massagens no peito, na

garganta. É usado para acalmar dores de coluna e desmanchar contusões.

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Entrevista 3

Data da entrevista: 10/05/2002 Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: São Luiz Gonzaga/RS

a) Dados de identificação

Nome do informante: Sebastião Batistela

Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos

Nasceu em Nonoai no ano de 1965, até aos 14 anos de idade viveu dentro da reserva

indígena de Nonoai. Há 9 anos mora no assentamento São Domingos.

Seus avós e pais sempre usavam remédios caseiros para bovinos, mas não lembra das

receitas. Aprendeu a fazer remédios com seu irmão que trabalhava na fazenda de João Pedro

Freitas de Campos, em Sarandi. Segundo ele lá tinha gado bom e não se comprava

vermífugos. Teve experiência com o uso de plantas durante o tempo em que viveu nos

acampamentos. Trabalhava como enfermeiro do acampamento e usavam bastante as plantas

porque não se tinha dinheiro para gastar em remédios comprados, que eram usados só em

última opção.

b)Questões gerais

O principal problema na sua propriedade hoje é o carrapato. A mastite também foi

um problema sério que ele consegui controlar usando o terneiro para “secar” as vacas depois

da ordenha. Tem pouco conhecimento de como prevenir a ocorrência do carrapato. Cita que

seu avô usava folhas e ramas de “mandioca” para os animais não pegarem carrapatos. Quando

os animais estão barrigudos e com o pêlo arrepiado acredita que estejam com verminose.

Para o seu filho faz todos os remédios com plantas. Acredita que as plantas podem

curar. Pela facilidade que os agricultores tem em comprar medicamentos prontos o uso de

ervas não é maior. Algumas pessoas ridicularizam o uso das ervas e isto também desestimula

o uso generalizado.

c) Uso das plantas

Controle da verminose:

1º - “sete-capotes” + “erva-de-bicho” + “pitangueira”:

Esta receita aprendeu em Sarandi. Usar 1 maço (cabe na mão) de cada planta,

picada, ferver bem (5 minutos) em 3 litros de água. Reconstituir. Dar pela boca um litro

por terneiro, durante três dias. São plantas nativas, que existem em abundância no

assentamento. Para controlar a diarréia usa “sete-capotes” mais “pitangueira”. Não tem

restrições quanto ao uso ou colheita, pode ser usado em qualquer classe de animais.

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Entrevista 4

Data da entrevista: 10/05/2002 Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: São Luiz Gonzaga/RS

a) Dados de identificação

Nome do informante: Juçara Jagielo

Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos

É natural de Ronda Alta. Sua mãe, Maria Cavalheiro, usa muitas plantas. Curou-se

da bronquite asmática e da depressão com plantas.

b) Questões gerais

Usa a “pulmonária” para a gripe, para a gripe alérgica usa “erva-de-santa-maria” +

“calêndula” + “chapéu de couro”.

Os maiores problemas nos animais de sua propriedade são os carrapatos e a

verminose. A mamite não é problema, pois após a ordenha coloca os terneiros para secar bem

o úbere.

Para prevenir a mamite usa “fumo brabo” + “funcho” + sal que usa de 8 a 10 dias

após o parto.

c) Uso das plantas

Controle da verminose

1º - “erva-de-bicho” + “erva-de-santa-maria” + “catinga-de-mulata” + “hortelã branca”.

Usar a mesma medida de cada planta. Colher, lavar e deixar ao sol para secar a

umidade. Colocar em um recipiente de vidro, cobrir totalmente as plantas com uma mistura de

um copo de cachaça e meio copo de água fervida. Deixar no escuro por 24 horas. A coleta

deve ser feita até as 10 horas da manhã ou à tardinha. São plantas encontradas com certa

facilidade no assentamento.

Dosagem:

Adulto: 50 gotas/dia durante 13 dias.

Crianças: 25 gotas/dia durante 13 dias.

A “erva-de-santa-maria” e a “erva-de-bicho” morrem no inverno.

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Entrevista 5

Data da entrevista: 06/06/2002 Entrevistador: Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: Sete de Setembro/RS

a) Dados de Identificação:

Nome: Edite Fim Schittler Localidade: Rincão dos Donatos

Natural de Tucunduva, viúva e mãe de dois filhos, sempre morou no meio rural,

descendente de alemães, italianos e bugres, com 46 anos de idade, e há 23 anos morando em

Sete de Setembro. Seus pais e avós sempre usaram chás e tinturas para tratamento de doenças

de animais e humanos, aprendeu com eles o uso das plantas. Participou de Seminário de

Plantas e Ervas Medicinais e Curso de Medicina Alternativa promovidos pela EMATER/RS

local. Participa com a Pastoral da Criança da elaboração de pomadas e xaropes com plantas

medicinais.

b) Questões gerais

Entre as principais doenças cita a tristeza, mamite e intoxicações. Entre as

parasitoses o carrapato é o maior problema. A verminose nos animais jovens e a mosca dos

chifres nas vacas leiteiras. O berne não é problema, pois faz o controle com o uso de “pau

leiteiro” ou avelóz. Depois que começou a usar a erva mate junto com o sal, usa somente uma

vez por ano produto químico para o controle de carrapatos e a verminose diminuiu

drasticamente, praticamente não usa vermífugo para as vacas em lactação, como alternativa

usa uma folha verde de bananeira por dia durante três dias. Identifica a verminose quando os

animais principalmente jovens ficam barrigudos e com o pêlo arrepiado e não comem direito.

Identifica a mamite quando encontra grumos no coador de leite, faz CMT ou quando o úbere

fica avermelhado, duro e quente não saindo leite ou pouco leite grosso e com pús e sangue. A

tristeza quando as vacas ficam de cabeça baixa na sombra perto da água, não comem e

reduzem a produção de leite pela metade. Os vizinhos não usam a erva mate e nem plantas

para o controle de verminose, carrapatos e mosca dos chifres, aplicam produtos químicos

seguidamente e não resolvem os problemas.

c) Uso das plantas

Utiliza folha de chuchu e iodo para controle da pressão alta, losna, alcachofra, malva

e manjerona para humanos. Nos animais usa para o controle de carrapatos erva mate seca na

sombra misturada na ração uma vez ao dia fornecida para as vacas em lactação, toda a erva

que sai da cuia de chimarrão vai para os animais. Os animais que são tratados ficam mais

resistentes não pegando carrapato e matando os que já possuem, alisam o pelo melhorando a

produção de leite. Acredita que também controla verminose.

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Entrevista 6

Data da entrevista: 11/06/2002 Entrevistador: Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: Sete de Setembro/RS

a) Dados de Identificação

Nome: Nelson Roberto Paluchowski Localidade: Linha Boa Vista

Nascimento: Guarani das Missões

Tem 33 anos, casado, pai de um filho, sempre morou junto com os pais no meio rural

mesmo depois de casado, aprendendo com os avós e pais a fazer uso das plantas para o

controle de doenças tanto de humanos como de animais.

Participou do Seminário Municipal de Plantas Medicinais promovido pela

EMATER/RS local. A esposa participou do curso de medicina alternativa melhorando os

conhecimentos que já possuía. Explora uma área em conjunto com os pais de 25 ha com

produção diversificada, tendo o leite como produto principal.

b) Questões gerais

Como principais problemas do rebanho leiteiro cita a verminose, os carrapatos, a

mamite, a mosca dos chifres e a tristeza parasitária.

Faz o uso das plantas quando os animais começam a ficar barrigudos, não comem

direito e alguns apresentam papeira no caso da verminose.

Praticamente não tem problemas com mamite e verminose desde que começou a usar

as plantas medicinais.

c) Uso das plantas

Para o controle da verminose de galinhas faz cochos dos troncos das bananeiras e dá

água para as galinhas, repete esta prática a cada três meses.

No controle da verminose do rebanho leiteiro usa “erva-de-bicho”, 0,5 kg da

planta verde em um litro de água; macera e ferve a planta fornecendo 200 ml via oral

durante um dia. Coleta a planta inteira, somente em dias com sol, durante a manhã até as dez

horas e de preferência na lua nova. Repete o tratamento em 30 a 40 dias, tendo alguma

restrição em vacas com adiantado estado de prenhes, neste caso diminui a dose pela metade.

Usa a mesma quantidade tanto para animais adultos como para jovens.

Usa “mamão do mato” e folha de “bananeira” na proporção de dois quilos de cada

um por animal, durante três dias, misturado no pasto picado sendo coletados somente pela

manhã e em dias com sol.

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Entrevista 7

Data da entrevista: 07/06/2002 Entrevistador: Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: Sete de Setembro/RS

a) Dados de identificação

Nome: Dirceu Deon e Olga Deon

Naturais da cidade de Jaguari, ambos de origem italiana e alemã, há 20 anos

morando em Sete de Setembro. Adquiriram o conhecimento com seus pais, avós e bisavós.

Praticamente não usam remédios químicos somente chás e tinturas de plantas.

b) Questões Gerais / c) Uso das plantas

Em humanos usam:

- “Cipó miloni” = para problemas estomacais;

- “cancorosa” = para gestante, ferida e limpar o sangue;

- “cipó escada” = para problemas de coluna;

- “gervão” = diurético;

- “cipó uva do mato” = para azia, estômago e diurético;

- “guanchuma” = para gastrite e azia;

- “urtiga do mato” = para infecção, rins e coluna;

- “corticeira” = para reumatismo;

- “sete-capotes” = para diabete;

- “mamica de cadela” = para estômago;

- “casca de çucará” = para pressão alta;

- “douradinha” = para limpar sangue.

Em animais usam

Para garrotilho – “aroeira bugre” mais “guamirim”. Um maço de folhas e brotos torrado

no fogão misturado ao sal dado uma vez ao dia durante cinco dias.

Para o controle de verminose:

“Erva-de-santa-maria”: para animais adultos em torno de 200 gr. de planta verde uma vez

dia durante cinco dias, colhidas pela parte da manhã, de preferência folhas e misturadas na

ração.

“Hortelã” e sabão caseiro: chá de “hortelã” misturado com sabão caseiro para terneiro, 1

litro uma vez ao dia durante três dias.

Pimenta preta, sal e “alho”: via oral para controle de verminose e carrapato uma vez ao dia

durante três dias.

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Entrevista 8

Data da entrevista: 10/06/2002 Entrevistador: Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: Sete de Setembro/RS

a) Dados de identificação

Nome: Valdori Ávila e Maria Gorete Wolff

Descendentes de italianos, os pais vieram da Itália para Florianópolis e depois para

Sete de Setembro. Usam plantas medicinais tanto para animais como para humanos,

reduziram os custos de medicamentos alopáticos em 70 % no rebanho leiteiro.

b) Questões gerais / c) Uso das plantas

Reconhecem que os animais estão com verminose quando ficam com pêlo arrepiado,

barrigudo e comem pouco.

Para o controle da verminose usa folha e fruta de “uva-do-japão”, mistura com o

pasto picado e fornece no cocho, dá em torno de 500 gr. de folha durante três dias sempre pela

manhã. Folha de “mandioca” dá a parte aérea (folha + rama), uma planta por dia por animal

misturada com cana-de-açúcar ou pasto durante cinco dias. Não tem restrições de uso tanto na

“uva-do-japão” como na “mandioca”, fornece para todos animais. Após o uso de ramas de

mandioca nota que os animais ficam com o pêlo brilhoso e melhoram o apetite.

Não usa mais vermífugo nas vacas leiteiras.

Nas rachaduras de tetos usa "tansagem", banha e "confrei", colocando junto parafina

ou cera para melhorar a aderência.

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Entrevista 9

Data da entrevista: 11/06/2002 Entrevistador: Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: Sete de Setembro/RS

a) Dados de Identificação

Nome: Celmira Rockenbach Local de nascimento: Santo Ângelo

Os pais eram agricultores no município de Santo Ângelo, usava ervas e plantas tanto

para animais como humanos.

Trabalha na pastoral da criança tendo conhecimento do uso de várias plantas para o

tratamento de doenças e controle de parasitas.

b) questões gerais / c) uso das plantas

Usa carqueja moída e seca misturada na ração, para os animais, no controle de

carrapato, não mata o carrapato, mas impede que ele se grude ao animal. A carqueja é

coletada pela manhã até as 10 horas e seca a sombra fornecendo para os animais durante cinco

dias uma vez por dia, não tem restrições quanto ao seu uso para todos tipos de bovinos.

Repete a aplicação de 1,5 a 2 meses.

Utiliza a “erva-de-santa-maria” como vermífugo tanto para crianças como para

animais. Para ruminantes dá 100 gr. de planta verde por dia ou seca a planta na sombra

fornecendo misturada com a ração durante um dia. Para terneiros usa em torno de 30

gr. (um galho com sementes e folhas) seca por animal, moída e misturada na ração. Tem

restrição em vacas prenhes, diminuir a quantidade, da planta seca da em torno de 20 gr

na ração por dia.

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Entrevista 10

Data da entrevista: 12/06/2002 Entrevistador: Marcelo Machado

Instituição: Emater Município: Sete de Setembro/RS

a) Dados de identificação

Nome: Albino Paluchowski

Natural de Guarani das Missões aprendeu o uso de muitas plantas com o benzedor

Amâncio do Carmo que morou próximo a sua casa e com seus pais e avôs. A mais de 20 anos

residindo no município de Sete de Setembro, usa mais plantas para humanos, no tratamento

de diversas doenças, em animais usa as plantas mais para o controle de verminose que é o

principal problema de seu rebanho.

b) Questões gerais / c) Uso das plantas

Para verminose usa uma planta inteira de “erva-de-santa-maria” uma vez por mês por

animal, o que significa mais ou menos 250 gr. da planta. Coleta a planta só pela parte da

manhã e de preferência com sementes. Para terneiro dá a planta seca na sombra, moída

misturada na ração ou pasto em torno de 30 gr. por animal uma vez ao dia durante três dias

repetindo mensalmente.

Usa “erva-de-bicho” em forma de chá para terneiros e vacas, 1 kg da planta em 3

litros de água, da via oral 1 litro por dia durante três dias de preferência na lua minguante.

Tanto a “erva-de-santa-maria” como a “erva-de-bicho” não dá para vacas prenhes.

“Mamão” e “mamão do mato”: 2 kg de folhas verdes misturados no pasto durante

cinco dias usa também para suínos não tendo restrição quanto ao uso para bovinos. Para todos

animais com pêlo arrepiado e barrigudos fornece uma vez por mês durante três dias.

Na retenção de placenta usa “manjerona” na forma de chá, um maço da planta em

um litro de água até se limpar, leva mais ou menos dois dias.

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Entrevista 11

Data da entrevista: 23/05/2002 Entrevistador: Luciana Honorato

Instituição: COPTEC Município: Viamão/RS

a) Dados de identificação

Nome: Vivaldino Martins

Localidade: Assentamento Filhos de Sepé – Viamão, mora no assentamento há três anos.

Local de nascimento: Rodeio Bonito

Aprendeu a utilizar plantas medicinais inicialmente com a mãe e a vó e, mais tarde,

quando foi para o acampamento do MST onde era o responsável pela Equipe de Saúde, tendo

realizado cursos e visitas a hortas de plantas medicinais.

b) Questões gerais

O primeiro sinal de animal doente é quando ele não quer comer ou “fica enjoado para

comer”, as vacas ficam desanimadas e tristonhas.

Para prevenir mamite ele utiliza a rama de “mandioca”, “erva-de-santa-maria” e

“sete sangrias”, fornecidas no cocho com sal. As plantas são amassadas no pilão.

Para aves ele utiliza para prevenir pestes, a “bananeira” como bebedouro e também

fornece “cipó-mil-homens” no cocho.

Para carrapatos: rama de “mandioca” e cinzas, fornecidas na ração. A “maria-

pretinha” é usada para lavar os animais, contra bernes e carrapatos e também para lavar

feridas.

Para verminoses: Chá de “paú-bugre” e “goiabeira” (feitos separadamente). “Paú-

bugre” pode causar aborto.

c) Uso das plantas

Plantas mais usadas em humanos:

a) “coronilha”; o chá feito da casca é usado para baixar a pressão arterial;

b) “fumeiro bravo”: o broto é usado para resfriado e pontada (chá), as folhas são usadas

também em picadas de aranha, as quais são torradas e colocadas na pele em forma de

pó;

c) “Umbu”: para aliviar dores de cabeça, a folha é aquecida no fogão e colocada nas

têmporas. Para tirar “chio do peito e pontadas” também se utiliza a folha aquecida e

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colocada no peito deixando-a enfaixada junto ao corpo. O “umbu” também é usado

em cólicas.

d) “Cancorosa”: usada como laxante e para “limpar o sangue”;

e) “Guanxuma”: contra todo tipo de infecção, usada a planta inteira como chá;

f) “Jurubeba”: para gastrite e úlceras, utiliza-se a planta inteira, na forma de chá;Cálculo

renal: chá de “boldo” junto com a flor do “milho”, chá de “unha de gato”;

g) “Arruda”; para recém nascidos, é torrada e colocada com azeite para secar o umbigo e

prevenir infecção, também para tirar resfriado de criança.

h) “Guiné”: o chá é usado em dores de cabeça;

i) “Salsa”: a raiz é usada para tirar “amarelão”.

j) “Tansagem”: usado como diurético;

k) “Catinga de mulata”: para regular a menstruação;

l) “Roseta”: lavar feridas inflamadas, as feridas se fecham rapidamente, sem deixar

cicatrizes.

Plantas mais usadas em animais:

a)“Umbu”: usado em mamites e para “limpar o leite” após o parto. A folha é torrada e

moída e colocada na ração, ou então se faz o chá do “umbu” junto com “funcho”, em

beberagem.

b)“Umbu”, “mata-campo” e “fumeiro bravo”: usado em mamite, usa-se as plantas juntas

em chá para beber e também passar no úbere.

c)“Mata-campo”: para fortalecer os animais fracos, é usado na forma de multimistura

(junto com folhas de batata e mandioca), triturado e fornecido no cocho.

d)“Tajujá”: em prolapso de útero, usar o chá para beber e também lavar o útero. Usada

também para doenças venéreas em touros.

d) Coleta das plantas

Na lua nova são coletadas as folhas, frutos e flores, na lua cheia as raízes.

São secas à sombra, dentro de casa.

A planta torrada, transformada em pó, é a forma mais prática para fazer os chás. A

manipulação das plantas, tanto colhe-las como torra-las, é feita a noite (costume herdado da

avó).

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Entrevista 12

Data da entrevista: 23/06/2002 Entrevistador: Luciana Honorato

Instituição: COPETEC Município: Viamão/RS

a) Dados de identificação

Nome: Oldemiz Souza Chiuza

Localidade: Assentamento Filhos de Sepé – Viamão, mora no assentamento há 3 anos.

Local de nascimento: Palmeira das Missões

Utilizava antigamente várias plantas medicinais para uso nas doenças da família,

porém não eram muito utilizadas em animais, pois, segundo ele “antigamente não eram vistas

essas doenças que temos agora, como essa mamite, os terneiros eram soltos com as vacas após

a ordenha e eles terminavam de esgotá-las”.

b) Questões gerais

As doenças mais comuns que ocorrem nos animais são: carbúnculo, para o qual se

faz vacinações como prevenção. “Peste do chifre, caruncho e estufamento” também foram

doenças citadas.

Para tratar do timpanismo ele usa a “carqueja” (chá) com bicarbonato, na proporção

de 200 gramas de bicarbonato para 2 litros de chá.

Para aves, o tronco da “bananeira” como bebedouro, é usado para “evitar pestes”.

A fruta do “cinamomo” moída no sal é usada para tratamento de garrotilho nos

cavalos.

c) Uso das plantas

As plantas mais freqüentemente utilizadas na família: “quebra-pedra”, “pata de vaca”

e “pêlo de porco”, para problemas de rins e bexiga. A “malva” é usada para todas as

inflamações, principalmente da boca, em que usa o chá da planta com leite e sal.

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Entrevista 13

Data da entrevista: 03/06/2002 Entrevistador: Luciana Honorato

Instituição: COPETEC Município: Viamão/RS

a) Dados de identificação

Nome: Terezinha Pires Portela

Localidade: Assentamento Filhos de Sepé – Viamão, mora no assentamento há 3 anos.

Natural de Palmeira das Missões aprendeu a usar plantas medicinais na família,

participou de algumas palestras realizadas no próprio assentamento. Na visita a casa de Dona

Teresinha, ela identificou várias espécies de plantas medicinais que ela cultiva em seu quintal

e horta, e falou sobre algumas plantas que utilizava onde morava anteriormente e que aqui são

encontradas com dificuldade.

b) Questões gerais / c) Uso das plantas

A informante faz uso de plantas principalmente para as doenças na família:

1. diarréias: “sete-capotes”, “pitangueira” e “goiabeira”. Faz o chá das folhas verdes. Mistura

até duas plantas no mesmo chá.

2. gripe: “alho” macerado em jejum ou em xaropes.

3. pneumonia (“pontada”): “funcho” e “baldrana”, faz o chá das folhas verdes.

4.machucados: passar banha de porco, quando fica algum corpo estranho (sujeira ou espinho),

faz emplastro com “linhaça”, que serve para puxar as sujidades, inclusive cisco no olho.

Dentre as doenças observadas nos animais foram relatadas as seguintes:

1. Retenção de placenta: Utilizava quando morava em Palmeira, uma planta conhecida como

“puxa-tripa”, porém aqui ela ainda não encontrou esta planta.

2. Carbúnculo: Prevenção através de vacinas.

3. Mamite: Ocorrem raramente casos em que o “leite estraga”, pois ela costumava deixar o

terneiro terminar de esgotar a vaca, segundo a informante este é um manejo preventivo para

que não haja leite residual. Uma prática utilizada nas mamites é a injeção com o próprio leite

infectado. O chá de “hortelã” também era utilizado para fazer massagem no úbere.

4. Verminose: para terneiros, utiliza 6 “alhos” esmagados em um litro de cachaça,

deixar 2 dias fermentando e dar de beber 100 ml pela manhã e 100 ml pela tarde.

5. Carrapatos: O chá das folhas de “umbu” é usado para bernes e carrapatos. Outra prática

usada para repelir carrapatos é passar cinzas sobre o pêlo do animal.

d) Coleta das plantas

As plantas que são armazenadas são secas a sombra, dentro de casa em local

ventilado, as mesmas são coletadas em seu quintal e horta. Ela evita o plantio na lua nova.

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Entrevista 14

Data da entrevista: 06/06/2002 Entrevistador: Luciana Honorato

Instituição: COPETEC Município: Tapes/RS

a) Dados de identificação

Nome: João Gonçalves de Lima

Localidade: Assentamento Lagoa do Junco, Tapes.

Local de nascimento: Tapes

b) Questões gerais

Doenças mais comuns que ocorrem na família:

Diarréia, dores de estômago e prisão de ventre.

Doenças mais comuns que ocorrem nos animais:

Diarréia e garrotilho.

Identificação das doenças:

Mamite: é vista quando é difícil de sair o leite do teto. Ele não conhece outras formas de

evita-la a não ser tirar leite 3 vezes ao dia;

Verminose: reconhece quando o animal tem o pêlo arrepiado, olhos fundos e não se alimenta.

O tratamento usado é o chá de “bugre” e “baleeira”.

Carrapatos: conhece o uso de “umbu”, mas o tratamento que mais utiliza é o diesel em água,

para banhar os animais.

c) Uso das plantas

Plantas que conhece e utiliza: a “vassoura vermelha” é usada na forma de chá para

prisão de ventre; o chá da “coronilha” para “afinar o sangue”; a “babosa” para dores de

estômago e em cortes de pele; o chá da “marcela” para diarréia.

Plantas que conhece e utiliza para tratar os animais: “baleeira” e “erva-de-bugre”

usadas juntas em forma de chá, para diarréias em terneiros e cavalos.

d) Coleta das plantas

As plantas são coletadas na hora do uso, quando necessário, a única planta que ele

armazena é a “marcela” (seca dentro de casa).

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Entrevista 15

Data da entrevista: 03/06/2002 Entrevistador: Ricardo

Instituição: COPETEC Município: Eldorado do Sul/RS

a) Dados de identificação

Nome: Pai João, Elia, Pino e esposa.

Localidade: Assentamento Integração Gaúcha, Eldorado do Sul, mora no assentamento desde

1994.

Inicialmente aprenderam a trabalhar com plantas medicinais com os pais e avós.

Realizaram alguns cursos nos locais de origem, e também obtiveram alguns conhecimentos no

acampamento. Mas nestes cursos praticamente só aprenderam novos métodos de uso

(pomadas e xaropes), pois quanto para o que servia cada espécie o aprendeu com pais e avós.

b) Questões gerais

Mamite, carrapatos, verminose e piolho são as doenças que os animais mais

apresentam.

As verminoses acham que pode vir da própria mãe, da alimentação, da água, do lixo

ou moscas. Quanto aos piolhos e carrapatos não tem idéia da causa. A mamite acha que é por

as vacas serem mal esgotadas.

Identificam a verminose quando o animal range os dentes, fica com o pelo arrepiado

ou come coisas diferentes do normal (terra). A existência de piolho identifica com a queda

dos pêlos.

A mamite é identificada através do inchaço do úbere ou principalmente quando se

visualiza grumos no coador. E identifica-se qual é o animal que apresenta estes grumos no

momento de lavar os tetos.

Não tem idéia de como prevenir a verminose e os piolhos. Para os carrapatos usava,

há tempos atrás, adicionar no sal, cinza de palha de feijão preto e fornecer aos animais. Para a

mamite usam esgotar bem o úbere.

Utilizam primariamente no combate a verminose fornecer “bananeira” (folhas e

troncos) aos animais. Para carrapatos já utilizaram banho de bolinhas de cinamomo

fermentadas. Para mamite utilizam fornecer a planta de “penicilina” (toda planta) ou “alho”

para os animais comerem e principalmente massageiam o úbere com a chamada Pomada

Milagrosa (feita com diversas ervas: “sabugueiro”, “tansagem”, “erva lanceta”, “mil-em-

ramas” e outras).

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c) Uso das plantas

Mamite: “penicilina” (folhas e ramos), “alho” (dentes), “sabugueiro”, “tansagem”, “erva

lanceta” e “mil-em-ramas”;

Carrapato: “cinamomo”;

Verminose: “bananeira” (fornece o caule e as folhas para os animais comerem);

Inflamações em geral: “penicilina”

Usa várias plantas juntas na elaboração das pomadas.

Desconhece restrições ao uso das plantas

d) Coleta das plantas

Só não fazem a coleta na lua nova, pois pode matar as plantas. Sempre conversa com

as plantas no momento da coleta

A grande maioria das plantas utilizadas é cultivada, a não ser as que são nativas e

abundantes no local.

e) Dados sobre o uso de plantas junto à família

As doenças mais freqüentes na sua família são a gripe, os vermes e as micoses.

Em primeiro lugar frente às doenças utilizam os recursos caseiros (chás, pomadas, xaropes e

benzeduras). Quando alguém da família está doente usa só as plantas medicinais.

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Entrevista 16

Data da entrevista: 04/06/2002 Entrevistador: Ricardo

Instituição: COPETEC Município: Nova Santa Rita / RS

a) Dados de identificação

Nome: Clemente / Adílio

Localidade: Assentamento Capela, mora no assentamento desde 1992.

Local de nascimento: Nonoai

Aprenderam a trabalhar com plantas medicinais com os pais e avós. Já participaram

de algumas atividades (cursos, reuniões e palestras) relacionadas com plantas medicinais.

b) Questões gerais

As doenças que os animais apresentam são carrapatos e baratinha no folhoso.

Identifica visualmente estas doenças. Utilizam primariamente no combate ao carrapato banho

de cinamomo.

c) Uso das plantas

Utiliza as folhas, frutos e ramos do cinamomo. Tritura na forrageira (folhas, ramos e

frutos), 1/3 de um tambor de 200 litros, completa com água e fermenta em torno de quarenta

dias. Passa com pano uma vez por dia por três dias.

d) Coleta das plantas

Coletar o cinamomo quando os frutos estiverem amadurecendo. Coleta nas plantas

existentes sem nenhuma condição especial.

e) Dados sobre o uso de plantas junto à família

As doenças mais freqüentes na família são a gripe e dor de cabeça. Quando surge alguma

doença em casa utilizam em primeiro lugar os recursos caseiros.

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Entrevista 17

Data da entrevista: 04/07/2002 Entrevistador: Ricardo

Instituição: COPETEC Município: Eldorado do Sul / RS

a) Dados de identificação

Nome: Dona Antônia e João Engelman

Localidade: Assentamento Integração Gaúcha, mora no assentamento desde 1994.

Aprendeu a trabalhar com plantas medicinais através dos conhecimentos de seus pais

e avós. Aprimoraram estes com cursinhos e oficinas no assentamento (com o professor Wiest

e Anselmo), nestas adquiriram conhecimentos principalmente de modos de preparo e

utilização das plantas medicinais (pomada, tintura e elixir).

b) Questões gerais

As doenças dos animais são rachaduras nos tetos, mamite, vermes e carrapato.

c) Uso das plantas

Utiliza a própolis na mamite, o biofertilizante no carrapato e a “bananeira” na

verminose. Não mistura as plantas utilizando uma só.

Utiliza a “bananeira” para os vermes: fornece o caule para os animais comerem pela

manhã por uma semana, para três semanas e repete. A “bananeira” deve ser coletada pela

manhã.

d) Coleta das plantas

As plantas devem ser fornecidas na lua nova, principalmente a primeira vez.

A grande maioria das plantas é cultivada, a não ser as que são nativas e abundantes

no local.

e) Dados sobre uso de plantas junto à família

Resfriados, reumatismos e dores de coluna são as doenças mais freqüentes na

família. Quando surge alguma doença, em primeiro lugar utilizam os recursos caseiros (chás,

pomadas, xaropes e benzeduras). Quando alguém está doente usa só plantas medicinais.

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Entrevista 18

Data da entrevista: 04/06/2002 Entrevistador: Dario de Melo

Instituição: COPTEC Município: Eldorado do Sul / RS

a) Dados de identificação

Nome: Floraci Idade: Aproximadamente 70 anos

Localidade: Assentamento Integração Gaúcha, mora no assentamento desde 1994.

Local de nascimento: Erval Seco

Aprendeu a trabalhar com plantas medicinais primeiramente com os pais e avós. No

município de origem, dificilmente ia a médico. Participou de cursos e reuniões no

assentamento. Mais recentemente trabalha com o grupo da “farmácia viva”.

b) Questões gerais

As doenças que os animais apresentam são a mamite, a diarréia e a verminose.

A causa da mamite acha que são micróbios. A diarréia às vezes pode ser pelo

alimento, por exemplo, comer alguma coisa em excesso ou pode ser também alguns

micróbios. A verminose é causada por vermes.

Identifica a mamite pelo leite, às vezes aparecem grumos, pus e inchaço. Quando os

animais têm vermes a gente vê pela barriga grande, pêlos arrepiados e feios. Poderia prevenir

a mamite com higiene e chá de plantas. Utiliza primariamente as plantas no combate a essas

doenças.

c) Uso das plantas

a) mamite: “carqueja”, “babosa”, “sabugueiro”, “penicilina” e “confrei” (uso externo);

b) moscas, insetos e carrapatos: “arruda”, “erva-de-bicho”, “catinga-de-mulata” e

“alecrim”;

c) verminose: “bananeira”;

d) diarréia: “flor vermelha”;

e) cicatrizante: “serralha”.

Parte das plantas utilizadas:

“carqueja” (folhas e galhos verdes ou secos); “babosa” (folha fresca, somente o “leite”);

“sabugueiro” (folhas); “penicilina” (folhas e ramos); “confrei” (folhas); “arruda” (folhas e

ramos); “erva-de-bicho” (folhas e ramos); “catinga de mulata” (folhas e ramos); “alecrim”

(folhas e ramos); “bananeira” (folhas); “flor vermelha” (folhas e ramos) e “serralha” (folhas e

ramos).

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Entrevista 19

Data da entrevista: 04/06/2002 Entrevistador: Celso da Silva

Instituição: COPTEC Município: Eldorado do Sul/RS

a) Dados de identificação

Nome: Leodinéia Salete Ferreira Nascimento: 16/10/1982

Localidade: Assentamento Padre Josimo, Eldorado do Sul, mora no assentamento desde 1987.

Local de nascimento: Ronda Alta

Aprendeu a trabalhar com plantas medicinais primeiramente com os pais e avós, no

município de origem boa parte do conhecimento adquiriu com os índios por morar próximo

destes.

b) Questões gerais

Mamite, diarréia e verminose são as doenças que os animais apresentam.

A mamite é provocada pela falta de higiene. A verminose é causada por vermes.

Identifica a mamite pelo leite que às vezes aparece com grumos, pus e inchaço. Vermes

observa pela barriga grande e pêlos arrepiados. A mamite se previne com higiene e tratamento

com uso de plantas medicinais.

Utiliza primariamente as plantas no combate as doenças.

c) Uso das plantas

Utiliza as seguintes plantas:

a) mamite: “alfavaca” (infusão);

b) carrapato: “cidreira” e “catinga de mulata”;

c) verminose: sementes de cucurbitáceas (torrada);

d) estimulante do leite: “funcho”;

Parte das plantas utilizadas:

“Alfavaca”: folhas;

“Erva cidreira”: folhas;

“Catinga de mulata”: folhas;

“Funcho”: folhas.

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APENDICE B - Resultado da contagem do número de ovos por grama da Superfamília

Trichostrongyloidea

Controle

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 1 LOG Dia 2 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

16 14560 4,16 11810 4,07 16210 4,21 13660 4,14 1810 3,26

36 6610 3,82 6010 3,78 10210 4,01 10810 4,03 16810 4,23

38 8260 3,92 7410 3,87 14410 4,16 15410 4,19 5260 3,72

44 6160 3,79 9310 3,97 5510 3,74 9010 3,95 9160 3,96

45 5610 3,75 8610 3,94 7810 3,89 4610 3,66 7610 3,88

51 4060 3,61 4060 3,61 5110 3,71 3410 3,53 4010 3,60

57 14810 4,17 9610 3,98 6160 3,79 13610 4,13 12610 4,10

59 2560 3,41 1910 3,28 6460 3,81 910 2,96 1210 3,08

N 8 8 8 8 8

SOMA 62630,00 30,63 58730,00 30,50 71880,00 31,32 71430,00 30,60 58480,00 29,83

MÉDIA 7828,75 3,83 7341,25 3,81 8985,00 3,91 8928,75 3,83 7310,00 3,73

D. Padrão 4557,41 0,26 3221,46 0,26 4447,35 0,19 5388,61 0,26 5403,77 0,40

Variância 20769955,36 0,07 10377812,50 0,07 19778928,57 0,04 29037098,21 0,07 29200714,29 0,16

C. Variação 58,21 6,77 43,88 6,76 49,50 4,88 60,35 6,90 73,92 10,72

Grupo 1

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 1 LOG Dia 2 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

17 12160 4,08 19060 4,28 14210 4,15 9010 3,95 5410 3,73

26 4810 3,68 2860 3,46 7960 3,90 5810 3,76 810 2,91

27 23860 4,38 53860 4,73 65410 4,82 3610 3,56 9210 3,96

32 1510 3,18 4110 3,61 6710 3,83 810 2,91 810 2,91

46 2010 3,30 5260 3,72 910 2,96 160 2,20 110 2,04

49 1210 3,08 2210 3,34 1210 3,08 1810 3,26 410 2,61

50 20810 4,32 8260 3,92 8010 3,90 11710 4,07 3710 3,57

53 30010 4,48 4960 3,70 3010 3,48 4410 3,64 910 2,96

N 8 8 8 8 8

SOMA 96380,00 30,51 100580,00 30,76 107430,00 30,12 37330,00 27,36 21380,00 24,70

MÉDIA 12047,50 3,81 12572,50 3,84 13428,75 3,76 4666,25 3,42 2672,50 3,09

D. Padrão 11467,99 0,57 17525,87 0,46 21453,07 0,60 4040,99 0,62 3230,19 0,63

Variância 131514821,43 0,33 307156250,00 0,21 460234241,07 0,36 16329598,21 0,38 10434107,14 0,40

C. Variação 95,19 15,04 139,40 11,93 159,75 15,85 86,60 18,03 120,87 20,55

Grupo 2

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

4 4410 3,64 13410 4,13 3710 3,57

8 29210 4,47 14810 4,17 2410 3,38

10 28810 4,46 23810 4,38 13610 4,13

21 14510 4,16 20260 4,31 18160 4,26

34 1710 3,23 11910 4,08 6910 3,84

39 4010 3,60 1710 3,23 1060 3,03

47 6010 3,78 4110 3,61 1110 3,05

54 13010 4,11 6010 3,78 3010 3,48

N 8 8 8

SOMA 101680,00 31,46 96030,00 31,68 49980,00 28,73

MÉDIA 12710,00 3,93 12003,75 3,96 6247,50 3,59

D. Padrão 10988,70 0,44 7760,82 0,39 6341,52 0,46

Variância 120751428,57 0,19 60230312,50 0,15 40214821,43 0,21

C. Variação 86,46 11,17 64,65 9,83 101,50 12,79

Grupo 3

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

13 6110 3,79 9110 3,96 14010 4,15

15 8010 3,90 2010 3,30 1010 3,00

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142

22 8260 3,92 4360 3,64 910 2,96

30 3310 3,52 2810 3,45 6610 3,82

33 710 2,85 910 2,96 210 2,32

37 1510 3,18 2410 3,38 2110 3,32

40 10610 4,03 5010 3,70 10 1,00

56 6010 3,78 7010 3,85 5710 3,76

N 8 8 8

SOMA 44530,00 28,96 33630,00 28,24 30580,00 24,33

MÉDIA 5566,25 3,62 4203,75 3,53 3822,50 3,04

D. Padrão 3470,02 0,41 2763,08 0,32 4811,13 1,01

Variância 12041026,79 0,17 7634598,21 0,10 23146964,29 1,02

C. Variação 62,34 11,35 65,73 9,15 125,86 33,14

Grupo 4

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

11 31410 4,50 21010 4,32 5010 3,70

14 5410 3,73 810 2,91 210 2,32

19 13810 4,14 6310 3,80 6810 3,83

24 4910 3,69 9310 3,97 4010 3,60

35 25810 4,41 13010 4,11 310 2,49

41 29210 4,47 14010 4,15 9460 3,98

43 32010 4,51 2010 3,30 310 2,49

48 10510 4,02 4110 3,61 610 2,79

N 8 8 8

SOMA 153080,00 33,47 70580,00 30,18 26730,00 25,20

MÉDIA 19135,00 4,18 8822,50 3,77 3341,25 3,15

D. Padrão 11686,23 0,34 6890,46 0,48 3637,64 0,69

Variância 136567857,14 0,12 47478392,86 0,23 13232416,67 0,48

C. Variação 61,07 8,12 78,10 12,64 108,87 21,93

Grupo 5

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

7 2610 3,42 5710 3,76 110 2,04

12 1810 3,26 23510 4,37 10 1,00

18 14410 4,16 2910 3,46 1210 3,08

23 4810 3,68 1310 3,12 410 2,61

25 5010 3,70 3210 3,51 2310 3,36

28 910 2,96 10 1,00 10 1,00

42 23860 4,38 4610 3,66 110 2,04

55 24310 4,39 2810 3,45 1010 3,00

N 8 8 8

SOMA 77730,00 29,94 44080,00 26,33 5180,00 18,15

MÉDIA 9716,25 3,74 5510,00 3,29 647,50 2,27

D. Padrão 9796,74 0,53 7484,08 0,99 815,80 0,91

Variância 95976026,79 0,28 56011428,57 0,99 665535,71 0,83

C. Variação 100,83 14,11 135,83 30,17 125,99 40,28

APÊNDICE C - Resultado da contagem do número de ovos por grama do gênero

Strongyloides.

CONTROLE

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 1 LOG Dia 2 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

16 760 2,88 710 2,85 910 2,96 910 2,96 160 2,20

36 410 2,61 610 2,79 910 2,96 210 2,32 310 2,49

38 10 1,00 10 1,00 10 1,00 210 2,32 10 1,00

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143

44 460 2,66 160 2,20 210 2,32 460 2,66 910 2,96

45 210 2,32 410 2,61 210 2,32 610 2,79 410 2,61

51 160 2,20 10 1,00 10 1,00 10 1,00 10 1,00

57 4810 3,68 3610 3,56 2410 3,38 9810 3,99 2210 3,34

59 1060 3,03 510 2,71 1210 3,08 310 2,49 160 2,20

N 8 8 8 8 8

SOMA 7880,00 20,39 6030,00 18,72 5880,00 19,03 12530,00 20,53 4180,00 17,82

MÉDIA 985,00 2,55 753,75 2,34 735,00 2,38 1566,25 2,57 522,50 2,23

Desvio Padrão 1582,27 0,78 1184,25 0,91 818,97 0,92 3342,52 0,83 741,02 0,85

Variância 2503571,43 0,60 1402455,36 0,82 670714,29 0,85 11172455,36 0,69 549107,14 0,72

Coef. Variação 160,64 30,42 157,11 38,77 111,42 38,87 213,41 32,33 141,82 38,01

GRUPO 1

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 1 LOG Dia 2 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

17 910 2,96 310 2,49 810 2,91 410 2,61 460 2,66

26 410 2,61 10 1,00 160 2,20 10 1,00 10 1,00

27 1510 3,18 1060 3,03 910 2,96 310 2,49 10 1,00

32 110 2,04 310 2,49 210 2,32 10 1,00 10 1,00

46 610 2,79 310 2,49 10 1,00 10 1,00 10 1,00

49 10 1,00 10 1,00 10 1,00 10 1,00 10 1,00

50 10 1,00 10 1,00 10 1,00 10 1,00 10 1,00

53 1010 3,00 10 1,00 610 2,79 810 2,91 110 2,04

N 8 8 8 8 8

SOMA 4580,00 18,58 2030,00 14,50 2730,00 16,18 1580,00 13,01 630,00 10,70

MÉDIA 572,50 2,32 253,75 1,81 341,25 2,02 197,50 1,63 78,75 1,34

Desvio Padrão 542,32 0,88 358,01 0,89 376,96 0,89 294,90 0,87 157,97 0,65

Variância 294107,14 0,78 128169,64 0,78 142098,21 0,79 86964,29 0,76 24955,36 0,42

Coef. Variação 94,73 38,09 141,09 48,88 110,46 43,84 149,31 53,63 200,60 48,40

GRUPO 2

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

4 710 2,85 810 2,91 910 2,96

8 210 2,32 410 2,61 10 1,00

10 160 2,20 410 2,61 1610 3,21

21 10 1,00 610 2,79 10 1,00

34 1210 3,08 1110 3,05 910 2,96

39 1610 3,21 110 2,04 610 2,79

47 1810 3,26 210 2,32 10 1,00

54 260 2,41 810 2,91 210 2,32

N 8 8 8

SOMA 5980,00 20,34 4480,00 21,24 4280,00 17,23

MÉDIA 747,50 2,54 560,00 2,65 535,00 2,15

Desvio Padrão 707,49 0,75 338,06 0,34 582,48 0,99

Variância 500535,71 0,56 114285,71 0,11 339285,71 0,98

Coef. Variação 94,65 29,35 60,37 12,64 108,88 45,85

GRUPO 3

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

13 210 2,32 10 1,00 10 1,00

15 10 1,00 10 1,00 10 1,00

22 2010 3,30 760 2,88 310 2,49

30 210 2,32 10 1,00 2610 3,42

33 10 1,00 10 1,00 10 1,00

37 510 2,71 610 2,79 460 2,66

40 110 2,04 10 1,00 10 1,00

56 1210 3,08 210 2,32 610 2,79

N 8 8 8

SOMA 4280,00 17,78 1630,00 12,99 4030,00 15,36

MÉDIA 535,00 2,22 203,75 1,62 503,75 1,92

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144

Desvio Padrão 714,64 0,86 307,57 0,88 883,35 1,02

Variância 510714,29 0,74 94598,21 0,77 780312,50 1,04

Coef. Variação 133,58 38,73 150,95 53,91 175,36 53,03

GRUPO 4

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

11 210 2,32 10 1,00 10 1,00

14 310 2,49 210 2,32 10 1,00

19 160 2,20 110 2,04 410 2,61

24 110 2,04 310 2,49 310 2,49

35 210 2,32 10 1,00 10 1,00

41 2610 3,42 3010 3,48 1810 3,26

43 410 2,61 10 1,00 10 1,00

48 10 1,00 110 2,04 10 1,00

N 8 8 8

SOMA 4030,00 18,41 3780,00 15,37 2580,00 13,36

MÉDIA 503,75 2,30 472,50 1,92 322,50 1,67

Desvio Padrão 859,58 0,67 1030,86 0,89 622,06 0,95

Variância 738883,93 0,45 1062678,57 0,78 386964,29 0,90

Coef. Variação 170,64 29,14 218,17 46,06 192,89 56,93

GRUPO 5

Nº dos ovinos Dia 0 LOG Dia 7 LOG Dia 14 LOG

7 110 2,04 10 1,00 10 1,00

12 10 1,00 10 1,00 10 1,00

18 10 1,00 10 1,00 10 1,00

23 10 1,00 10 1,00 10 1,00

25 110 2,04 110 2,04 10 1,00

28 110 2,04 10 1,00 10 1,00

42 1960 3,29 310 2,49 10 1,00

55 1960 3,29 410 2,61 110 2,04

N 8 8 8

SOMA 4280,00 15,71 880,00 12,15 180,00 9,04

MÉDIA 535,00 1,96 110,00 1,52 22,50 1,13

Desvio Padrão 880,75 0,95 160,36 0,73 35,36 0,37

Variância 775714,29 0,90 25714,29 0,54 1250,00 0,14

Coef. Variação 164,63 48,45 145,78 48,28 157,13 32,58

APÊNDICE D - Resultado da contagem da carga parasitária do abomaso.

CONTROLE

Nº dos ovinos Haemonchus spp. LOG Ostertagia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

16 160 2,20 350 2,54 120 2,08

38 1140 3,06 230 2,36 50 1,70

44 400 2,60 310 2,49 70 1,85

45 110 2,04 170 2,23 10 1,00

51 260 2,41 210 2,32 120 2,08

57 410 2,61 230 2,36 50 1,70

N 6 6 6

SOMA 2480,00 14,93 1500,00 14,31 420,00 10,40

MÉDIA 413,33 2,49 250,00 2,39 70,00 1,73

Desvio Padrão 376,28 0,36 66,93 0,11 43,36 0,40

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145

Variância 141586,67 0,13 4480,00 0,01 1880,00 0,16

Coef. Variação 91,04 14,35 26,77 4,80 61,94 22,96

GRUPO 1

Nº dos ovinos Haemonchus spp. LOG Ostertagia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

17 10 1,00 330 2,52 10 1,00

26 380 2,58 70 1,85 90 1,95

27 840 2,92 10 1,00 20 1,30

32 530 2,72 20 1,30 40 1,60

49 10 1,00 170 2,23 60 1,78

50 570 2,76 150 2,18 50 1,70

N 6 6 6

SOMA 2340,00 12,98 750,00 11,07 270,00 9,33

MÉDIA 390,00 2,16 125,00 1,85 45,00 1,56

Desvio Padrão 329,67 0,91 119,96 0,59 28,81 0,35

Variância 108680,00 0,82 14390,00 0,34 830,00 0,12

Coef. Variação 84,53 41,97 95,97 31,80 64,02 22,35

GRUPO 2

Nº dos ovinos Haemonchus spp. LOG Ostertagia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

8 40 1,60 160 2,20 50 1,70

10 150 2,18 480 2,68 80 1,90

21 1480 3,17 90 1,95 70 1,85

34 300 2,48 260 2,41 20 1,30

39 10 1,00 110 2,04 30 1,48

47 660 2,82 80 1,90 70 1,85

N 6 6 6

SOMA 2640,00 13,25 1180,00 13,20 320,00 10,07

MÉDIA 440,00 2,21 196,67 2,20 53,33 1,68

Desvio Padrão 561,89 0,80 153,71 0,30 24,22 0,24

Variância 315720,00 0,64 23626,67 0,09 586,67 0,06

Coef. Variação 127,70 36,24 78,16 13,66 45,41 14,33

GRUPO 3

Nº dos ovinos Haemonchus spp. LOG Ostertagia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

13 1250 3,10 20 1,30 100 2,00

15 20 1,30 70 1,85 30 1,48

22 10 1,00 240 2,38 10 1,00

30 160 2,20 30 1,48 90 1,95

33 10 1,00 320 2,51 120 2,08

56 360 2,56 300 2,48 100 2,00

N 6 6 6

SOMA 1810,00 11,16 980,00 11,99 450,00 10,51

MÉDIA 301,67 1,86 163,33 2,00 75,00 1,75

Desvio Padrão 484,21 0,89 138,66 0,53 44,16 0,43

Variância 234456,67 0,78 19226,67 0,28 1950,00 0,18

Coef. Variação 160,51 47,64 84,89 26,61 58,88 24,38

GRUPO 4

Nº dos ovinos Haemonchus spp. LOG Ostertagia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

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146

11 540 2,73 380 2,58 20 1,30

14 20 1,30 40 1,60 10 1,00

19 470 2,67 100 2,00 10 1,00

24 870 2,94 100 2,00 10 1,00

35 1000 3,00 200 2,30 260 2,41

41 10 1,00 20 1,30 20 1,30

N 6 6 6

SOMA 2910,00 13,65 840,00 11,78 330,00 8,02

MÉDIA 485,00 2,27 140,00 1,96 55,00 1,34

Desvio Padrão 414,38 0,88 133,27 0,46 100,55 0,55

Variância 171710,00 0,78 17760,00 0,21 10110,00 0,30

Coef. Variação 85,44 38,88 95,19 23,51 182,82 41,06

GRUPO 5

Nº dos ovinos Haemonchus spp. LOG Ostertagia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

7 1060 3,03 10 1,00 10 1,00

12 10 1,00 10 1,00 10 1,00

18 590 2,77 10 1,00 10 1,00

28 20 1,30 20 1,30 10 1,00

42 640 2,81 10 1,00 10 1,00

55 250 2,40 10 1,00 10 1,00

N 6 6 6

SOMA 2570,00 13,30 70,00 6,30 60,00 6,00

MÉDIA 428,33 2,22 11,67 1,05 10,00 1,00

Desvio Padrão 410,73 0,86 4,08 0,12 0,00 0,00

Variância 168696,67 0,73 16,67 0,02 0,00 0,00

Coef. Variação 95,89 38,59 34,99 11,70 0,00 0,00

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147

APÊNDICE E - Resultado da contagem da carga parasitária do intestino delgado.

CONTROLE

Nº dos ovinos Cooperia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG

16 11920 4,08 690 2,84 30 1,48

38 6060 3,78 440 2,64 10 1,00

44 4240 3,63 2470 3,39 70 1,85

45 15420 4,19 1980 3,30 200 2,30

51 480 2,68 50 1,70 10 1,00

57 18550 4,27 580 2,76 70 1,85

N 6 6 6 6 6 6

SOMA 56670,00 22,62 6210,00 16,63 390,00 9,47

MÉDIA 9445,00 3,77 1035,00 2,77 65,00 1,58

Desvio Padrão 6980,67 0,59 959,43 0,61 71,48 0,52

Variância 48729750,00 0,34 920510,00 0,37 5110,00 0,27

Coef. Variação 73,91 15,57 92,70 21,84 109,98 32,85

GRUPO 1

Nº dos ovinos Cooperia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG

17 5300 3,72 220 2,34 40 1,60

26 2120 3,33 160 2,20 10 1,00

27 120 2,08 20 1,30 10 1,00

32 460 2,66 110 2,04 10 1,00

49 890 2,95 1110 3,05 10 1,00

50 2570 3,41 70 1,85 10 1,00

N 6 6 6 6 6 6

SOMA 11460,00 18,15 1690,00 12,78 90,00 6,60

MÉDIA 1910,00 3,03 281,67 2,13 15,00 1,10

Desvio Padrão 1914,10 0,59 411,70 0,58 12,25 0,25

Variância 3663760,00 0,35 169496,67 0,33 150,00 0,06

Coef. Variação 100,21 19,61 146,17 27,09 81,65 22,34

GRUPO 2

Nº dos ovinos Cooperia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG

8 5280 3,72 220 2,34 10 1,00

10 2070 3,32 130 2,11 110 2,04

21 2430 3,39 10 1,00 10 1,00

34 250 2,40 50 1,70 10 1,00

39 2390 3,38 3190 3,50 10 1,00

47 3310 3,52 1080 3,03 10 1,00

N 6 6 6 6 6 6

SOMA 15730,00 19,72 4680,00 13,69 160,00 7,04

MÉDIA 2621,67 3,29 780,00 2,28 26,67 1,17

Desvio Padrão 1646,82 0,46 1245,79 0,90 40,82 0,43

Variância 2712016,67 0,21 1552000,00 0,81 1666,67 0,18

Coef. Variação 62,82 13,96 159,72 39,55 153,09 36,23

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148

GRUPO 3

Nº dos ovinos Cooperia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG

13 11310 4,05 430 2,63 20 1,30

15 10 1,00 10 1,00 10 1,00

22 740 2,87 650 2,81 20 1,30

30 910 2,96 750 2,88 10 1,00

33 140 2,15 830 2,92 10 1,00

56 1770 3,25 10 1,00 10 1,00

N 6 6 6 6 6 6

SOMA 14880,00 16,28 2680,00 13,24 80,00 6,60

MÉDIA 2480,00 2,71 446,67 2,21 13,33 1,10

Desvio Padrão 4371,32 1,04 363,85 0,94 5,16 0,16

Variância 19108400,00 1,08 132386,67 0,88 26,67 0,02

Coef. Variação 176,26 38,39 81,46 42,59 38,73 14,13

GRUPO 4

Nº dos ovinos Cooperia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG

11 7510 3,88 60 1,78 10 1,00

14 110 2,04 60 1,78 10 1,00

19 1540 3,19 10 1,00 20 1,30

24 870 2,94 370 2,57 10 1,00

35 5360 3,73 600 2,78 10 1,00

41 3860 3,59 810 2,91 10 1,00

N 6 6 6 6 6 6

SOMA 19250,00 19,36 1910,00 12,81 70,00 6,30

MÉDIA 3208,33 3,23 318,33 2,14 11,67 1,05

Desvio Padrão 2877,83 0,68 332,35 0,74 4,08 0,12

Variância 8281896,67 0,46 110456,67 0,55 16,67 0,02

Coef. Variação 89,70 20,98 104,40 34,69 34,99 11,70

GRUPO 5

Nº dos ovinos Cooperia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG

7 10 1,00 10 1,00 10 1,00

12 70 1,85 20 1,30 10 1,00

18 40 1,60 30 1,48 10 1,00

28 10 1,00 20 1,30 10 1,00

42 1310 3,12 10 1,00 10 1,00

55 340 2,53 10 1,00 10 1,00

N 6 6 6 6 6 6

SOMA 1780,00 11,10 100,00 7,08 60,00 6,00

MÉDIA 296,67 1,85 16,67 1,18 10,00 1,00

Desvio Padrão 511,92 0,85 8,16 0,21 0,00 0,00

Variância 262066,67 0,72 66,67 0,04 0,00 0,00

Coef. Variação 172,56 45,74 48,99 17,57 0,00 0,00

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149

APÊNDICE F - Resultado da contagem da carga parasitária total do intestino grosso.

CONTROLE

Nº dos ovinos Oesophagostomun spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

16 60 1,78 10 1,00

38 30 1,48 30 1,48

44 10 1,00 10 1,00

45 180 2,26 20 1,30

51 150 2,18 10 1,00

57 10 1,00 10 1,00

N 6 6 6 6

SOMA 440,00 9,69 90,00 6,78

MÉDIA 73,33 1,61 15,00 1,13

Desvio Padrão 73,94 0,55 8,37 0,21

Variância 5466,67 0,31 70,00 0,04

Coef. Variação 100,82 34,23 55,78 18,46

GRUPO 1

Nº dos ovinos Oesophagostomun spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

17 290 2,46 30 1,48

26 310 2,49 10 1,00

27 10 1,00 10 1,00

32 110 2,04 10 1,00

49 10 1,00 10 1,00

50 10 1,00 10 1,00

N 6 6 6 6

SOMA 740,00 10,00 80,00 6,48

MÉDIA 123,33 1,67 13,33 1,08

Desvio Padrão 142,36 0,75 8,16 0,19

Variância 20266,67 0,56 66,67 0,04

Coef. Variação 115,43 44,82 61,24 18,04

GRUPO 2

Nº dos ovinos Oesophagostomun spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

8 2630 3,42 20 1,30

10 340 2,53 130 2,11

21 670 2,83 20 1,30

34 120 2,08 10 1,00

39 10 1,00 20 1,30

47 130 2,11 10 1,00

N 6 6 6 6

SOMA 3900,00 13,97 210,00 8,02

MÉDIA 650,00 2,33 35,00 1,34

Desvio Padrão 997,78 0,82 46,80 0,41

Variância 995560,00 0,67 2190,00 0,17

Coef. Variação 153,50 35,17 133,71 30,58

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150

GRUPO 3

Nº dos ovinos Oesophagostomun spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

13 1310 3,12 50 1,70

15 10 1,00 10 1,00

22 40 1,60 10 1,00

30 160 2,20 60 1,78

33 10 1,00 10 1,00

56 20 1,30 10 1,00

N 6 6 6 6

SOMA 1550,00 10,22 150,00 7,48

MÉDIA 258,33 1,70 25,00 1,25

Desvio Padrão 518,36 0,83 23,45 0,38

Variância 268696,67 0,68 550,00 0,15

Coef. Variação 200,66 48,47 93,81 30,67

GRUPO 4

Nº dos ovinos Oesophagostomun spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

11 420 2,62 70 1,85

14 60 1,78 10 1,00

19 20 1,30 10 1,00

24 30 1,48 10 1,00

35 10 1,00 10 1,00

41 260 2,41 10 1,00

N 6 6 6 6

SOMA 800,00 10,59 120,00 6,85

MÉDIA 133,33 1,77 20,00 1,14

Desvio Padrão 168,72 0,64 24,49 0,35

Variância 28466,67 0,41 600,00 0,12

Coef. Variação 126,54 36,20 122,47 30,24

GRUPO 5

Nº dos ovinos Oesophagostomun spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG

7 10 1,00 10 1,00

12 10 1,00 10 1,00

18 10 1,00 10 1,00

28 10 1,00 10 1,00

42 10 1,00 10 1,00

55 10 1,00 10 1,00

N 6 6 6 6

SOMA 60,00 6,00 60,00 6,00

MÉDIA 10,00 1,00 10,00 1,00

Desvio Padrão 0,00 0,00 0,00 0,00

Variância 0,00 0,00 0,00 0,00

Coef. Variação 0,00 0,00 0,00 0,00

APÊNDICE G – Resultado da pesagem dos animais.

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151

CONTROLE CHEGADA 21/mai DIA 0 18/jun DIA 14 2/jul

Nº dos animais Peso (kg) Peso (kg) Peso (kg)

16 22,00 24,00 24,00

36 22,00 24,50 25,50

38 23,00 29,00 30,00

44 34,00 37,00 39,50

45 24,00 29,00 28,50

51 24,00 25,00 27,00

57 27,00 23,50 25,00

59 24,00 27,50 29,00

N 8,00 8,00 8,00

SOMA 200,00 219,50 228,50

MÉDIA 25,00 27,44 28,56

Desvio Padrão 3,96 4,44 4,89

Variância 0,16 0,20 0,24

Coeficiente de Variação 15,86 16,20 17,11

GRUPO 1 CHEGADA 21/mai DIA 0 18/jun DIA 14 2/jul

Nº dos animais Peso (kg) Peso (kg) Peso (kg)

17 23,50 23,00 23,50

26 26,00 32,00 33,50

27 18,50 17,00 18,50

32 19,00 23,00 24,00

46 20,00 22,50 23,50

49 18,50 25,00 25,00

50 22,00 24,50 24,00

53 29,00 26,00 28,00

N 8,00 8,00 8,00

SOMA 176,50 193,00 200,00

MÉDIA 22,06 24,13 25,00

Desvio Padrão 3,87 4,18 4,31

Variância 0,15 0,18 0,19

Coeficiente de Variação 17,53 17,33 17,24

GRUPO 2 CHEGADA 21/mai DIA 0 18/jun DIA 14 2/jul

Nº dos animais Peso (kg) Peso (kg) Peso (kg)

4 24,00 25,00 25,50

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152

8 20,50 23,50 24,50

10 21,50 23,50 25,00

21 23,50 24,50 24,00

34 20,00 21,00 22,50

39 23,50 27,00 24,50

47 22,00 23,50 25,50

54 25,50 26,00 28,00

N 8,00 8,00 8,00

SOMA 180,50 194,00 199,50

MÉDIA 22,56 24,25 24,94

Desvio Padrão 1,88 1,83 1,57

Variância 0,04 0,03 0,03

Coeficiente de Variação 8,33 7,56 6,29

GRUPO 3 CHEGADA 21/mai DIA 0 18/jun DIA 14 2/jul

Nº dos animais Peso (kg) Peso (kg) Peso (kg)

13 22,00 24,50 25,50

15 21,00 25,50 23,00

22 26,00 27,50 27,50

30 21,50 25,00 23,50

33 24,00 28,00 29,50

37 23,50 26,00 27,50

40 31,50 36,50 38,50

56 26,00 28,00 28,50

N 8,00 8,00 8,00

SOMA 195,50 221,00 223,50

MÉDIA 24,44 27,63 27,94

Desvio Padrão 3,43 3,83 4,85

Variância 0,18 0,15 0,24

Coeficiente de Variação 14,02 13,88 17,36

GRUPO 4 CHEGADA 21/mai DIA 0 18/jun DIA 14 2/jul

Nº dos animais Peso (kg) Peso (kg) Peso (kg)

11 21,50 28,00 30,00

14 26,00 30,00 31,00

19 22,00 28,00 29,50

24 24,00 26,50 27,50

35 20,50 18,00 21,00

Page 154: AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS · faculdade de veterinÁria programa de pÓs-graduaÇÃo em ciÊncias veterinÁrias avaliaÇÃo “in vivo” da aÇÃo

153

41 26,00 28,00 28,50

43 26,00 27,00 26,00

48 23,50 28,00 29,00

N 8,00 8,00 8,00

SOMA 189,50 213,50 222,50

MÉDIA 23,69 26,69 27,81

Desvio Padrão 2,20 3,65 3,15

Variância 0,05 0,13 0,10

Coeficiente de Variação 9,30 13,69 11,33

GRUPO 5 CHEGADA 21/mai DIA 0 18/jun DIA 14 2/jul

Nº dos animais Peso (kg) Peso (kg) Peso (kg)

7 28,00 29,00 31,00

12 24,00 27,00 29,50

18 23,50 27,50 26,50

23 26,00 27,50 29,00

25 21,50 24,50 26,00

28 21,00 31,50 34,00

42 20,50 21,50 24,00

55 22,50 22,50 24,00

N 8,00 8,00 8,00

SOMA 187,00 211,00 224,00

MÉDIA 23,38 26,38 28,00

Desvio Padrão 2,59 3,35 3,52

Variância 0,07 0,11 0,12

Coeficiente de Variação 11,07 12,69 12,56