correspondance magazine - issue 03

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M A G A Z I N E ® Château La Coste | Cézanne | Yannick Alléno Paris Arte + Design | Boucheron | Arik Levy CORRE PONDANCE S CORRE PONDANCE S MAGAZINE CHÂTEAU LA COSTE | CÉZANNE | YANNICK ALLÉNO PARIS ARTE + DESIGN | BOUCHERON | ARIK LEVY EDIÇÃO 003 ®

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Correspondance Magazine - Special Château La Coste - Yannick Alléno - Paris Art + Design - Boucheron - Arik Levy and others...

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m a g a z i n e ®

Château La Coste | Cézanne | Yannick Alléno Paris Arte + Design | Boucheron | Arik Levy

corre pondances

corre pondances

MaGaZInechâteau La coste | céZanne | YannIck aLLéno parIs arte + desIGn | Boucheron | arIk LevY

edIção 003®

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VIAGEM004 | Cartão Postal | Château la Coste

- Passeando entre vinhedos e obras de arte

010 | esCala | Cézanne - Visitando o atelier do artista

012 | embarque imediato - Paris arte + design

018 | destino | londres, Paris... - hotéis com design sofisticado

024 | Visita especial - mostras, eventos, hotéis...

ROTEIRO030 | gastronômiCo | YanniCk alléno

- Toureiro da cozinha

034 | bagagem Cultural | arik léVY - um artista escultor

036 | noVos horizontes | luxo- 1.618 Sustainable Luxury

038 | Viajantes | josePh dirand- Projetos minimalistas

042 | souVenir | acessórios - seleção exclusiva

CONEXÃO044 | Carimbo | mathias kiss

- Designer intergalático

048 | estilo | exPosição- a moda de plumas

052 | atelier | Camille jaCquemin- aprendiz de de artista

056 | PassaPorte | bouCheron- saga familiar

059 | correspondência | Mauricio claVero- relato intimista de um viajante

Conteúdo

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Classicismo e modernidade, rigor do desenho, formas simples, linhas limpas, volumes completos, jogo inteligente de luz e sombra, delicadeza na modelagem, construção de energias, elegância do projeto, maciez paradoxal do

material... Vou me apropriar dessa bela sequência descritiva do escritor André Comte-Sponville para apresentar os personagens dessa edição que correspondem à descrição acima. O artista Arik Levy, o Chef Yannick Alléno, o designer Mathias Kiss, o arquiteto de interiores Joseph Dirand, a artista Camille Jacquemin, o diretor de arte Mauricio Clavero Kozlowski, sem mencionar, os vários artistas e arquitetos que transformaram o Château La Coste, na Provence, num verdadeiro Éden das Artes. Por tudo isso, acreditamos que nada substitui o talento e nossa missão nesta publicação é mostrar esses personagens fascinantes que nos fazem descobrir novos mundos com suas ideias fantásticas. Espero encontrar vocês nas próximas viagens do Correspondance Magazine® e que bons ventos nos guiem rumo a esse novo destino!

Um grande abraço,

Marilane Borges

Capa desta edição: Obra “Crouching Spider 6695”, de Louise Bourgeois, exposta no espelho de água na entrada do Château La Coste, no vilarejo de Puy-Sainte-Réparade, próximo à Aix-en-Provence, em imagem clicada por Christian Nouzillet.

Colaboradores: Anna Rosa Thomae, Aude Nouailhetas, Bérénice de Beaucé, Cécile Durieux, Clémence Broustine, David Flamée, Emmanuelle Gillardo, Emilie Bonaventure, Florence Le Moing, Isabelle Texier, Ismael Goldsztejn-Seck, Kostas Panagakis, Lucie-Anne Radimsky, Mara Lefavrais, Marika Bekier, Marion Bizet, Nicola Amos, Nick Gilbert, Pauline Brillouet, Pauline Lacoste, Prescillia Tandu, Virginie Costa.

Correspondance Magazine® é uma publicação independente, produzida em língua portuguesa por uma equipe internacional de profissionais baseados na Europa e distribuída com exclusividade no Brasil através de mailing especializado. Para quaisquer informações, comentários ou sugestões, enviar mensagem para [email protected]

Editorial

Editora-ChEfE - MarilanE [email protected]

dirEção dE artE - diEgo [email protected]

[email protected]

[email protected]

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Château La Coste

J ean Nouvel, Frank Gehry, Tadao Ando, Andy Goldsworthy, Richard Serra, Renzo Piano ou ainda os brasileiros Oscar Niemeyer e Tunga assinam obras singulares semeadas nos cerca de 200 hectares

do Château La Coste, em Puy-Sainte-Réparade, vilarejo situado à alguns quilômetros de Aix-en-Provence, no sul da França. Logo na chegada, uma aranha gigante de Louise Bourgeois repousa tranquila num espelho de água como se espreitasse os visitantes, esse é o cartão de visitas do Château La Coste, criado pelo irlandês Patrick McKillen e inaugurado em junho de 2011.. Plantadas aos pés das colinas que levam à capela de Saint-Gilles, as vinhas de chardonnay e cabernet sauvignon revelam grandes obras, oferecendo sombra entre carvalhos e castanheiras como abrigo aos visitantes, que caminham entre criações grandiosas. Do centro das artes, edifício desenhado pelo arquiteto japonês Tadao Ando, pode-se apreciar o móbile “Small Crinkly”, de Alexandre Calder, que dança ao vento dando as boas-vindas aos visitantes.

Alinhavando caminhos entre fileiras de vinhas e oliveiras, cruza-se pontes e muros de pedra ou ainda antigas seções galo-romanas de paralelepípedos que escondem outras obras de arte. No alto de um dos morros, o artista brasileiro Tunga construiu um portal composto por um arco de pedra,

rodeado pela bela natureza vitícola cultivada desde à época galo-romana, o local transformou-se num verdadeiro éden das artes plásticas

TexTo Marilane Borges | Imagens christian nouzillet

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de uma pedreira da região de Rognes, suspensa por um sólido ferro forjado, um enorme prisma de quartzo rosa da Amazônia peruana. Esse portal, uma escultura onde cada parte tem uma estrutura e vários elementos foram ligados ou suspensos através de um sistema de ferragens. Quando o visitante sobe o morro, o primeiro elemento que se vê à sua direita é um grande pedaço de quartzo suspenso. No outro lado, pequenos pedaços de quartzo dentro de uma limalha de ferro, nitidamente organizados. Em meio a um bosque, o pintor irlandês Guggi posou uma tigela colossal de bronze como uma oferenda. O título de sua escultura, calix meus inebrians “Meu copo me torna bêbado”, foi inspirado num versículo do Salmo 22 da Bíblia, que faz referência à vinificação feita no Château La Coste e sua relação com a história antiga. Depois de contornar um muro de pedras empilhadas, desce-se uma escadaria que leva ao subterrâneo, onde encontra-se a “Oak Room” do artista britânico Andy Goldsworthy. O contraste entre a luz natural externa e a ausência de luz no interior parece cegar os visitantes mas, depois de alguns minutos, os olhos acostumam-se progressivamente a essa escuridão e o segredo da trama, como um ninho de pássaro de grandes dimensões, desse tabernáculo subterrâneo pode ser percebido em toda a sua delicadeza, composto inteiramente de longos troncos entrelaçados.

Cercado por florestas de carvalhos e pomares de amêndoas o passeio é pastoral e cheio de mistérios, o visitante depara-se com uma matilha de raposas esculpidas em bronze, estrategicamnte escondidas entre as árvores dessa encosta. Essa é a proposta de Michael Stipe, membro-fundador e vocalista da banda REM, que forjou uma matilha de raposas esculpidas em bronze em alusão à fábula “A raposa e as uvas”  atribuída à

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Esopo e reescrita por Jean de La Fontaine. Numa encosta arborizada o inglês Liam Gillick assina uma instalação que não é nem arquitetura nem escultura, ou talvez sejam os dois ao mesmo tempo. Com “Multiplied Resistance Screened”, Gillick transmite numa linguagem familiar e através de formas simples, um exercício lúdico composto do deslizamento de entreliças metálicas e coloridas, que podem ser manipuladas à vontade. As várias combinações de cores criam um belo jogo gráfico como um arco-íris vertical.

Fazer um passeio ao ar livre e se deparar em cada quilômetro com obras inusitadas, como uma cruz em cristal de murano

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de Jean-Michel Othoniel, ou “The Drop”, de Tom Shannon, escultura redonda em aço inoxidável como uma gota gigante de mercúrio levitando na ausência de gravidade reflete a paisagem ao redor em 360°. No outro lado do campo, enormes placas de metal enferrujado, como lâminas de barbear, cortam a encosta em três formatos e alturas diferentes. Intitulado “Aix”, do escultor americano Richard Serra, elas revelam o caráter da topografia e seus complexos meandros. Mais discreta, “Wall of Light Cubed”, do inglês Sean Scully, é um paralelepípedo de calcário cinza e mármore rosa avermelhado em formato cubóide, que faz referência às suas pinturas, se impõe simplesmente pelo seu peso de mil toneladas. Mais ao longe, o arquiteto Frank Gehry construiu um pavilhão dedicado à música em madeira e vidro com excelente e agradável acústica. A construção, entre ousada e intimidante à primeira vista, adequa-se em perfeita harmonia à natureza ao redor e não há como ficar indiferente a essa paisagem provençal pontuada de vinhas com alinhamento elegante.

www.chateau-la-coste.com

cartão postal | 08

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Na casa de Cézanne

É uma casa simples, até mesmo comum. Na entrada, um jardim sem grandes ornamentos acolhe mesas e bancos dispostos embaixo de árvores, usados

pelos visitantes que esperam o momento de subir para visitar o atelier de Paul Cézanne (1839-1906). À entrada, logo à esquerda, uma livraria rende homenagem ao dono do local com reproduções de suas pinturas. Ao subir as estreitas escadas, uma pequena sala no primeiro andar, atrai o olhar. O janelão de vidro que preenche completamente um dos cantos da sala ilumina tudo ao redor mas o sentimento que fica é a nítida sensação de que o pintor ainda está por lá. Todos os seus instrumentos de trabalho encontram-se dispostos sobre a mesa, seus casacos ainda manchados de tinta estão pendurados na parede, as pontas dos pincéis ressecadas pelo tempo e as frutas em estado de composição. Tudo aparece artisticamente imóvel nesse lugar em que nos sentimos parte da obra do autor e onde repousa uma forte energia criativa. É como se Cézanne tivesse apenas feito uma pausa. A impressão é que, a qualquer momento, ele vai voltar, dar continuidade a uma de suas criações e que podemos observá-lo executar seus quadros. Nos dias de inverno ou chuvosos, Cézanne ficava aqui, em seu ateliê, procurando inspiração em meio ao silêncio desses objetos familiares, que se tornaram modelos de suas naturezas-mortas. Ele testava tonalidades em vasos, garrafas, flores de papel ou de pano, frutas. Tudo servia para guiar o olhar do mestre, cujas obras nos emocionam com suas pinceladas coloridas.

www.atelier-cezanne.com

localizado em aix-en-Provence, o atelier do artista é um lugar

de serena contemplação

TexTo Marilane Borges | Imagens christian nouzillet

escala | 10

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De 27 a 30 de março importantes galerias vindas de vários horizontes apresentam no Jardim das Tulherias, em Paris, as mais exigentes aspirações estéticas das artes plásticas. Para

os colecionadores apaixonados por objetos seletivos o Paris Art + Design, PAD, é um evento imperdível onde galeristas, artistas e peças únicas dialogam entre si com as artes decorativas dos séculos 19 e 20, o design contemporâneo, objetos primitivos, artesanato, joalheria, cerâmica, entre outros. O magnetismo do PAD é que cada um dos seus participantes e, entre eles, personalidades mercantes, são completamente envolvidos com o desejo de encantar o cliente com uma

coleção pessoal exclusiva e eclética. O intuito do PAD é de firmar um pacto com os tempos modernos para oferecer um ambiente íntimo para quem, envolvido pela herança histórica e movido pela paixão, elegeu as artes decorativas e o design como a menina dos olhos de suas coleções. Nesta edição os expositores oferecem um panorama relevante com especialidades que ilustram a versatilidade do PAD, através dos novos representantes do design contemporâneo, Torri, da França, e SMOGallery, do Líbano, do mobiliário do século 20, representado por Alexandre Guillemain, da França, e das Artes Decorativas de Fitzgerald Fine Arts, dos Estados Unidos, e Finch & Co, da Inglaterra.

Paris Arte + Design

em menos de 20 anos, o Pad conquistou Paris, londres e los angeles passando a figurar no calendário dos grandes eventos artísticos internacionais

TexTo Marilane Borges

eMBarque iMediato | 12

acima, Chaise longue em jacarandá, de Joaquim tenreiro, exclusividade da galeria James, em Paris.na página ao lado, estátua de Buda em arenito da primeira metade do século 12 e, na parede desenho à lápis em papel vegetal, de andré Masson, obras da galeria Jean-françois Cazeau.

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eMBarque iMediato | 15

A cada edição Paris Art +Design se mantém constantemente atenta ao movimento do mercado artístico e os galeristas, curiosos e visionários, se empenham em mostrar o que há de mais interessante nas artes decorativas dos séculos 20 e 21. Para este ano, um dos pontos altos do evento fica por conta do mobiliário, assinado por Carl Hörvik, que pode ser apreciado na galeria Modernity. Essas peças foram apresentadas pela primeira vez na França, no hall do Pavilhão Sueco, durante a Exposição Internacional das Artes Decorativas de Paris, nos idos de 1925. Outra curiosidade é o vaso de cristal preto Baccarat, inédito no mercado, e em exposição no Atelier DL.

Como todos os anos, Moët Hennessy é um dos incentivadores do Prêmio

na página ao lado: no alto, Measuring space #2/2 peça única de Eske rex, instalada na galeria Maria Wettergren e, abaixo, peça Kubo, de rasmus fenhann, da mesma galerista. nesta página: em cima, à esquerda, lustre de Marie Munier-Vyoma, da sMogallery, à direita, vaso de Pierre soulages exclusividade do stand sèvres - Cité de ia Céramique, embaixo tea trolley model 901, de alvar aalto for artek, peça da galeria Modernity.

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eMBarque iMediato | 16

Paris Art + Design e faz, à cada edição, uma nova doação às coleções do Museu das Artes Decorativas de Paris. O júri, presidido pelo arquiteto Jean-Michel Wilmotte, conta com um painel de colecionadores, críticos, curadores, arquitetos e designers de interiores que conferem os prêmios Design e Artes Decorativas do século 20 aos participantes. O HSBC, parceiro do PAD, confirma seu compromisso com a criação contemporênea e, para esta edição, nomeou Mathias Kiss. O artista, que recebeu carta branca, criou uma cenografia inusitada de 10m, batizada de “Alphe” e ocupa a metade de uma sala. Uma instalação imersiva com arranjos de espelhos em ângulos direitos, inspirados nos anos 1930 e 1940, que promete atrair a atenção do público.

www.pad-fairs.com

no alto: Espelho escultural, da artista Carol Egan, representada pela galeria Béatrice saint laurent. abaixo, par de console de três pés da galeria Chanan.

Na página ao lado: duas obras do artista Fred Eerdekens. Em cima, Still, árvore artificial e, abaixo, instalação glad to be a gentleman but sad to be screwed again, ambas da galeria Pascal lansberg.

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ThE GORING é O hOTEl dA REAlEzA. A Rainha Elisabeth II é uma habitué e recebe convidados oficiais nesse hotel que fica no coração do bairro de Belgravia, próximo ao Palácio de Buckingham, e foi daqui que Kate Middleton saiu vestida de noiva para o seu casamento. The Goring é um dos poucos hotéis na Inglaterra que possuem o mandato para usar a legendária insígnia “By Appointment” e exibir o brasão real em produtos como artigos de papelaria, anúncios e outros materiais impressos em suas instalações e nos seus veículos.

há MAIs dE 105 ANOs A fAMílIA GORING está instalada com seu hotel que cota com localização privilegiada nos arredores do Palácio de Buckingham. Construído em 1910, o último hotel a ser construído durante o reinado do rei Eduardo VII, The Goring é gerido pela mesma família. A propriedade, tipicamente britânica, já foi palco de convidados reais, uma vez que abriu as suas portas para as coroações de George VI e da rainha Elisabeth II. Os herdeiros do The Goring se orgulham em oferecer os mais elevados níveis de hospitalidade tanto para aos súditos reais como para os clentes que são tratados da mesma froma que a realeza.

sEus 69 quARTOs fORAM CONCEbIdOs individualmente. Algumas suítes tem vista para o jardim e oferecem todas as excentridades de uma casa de campo inglesa. Por exemplo, todos os quartos tem ovelhas de madeira, camas de dorsel e uma decoração recheada de toques de extravagância que funcionam bem no contexto de um hotel centenário. Afinal, The Goring construiu sua reputação tanto pela sua localização, quanto pelo seu atendimento atencioso e impecável, portanto, nada mais natural que a decoração reflita os valores de uma residência familiar.

ThE GORING sERVE O sEu TRAdICIONAl Chá dA TARdE por mais de 100 anos. Como faz parte da cultura britânica apreciar esse momento especial, prepare-se para saboreá-lo da melhor maneira posível. O chá da tarde é uma experiência tipicamente inglesa que pede um certo domínio das regras para se degustar uma pilha de sanduíches, biscoitos caseiros, bolos variados, cremes e compotas e os deliciosos chás, como só os deuses das bebidas quentes sabem servi-lo. O ambiente contribui para esse momento de imersão cultural: servido numa sala dourada ao lado de uma lareira, com imagens da fauna e da flora do país, a impressão que se tem é de estar vivendo um momento histórico. Enjoy!

Londres

www.thegoring.com

destino | 18

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ParisO hOTEl dO COllECTIONNEuR COM sEu EsTIlO Art Déco, seu piso em mármore e sua gigantesca escadaria transportam imediatamente os hóspedes para uma atmosfera que evoca os luxuosos transatlânticos. Nesse momento, onde a viagem imaginária parece começar, é como se Leonardo DiCapprio e Kate Winslet fossem a qualquer momento aparecer nas escadarias para dar as boas-vindas aos visitantes. Tal qual uma sequência de filme, aqui, o cliente é sempre surpreendido e envolvido numa atmosfera dos anos 1930.

sITuAdO NuM dOs bAIRROs MAIs fAMOsOs de Paris, na rue des Courcelles, à algumas centenas de metros do Arco do Triunfo, a imaginação é o grande valor agregado de quem se hospeda no hotel do Collectionneur, que evoca um passado onde a beleza dos monumentos tinham uma grande impressão estética. Os proprietários, inspirados pelos arquivos do brilhante arquiteto Jacques-Emile Ruhlmann, decidiram reproduzir um ambiente suntuoso como o encontrado nos grandes navios, tal qual o Normandie, fazendo com que o hóspede se sinta um viajante do tempo.

EssE 5 EsTRElAs EsCulpIdO E dEsENhAdO pela história que remonta ao passado glorioso das grandes Exposições Universais, é cercado por uma vizinhança que faz a fama desse chique bairro parisiense. Nos arredores, belas mansões que pertenciam aos tradicionais clãs franceses, como os Rothschilds, a família Camondo e onde Jacques-Emile Ruhlmann, tinha seu estúdio. Suas suítes com terraços privados com vista para a Torre Eiffel faz com que o cliente se sinta numa viagem de imersão nos monumentos históricos da Cidade Luz, revivendo a elegância cheia de refinamento dos anos 1930.

dECORAdO COM EsMERO E MuITAs ObRAs dE ARTE, esculturas, consoles, cadeiras de bronze, mosaicos e afrescos, o hotel do Collectionneur tem um dos maiores espaços verdes internos dentro de um hotel, um pátio andaluz de 800 metros quadrados. Com mesas distribuídas entre plantas e roseiras, esse é um dos lugares mais disputados no verão para se tomar um drinque ou jantar à luz de velas. Verdadeiro refúgio dentro da cidade e intimamente protegido pela natureza, esse oásis de verdura é um dos pontos fortes do hotel.

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www.hotelducollectionneur.comCorresPondanCe magazine

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Nova YorkNOMAd EVOCA A ARTE dE VIAjAR INCóGNITO, uma das premissas desse hotel novaiorquino, que apostou na cultura dos viajantes modernos para criar em seus espaços mundos diferentes e atmosferas harmonizadas pela cool atitude americana. Com uma pitada de sotaque aristocrático graças a sua fachada em estilo Haussmanniano, o designer de interiores, o parisiense Jacques Garcia soube destilar no projeto a desenvoltura dos americanos da Broadway e a sofisticação francesa. Como resultado, a decoração rende uma verdadeira homenagem ao espírito do bairro onde o NoMad está situado, em Madison Park.

COM sEu EsTIlO ElEGANTE E suA ATMOsfERA de boutique-hotel, o grande diferencial do NoMad são suas instalações convidativas e tão ecléticas quanto o público que o frequenta. Nos salões, sofás e poltronas confortáveis fazem companhia à alcovas e átrios que ficam ao redor da lareira, o centro de todas as atenções, sobretudo, quando as temperaturas caem bruscamente em Nova York. Mas a atração do local é uma majestosa biblioteca de dois andares com escada em colimação, um convite irrecusável para bibliófilos e epicuristas, que podem passar horas descobrindo os tesouros secretos desse espaço.

Os REsTAuRANTEs dO NOMAd, ORquEsTRAdOs pelo Chef Daniel Humm e pelo restaurateur Will Guidara faz com que o movimento de entradas e saídas do hotel seja intenso. Na verdade, esse sucesso se deve, entre outros, pelos menus elaborados por Humm e distribuídos nas cinco salas no térreo. Um espaço que comporta os diferentes restaurantes e o bares com seu fabuloso mobiliário com estantes e banquetas mohair, cadeiras de couro e pisos de madeira recuperada, que dão uma sensação autenticamente acolhedora.

O NOMAd é pONTO dE ENCONTRO COM O pROjETO que privilegiou ambientes tão diferentes quanto os bairros que o cercam: Soho, Greenwich e Meatpacking. Aqui, os cardápios dos seus bares e restaurantes propõem fórmulas variadas, que podem ser apreciadas em algum dos vários ambientes. Quem quiser apenas tomar um coquetel sob medida ou saborear um lanche, é possível fazê-lo na biblioteca acomodado em confortáveis poltronas. Para quem está procurando algo mais íntimo para degustar um dos vinhos franceses, há o Parlour, um espaço mais discreto com decoração vitoriana, onde os jantares ou encontros tête à tête são aconselháveis.

www.thenomadhotel.com

destino | 22

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Em sua segunda edição americana, que acontece de 25 a 27 de abril, paris photo los angeles será sediada nos históricos estúdios da Paramount Pictures. O lugar não poderia ser mais adequado para apresentar quase uma centena de galerias especialmente dedicadas à exibir um amplo panorama de obras dos artistas dos séculos 20 e 21. www.parisphoto.com/losangeles

Até 29 de junho, o Museu do Luxemburgo, em Paris, rende homenagem à Joséphine, esposa de Napoleão Bonaparte. Através de uma cenografia intimista os visitantes podem conhecer essa mulher moderna, que gostava de música, jardinagem e viagens. www.museeduluxembourg.fr

O videoasta Bill Viola ganha retrospectiva no Grand Palais, em Paris, e impressiona pelo poder de suas imagens tanto móveis quanto imóveis. A passagem do tempo, a vida e a morte, a presença e a ausência, o visível e o invisível, tudo está lá, artísticamente. Até 21 de julho. www.grandpalais.fr

Visita especial | 24

todos os meses faremos uma seleção de exposiçõ eventos e lugares interessantes que visitamos para indicar aos

nossos leitores globetrotters

TexTo Marilane Borges

Mostras & Eventos

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Os americanos Lázaro Hernandez e Jack McCollough, designers da marca proenza schouler são as estrelas do Bon Marché. Eles criaram uma coleçao cápsula com peças exclusivamente vendidas nas lojas de departamentos parisiense. www.lebonmarche.com

Vilebrequin se associou à pinel & pinel para criar uma maleta em couro de bezerro e acabamento acetinado em ouro. O objeto ideal para o guardar as roupas de banho desta marca que existe desde a década de 1970, em Saint-Tropez. www.pineletpinel.com

A reedição do city guide louis Vuitton, versão 2014, festeja 15 anos. Quem ganha presente é o leitor com uma seleção eclética de endereços em 15 cidades do mundo, inclusive, São Paulo e Rio de Janeiro.

Visita especial | 26

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A quarta loja da ligne roset, situada no número 68 da rue Réaumur, Paris 03, foi inaugurada no final do ano com um estilo demolição Street Art. A ideia genial foi do estúdio Louis Morgan, uma instalação criativa que virou o atrativo da butique e promete se tornar parte da decoração.

Rose Bakery convidou a designer de interiores emilie Bonaventure para desenhar sua sala de chás de 160m² localizada no segundo andar do Bon Marché. O resultado reflete a os conceitos criativos da decoradora, que soube aproveitar dos espaços arredondados para criar nichos aconchegantes e iluminados. www.be-attitude.net

choux d’enfer, imaginado por Alain Ducasse e Christophe Michalak, é o novo point gastronômico de Paris. Localizado próximo à Torre Eiffel, esse quiosque de doçuras promete competir com as filas da Dama de Ferro. Cruzamento da rua Jean Rey e do Quai Branly.

Lugares

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poseidonion grand hotel comemora 100 anos em 2014 com festas e eventos para deixar registrado na história todo o charme que o manteve como um dos hotéis mais apreciados na ilha de Spetses, no coração da Riviera grega, à 54 milhas náuticas de distância de Atenas. Sua arquitetura é uma referência cheia de homenagem aos hotéis da Côte d’Azur, como o Negresco e o Carlton. Das suas suítes com vista panorâmica é possível avistar o Porto de Dápia e o Golfo Argosarônico. O lugar é ideal para uma temporada em dolce farniente. www.poseidonion.com

Hotel

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Perfumes

les liquides imaginaires, de Philippe Di Méo, são águas perfumadas simbólicas com um forte poder emocional ou sagrado. liquides - 09, rue de normandie, paris 3.

sisleÿa global anti-age extra-riche com sua fórmula anti- envelhecimento cuida da pele com nutrientes essenciais para o bom funcionamento do metabolismo celular. www.sisley-paris.com

Vaara, uma fragrância inspirada nos marajás criada pela perfumaria britânica Penhaligon’s. www.penhaligons.com

Estilista homenageado do Museu das Artes Decorativas de Paris, dries Van noten, agora tem seu próprio perfume criado por Frédéric Malle. À venda nas butiques do estilista e nas lojas Éditions de parfums. www.fredericmalle.com

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O terroir parisiense está para Yannick Alléno assim como o alimento está para os famintos. Ele valoriza como nenhum outro Chef toda a variedade

da riqueza gastronômica da França e, com esse conhecimento adquirido, ele desenvolve receitas compostas com produtos naturais que são distribuídas ao redor do mundo, onde estão espalhados seus restaurantes. Em seu discurso Yannick Alléno, 46 anos, enfatiza que “o terroir parisiense é mais do que a agricultura, é um estado de espírito. Em minhas pesquisas descobri que o primeiro restaurante nasceu em Paris na rue des Poulies, atualmente rue du Louvre, em 1765, localizado perto do Les Halles, coração da capital,” relata Alléno. “Como estou em Paris relacionei com um amigo, especializado em gastronomia, uma lista de produtos tipicamente parisienses. Foi assim que a ideia de trabalhar com produtos oriundos da região Île-de-France surgiu,” conclui.

A carreira de Yannick Alléno assemelha-se a de um toureiro que se move agilmente motivado pela ambição de se superar diariamente. Essa determinação o levou a galgar todos os postos na cozinha e à conquistar os maiores prêmios da gastronomia francesa: Auguste Escoffier, Paul-Louis Meissonnier, campeão da França da Cozinha Artística, Bocuse d’argent, Maître cuisinier, além das três estrelas no guia Michelin, mas para o Chef que fez suas primeiras experimentações em cozinha ao lado de Manuel Martinez, no Relais Louis XIII, o que realmente o motiva é “ir mais longe, aprender, explorar cada vez mais.” Alléno cultiva sua paixão pela culinária

desde cedo engajando-se nos negócios da família, que tinha um bistrô em Puteaux, onde nasceu. Ele era encarregado de fazer contato com os produtores da região Île-de-France e, foi nesse período, que surgiu seu interesse pela história da gastronomia e origem dos. “As pessoas não sabem que existe um verdadeiro terroir parisiense. Quando descobri isso, ainda na minha juventude, fiquei imaginando que a gastronomia nasceu em Paris. Por isso, o que tenho tentado fazer é revisitar o passado da culinária da cidade e redescobrir esses produtos que estão, em sua maioria, desaparecendo,” atesta o Chef.

O percurso gastronômico de Yannick Alléno é pontuado de conquistas: ele frequenta a escola de hotelaria St. Cloud e, como nada é por acaso, é promovido como major pela região Île-de-France. Em seguida, assume como Chefe de pastelaria na brigada de Jacky Freon, no hotel Lutetia, onde faz os seus primeiros experimentos. No hotel Royal Monceau, como comis, ele assegura a seção Grill para, em seguida, assumir como Chefe de seção no Sofitel Sèvres antes de ser contratado por Marc Marchand, como Chef do Meurice, em 1990. Durante vários anos, ele transformou as cozinhas desse hotel-palácio em referência gastronômica e deixou um legado de memórias nos paladares dos clientes que saboreavam a suculência dos produtos da região Île-de-France. Ao mesmo tempo que assegurava a restauração do hotel Meurice, ele criou em 2008, o seu grupo de restaurantes e, desde então, vende seu conceito para a restauração de luxo na França e no exterior.

Toureiro na cozinha

Yannick alléno, triplamente estrelado, não se contenta apenas com as estrelas, o que ele ambiciona é colocar em evidência

toda a variedade do terroir francês TexTo Marilane Borges | PorTraIT satoshi

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roteiro gastronôMico | 31

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Yannick Alléno avança mais rápido que seus concorrentes de fornos e fogões. Com uma brigada de elite, ele vai cada vez mais longe. “A ideia não é seguir receitas mas extrair o DNA dos produtos e montar uma cozinha a partir de ingredientes diferentes que se harmonizam em suas texturas e seus aromas”, comenta o Chef, que, tal qual um toureiro, vai conquistando espaço, domando feras e defendendo elegantemente sua cozinha, que é feita de produtos que contém sabores e história. Com a força do seu trabalho e a determinação de um campeão de premiações, o Chef, que retira sua força da terra e transforma seus pratos em sólo fértil para a cenoura de Paris, os aspargos de Argenteuil, o repolho Pontoise, que são produtos autênticos e regionais. Uma das maiores ambições de Yannick Alléno é reinventar a arte de viver com conceitos de uma alimentação natural, um novo estilo de vida que ele cultiva em seus restaurantes através de códigos atemporais.

São esses valores que ele dissemina nos restaurantes que assume, como os restaurantes Jardin Alpin e 1947, do hotel Cheval Blanc, em Courchevel, onde conquistou duas estrelas. Durante a estação de esqui, de dezembro até o início de abril, Tannick Alléno sob a as montanhas savoiardes para conquitar o paladar de uma clientela exigente. Além de propor suas criações no Royal Mansour, em Marrakech, e no “One and Only The Palm One”, em Dubai, desde o final de 2010. Em setembro de 2011 ele abriu o Shangri-La, em Beijing, e em outubro do mesmo ano, duas de suas propostas: o STAY Sweat and Tea nos souks de Beirute, assim como o famoso “101 Tower” de Taipei se tornam um sucesso. Em 2012, ele assume a concessão da Maison de la Mutualité, em Paris, para criar seu primeiro bistrô “Terroir Parisien.” Apegado à sua cultura de origem, Alléno oferece uma nova visão da bistronomia que surpreende pelo seu conceito simples: os pratos são uma oportunidade para colocar em evidência os produtos Île-de-France, como a mostarda de Meaux ou a hortelã de Milly-la-Foret, além de vegetais e produtos de charcuteria onde a autêntica culinária faz a alegria da alma.

www.yannick-alleno.com

ao lado, as delícias gastronômicas servidas em seurestaurante staY - sweat and tea - em Beirute.

CorresPondanCe magazine

roteiro gastronôMico | 32

Yannick alléno em imagem que diz muito sobre a sua personalidade de um Chef envolvido em sua missão e que conjuga no dia-a-dia o leitmotif dos Jogos olímpico: “Mais rápido, mais alto, mais forte.”

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Escultor, cineasta, designer mas Arik Levy aprecia, sobretudo, ser artista. Na publicação Out there, lançada pelas Edições Bernard Chauveau, é possível

entender as relações existentes entre arquitetura, urbanismo e natureza sempre presentes nas criações de Levy. Out there mostra, através de belas reproduções, as famosas esculturas monumentais em aço inoxidável polido, produzidas na França e na Itália, e expostas ao redor do mundo em jardins e parques privados. Como um artesão braçal, Arik Levy aparece montando essas esculturas, que se assemelham às facetas de um diamante refletindo a luz do sol.

Ao longo de mais de 250 páginas surgem 16 esculturas que exigem cerca de 8 meses ou 2, anos para serem finalizadas, considerando concepção, realização e instalação. Out There revela ainda um lado diferente do trabalho de Arik Levy, exibindo essas esculturas que não são acessíveis ao público em geral e apelidadas com nomes de rochas, RockGiant, BigRock, RockFusion, RockGrowth e Crater Corten... Reservadas até então para seus comandatários, essas obras agora podem ser apreciadas nas páginas desse livro repleto de imagens panorâmicas.

Além dessa compilação fascinante de fotografias, Out there tem textos marcantes do poeta Jérôme Peignot, Christy MacLear, diretora da Robert Rauschenberg Foundation, Charlotte N. Eyerman, diretora do French Regional American Museum Exchange - Frame - e de Jérôme Sans, ex-diretor do Ullens Center for Contemporary Art - UCCA - que oferecem uma nova perspectiva sobre um trabalho espetacular,

que integra uma visão singular da criação de Arik Levy e sua imersão artística na natureza por meio dessas obras únicas.

Essas esculturas nasceram em 2006 a partir de uma encomenda feita por Jacqueline Frydman, diretora da galeria Passage de Retz, em Paris, onde o protótipo foi originalmente concebido, passando à figurar em coleções particulares. Para Arik Levy essas obras são como um espelho que refletem tudo ao redor. “Estou muito mais interessado no reflexo que as obras produzem do que nelas mesmas. Na verdade, elas só existem graças à luminosidade e aos ângulos, que são impossíveis de se ver à olho nu,” afirma o artista.

www.ariklevy.fr

Reflexo convexo

Out There revela a paixão de arik levy pela arte e mostra seu processo criativo à céu aberto esculpindo peças gigantescas

TexTo Marilane Borges

CorresPondanCe magazine

BagageM cultural | 35

autodidata e multidisciplinar, arik levy é um designer israelense que prefere ser denominado de artista, área

em que se sente mais à vontade para desenvolver seus talentos em projetos que vão da escultura à decoração.

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Luxo Ecológico

Design, turismo, moda, mobilidade, bem-estar, criação, arte, inovação. Tudo isso

dentro de um conceito único e exclusivo: o luxo ecológico. Esse é o lema da plataforma digital 1.618 Sustainable Luxury que vai mostrar as tendências do futuro através de produtos criativos e inovadores que sejam engajados com a natureza e respeitem o meio-ambiente. O evento, que tem como tema “Os tempos”, investiu em 3.000 m² no novo espaço artístico e cultural do Carreau du Temple, no bairro do Marais, em Paris, e acontece de 04 à 06 de abril.

sob o signo da harmonia que engloba o mítico número 1.168, empreendedores repensam novas propostas para o futuro do luxo

TexTo Marilane Borges

CorresPondanCe magazine

no alto, proposta de retiro nômade da agência tibetana norden travels. abaixo, bicicleta elétrica VeliX700 Premium. na outra página, luminária “Coral” do designer david trubridge e o iate ecológico da arcadia.

Barbara Coignet, fundadora de 1.618 Sustainable Luxury.

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“Nossa ideia de futuro contraria as previsões atuais,” declara Barbara Coignet, fundadora de 1.618 Sustainable Luxury. “Contrariando o sistema, acreditamos que é investindo no presente que teremos um futuro emocionante. Para realizar nossa missão nos aliamos às empresas que tem projetos nessa perspectiva e consideram o futuro sob o prisma ecológico, por isso, empresas como BMWi 8, Arcadia, Pariss Electric, entre outras, aderiram a essa sinergia para apresentar propostas que visam o bem-estar da humanidade”, conclui. A grande novidade desta edição fica por conta dos “Novos Heróis”, visionários que vão dividir com o público suas histórias eco-sustentáveis. Afinal, empreendedores que acreditam nos seus sonhos e o transformam em realidade são o presente do futuro.

www.1618-paris.com

noVos horizontes | 37

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Mini ma lista

O arquiteto francês Joseph Dirand concebe seus

projetos com imagens mentais que ele contrapõe às suas referências

artísticas para criar espaços gráficos que refletem

sua personalidade

TexTo Marilane Borges | Imagens adrien dirand

Viajantes | 38

CorresPondanCe magazine

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Apaixonado por história da arte e moda como conceitos que ultrapassam a noção do efêmero. É dessa forma que Joseph Dirand executa projetos de uma simetria

radical e, infalivelmente, em preto e branco. Seu QG está baseado em Paris mas seus projetos estão semeados pelo mundo, Londres, Nova York e Tel Aviv são algumas das capitais que acolhem o talento desse jovem arquiteto de 40 anos, que prefere trabalhar com uma equipe composta por membros da família. Tanto que é seu irmão, Adrien, quem assina as imagens de todos os seus projetos. Filho de pai fotógrafo, ele parece ter um olho fixo no visor e se vale de enquadramentos perfeitos para transformar interiores com uma mise-en-scène cinematográfica. Cada linha do projeto segue uma combinação bem ordenada com uma sequência de imagens que se submetem ao rigor da beleza, onde corredores de hotéis tem simetria tridimensional como se fossem quadros cubistas e butiques se assemelham à instalações artísticas. O espírito das suas criações é definido pelo controle dos volumes, das linhas retas e dos materiais refinados, que certificam uma áurea de extrema elegância aos seus projetos.

Joseph Dirand se vale dos preceitos arquiteturais mas diz ter se liberado intelectualmente dessas referências para poder criar seu próprio estilo. No entanto, ele soube desde o início da sua carreira usar todos esses códigos em benefício de seus projetos para tirar vantagem e se inspirar com um único objetivo: reescrevê-los à sua própria maneira. Todavia, sua preferência continua sendo a arquitetura tradicional do século 18 com flertes nos anos 1930 e 1940. Com uma pitada de talento e irreverência cada um dos seus projetos responde ao contexto atual mas sem criar nenhum excesso, “a ideia é desenhar uma cenografia, projetar uma imagem que alimente o espírito,” afirma o arquiteto. Para atingir esse objetivo, Dirand se vale de linhas verticais e alturas elevadas para criar ambientes com um charme inusitado. No quesito fortes contrastes, ele brinca com o design do mobiliário vintage, uma palheta de cores que se casa com fachadas gráficas, jogos de espelhos que refletem uma obra de arte e dão profundidade aos espaços. Tudo isso para criar em seus ambientes de interiores uma certa dramaturgia com uma mensagem sofisticada de um luxo atemporal.

na página anterior, de cima para baixo: Butique em Pequim de alexander Wang, o jovem talento da moda no atual comando da Balenciaga. loja da grife Emilio Pucci, em nova York, concebida

como um palácio florentino. Butique da Balmain na Rue françois i, em Paris.

nesta página: no alto, hotel distrito Capital, em santa fé, no México.

abaixo, hotel habita, em sierra Madre, em Monterrey, no México.

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www.josephdirand.com

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da esquerda para a direita: Botas em couro de bezero e detalhes em strass, de laurence dacade | Minaudière em plexiglass do designer Rauwolf | Anel dourado em forma de coroa com pedrinhas brilhantes, de Eddie Borgo | Colar gráfico em metal dourado,

Uncommon Matters | Brincos com pedra de topázio e pérolas, de Delfina Deletrez | Bolsa em couro, Proenza schouler, coleção cápsula.

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souVenir | 42

Acessórios seleção exclusiva feita nas lojas de departamento Le Bon Marché Rive Gauche

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da esquerda para a direita: Bolsa em couro com impressão animal, da grife loewe | anel articulado em prata e metal óxido, de aamaya By Priyanka | Minaudière em algodão bordado, de olympia le tan | Bolsa thom Browne | Braceletes geométricos, de

Eddie Borgo | Colar Marisa em cristal swarovski e pérolas, de shourouk.

souVenir | 43

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www.lebonmarche.com

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Ele bem que poderia ser um astronauta ou fazer projetos futuristas para a Nasa, porque vive, literalmente, na estratosfera imaginando projetos tão inusitados quanto

o seu jeito franco e direto de ser. De origem húngara, Mathias Kiss vive há alguns anos em Paris e parece não ter se deixado contagiar pelo jeito blasé dos parisienses, ele impressiona tanto pelo seu enorme talento quanto pela sua grande simplicidade. Durante a apresentação para a imprensa do Kiss Room ele mesmo guia os convidados a se alojarem confortavelmente num quarto com mil espelhos tridimensionais. Essa última criação extravagante do designer faz com que ele tenha um semblante radiante e guarde em permanência um sorriso travesso. Tal qual uma criança que acaba de ganhar um brinquedo, ele conta detalhes, fala dos parcerios dessa aventura, explica o conceito do Kiss Room e sua proposta de mil noites em outra dimensão.

A entrada do Kiss Room encontra-se num prédio residencial, ao lado de um café, ponto de encontro de Mathias Kiss e seus parceiros, no bairro do Marais. Esse é um espaço de apenas 10 metros quadrados forrados com espelhos e com um sistema sonoro especial. A ideia do Kiss Room, que vai durar apenas mil noites, é criar uma experiência sensorial total onde a sensação de infinito é promovida por jogos de LEDs com profundidades variáveis que podem ser controlados. A trilha sonora galático-espacial foi concebida com exclusividade por Nicolas Godin, do grupo musical Air. No quesito decoração, tudo foi projetado para que o cliente encontre o necessário para passar uma noite de repouso única numa cama super-confortável disposta num espaço ultra-reduzido mas aconchegante.

Mesinha, frigobar, armários aparecem embutidos e imperceptíveis entre os espelhos, além de um banheiro com uma pequena ducha. A sensação de flutuar no cosmos durante o banho é apenas uma das premissas desse projeto que promete e realiza uma ruptura total com a realidade, que fica do lado de fora de uma porta de alta segurança.

Artista, arquiteto, escultor, desenhista de espaços, Mathias Kiss embeleza tudo o que toca inventando novas formas decorativas para preencher de magia o vazio dos espaços. Para torná-los atraentes, ele pincela de dourado formas inusitadas, transformando a monotonia de um teto numa mina de ouro com contornos aéreos dourados que rendem tributo às artes e tradições decorativas. Habituado a pintar os rebuscados tetos de museus, ministérios, embaixadas e palácios, ele decodifica o classicismo para reinterpretá-lo a seu bel prazer. O resultado é impressionante. Na decoração de interiores ele inventa códigos, cria referências nas paredes, dá destaque ao mobiliário vintage, sobretudo, os desenhados por Jean Prouvé. Outra fasceta do artista são suas esculturas-objetos, como o espelho fracionado onde não há continuidade de um reflexo porque cada dobra provoca uma deformação bidimensional ad infinitum. Esse espelho é uma história de ângulos, pontos e movimentos, que convergem para Mathias Kiss, um homem talentoso que continua procurando uma resposta lógica para o seu trabalho, que se encontra na fronteira entre a arte, a instalação e a escultura.

www.attilalou.comwww.lakissroom.com

Designerintergalático

mathias kiss extrapola os limites da imaginação com criações inusitadas que poderiam figurar numa odisséia espacial

TexTo Marilane Borges | PorTraIT reBecka oFtedal

cariMBo | 45

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acima, duas imagens do projeto de design de interiores de um apartamento residencial na Rue du Jour, em Paris, clicado por Jonathan Barbot. abaixo, obra “golden snake” e, na página ao lado, La Kiss Room, fotografia de David Zagdoun.

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Birds

O Museu da Moda da Antuérpia, na Bélgica, coloca em evidência as tão adoradas plumas

utilizadas pelos estilistas de alta-costura numa exposição que é uma ode à elegância

TexTo Marilane Borges | Imagem FrançoIs nars

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estilo | 48

Paradise

of

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na página anterior, vestido da coleção outono 2009, do estilista alexander McQueen.

Acima, desfile da coleção Primavera-Verão 2008 e coleção outono-inverno 2010-2011, da designer belga ann demeulemeester. imagem de dan lecca.

ao lado, em cima, chapéu de plumas negras, no centro, escarpin do designer francês roger Vivier. Embaixo, leque com montagem de penas de avestruz tingidas em dégradé da altenloh E&r joalheiros, de Bruxelas. Fotografia de Stephen Mattues.

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Impossível pensar a história da moda sem evocar as penas e as plumas. Esse é o mote da exposição Birds of Paradise em cartaz até 24 de agosto no Museu da Moda da Antuérpia, que apresenta uma seleção de roupas e acessórios que vai da Belle Époque aos desfiles contemporâneos. O intuito é mostrar uma certa elegância refinada e suas transformações no final do século 19, enfatizando peças concebidas com penas de avestruz, faisão e marabu. Esses ornamentos, que adornam especialmente as coleções de alta-costura e as roupas de festa, são fabricados com o uso de técnicas sofisticadas e tem como referência a maison parisiense Lemarié, plumassier profissional. Para essa mostra, os especialistas destacam as diferentes técnicas de bordado e relacionam padrões e formas dos vários tipos de plumas através de modelos de alta-costura, dos séculos 19 e 20, aos acessórios do século 21.

O uso das plumas evidencia a feminilidade, a sofisticação, a leveza, o luxo e evoca a arte da sedução. Nos figurinos de cinema, o icônico casaco em penugem de cisne da atriz Marlene Dietrich é uma obra-prima, que

transformou em joia da coroa o tema do cisne negro e branco como roupa de noite. Os loucos anos 20 são a grande referência dos tempos áureos das plumas para o guarda-roupa feminino. Elas transformaram o modo de se vestir das mulheres com suas melindrosas que, com a aplicação das plumas, ganharam graciosidade. O vestuário e os acessórios, como boás, arranjos de cabeça, tiaras e fivelas, sem esquecer os chapéus flapper girls, ficaram muito mais charmosos co o uso de penas. Gabrielle Chanel usava penas em seus bordados e em seus figurinos para o cinema e, na moda contemporânea, o trabalho da designer belga Ann Demeulemeester é um dos exemplos mais poéticos. A qualidade dramática da obra do estilista britânico Alexander McQueen é muitas vezes expressa através do uso de penas altamente gráficas. Cristóbal Balenciaga, Christian Dior ou Yves Saint Laurent todos tem uma relação específica com as plumas e, mais atemporal que nunca, invadiram mais uma vez as passarelas nas coleções dos designers de moda internacionais.

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estilo | 51

www.momu.be

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Aprendiz de artista é uma boa apresentação para Camille Jacquemin, essa jovem artesã que desafia horas de trabalho

para moldar o metal, desenhando formas delicadas repletas de poesia. Ela mergulha fundo na sua imaginação para esculpir de ouriços à bijuterias de luxo que desfilam nas passarelas da alta-costura. Para a coleção primavera-verão 2013 da semana de moda de Paris suas criações de joias embelezaram os desfiles das Maisons Dior, Givenchy, Paco Rabanne, Revillone, entre outras. “Minhas criações são peças únicas feitas com uma variedade de materiais de qualidade. São peças que quando estou criando penso em quem vai possuí-las e coloco toda a minha emoção em sua composição,” confessa essa artesã de 25 anos da cidade de Dijon. Em seu atelier na Borgonha ela martela, perfura, adorna o bronze para transformá-lo em objetos decorativos de extrema sensibilidade.

Com antepassados paternos que eram ferreiros, seu pai estudou numa renomada escola de arte em Paris e se tornou professor de metalurgia, Camille não tinha muito como fugir da saga familiar de ferreiros e até que tentou driblar o destino. “Quando era criança não queria ir para a oficina do meu pai porque não gostava das máquinas, dos ruídos, do odor...” conta. Por isso, decidi estudar Arte e Design, meu sonho era me tornar restauradora de obras e objetos de arte”,

ralata. Para entrar nesta escola especializada ela teve que prestar um concurso e os exames dessa competição exigiam produzir uma peça em metal, ela aceitou o desafio. No final, recebeu o certificado Aprendizagem Profissional em Bronze e, para coroar seu empenho, foi nomeada “Melhor Aprendiz da França”, em 2009. “Depois dessa premiação, deixei de pensar em me tornar restauradora de arte para seguir esse novo caminho da escultura em metal”, relata uma Camille sorridente. Decidida a dominar as técnicas de decoração de metais ela se superou mais uma vez e impressionou seus mestres, que a nomearam “Melhor Aprendiz da França”, em 2010.

Duas premiações consecutivas não deixaram dúvida de que as portas do destino estavam abertas para uma nova carreira. Camille decidiu se render ao seu talento natural para fazer jus à herança familiar e foi cursar em Paris a École Nationale Supérieure des Arts Appliqués et Métiers d’Art com especialização em metal. Em seguida, fez uma variedade de estágios em áreas diferentes para dominar técnicas de prototipagem de joias de luxo na maison francesa Rémy Garnier e Philippe Grand. Passou 6 meses na Inglaterra, no centro de pesquisas sobre metal, em Sheffield Hallam University, onde trabalhou na área de arte e design com o ourives e colorista de metais Cóilín Ó Dubhghaill. De volta ao seu país, mais uma vez, foi premiada no concurso

Camille Jacquemin

TexTo Marilane Borges | PorTraIT Baudouin

multipremiada, jovem e talentosa, a artista se inspira da natureza para desenhar peças de infinita delicadeza em metal forjado

decorado com cristais de murano

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“Jovens Criadores” dos Ateliês de Arte da França e foi convidada para expor seu talento durante o salão Maison et Objet, na edição de janeiro, em Paris, onde foi designada pelo público com o prêmio “Coups de cœur du public”. Para nos falar sobre o seu processo criativo e sobre o que a inspira, Camille Jacquemin aceitou responder às questões do Correspondance Magazine.

Que tipo de materiais você usa para compor suas criações?- Uso principalmente metais, como cobre, latão, prata, ouro mas gosto de trabalhar com misturas de materiais, por isso, às vezes, adiciono detalhes em madeira, pedras semi-preciosas e vidro, como os cristais de Murano.

Como se dá seu processo de trabalho com esses materiais?- Tudo começa a partir de uma ideia. Faço alguns esboços antes da realização de uma das minhas peças. Em seguida, crio vários modelos que vão me ajudar a definir como a peça se comportará no final. Então, escolho uma placa de metal plana para encolhê-la e começo a martelá-la para dar forma ao protótipo.

Quanto tempo é necessário para forjar uma peça?- É preciso um longo tempo para chegar à forma desejada. Cada vez que começamos a reduzir o metal ele torna-se mais duro e mais difícil de

ser moldado. No jargão da profissão fala-se em endurecer, então, é preciso fazer o recozimento do pedaço da placa de metal, isto é, levá-la ao forno para que ela volte a se tornar maleável. Uma vez que esse processo chamado de nivelamento é concluído, a superfície do metal é retrabalhada de acordo com a forma desejada.

Como você escolhe seus temas artísticos?- Tenho muitas ideias embora não anote tudo o que imagino. Algo que deveria fazê-lo com frequência,

porque estou sempre criando mil formas e desenhos. Mas quando tenho que realizar uma nova peça tento selecionar a ideia que mais me atraiu e começo a trabalhá-la durante o dia.

O que inspira você no dia a dia?- A natureza. Gosto de observá-la, caminhar na floresta, tirar fotos, coletar pedras, flores, penas, conchas, ouriços do mar e até mesmo alguns crânios de aves e veados! Animais marinhos me inspiram muito, talvez porque esteja muito longe do mar, isso alimenta minha imaginação e me dá a capacidade de interpretar formas, cores e materiais e forjá-los em metal.

Quais os seus próximos projetos?- Gostaria de fazer peças com muito mais cores, talvez com resinas. Também quero encontrar uma maneira de manter as cores ou seus aspectos na superfície do metal que, apesar de serem frágeis, embelezam e dão personalidade à peça.

Se você pudesse escolher realizar apenas três sonhos para suas criações, quais seriam? - Criar sozinha ou em grupo uma escultura monumental, continuar à viajar para aprender novas técnicas e encontrar soluções, materiais, fórmulas químicas para fazer exatamente o que imagino!

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www.camillejacquemin.com

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BoucheronNo mundo da alta joalheria francesa, Boucheron continua sendo a referência de uma das

mais belas e mais valiosas maisons do mundo atraindo uma clientela sofisticada, que se encanta pelas suas criações, que tem a serpente como símbolo. Quatro gerações de da família tem permitido à maison manter-se como líder global no mercado de joias,

graças ao seu fundador visionário Frédéric Boucheron que, com a idade de 28 anos, transformou o nome da família numa marca de alto prestígio. Artesão e artista talentoso, ele também era um excelente homem de negócios. Perspicaz, ele soube atrair clientes da aristocracia russa e as grandes famílias americanas.

Boucherou foi um dos primeiros joalheiros a se estabelecer na Place Vendôme, em Paris, em 1893. A lenda diz que ele escolheu o número 26 desse endereço porque era o local mais ensolarado e, assim, sob os raios do sol, os diamantes exibidos nas janelas brilhariam ainda mais intensamente. Para além da lenda, a Boucheron é sobretudo a história de uma paixão pela qualidade das pedras, que é o coração da maison, que não negligencia o caráter de cada pedra, é apartir dessa singularidade que os acessórios são desenvolvidos. O segredo da Boucheron repousa em como os artesãos vão mostrar a beleza natural das gemas, do tamanho ao desenho, tudo é calculado para revelar a alma escondida de uma pedra expondo sua beleza perfeita.

Apaixonado pela natureza, Boucheron transformou a fauna e a flora em famosos desenhos de joias, criando peças de inspiração memoráveis . Tanto que a serpente é o símbolo da maison. Cobras, sapos, camaleões, libélulas, corujas, pássaros e gatos, além de flores delicadas, gotas brilhantes de chuva, folhas, ondas impressionantes encontraram caminho em obras-primas que se transformaram em belas joias. Este amor pelas criações e seu fascínio pela natureza foram coroados em 1878 com o famoso colar “Folha”, um conjunto com safiras e diamantes e, no centro, uma safira de 159 quilates. Esse modelo venceu o Grande Prêmio da Exposição Universal de Paris.

Frédéric Boucheron desapareceu em 1902, deixando os negócios da família nas mãos de seu filho Louis, que era engenheiro civil. Ele, assim como seu pai, tinha herdado a perspicácia nos negócios e a paixão pelas pedras preciosas. Foi ele quem iniciou e se envolveu na relação com a Índia. O fascínio de Louis Boucheron por este país, transformou um negócio em verdadeiro coração do patrimônio exótico da maison. Tudo começou com uma das histórias contadas sobre a Boucheron que, em 1928, recebeu uma comitiva do Marajá de Patiala, que trouxe com ele todas as jóias de seu tesouro. A solicitação era que a maison criasse para cada pedra precisosa uma nova joia. O resultado foi inédito: 1409 encomendas pendentes para o Marajá!

Mas esta não é a única lenda que envolve a maison e seus clientes afortunados. Conta-se que em 1930, o xá do Irã, Shah Pahlavi Riza, perguntou se Louis Boucheron conseguiria estimar o tesouro nacional Pérsico, incluindo nacontagem, os dois maiores diamante rosa no mundo. O acordo foi feito e jurado entre os dois homens, que prometeram nunca revelar o valor do tesouro, como Louis Boucheron desapareceu em 1959, esse segredo nunca foi revelado. Essa aliança de confiança fez com que, vinte anos depois, o Xá procurasse a maison Boucheron para criar a coroa de casamento da sua futura esposa, Soraya Esfandiari.

www.boucheron.com

TexTo Marilane Borges | Imagens Maison Boucheron

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Coleção especialmente concebida para o Cirque de soleil. abaixo, as três gerações da família Boucheron: à esquerda, louis, no centro, gérard, à direita, alain.

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Mauricio que destaca o know-how ancestral da região, além de ser um tesouro arquitetural. Estes são alguns dos hotéis que me provocam grande prazer ao visitá-los.

para onde você vai na sua próxima viagem?- Para o deserto do Negev, entre Jerusalém e Eilat, em Israel.

o que não pode faltar em sua mala?- Meus cadernos Moleskine, vários lápis para desenhar e o ultraleve tênis da Adidas SLVR Q35338.

o que você traz das suas viagens além das lem-branças? - Sempre compro alimentos, especiarias e uma camisa branca como recordação dos lugares que visitei.

Ele nasceu em Santiago, no Chile, e vive em Paris. Mauricio Clavero Kozlowski é diretor artístico de três maisons francesas que são referências lendárias

em objetos de decoração em porcelana e cristal: a Cristallerie Royale de Champagne, fundada em 1678, Haviland, em 1842, e Daum criada em 1878. Há três anos no comando artístico, o desafio de Mauricio é revitalizar essas marcas seculares, através da criação de novas coleções que valorizem a tradição, os detalhes da perfeição e a exclusividade do design de luxo.

o que a arte de viajar representa para você? - Liberdade, perfumes, aromas e, principalmente, novos encontros.

Quais lembranças você tem de sua primeira viagem?- Lembro de estar corren-do pelos corredores de um avião com os meus irmãos, tendo o majestoso Monte Aconcágua tão próximo, que era como se pudésse-mos quase alcançá-lo com as mãos.

Quais os seus hotéis preferidos ao redor do mundo? - O Ritz, em Paris, é um símbolo de elegância e clas-sicismo para mim e estou ansioso para conferir sua reabertura. O hotel Dwari-ka, em Katmandu, pela sua atmosfera local com ex-celente serviço e decoração

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correspondência | 59

www.daum.frwww.haviland.fr

Clavero Kozlowski

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Pub

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