pedestrianismo e percursos pedestres

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    AutoriaTefilo Braga

    Colaborao

    Catarina Furtado

    Gilda Pontes

    Lcia Ventura

    Rita MeloSrgio Diogo Caetano

    Pico da Pedra | Agosto de 2007

    AMIGOS DOS AORES

    Associao Ecolgica

    PEDESTRIANISMO

    E PERCURSOS

    PEDESTRES

    Sede da Junta de Freguesia do Pico da Pedra |Avenida da Paz, 14; 9600-053 Pico da Pedra

    Tel: 296 498004 | Fax: 296498006 | [email protected]

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    TtuloPedestrianismo e Percursos Pedestres

    AutorTefilo Braga

    EdioAmigos dos Aores

    Associao Ecolgica

    Depsito Legal262923/07

    ISBN978-972-8144-27-2

    PaginaoJaime Serra

    ImpressoNova Grfica, Lda.

    Tiragem750 Exemplares

    FICHA TCNICA

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    1. O QUE O PEDESTRIANISMO?

    1.1. CONCEITO DE PEDESTRIANISMO

    1.2. ALGUNS MARCOS HISTRICOS

    1.2.1. Internacionais e Nacionais

    1.2.2. Nos Aores

    1.3. O PEDESTRIANISMO, ACTIVIDADE DESPORTIVA

    1.4. O PEDESTRIANISMO, ACTIVIDADE DE CARCTER TURSTICO E

    CULTURAL

    1.5. O PEDESTRIANISMO E A PROTECO DA NATUREZA

    2. OS PERCURSOS PEDESTRES

    2.1. A ESCOLHA DOS PERCURSOS2.2. CLASSIFICAO DOS PERCURSOS

    2.2.1. Quanto funo

    2.2.2. Quanto forma

    2.2.3. Quanto ao grau de dificuldade

    2.2.4. Quanto aos recursos usados na interpretao ambiental

    2.2.5. Quanto extenso

    2.3. A MARCAO DOS PERCURSOS

    2.3.1. As marcas

    2.3.2. Os painis informativos

    2.3.3. As placas indicativas

    2.3.4. As placas informativas

    79101011

    17

    181921

    2324242428

    313133333637

    37

    NDICE

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    2.3.5. Sinaltica complementar

    2.3.6. Alguns erros na marcao dos percursos

    2.4. A DURAO DOS PERCURSOS

    3. A IMPLANTAO DE UM PERCURSO PEDESTRE

    3.1. O ANTEPROJECTO

    3.2. O RECONHECIMENTO

    3.3. A SINALIZAO COM PINTURA

    4. IMPACTES NEGATIVOS DECORRENTES DA IMPLANTAO E

    DO USO DE PERCURSOS PEDESTRES

    4.1. SOLO

    4.2. VEGETAO

    4.3. FAUNA

    4.4. PROBLEMAS ANTRPICOS4.5. MEDIDAS DE MINIMIZAO DE IMPACTES

    5. PASSEIOS PEDESTRES GUIADOS

    5.1. A INTERPRETAO AMBIENTAL

    5.2. O GUIA / INTRPRETE

    5.3. ALGUNS ASPECTOS A TER EM CONTA, PELO GUIA, NUM

    PASSEIO PEDESTRE

    5.4. TICA E CONDUTA

    6. LEGISLAO

    6.1. PERCURSOS PEDESTRES/ PEDESTRIANISMO

    6.2. TURISMO DE NATUREZA

    6.3. REAS PROTEGIDAS E CLASSIFICADAS

    3838

    4245474849

    51535455

    5657596163

    6465676972

    73

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    Figura 1 Passeio s Sete Cidades

    Figura 2 Os primeiros livros editados, sobre percursos pedestres dos

    Aores

    Figura 3Roteiro do Percurso Pedestre Ribeirinha

    Figura 4 Aores - Percursos Naturais, editado pela Direco Regional

    do Turismo

    Figura 5 Aco de Formao Apresentao de Projectos de Percursos

    Pedestres

    Figura 6 Esquematizao exemplificativa de um percurso linear

    Figura 7 Esquematizao exemplificativa de um percurso circular

    Figura 8 Esquematizao exemplificativa de um percurso em oitoFigura 9 Esquematizao exemplificativa de um percurso em anis

    contguos

    Figura 10Esquematizao exemplificativa de um percurso em anis

    satlites

    Figura 11 Esquematizao exemplificativa de um percurso em

    labirinto

    Figura 12Marcas usadas nas Pequenas Rotas

    Figura 13 Exemplo da marcao de um percurso pedestre

    Figura 14 Exemplo da marcao de um percurso pedestre

    Figura 15 Painel Informativo

    Figura 16 Placa Indicativa de Sentido do Percurso

    NDICE DE FIGURAS

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    Figura 17 Placa Informativa

    Figura 18 Marca existente no Percurso Miradouro das Lagoas - Faj

    Grande, Flores (Agosto de 2005)

    Figura 19Poste na Serra Devassa, sem marca de um dos lados (Julho de 2006)

    Figura 20 Marcas existentes no Percurso Miradouro das Lagoas- Faj

    Grande, Flores (Agosto de 2005)

    Figura 21 Marcas muito prximas, Serra Devassa (Julho de 2006)

    Figura 22 Marca de Caminho errado sobre marca de mudana dedireco, Percurso de Santa Brbara, Santa Maria (Agosto de 2006)

    Figura 23 Marca num fontanrio, Pico de Mafra, So Miguel

    (Novembro de 2002)

    Figura 24 Aspecto do Trilho Algarvia - Pico da Vara

    Figura 25Aspecto do Trilho Lomba da Fazenda- Pico da Vara

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    O QUE O

    PEDESTRIANISMO?

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    AMIGOS DOS AORES

    CONCEITO DE PEDESTRIANISMO

    De acordo com o Dicionrio Prtico Ilustrado, publicado no Porto, pela

    Livraria Chardron - Lello & Irmo, Ld, Editores, em 1928, sob a direco

    de Jayme de Sguier, pedestrianismo o systema ou costume de fazer

    grandes marchas a p. Uma definio semelhante apresentada pelo

    Dicionrio, on-line, da Priberam, pois, segundo este, o pedestrianismo

    o exerccio ou prtica desportiva de percorrer grandes distncias a

    p. Por seu turno, para Avelar (2002), o pedestrianismo o desporto

    dos que andam a p. O pedestrianismo apenas deve ser entendido,

    quando se realiza ao longo de percursos pedestres balizados.

    Por ltimo, e em jeito de sntese, apresentamos a definio depedestrianismo tal como aparece na legislao portuguesa:

    Actividade de percorrer distncias a p, na natureza, em que intervm

    aspectos tursticos, culturais e ambientais, desenvolvendo-se

    normalmente por caminhos bem definidos, sinalizados com marcas e

    cdigos internacionalmente aceites.(Portaria n. 1465/2004, de 17

    de Dezembro).

    1.1.

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    AMIGOS DOS AORES

    ALGUNS MARCOS HISTRICOS

    1.2.1. INTERNACIONAIS E NACIONAIS

    antiga e perde-se nos tempos, a prtica de participar em passeios a

    p. Contudo, se quisermos falar em passeios a p como prtica

    organizada, sobretudo pelas famlias, recuaramos ao sculo XVIII e

    como local apontaramos a Inglaterra.

    No sculo XIX, a prtica de andar a p em passeios organizados

    estende-se e passa a ser muito apreciada em Frana, na Alemanha, na

    ustria, na Polnia e nos pases escandinavos.

    Fazemos, aqui, um parntese para citar Henry David Thoreau (1817-

    1862), um dos grandes vultos da literatura e cultura americanas e umadas figuras inspiradoras do movimento naturalista. Aqui fica um

    excerto do seu livro Andar a P:

    Acho que no posso conservar a sade e o esprito sem passar no mnimo

    quatro horas por dia- e o comum passar mais do que isso- sauntering

    pelas matas, colinas e campos absolutamente isento de todas as

    obrigaes mundanas.

    Quando s vezes me recordo de que os mecnicos e os caixeiros

    permanecem em seus postos no apenas toda a manh, mas toda a tarde

    tambm, muitos dos quais de pernas cruzadas - como se as pernas

    tivessem sido feitas para sobre elas nos sentarmos e no para sobre elas,

    1.2.

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    AMIGOS DOS AORES

    ficarmos de p e caminharmos - julgo-os merecedores de louvor por no

    terem todos, de h muito, praticado o suicdio.

    No ps-guerra, final da dcada de 40, princpio da dcada de 50 do

    sculo XX, em Frana, comea a implantao de percursos e, em

    Portugal, s na dcada de 80 do sculo passado que comearam a

    ser implantados os primeiros percursos.

    1.2.2. NOS AORESNo recumos muito no tempo, fomos consultar algumas publicaes

    da primeira metade do sculo XX e deparmo-nos com notcias relativas

    a algumas excurses. A ttulo de exemplo, mencionamos uma

    excurso s Sete Cidades, onde parte do trajecto foi feito de gerico, o

    mais classico e tradicional meio de transporte destas paragens (OsAores, n 1, Jan de 1928) e um passeio Caldeira, no Faial, em Julho

    de 1928, feito a p e de burro (Figura 1) (Os Aores, n9, Set 1928).

    Nos primeiros anos da dcada de 70 do sculo passado, o Sr. Dr.

    George Hayes, descendente do comerciante ingls George Hayes

    (1816-1879) que se estabeleceu em So Miguel no sculo XIX,

    comeou a organizar passeios pedestres, nalguns dos quais tivemos

    oportunidade de participar, onde participavam jovens seus

    explicandos e amigos.

    No incio da dcada de 80, por iniciativa do Sr. Albano Cymbron,

    comeam a ser organizados, em So Miguel, os primeiros passeios

    pedestres para turistas e, na ilha Terceira, os Montanheiros - Sociedade

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    AMIGOS DOS AORES

    de Explorao Espeleolgica comeam a organizar os primeiros

    passeios pedestres, abertos a todos os interessados e que contaram

    com uma grande adeso por parte de jovens docentes e alunos da,

    ento designada, Escola Secundria de Angra do Herosmo. Em 1985,

    no dia 4 de Maio, os Amigos dos Aores organizam o seu primeiro

    passeio pedestre que constou de uma subida Lagoa do Fogo, a partir

    da Praia de gua dAlto.

    Figura 1- Passeio s Sete Cidades

    Em 1990, foi editado o livro Landscapes of the Azores - S.Miguel (Figura

    2). Nele, o seu autor, Andreas Stieglitz, descreve 8 passeios pedestres.

    Um ano mais tarde, em 1991, David Sayers e Albano Cymbron editam

    o livro The Azores - Garden Islands of the Atlantic - A Guide Walks &

    Car Tours (Figura 2), onde, para alm de sugerirem diversos percursos

    de carro, apresentam 32 passeios a p: 12, em So Miguel, 1 na

    Terceira, 3 na Graciosa, 8 em So Jorge, 3 no Faial e 5 no Pico.

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    AMIGOS DOS AORES

    Dois anos depois, em 1995 (?), a Cmara Municipal das Lajes das Flores

    edita o livro Roteiro dos Antigos Caminhos do Concelho das Lajes das

    Flores, Aores, onde o seu autor, Pierluigi Bragaglia, descreve 26

    itinerrios, alguns dos quais de muito pequena extenso.

    Em Julho do ano 2000, os Amigos dos Aores, no mbito de um

    protocolo celebrado com a Secretaria Regional da Economia,

    promovem a aco de formao Pedestrianismo e Percursos

    Pedestres que contou com a participao de 25 formandos, tendo

    como actividade prtica a marcao do percurso Salto do Cabrito,

    na Ribeira Grande. A 23 de Setembro do mesmo ano, realizou-se a

    abertura simblica do primeiro percurso pedestre sinalizado dos

    Aores, o da Serra Devassa, que contou com a presena do senhor

    Secretrio Regional da Economia, Prof. Doutor Duarte Ponte. Aindano ano 2000, foi editado pela Direco Regional do Turismo o livro

    Aores - Percursos Naturais (Figura 4), onde os seus autores, David

    Travassos, Pedro Cuia e Joo Pedro Mota, fazem a descrio de 30

    percursos pedestres nas 9 ilhas dos Aores.

    Figura 4 - Aores - Percursos Naturais,

    editado pela Direco Regional do Turismo

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    AMIGOS DOS AORES

    Em 2001, foi editado pela Bradt Travel Guides, Lda., o livro Azores-

    The Bradt Travel Guide, de David Sayers, no qual o autor descreve 22

    percursos: 4 em So Miguel, 1 em Santa Maria, 2 na Graciosa, 6 em

    So Jorge, 2 no Pico, 4 nas Flores e 3 no Corvo.

    Em 2002, os Amigos dos Aores promoveram, com o apoio da

    Secretaria Regional da Economia, uma aco de formao Marcao

    de Percursos Pedestres e organizaram uma conferncia intitulada

    Percursos Pedestres, Nicho Importante do Turismo na Madeira. A

    aco de formao, em colaborao com a Federao de Campismo

    e Montanhismo de Portugal, realizou-se em Janeiro e contou com a

    presena de 35 formandos. A conferncia ocorreu em Julho e foi

    proferida pelo Dr. Raimundo Quintal, presidente do Clube de Amigos

    do Parque Ecolgico do Funchal e autor de diversos livros sobrepasseios pedestres da ilha da Madeira.

    Em Maro de 2004, os Amigos dos Aores promoveram a aco de

    formao Apresentao de Projectos de Percursos Pedestres que

    contou com a participao de 16 formandos (Figura 5).

    A 14 de Abril de 2004, publicado no Jornal Oficial o Decreto

    Legislativo Regional n 16/2004/A que cria o regime jurdico dos

    percursos pedestres classificados da Regio Autnoma dos Aores. Um

    ms depois publicada, no Jornal Oficial, a Portaria n 34/2004 que

    fixa os modelos dos painis informativos, das placas indicativas e da

    sinaltica auxiliar previstos no DLR n 16/2004/A. A de 7 de Dezembro

    de 2004, foi aprovada, pela Comisso de Acompanhamento dos

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    AMIGOS DOS AORES

    Percursos Pedestres da Regio Autnoma dos Aores, a primeira Lista

    dos Percursos Pedestres Recomendados e em Dezembro do mesmo

    ano foi editado, pelos Amigos dos Aores, o livro Percursos Pedestres

    em S. Miguel Aores.

    Figura 5 - Aco de Formao

    Apresentao de Projectos de Percursos Pedestres

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    AMIGOS DOS AORES

    O PEDESTRIANISMO,

    ACTIVIDADE DESPORTIVA

    O pedestrianismo uma das modalidades dos denominados

    Desportos de Natureza, que so todos aqueles cuja prtica aproxima

    o homem da natureza de uma forma saudvel e sejam enquadrveis

    na gesto das reas protegidas e numa poltica de desenvolvimento

    sustentvel (Fraga, 2005).

    De acordo com a Lei de Bases do Desporto, Lei n 30/2004, de 21 de

    Julho, cabe Federao de Campismo e Montanhismo de Portugal a

    representao nacional e internacional da modalidade, sendo tambm

    da sua responsabilidade a homologao dos percursos pedestres.

    1.3.

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    AMIGOS DOS AORES

    O PEDESTRIANISMO,

    ACTIVIDADE DE CARCTER

    TURSTICO E CULTURAL

    A competio no um dos objectivos da prtica pedestrianista, pelo

    contrrio o que se pretende com a actividade desfrutar do meio que

    nos rodeia (a paisagem, a cultura, a histria, o patrimnio natural).

    Assim, podemos dizer que o pedestrianismo no uma mera

    actividade desportiva, j que os trilhos no so um fim, mas um meio

    de aproximar as pessoas das paisagens, da histria e da cultura e

    sobretudo das pessoas das zonas rurais, sendo para alguns autores

    considerada uma actividade que se situa entre o desporto e o

    turismo (Fraga, 2005).O Pedestrianismo ao fazer deslocar as pessoas para as zonas rurais

    poder promover o desenvolvimento socio-econmico, contribuindo

    para evitar a sua desertificao humana e poder ajudar a rentabilizar

    a oferta da hotelaria, restaurao, alojamento rural, turismo de

    habitao, etc.

    1.4.

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    AMIGOS DOS AORES

    O PEDESTRIANISMO E A

    PROTECO DA NATUREZA

    Para o pedestrianista o percurso um meio para melhorar o seu

    conhecimento do ambiente, atravs da observao da beleza das

    paisagens, da diversidade da flora e da fauna e das formaes

    geolgicas, promovendo o respeito e a conservao do ambiente.

    1.5.

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    OS PERCURSOS

    PEDESTRES

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    Os primeiros percursos tero surgido como consequncia dos

    primeiros movimentos migratrios dos herbvoros, tendo o homem

    comeado a estabelec-los para diversos fins, com destaque para a

    procura de alimentos, para peregrinaes religiosas, para o comrcio

    e para a guerra (Andrade, 2006).

    De acordo com Salvati (2006), os percursos so ou antigos caminhos

    ou caminhos abertos que tm como objectivo aproximar o visitante

    ao ambiente natural, ou conduzi-lo a um atractivo especfico,

    possibilitando seu entretenimento ou educao atravs de

    sinalizaes ou de recursos interpretativos.

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    AMIGOS DOS AORES

    2.1.

    A ESCOLHA DOS PERCURSOS

    Em termos gerais, para alm do interesse patrimonial e turstico dos

    percursos, na sua escolha devero ser evitadas estradas asfaltadas ou

    vias utilizadas por veculos motorizados. A passagem por localidades,

    pelo contrrio, dever ser incentivada no s por permitir o contacto

    com as pessoas e com o patrimnio construdo mas tambm por poder

    potenciar o comrcio local (compra de produtos locais, artesanato, etc.).

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    AMIGOS DOS AORES

    CLASSIFICAO DOS PERCURSOS

    Os percursos podem ser classificados tendo em conta a sua funo, a

    sua forma, o seu grau de dificuldade, os recursos usados na interpretao

    ambiental e a sua extenso.

    2.2.1. QUANTO FUNODe acordo com Andrade (2006), os percursos existentes no interior

    de reas Protegidas so usados em aces de patrulhamento por parte

    dos seus responsveis e pelos visitantes em actividades educativas ou

    recreativas. Para o mesmo autor, os de curta distncia apresentam

    carcter recreativo e educativo, com iniciativas com vista interpretao do ambiente natural. Por outro lado, os de longa

    distncia apresentam carcter recreativo.

    Em termos gerais, consideramos que, em qualquer percurso, no se

    pode dissociar as duas funes: a recreativa e a educativa.

    2.2.2. QUANTO FORMA

    So diversas as formas dos trilhos. Neste texto iremos fazer referncia

    s seguintes: linear, circular, oito, em anis contguos, em anis

    satlites e em labirinto.

    2.2.

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    25

    AMIGOS DOS AORES

    a) LINEAR

    a forma mais adequada para os percursos de longa distncia e para

    os que tm um objectivo especfico como, por exemplo, ligar duas

    localidades. Para aumentar a variedade de aspectos a observar

    possvel acrescentar algumas variantes ou variaes. O seu objectivo,

    tambm, pode ser ligar o ponto de partida com algum ponto de

    interesse, como uma lagoa, uma faj, uma gruta, um pico, etc.

    Figura 6 - Esquematizao exemplificativa de um percurso linear.

    b) CIRCULAR OU ANEL

    uma forma mais interessante pois oferece a possibilidade de voltar

    ao ponto de partida sem percorrer o mesmo trajecto, suavizando-se,

    assim, a presso exercida sobre o caminho e o ambiente (Figura 7).

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    AMIGOS DOS AORES

    C) OITO

    Esta forma usada em reas pequenas, pois aumenta a possibilidade

    de uso destes espaos (Figura 8).

    Figura 7 - Esquematizao exemplificativa de um percurso circular

    Figura 8 Esquematizao exemplificativa de um percurso em oito

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    AMIGOS DOS AORES

    LEGENDA:

    INCIO E FIM DO PERCURSO

    D) EM ANIS CONTGUOS

    Esta forma oferece, aos visitantes, diversos hipteses de acordo com

    as suas capacidades fsicas ou outras motivaes (Figura 9).

    E) EM ANIS SATLITES

    Esta forma, tal como a anterior, faz aumentar o nmero de possibilidades

    de escolha (Figura 10).

    Figura 9 Esquematizao exemplificativa de um percurso

    em anis contguos

    Figura 10 Esquematizao exemplificativa de um percurso

    em anis satlites

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    28

    AMIGOS DOS AORES

    F) EM LABIRINTO

    Esta forma explora uma dada regio ao mximo, apresentando uma

    grande variedade de opes. Mais do que nas anteriores, importante

    que o trilho esteja muito bem sinalizado (Figura 11).

    2.2.3. QUANTO AO GRAU DE DIFICULDADE

    O grau de dificuldade de um percurso varia de pessoa para pessoa,

    dependendo da sua condio fsica, da ser muito subjectiva esta

    classificao. Contudo, alguns factores como a extenso, o tipo de

    terreno, o desnvel e a climatologia (o frio ou o calor excessivos no

    facilitam as caminhadas) devem ser considerados ao estabelecer o

    grau de dificuldade de um percurso (Jumping, 1997).

    Para Beck, citado por Cotes (2004), no existem caminhadas difceis:

    Figura 11 Esquematizao exemplificativa de um percurso

    em labirinto

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    AMIGOS DOS AORES

    s ir devagar e sempre. So as pessoas que transformam a caminhada

    em uma coisa difcil. Como? Tentando faz-la em um tempo curto

    demais. Ou (claro) tentando algo sem a necessria forma fsica.

    Sendo muitas as classificaes existentes, optmos, a ttulo de

    exemplo, por apresentar, neste texto, as utilizadas pela Federao

    Aragonesa de Montanhismo, pela Federao Francesa de

    Pedestrianismo e a usada nos Aores, aprovada pela Portaria n 34/

    2004, de 13 de Maio.

    A Federao Aragonesa de Montanhismo (Revista Caminar, n 24)

    classifica os percursos pedestres em trs nveis de dificuldade: Fcil,

    Mdio eAlto.

    Para aquela Federao, Fcil o percurso razovel quanto suaextenso e desnvel, que se realiza por caminhos bem balizados e

    marcados, no apresentando quaisquer dificuldades. Por sua vez,

    apresenta um grau de dificuldade MdioMdioMdioMdioMdio o percurso que requer uma

    forma fsica aceitvel. Poder atravessar terrenos um pouco

    acidentados, embora sem apresentar grandes dificuldades. Por ltimo,

    Alto o grau de dificuldade dos percursos que obrigam a uma boa forma

    fsica devido extenso e desnvel a superar, sendo indispensvel

    experincia em actividades de montanha.

    Para a Federao Francesa de Pedestrianismo, so quatro os graus de

    dificuldade dos percursos:Muito Fcil,Fcil,MdioeDifcil(FFRP, 2003).

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    AMIGOS DOS AORES

    Muito fcil o grau de dificuldade de um percurso pedestre efectuado

    em menos de duas horas de caminhada, num trilho bem balizado.Fcil

    o grau de dificuldade de uma caminhada com menos de trs horas

    de durao sobre caminhos com algumas passagens menos fceis.

    Mdio o grau de dificuldade de uma caminhada com menos de 4

    horas de durao, com alguns desnveis, destinada a pessoas

    habituadas a caminhar.

    Por ltimo, Difcil o grau de dificuldade de uma caminhada com mais

    de quatro horas de marcha, com um itinerrio longo e/ou difcil

    (desnivelado e com passagens delicadas).

    Nos Aores, de acordo com a Portaria n 34/2004, de 13 de Maio, os

    percursos, quanto ao grau de dificuldade, so classificados em Plano,

    Ondulado eAcidentado. considerado Plano o percurso plano ou com inclinaes suaves,

    partida acessvel a qualquer pessoa que apresente uma forma fsica

    dentro da normalidade.

    classificado como Ondulado o percurso que apresenta subidas e ou

    descidas pouco acentuadas, exigindo um maior esforo fsico, mas

    adequado a qualquer pessoa que mantenha uma actividade fsica regular.

    Por ltimo,Acidentado todo o percurso com declives acentuados,

    que por vezes, se sucedem. Exige um grande esforo fsico, s sendo

    aconselhado para pessoas em boa forma fsica.

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    AMIGOS DOS AORES

    2.2.4. QUANTO AOS RECURSOS USADOS NA

    INTERPRETAO AMBIENTAL

    De acordo com Salvati (2006), os percursos podem ser guiados ou

    autoguiados.

    No primeiro caso, o guia o garante do sucesso do trilho, dependendo

    da sua condio fsica e tcnica, dos conhecimentos que possui sobre

    a regio visitada e da estratgia de abordagem utilizada, que deve ser

    adaptada a cada grupo.

    No segundo caso, tal como o nome indica, a direco a seguir, os

    elementos a serem realados (construes, rvores, etc.) devero ser

    apresentados aos visitantes atravs de recursos visuais e grficos

    dispostos ao longo do percurso.

    2.2.5. QUANTO EXTENSO

    Existem diversas classificaes dos percursos quanto extenso. Neste

    texto, mencionaremos as apresentadas pela FEDME - Federao

    Espanhola de Desportos de Montanha e Escalada e pela FCMP -

    Federao de Campismo e Montanhismo de Portugal.

    Para a FEDME existem GR - Grandes Rotas, PR - Pequenas Rotas, Trilhos

    Locais ( SL - Senderos Locais ) e Trilhos Urbanos (SU - Senderos Urbanos).

    Os percursos de Grande Rota so os que possuem grandes extenses,

    por vezes milhares de quilmetros, unindo povoaes, cidades ou

    mesmo pases muito distantes entre si.

    Os percursos de Pequena Rota possuem trajectos mais curtos, de

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    A MARCAO DOS PERCURSOS

    No existe uma marcao de percursos universal. Contudo tem havido

    algum esforo no sentido de os tentar uniformizar, de que so exemplo

    os princpios gerais de marcao de percursos pedestres adoptados,

    a 9 de Outubro de 2004, na Declarao de Bachyne, aprovada na

    Assembleia-geral da Federao Europeia de Pedestrianismo (European

    Ramblers Association, ERA).

    Neste texto, faremos referncia sinalizao usada na Regio

    Autnoma dos Aores e s regras usadas no Regulamento de

    Homologao de Percursos Pedestres da Federao de Campismo e

    Montanhismo de Portugal.

    2.3.1. AS MARCAS

    So trs as marcas utilizadas: caminho certo, caminho errado e

    mudana de direco: esquerda e direita (Figura 12).

    2.3.

    Figura 12 - Marcas usadas nas Pequenas Rotas. Nas Grandes Rotas, a

    cor amarela substituda pela branca.

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    A marca Caminho Certo deve ser colocada no incio e ao longo de

    um percurso. Esta marca dever ser colocada no incio e no final do

    percurso, a uma distncia inferior a 50 m dos painis informativos, a

    menos de 50 m e para confirmar o caminho certo, logo aps as

    mudanas de direco (FCMP, 2006). A marca mudana de direco

    deve ser colocada imediatamente antes de um cruzamento para

    indicar mudana de direco (Figura 13). Esta marca deve ser colocada

    a menos de 30 m dos cruzamentos e bifurcaes (FCMP, 2006).

    Figura 13 Exemplo da marcao de um percurso pedestre

    CRUZAMENTO BIFURCAO

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    A marca Caminho Errado deve ser colocada entrada de caminhos que

    se pretendem evitar (Figura 14), a menos de 30 metros (FCMP, 2006).

    Em qualquer percurso, o nmero de marcas e a distncia entre elas

    varivel, dependendo das suas caractersticas (nmero de cruza-

    mentos, extenso, etc.), a morfologia do terreno e as condies

    climatricas da regio onde est implantado. No entanto, a distncia

    entre as marcas no deve ultrapassar os 250 m (FCMP, 2006).

    As marcas devero ser colocadas em suportes devidamente

    escolhidos, de preferncia em locais onde se vejam muito bem, com

    leitura nos dois sentidos. Podero ser usados como suporte, rochas

    ou velhos troncos de rvore e devem ser usadas tintas plsticas de

    exterior de boa qualidade - tinta dgua ou outras solues que no

    sejam agressivas para o ambiente (FPC, 2001).

    Figura 14 Exemplo da marcao de um percurso pedestre

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    AMIGOS DOS AORES

    A marcao em edificaes exige autorizao dos proprietrios e

    dever ser muito bem ponderada, no sendo aceitvel a utilizao de

    monumentos, alminhas, fontanrios e outras construes de interesse

    histrico e/ou arquitectnico (FCMP, 2006).

    Em alguns casos, haver necessidade de usar postes para colocao

    das marcas que devero estar suficientemente enterrados, com cerca

    de 80 cm fora do solo (FPC, 2001).

    2.3.2. OS PAINIS INFORMATIVOS

    Os painis informativos devem ser colocados no incio e no final de

    cada percurso, podendo tambm ser colocados em pontos

    intermdios, servindo para fornecer um conjunto de informaes teis

    sobre o mesmo, como o seu esquema, a durao aproximada, osobstculos, o grau de dificuldade, o grau de perigosidade, informaes

    gerais sobre os locais onde passa, telefones teis, etc. (Figura 15) (FPC,

    2001; FCMP, 2006; DLR n16/2004/A).

    Figura 15 - Painel Informativo

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    2.3.5. SINALTICA COMPLEMENTAR

    Para alm da sinaltica j referida, poder ser usada sinaltica

    complementar, sobretudo em percursos temticos ou de

    interpretao ambiental.

    2.3.6. ALGUNS ERROS NA MARCAO DOS PERCURSOS

    So vrios os erros que se podem cometer na marcao dos percursos.

    A ttulo de exemplo, apresentam-se alguns:

    1. A utilizao de marcas no previstas na legislao ou regula-

    mentao (Figura 18), por mais artsticas que sejam.

    Figura 18 - Marca existente no Percurso Miradouro das Lagoas - Faj

    Grande, Flores (Agosto de 2005)

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    2. A marcao de um percurso apenas num s sentido (Figura 19).

    3. A utilizao de pedras soltas para implantar as marcas (Figura 20).

    Figura 19 - Poste na Serra Devassa, sem marca de um dos lados

    (Julho de 2006)

    Figura 20 - Marcas existentes no Percurso

    Miradouro das Lagoas - Faj Grande, Flores (Agosto de 2005)

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    4. A colocao de marcas em locais indevidos (a marca de mudana

    de direco deveria estar antes do cruzamento) e muito prximas

    (Figura 21).

    Figura 21 - Marcas muito prximas, Serra Devassa (Julho de 2006)

    5. Colocar uma marca sobre outra sem a apagar previamente (Figura 22).

    Figura 22 -Marca de Caminho errado sobre marca de mudana de

    direco, Percurso de Santa Brbara, Santa Maria (Agosto de 2006)

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    6. Pintar uma marca num fontanrio ou noutra construo com

    interesse patrimonial (Figura 23)

    Figura 23 - Marca num fontanrio, Pico de Mafra, So Miguel

    (Novembro de 2002)

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    AMIGOS DOS AORES

    A DURAO DOS PERCURSOS

    H vrios mtodos para o clculo da durao de um percurso. Aquela

    depende da sua extenso, dos desnveis a vencer, das dificuldades do terreno

    a percorrer e dos perodos de pausa que estabelecermos (Soler et al, 2002).

    Os autores referidos, usam o seguinte mtodo:

    1. Consideram que uma pessoa de condio fsica normal,

    transportando uma carga leve percorre, em mdia, 4 a 5 km numa

    hora, dependendo do desnvel do terreno;

    2. Consideram que uma pessoa de condio fsica normal,

    transportando uma carga leve percorre, em mdia, 300 a 350 m de

    desnvel numa hora;

    3. Utilizando um mapa, calculam a distncia entre dois pontos, a

    que chamam distncia reduzida, e o tempo de durao da caminhada,

    sem ter em conta o desnvel (t1)

    4. Atravs de uma anlise s curvas de nvel, calculam o desnvel

    mdio (diferena de altitude entre o ponto de sada e o ponto de

    chegada) e o tempo de durao para vencer o desnvel (t2);

    2.4.

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    AMIGOS DOS AORES

    5. O tempo aproximado (T) da caminhada calculado pela seguinte

    frmula:

    T = t1 + 0,5t2

    6. A este valor dever ser acrescentado o tempo de pausas (10-20%);

    7. Deveremos ter em considerao que o tempo de descida ser um

    tero menor que o tempo calculado por este mtodo.

    Relativamente durao das pausas, Cotes (2004), refere que entre 3

    e 5 minutos o tempo suficiente para que a frequncia cardaca

    retorne a valores de aquecimento.

    Beck, citado por Cotes (2004), por seu turno, considera que para adeterminao do tempo de durao de um percurso deve-se:

    Calcular sua velocidade em 3 km/h (para estrada), ou 2 km/h (para trilha

    batida), ou at mesmo 1 km/h ou menos (em picadas meio fechadas ou

    trechos de passagem problemticos). Em seguida some uma hora para

    cada 500 m de desnvel por subir. O resultado lhe oferece uma

    aproximao grosseira, no contados os descansos prolongados nem os

    atrasos por mal tempo, falta de condicionamento fsico, ou mochilas muito

    pesadas acrescente meia hora para cada um destes fatores

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    AMIGOS DOS AORES

    Na elaborao dos seus roteiros de percursos pedestres, para a

    indicao do tempo de durao dos percursos, os Amigos dos Aores

    consideram que, em mdia, uma pessoa, em terreno plano, desloca-

    se a uma velocidade de 3,5 km/h e, em terreno com desnveis

    acentuados, consideram que a mesma de 3km/h. De qualquer modo,

    o mais seguro fazer a determinao do tempo, fazendo os percursos

    com pessoas com condies fsicas diferentes e apresentar sempre o

    valor mdio.

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    A IMPLANTAO

    DE UM PERCURSOPEDESTRE

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    Todos os percursos pedestres tm como objectivo suprir as

    necessidades recreativas de maneira a manter o ambiente estvel e

    permitir ao visitante a devida segurana e conforto (Andrade, 2006),

    da que todo o cuidado deve ser posto na sua implantao.

    A primeira condio para uma correcta implantao de um percurso

    pedestre est relacionada com um bom conhecimento da rea onde

    ser instalado, das caractersticas naturais, histricas e culturais que

    possam ajudar na sua qualificao, bem como a vulnerabilidade de

    um stio ou das suas espcies, que um factor limitante.

    Neste texto, faremos uma breve sntese das trs fases, propostas nas

    Normas para a Implantao e Marcao de Percursos Pedestres da

    Federao de Campismo e Montanhismo de Portugal.

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    AMIGOS DOS AORES

    O ANTEPROJECTO

    O primeiro passo para a implantao de um percurso pedestre a

    elaborao de um ante-projecto com a indicao das razes que

    justifiquem a criao de um percurso, a sua descrio, ainda que

    sumria, e a implantao do seu itinerrio num mapa.

    3.1.

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    AMIGOS DOS AORES

    O RECONHECIMENTO

    A segunda fase o reconhecimento do percurso no terreno,

    escolhendo de preferncia caminhos pblicos, evitando ao mximo

    estradas asfaltadas.

    Sempre que ao longo do percurso haja algo de interesse, como mira-

    douro, monumento, etc. dever ser feito um desvio ou criado um ramal.

    Nesta fase, dever ser feito o levantamento do nmero necessrio de

    painis informativos, postos, placas indicativas, etc. e a sua localizao

    assinalada em mapa, bem como elaborada uma descrio do mesmo

    com a indicao das curiosidades naturais, arqueolgicas, etnogrficas

    e histricas e os stios de alojamento, restaurantes, etc. existentes querno percurso quer nas proximidades.

    Com a informao recolhida e com a j existente do ante-projecto

    elabora-se ento o projecto.

    3.2.

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    AMIGOS DOS AORES

    A SINALIZAO COM PINTURA

    Por ltimo, dever proceder-se sua sinalizao e esta dever estar

    de maneira a que qualquer pessoa sem o mnimo conhecimento de

    cartografia e de orientao possa fazer o percurso sem qualquer

    dificuldade. As normas a que deve obedecer uma correcta sinalizao

    foram j mencionadas no ponto 2.3.

    3.3.

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    IMPACTES

    NEGATIVOSDECORRENTES DAIMPLANTAO E DOUSO DE PERCURSOSPEDESTRES

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    AMIGOS DOS AORES

    Os percursos pedestres se por um lado so responsveis por impactes

    ambientais negativos no meio onde esto implantados, por outro so

    um meio de confinar estes impactes a uma rea restrita (Andrade, 2006).

    De acordo com Schelhas, citado por Andrade (2006), um percurso

    pedestre responsvel, principalmente, por impactes na sua

    superfcie, sendo afectada a rea compreendida a partir de um metro

    para cada lado do mesmo.

    A utilizao dos percursos pedestres poder afectar o solo, a gua, a

    vegetao, a fauna, as formaes geolgicas e ser responsvel pela

    deposio de resduos ou at por fogos florestais. Para alm destes

    problemas, relacionados ou agravados com o uso excessivo dos percursos,

    Magro (1999), menciona o efeito psicolgico depreciativo nos visitantes

    ao frequentar as reas silvestres como parte de uma multido.

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    AMIGOS DOS AORES

    SOLO

    A passagem de pedestrianistas pelos percursos, por um lado provoca

    compactao e, por outro lado, responsvel pela eroso do solo.

    O pisoteamento do solo faz diminuir os seus poros. A compactao provoca

    uma diminuio da sua capacidade de reteno do ar e de absoro de

    gua, modificando a sua capacidade de sustentar a vida vegetal e animal

    (micro-fauna do solo) associada (Andrade, 2006). Magro (1999), corrobora

    com este ponto de vista e afirma que o pisoteio e a consequente

    compactao diminui a quantidade de poros entre as partculas, com

    efeitos diretos no sucesso de germinao e vigor das plantas.

    De acordo com Andrade (2006), os percursos alteram, ainda, o padro decirculao da gua (Figura 24). Com efeito, ao deixar de absorver uma

    quantidade significativa da gua, esta passa a circular ao longo da superfcie

    do percurso, provocando o arrastamento de partculas. A eroso depende

    da inclinao do terreno, do tipo de solo e do padro de drenagem da regio.

    4.1.

    Figura 24 - Aspecto do Trilho Algarvia - Pico da Vara

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    AMIGOS DOS AORES

    VEGETAO

    Andrade (2006), refere que as plantas podem ser destrudas quer

    directamente pelo pisoteamento (Figura 25), quer devido

    compactao do solo e que a eroso expe as razes das plantas

    dificultando sua sustentao e facilitando a contaminao das razes

    por pragas, o que compromete toda a planta.

    4.2.

    Figura 25- Aspecto do Trilho Lomba da Fazenda- Pico da Vara

    Alm do referido, a abertura de um percurso provoca algumas mudanas

    na composio da vegetao ao longo deste. Com efeito, as alteraes

    ambientais, fazem com que espcies vegetais mais resistentes tenham

    mais hipteses de sobreviver do que outras mais sensveis. Por exemplo,

    quando um percurso aberto, h alterao da luminosidade, o que

    favorece o crescimento de plantas tolerantes luz (Andrade, 2006).

    Por seu lado Magro (1999), num estudo efectuado, notou o desapa-

    recimento de algumas plantas e a invaso de algumas espcies.

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    AMIGOS DOS AORES

    FAUNA

    Andrade (2006), depois de considerar que no se encontra bem

    estudado o impacte dos percursos sobre a fauna, escreve que

    provvel que haja um aumento do nmero de indivduos no caso de

    espcies tolerantes presena humana e uma diminuio no caso das

    mais sensveis. Por seu turno, Magro (1999) considera que o pisoteio

    provoca uma reduo da biomassa da fauna do solo.

    4.3.

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    AMIGOS DOS AORES

    PROBLEMAS ANTRPICOS

    No caso dos percursos serem percorridos por pessoas com uma fraca

    conscincia ecolgica, ir haver, ao longo dos mesmos, deposio

    de resduos.

    A presena humana nos percursos poder, tambm, em algumas

    circunstncias potenciar o aparecimento de fogos florestais,

    felizmente pouco provveis numa regio com as caractersticas

    climticas dos Aores.

    4.4.

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    AMIGOS DOS AORES

    MEDIDAS DE MINIMIZAO

    DE IMPACTES

    Para alm de todas as medidas que devero ser tomadas aquando dos

    trabalhos de planeamento e implantao dos percursos, um princpio

    dever ser tido em considerao: os stios de visitao no devem

    ser adaptados aos visitantes, estes que devero ser preparados para

    a visitao(Salvati, 2006). Ainda de acordo com Salvati (2006),

    educao ambiental cabe um papel de grande importncia para

    minimizar os impactes causados pelo uso dos percursos.

    Nas reas protegidas, em geral, e no caso especfico dos percursos, o

    objectivo o estabelecimento de um ndice ideal de uso, para que as

    mudanas no ambiente no atinjam um nvel indesejado sob o pontode vista da conservao dos recursos (Magro, 1999).

    Surge aqui o conceito de capacidade de carga, uma das ferramentas

    usada para minimizar os impactes do uso pblico dos recursos

    naturais, que foi definido por Wagar como sendo o nvel de uso que

    uma rea pode suportar sem afectar a sua qualidade (citado por

    Magro, 1999)

    Durante muito tempo, considerou-se que bastaria limitar o nmero

    de pessoas para resolver os problemas. Contudo, para alm de ser uma

    medida impopular, outros factores podero causar impactes negativos

    (Magro, 1999), como, por exemplo, uma m gesto dos espaos ou a

    falta de pessoal.

    4.5.

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    AMIGOS DOS AORES

    Para quem desejar aprofundar este assunto, nomeadamente no que

    diz respeito a pequenas obras que devero ser efectuadas para

    minimizar os impactes negativos, recomendamos a leitura dos

    seguintes textos publicados por Parcs Canada: Manuel des Sentiers

    e Meilleures pratiques por ls sentiers de Parcs Canada- Um ventail

    dactivits, dinstallations et de services appropris aux sentiers.

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    AMIGOS DOS AORES

    PASSEIOS PEDESTRES

    GUIADOS

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    AMIGOS DOS AORES

    A INTERPRETAO AMBIENTAL

    A interpretao ambiental uma metodologia de educao ambiental

    que pode ser entendida como uma forma de comunicao que procura

    levar cada um a fazer a sua prpria traduo do ambiente. Embora

    baseada na informao, a interpretao ambiental lida tambm com

    significados, inter-relaes, implicaes e interrogaes sobre certas

    questes materiais (Vilarigues, 1998).

    So objectivos da interpretao ambiental:

    - Despertar para novos conhecimentos e perspectivas.

    - Despertar para uma nova compreenso das questes ambientais.- Constituir uma forma de valorizao dos recursos locais.

    - Fomentar a participao das comunidades na descoberta e

    valorizao do ambiente que as rodeia.

    So quatro as fases da interpretao ambiental:

    1 fase - levantamento da matria prima que pode ser um problema

    ambiental ou a existncia de valores patrimoniais.

    2 fase - definio da estratgia de planificao, cujo resultado um docu-

    mento com a directrizes necessrias para a realizao das actividades.

    3 fase - implementao do plano, tendo em conta os objectivos

    definidos e a calendarizao das actividades.

    5.1.

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    AMIGOS DOS AORES

    4 fase -avaliao, no s da concretizao do plano, mas tambm da

    mudana interior ocorrida nos destinatrios.

    De acordo com Ham e Schiavetti, citados por Salvati (2006), qualquer

    abordagem interpretativa no se deve limitar transferncia de

    informaes, deve:

    1. Ser amena e promover o entretenimento;

    2. Ser pertinente, ou seja, dever ter significado e ser pessoal;

    3. Ser organizada;

    4. Ter um tema central ou um objectivo a ser alcanado;

    5. Incentivar a participao;

    6. Provocar e questionar o visitante;

    7. Usar o humor.

    Por seu turno Silva, citado por Salvati (2006) menciona outras tcnicas

    que podem ser usadas na interpretao ambiental:

    1. A conversa deve ser orientada e no fugir ao tema;

    2. As apresentaes devem ter um cunho pessoal do guia;

    3. Dever haver um bom aproveitamento do tempo disponvel, o guia

    no poder esquecer-se de que o visitante tem direito a um tempo a

    ss com a natureza para a melhor poder apreciar;

    4. O guia dever posicionar-se no terreno de modo a que o mximo

    de visitantes o possam ver.

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    O GUIA / INTRPRETE

    Para alm de possuir todas as capacidades fsicas e tcnicas para

    efectuar percursos pedestres, o guia dever possuir conhecimentos

    pedaggicos de modo a conseguir com facilidade passar os seus

    conhecimentos tcnicos e a sua experincia aos visitantes.

    Salvati (2006) considera que o guia deve:

    1. Conhecer a rea e a zona envolvente;

    2. Conhecer o visitante e adaptar-se ao seu perfil;

    3. Ser animado, criativo e gentil;

    4. Ser seguro;5. Tratar todos com igualdade;

    6. Manter boas relaes.

    5.2.

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    5.3.

    ALGUNS ASPECTOS A TER EM

    CONTA, PELO GUIA, NUM

    PASSEIO PEDESTRE.

    So vrios os cuidados que deve ter um guia de um percurso pedestre

    de modo a proporcionar um passeio em segurana.

    A primeira preocupao dever ser, sempre que possvel, assegurar

    que os diversos participantes possuam as mesmas motivaes,

    capacidades fsicas semelhantes e uma experincia base que permita

    vencer todos os esforos que lhes sero exigidos.

    O nmero de participantes, que dever ser mais reduzido para

    caminhadas de maior grau de dificuldade, dever, segundo a

    Federao Francesa da Montanha e da Escalada, ir at 15 ou 18 pessoaspara percursos de menor altitude.

    Durante a marcha, em terreno fcil, o guia dever ir na frente e regular

    a velocidade da marcha, nunca perdendo de vista o total dos

    participantes.

    No plano psicolgico o guia dever estimular a solidariedade e motivar

    o grupo no s para os problemas tcnicos, mas tambm para

    questes ambientais (fauna, flora, geologia, etc.)

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    TICA E CONDUTA

    Para a realizao de passeios pedestres, evitando-se acidentes e

    causando o menor impacte possvel, existem um conjunto de regras

    que devero ser seguidas pelos pedestrianistas.

    Para a Federao de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCP,

    2001), as normas de tica e Conduta so as seguintes:

    1. Seguir somente pelos trilhos sinalizados;

    2. Ter cuidado com o gado. Embora manso no gosta da aproximao

    de estranhos s suas crias;

    3. Evitar barulhos e atitudes que perturbem a paz do local;

    4. Observar a fauna distncia, preferencialmente com binculos;5. No danificar a flora;

    6. No abandonar o lixo, levando-o at um local onde haja servio de recolha;

    7. Fechar cancelas e portelos;

    8. Respeitar a propriedade privada;

    9. Ter cuidado com o lume;

    10. No colher amostras de plantas ou rochas;

    11. Ser afvel com os habitantes locais, esclarecendo quanto

    actividade em curso e s marcas do percurso.

    Santos (2006), apresenta um conjunto de regras simples, que

    protegero o meio ambiente, daro maior prazer e evitaro acidentes.

    5.4.

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    Entre as regras, destacamos, a ttulo de exemplo, as seguintes:

    1. Obter informaes completas sobre a regio, desde as condies

    climticas at a distncia do hospital mais prximo;

    2. Aprender a prestar os primeiros socorros e ter sempre um estojo

    com os medicamentos necessrios;

    3. Ter uma boa mochila, que permita distribuir o peso tambm nos

    quadris e no apenas nos ombros;

    4. No gritar, cantar ou tocar instrumentos, porque alm de espantar

    os animais e os outros excursionistas, o cansao vir mais cedo;

    5. No atirar lixo para o cho, dever trazer todo o lixo que produzir;

    6. Se no tiver os conhecimentos necessrios procure as associaes

    que os possuem, estas tero todo o prazer em ajud-lo na escolha dos

    percursos e dos equipamentos;7. Sempre que ocorrer alguma situao inesperada o melhor parar,

    reflectir e encontrar as melhores alternativas para resolver o problema.

    No se descontrole e acalme os seus companheiros; muitas vezes as

    situaes de perigo so contornveis com solues simples.

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    LEGISLAO

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    Neste captulo, para alm de uma abordagem ligeira legislao sobre

    Turismo de Natureza e sobre reas Protegidas, faremos uma

    abordagem mais pormenorizadas legislao existente na Regio

    Autnoma dos Aores sobre percursos pedestres.

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    PERCURSOS PEDESTRES /

    PEDESTRIANISMO

    O pedestrianismo, por no ser uma actividade que faa com que os

    seus praticantes estejam sujeitos a elevados perigos, nem exigente

    sob o ponto de vista do praticante possuir elevados conhecimentos

    tcnicos, no obedece a qualquer legislao especfica (Fraga, 2005),

    contudo a Federao de Campismo e Montanhismo de Portugal

    procura regul-la.

    A Regio Autnoma da Madeira foi pioneira na aprovao de legislao

    relativa aos percursos pedestres. Com efeito, o Decreto Legislativo

    Regional n 7-B/2000/M, estabelece os percursos pedonais

    recomendados naquela Regio.O referido Decreto-Lei, para alm de classificar todos os percursos

    recomendados como pequenas rotas, aprova o modelo dos painis

    informativos e toda a sinaltica auxiliar e atribui a responsabilizao pela

    manuteno, fiscalizao e sinalizao, dentro das reas de jurisdio

    respectiva, Direco Regional de Florestas, ao Parque Natural da

    Madeira, s autarquias locais e s entidades gestoras de levadas.

    Para alm do mencionado, criada uma comisso de acompanha-

    mento que, entre outras funes, responsvel pela coordenao dos

    trabalhos de manuteno e fiscalizao, pela apresentao de

    propostas de alterao, reduo ou ampliao da lista de percursos

    pedonais recomendados (anexa ao Decreto-Lei) e por receber e dar

    6.1.

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    encaminhamento a queixas, denncias ou outras solicitaes relativas

    aos percursos recomendados.

    Nos Aores, o Decreto Legislativo Regional N. 16/2004/A, de 10 de

    Abril, define o regime jurdico da classificao, identificao,

    sinalizao, manuteno, utilizao, fiscalizao e promoo dos

    circuitos pedestres da Regio Autnoma dos Aores.

    De acordo com o Decreto referido, os percursos pedestres so

    classificados como pequenas rotas e grandes rotas; as pequenas rotas

    abrangem todos os percursos com uma extenso inferior a 30 km; as

    grandes rotas abrangem os restantes circuitos, que podero ser

    constitudos por conjuntos de pequenas rotas.

    Estabelece, tambm, as regras relativas identificao e sinalizao

    dos circuitos pedestres e remete para portaria do membro do GovernoRegional que tutela o Turismo a aprovao dos modelos dos painis

    informativos, das placas indicativas, das placas informativas e da

    sinaltica auxiliar.

    De acordo com o artigo 11 do Decreto que vimos mencionando, os

    promotores (entidades pblicas ou privadas) que proponham Comisso

    de Acompanhamento dos Percursos Pedestres a classificao oficial de

    percursos pedestres novos, assumem, perante a mesma Comisso, a

    responsabilidade pela manuteno e sinalizao dos mesmos.

    Por seu turno, de acordo com o artigo 15, os utentes dos percursos

    classificados so responsveis pelos danos que causem em terceiros

    aquando da utilizao dos percursos e assumem os riscos inerentes

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    sua utilizao, no podendo exigir qualquer indemnizao pelos danos

    que venham a sofrer, excepto se estes forem imputveis entidade

    responsvel pela sinalizao e/ou manuteno dos percursos.

    A Comisso de Acompanhamento dos Circuitos Pedestres (Artigo 12),

    composta por representantes de vrios departamentos governa-

    mentais, associaes de municpios, e de freguesia, associaes com

    actividade na Regio na rea do pedestrianismo e organizaes no

    governamentais de ambiente, tem, entre outras, como atribuies:

    a) Elaborar um relatrio anual, tendo por base os elementos recolhidos

    pelas entidades representadas, sobre o estado de manuteno,

    fiscalizao, utilizao e sinalizao dos percursos pedestres; b) Propor

    anualmente ao membro do Governo Regional competente em matria

    de turismo as alteraes a introduzir na listagem dos percursospedestres classificados; c) Definir e notificar os promotores dos

    percursos pedestres das condies a cumprir, para efeitos da

    manuteno da respectiva classificao oficial; d) Emitir parecer sobre

    as publicaes promocionais dos percursos pedestres;

    Por ltimo, o decreto atribui a competncia da fiscalizao do

    cumprimento das normas do mencionado diploma s direces

    regionais com competncias em matria de ambiente e recursos

    florestais e ao departamento do Governo Regional competente em

    matria de turismo (Art. 16).

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    TURISMO DE NATUREZA

    O turismo de natureza que pode ser definido como o produto

    turstico, composto por estabelecimentos, actividades e servios de

    alojamento e animao ambiental realizados e prestados em zonas

    integradas na Rede Nacional de reas Protegidas (Fraga, 2005), foi

    criado em 1998, com a publicao da Resoluo do Conselho de

    Ministros N. 112/98, de 25 de Agosto.

    O Decreto-Lei n. 47/99, de 16 de Fevereiro, estabelece o regime jurdico

    do turismo de natureza. So identificadas as modalidades de hospedagem

    e actividades e servios de alojamento e animao turstica ambiental.

    Identifica ainda as competncias das entidades e rgos envolvidos emtodo o processo de licenciamento. Em termos de fiscalizao e sanes,

    so identificadas as entidades e rgos com competncia de fiscalizao

    e de aplicao de coimas. Este Decreto foi parcialmente alterado pelo

    Decreto-Lei N. 56/2002, de 11 de Maro (artigos 10., 11., 13., 14.,

    16., 18., 19., 23. a 35., 37., 39., 42., 57., 58., 60. e 63.).

    O Decreto Regulamentar n. 18/99, de 27 de Agosto, regulamenta a

    animao ambientel nas modalidades de animao, interpretao

    ambiental e desporto de natureza nas reas protegidas, bem como o

    processo de licenciamento das iniciativas e projectos de actividades,

    servios e instalaes de animao ambiental. Este Decreto foi parcialmente

    alterado pelo Decreto Regulamentar N. 17/2003, de 10 de Outubro.

    6.2.

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    AMIGOS DOS AORES

    REAS PROTEGIDAS E CLASSIFICADAS

    Criada para conservar os habitats e as espcies selvagens raras,

    ameaadas ou vulnerveis na Unio Europeia, a Rede Natura 2000,

    resulta da implementao de duas Directivas Comunitrias, a Directiva

    79/109/CEE, de 2 de Abril, relativa Conservao das aves selvagens

    (Directiva Aves) e a Directiva 92/43/CEE, de 21 de Maio, relativa

    proteco dos habitats e da fauna e flora selvagens (Directiva Habitats).

    A aplicao da Directiva Aves aos Aores resultou na classificao de 15

    ZPE (Zonas de Proteco Especial), com uma rea de 12 286 ha, enquanto

    que da aplicao da Directiva Habitats foram aprovados 23 SIC (Stio de

    Importncia Comunitria), abrangendo uma rea de 33 639 ha.No que diz respeito s reas Protegidas, em 2003, existiam 31, abrangendo

    um total de 68 432 ha, isto , cerca de 23% da rea total da Regio (DRA, 2004).

    As reas Protegidas dos Aores, com excepo das Reservas Florestais Naturais

    e Reservas Florestais de Recreio, foram criadas ao abrigo do Decreto Legislativo

    Regional n 21/93/A, de 23 de Dezembro, que aplica Regio Autnoma dos

    Aores o Regime Jurdico estabelecido pelo Decreto-Lei n 19/93, de 23 de

    Janeiro, que estabelece normas relativas Rede Nacional de reas Protegidas.

    Recentemente, a 25 de Junho de 2007, foi publicado no Jornal Oficial

    o Decreto Legislativo Regional n 15/2007/A que procede reviso da

    Rede Regional de reas Protegidas da Regio Autnoma dos Aores e

    determina a reclassificao das reas protegidas existentes.

    6.3.

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