FOTOJORNALISMO IAula 4
19/04/2016Profa. Julia Dantas de Oliveira Penteado
LINGUAGENS E ESTÉTICAS DO
FOTOJORNALISMO NO SÉCULO XX
Florescimento do fotojornalismo moderno:Revistas ilustradas da Alemanha (anos 1920)■ Câmeras 35 mm (Leica e Ermanox) – lentes mais
luminosas, filmes mais sensíveis, mais compactas■ Estímulo às fotos espontâneas, foto-ensaio e fotos
sequenciais■ Nova geração de foto-repórteres (bem-informados,
especializados, eruditos)■ Atitude de experimentação e colaboração entre
fotojornalistas■ Revistas que ofereciam bons produtos a preços
módicos ■ Inspiração no interesse humano (reportagens da
vida cotidiana)■ Ambiente cultural e suporte econômico
Principais características (período inicial)
■ Fotografia de autor ■ Privilégio da imagem em detrimento do texto ■ Profundidade de campo limitada■ Uso de tripé ■ Poucas fotos do mesmo tema: a que se conseguia,
devia “falar por si”■ “Fotojornalismo de instante”
Berliner Illustrierte Zeitung
Kölnischer Illustrierte Zeitung
Münchner Illustrierte Presse
Hitler chanceler do Reich. Henrich Hoffman (1933)
França - Vu
Reino Unido – Picture Post
Estados Unidos – Life
Foto: Fort Peck Dam by Margaret Bourke-White.
Estados Unidos – fotojornalismo como vetor da imprensa moderna (década de 1930)■ Jornais diários - Fotojornalistas com abordagem própria do real■ Popularidade da fotografia (cultura visual do cinema)■ Entendimento das imagens como fator de legibilidade e de
acessibilidade aos textos ■ Fotojornalismo de autor - mesmo nos jornais diários ■ Mudanças no design dos jornais entre os anos 1920 e 1940■ Privilégio da foto de ação e única nos jornais ■ Percepções inovadoras de jornalismo ■ Aumento no interesse dos fotógrafos em fotojornalismo (associação
de fotojornalistas criada em 1945)■ Pós II Guerra e Guerra Civil da Espanha: condição de subcampo da
imprensa■ Desenvolvimento tecnológico (câmeras menores, teleobjetivas, filme
rápido, flash eletrônico)
Weegee
Weegee
Práticas documentais de compromisso social
Farm Security Administration
Migrant Mother. Dorothea Lange (1936)
Russell Lee
Walker Evans
Fotomontagens para vender nos tempos de crise
(fotos obscenas no New York Evening Graphic)
Pós-guerra: primeira “revolução” no fotojornalismo
■ Industrialização e massificação da produção jornalística■ Crescimento em importância das agências fotográficas
– Fotojornalismo documental (de autor)– Produção “em série” de fotos (fait-divers)– Fotoilustração (foto institucional) – principalmente
após anos 1980
■ Reuters (fotojornalismo fait-divers), Magnum (fotojornalismo de autor)
■ Anos 1950: crise nas revistas ilustradas ■ Enquanto isso, competição entre serviço de fotonotícia:
United Press International (UPI) x Associated Press ■ Guerra Fria: lutas políticas e ideológicas na mídia
■ Agência Magnum
Robert Capa Henri Cartier-Bresson
David “Chim” Seymour
George Rodger Maria Eisner
Guerra Fria: questões ideológicas
■ No Leste, fotos de líderes ampliadas, dirigentes caídos apagados em fotos oficiais
■ Stálin falando com Lênin antes de sua morte
■ Fotos de líderes ampliadas, dirigentes caídos apagados em fotos oficiais
1951: Senador Millard Tydings cai após suposta foto com líder comunista americano Earl Browder
The New York Times: fotos de Nixon de David Douglas Duncan (05/10/1969)
Paris Match: suposto neonazismo na Alemanha (junho de 1966)
Outros aspectos do pós-guerra
■ Imprensa rosa (comportamento, cotidiano)
■ Revistas eróticas “de qualidade” (Playboy em 1953)
■ Imprensa de escândalos (surgimento dos paparazzi)
■ Revistas ilustradas especializadas em moda, decoração, eletrônica e fotografia, etc
■ O que levou a:■ Disseminação e banalização da
fotoilustração (glamour e star system), que veio a contaminar veículos “de qualidade”)
■ Fomento do uso da teleobjetiva ■ Técnicas de estúdio no
fotojornalismo
Anos 1960: segunda “revolução” no fotojornalismo
■ Agências e serviços fotográficos florescem: abastecem jornais diários e revistas semanais de interesse geral (Time, Newsweek)
■ Reação da Europa ao domínio americano: agências com serviço especializado para revistas (como a Sygma), especialmente na França
■ 1980: segmentação dos veículos – atenção maior ao design gráfico na imprensa■ Aumento do controle dos fotojornalistas em eventos oficiais (“sessão para
fotógrafos”, credenciamento, controle sobre o equipamento, etc)■ Aquisição de fotos de amadores, tanto por parte das agências como dos jornais ■ Fotografia mais presente nos museus, mercado de arte e ensino superior ■ Interesse teórico pela fotografia ■ Fotoilustração de impacto ganha o lugar da foto-choque (democratização do
olhar)■ Influência da TV na estética do fotojornalismo (uso da cor)■ Industrialização do fotojornalismo – fotos começam a tender para estereótipos■ Anos 1980: início dos retoques no computador
Guerra do Vietnã – ascensão dos fotojornalistas
Associated Press (1973)
Uso de fotos coloridas com regularidade a partir dos anos 1970
Foto-ilustração (beautiful people, foto institucional)
Fotodocumentarismo
■ Sebastião Salgado – “Outras Américas” (1982) ■ Não perseguem a ilusão da verdade, mas promover ao observador a “sua
verdade”, “verdade subjetiva” – compreensão contextual dos acontecimentos
Anos 1990: terceira “revolução” no fotojornalismo■ Problemas gerados pela manipulação e geração de imagens por meio de
computadores■ Pressão da transmissão digital de fotos (satélite, telemóveis) – menos
planejamento e pré-visualização do ato fotográfico ■ Fotojornalistas crescem nos tribunais, mas são controlados em cenários de
conflito; estratégias militares programadas de acordo com as imagens geradas
■ Novas tendências gráficas: foco maior na legibilidade e apelo à leitura; fotos meramente ilustrativas
■ Se por um lado a industrialização do jornalismo foca no imediato, ganham prestígio as fotos de autor de agências como a Magnum (exposições, livros)
■ Crise das agências de fotojornalismo – ganham espaço as agências noticiosas e bancos de imagem
■ Flexibilidade e polivalência dos jornalistas em geral■ Agências fotográficas francesas são vendidas – exigências da categoria
Supermarket Tabloids:reconstrução ficcional dos eventos por meio de fotos
Supermarket Tabloids
Revalorização de entrevistas e retratos(Foto: 1997)
Ênfase em entrevistas e retratos(Foto: 1996)
Jornais de 12 de setembro - TV fura o fotojornalismo, mas ainda não diminui sua importância
FOTOJORNALISMO NO BRASIL
1900: Revista da Semana
20 de maio de 1900Primeira edição
1910: Augusto Malta – primeiro fotojornalista do Brasil
1910: Augusto Malta – primeiro fotojornalista do Brasil
1928: O Cruzeiro
Por dentro da primeira edição de O Cruzeiro
Por dentro da primeira edição de O Cruzeiro
1940: novo padrão técnico da revista O Cruzeiro
20/06/1959 – O CRUZEIRO
Outras revistas que seguiram a mesma tendência: Fon-fon, Careta, Revista da Semana
Assis Chateaubriand e os Diários Associados - correspondentes
Joel Silveira
Luciano Carneiro (1958)
Fim da década da 50: reforma no Jornal do Brasil
■ Pré-paginação (ou diagramação) – bons espaços reservados para fotos, que eram planejadas
Antes e depois da reforma
Década de 50: jornal Última Hora - manchete fotográfica
Década de 50: revista MancheteFotojornalismo como linguagem principal
Década de 60: revista RealidadeConteúdo mais interpretativo e autoral
Fotojornalismo na Ditadura: escape à censura
Foto: Evandro Teixeira, 1968
Foto: Evandro Teixeira, 1965
Juca Martins: Manifestação contra o Custo de Vida (1978)
Recapitulando....
- Florescimento do fotojornalismo em 1930 (revistas ilustradas)- Primeira revolução: industrialização da atividade no pós-Guerra- Segunda revolução: consolidação da função nos anos 1960- Terceira revolução: advento da digitalização e suas problemáticas a partir da década de 1990
Dias de hoje: nova “revolução” em curso?
PM ferido afasta agressores. Victor Dragonetti Tavares, do coletivo SelvaSP. (2013)
Algumas pistas
■ Desconfiança da fotografia ■ Cabe ao fotojornalista as fotos mais belas
esteticamente■ Fotos com narrativa ■ Mais espaço para a foto de autor■ Estímulo ao debate e reflexão, e não apenas a
reprodução de acontecimentos