dossiê k [jorge kajuru]

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A VERDADE SOBRE AS PERSEGUIÇÕES IMPLACÁVEIS SOFRIDAS PELA RÁDIO K EM CINCO ANOS Goiânia - Goiás 2002 Uma história de corrupção e truculência Venda proibida Distribuição gratuita Jorge Kajuru

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KAJURU, Jorge. Dossiê K: uma história de corrupção e truculência. Goiânia: Rádio K do Brasil, 2002. 268 p. il.

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Page 1: Dossiê K [Jorge Kajuru]

A VERDADESOBRE AS

PERSEGUIÇÕESIMPLACÁVEIS

SOFRIDAS PELARÁDIO K

EM CINCO ANOS

Goiânia - Goiás2002

Uma história de corrupção e truculência

Venda proibidaDistribuição gratuita

Jorge Kajuru

Page 2: Dossiê K [Jorge Kajuru]

Reserva dos Direitos Autorais, em Língua Portuguesaou em qualquer outro idioma.

Tudo aqui, escrito e carimbado, como GRAVADO, ficaà disposição de todo cidadão que desejar buscar a cópiadas gravações na sede da Rádio K ou via internet. Tambéma cópia de todos os documentos, que se tornam públicos.

Projeto Gráfico:Graça Torres

Revisão:Auricélia de P. Rodrigues

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)(GPT/BC/UFG)

Kajuru, JorgeK13d Dossiê K : uma história de corrupção e trucu-

lência / Jorge Kajuru. – Goiânia : Rádio K doBrasil, 2002.

268p. :il.

1. Corrupção política – Goiás – 1998/20022. Corrupção administrativa – Goiás – 1998/2002II. Título.

CDU: 328.185(817.3)”1998/2002"

Av. Goiás nº 174 - Ed. São Judas Tadeu - 16º andar - Centro - GoiâniaCEP 74.010-010 - Fone: (62) 213-2929 - Fax: (62) 521-0407

E-mail: [email protected]

Page 3: Dossiê K [Jorge Kajuru]

Para meus amigos ouvintes,minha história e consciência.

Desafio os bajuladores depalácio a escreverem umlivro que desminta tudoaqui escrito e provado.Mas apresentemdocumentos.

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Prefácio O que você lerá neste livro aconteceu no século passa-

do e continua a acontecer neste.Mas lembra a longínqua Inquisição e a bem mais próxima

ditadura militar, que assolou o País nos últimos anos 60 e 70.O que você lerá neste livro, fartamente documentado, é a

luta de um jornalista que parece não ser deste século, nem dopassado e nem do anterior.

A luta de um romântico que se imola em praça pública,que abre o peito para levar balas e estocadas, que sabe serimpotente para enfrentar forças tão maiores, mas que, mesmoassim, não desiste, trava o bom combate, apesar de saber queprotagoniza um filme no qual o mocinho morre no fim.

Jorge Kajuru é o Don Quixote de Goiás, que fez de suaRádio K o Sancho Pança, na batalha contra moinhos de ventobem concretos, dois governos sucessivos e adversários entresi – um do PMDB, com Íris Rezende, outro do PSDB, comMarconi Perillo.

Atenção, poderosos: o personagem de Cervantes aqui étratado como merece, como um herói em busca da justiça eda liberdade e não como um ator de ópera bufa.

Como diz o genial Ariano Suassuna, “ser Quixote é umaqualidade”. Quem procura fazer dele algo caricato é a socie-dade apodrecida, tão bem retratada nas páginas que seguem.

Ao deixar seu testemunho também em forma de livro,Jorge Kajuru dá, mais uma vez, a cara a tapa, para que seusouvintes o julguem.

Ao expor a sucessão de derrotas que o levaram a sepultarseu casamento, a perder seu patrimônio e a responder a umasérie interminável de processos, Kajuru emerge vitorioso pelosimples fato de ter se mantido fiel aos seus propósitos públi-cos e às suas idéias, algumas vezes manifestados de maneiracaótica; muitos, com a voz do coração e não da cabeça; to-dos, com profundidade, honestidade e santa indignação.

Chances de capitular ele teve diversas. Propostas parasair rico da guerra não faltaram.

Mas Kajuru, tal como um Darci Ribeiro, preferiu orgu-lhar-se de suas derrotas. À custa do bolso, do corpo quefraquejou, do coração despedaçado, do equilíbrio, precário,às vezes.

Page 5: Dossiê K [Jorge Kajuru]

Porque Jorge Kajuru tem a coragem dos que têm medo ea intuição de que a vitória não precisa, necessariamente, sercomemorada em vida.

É a História quem dirá o nome do mocinho e dos bandi-dos. E a História está ao seu lado no embate travado com ospusilânimes e covardes.

Não houve nenhuma pessoa próxima a Kajuru que nãolhe tenha dito, pelo menos uma vez, para largar tudo, vendera emissora, tratar da vida num centro maior, como São Paulo,deixar fluir seu incomensurável poder de comunicação e alar-gar seus horizontes.

Houve momentos em que até pareceu que Kajuru con-cordaria. Só pareceu.

Neste libelo recheado, por um lado, de atitudes dignas e,de outro, de torpezas quase inverossímeis, eis que emergenão só a face miserável do poder exercido de maneira arbitrá-ria, desonesta e corrupta, em nome de interesses pessoais einconfessáveis. Vem à tona, ainda, o papel nefasto, compro-metido, calhordamente interesseiro de veículos nacionais deinformação.

Felizmente Jorge Kajuru sobreviveu para contar esta his-tória. Por sorte e habilidade, não teve o fim de tantos jornalis-tas de centros menores, pelo Brasil afora, que acabaram víti-mas de pistoleiros de aluguel.

Seu testemunho, porém, está longe de se esgotar nos li-mites do estado de Goiás. O teor de suas denúncias tem ocondão de espalhar vergonha pelo país inteiro, do Palácio doPlanalto, passando pelo Ministério das Comunicações e poralgumas redações do eixo Rio-São Paulo.

Porque, de fato, é de fazer corar a constatação de quealguém venha lutando sozinho e, há tanto tempo, contra odragão da maldade.

Mas Quixote não desiste e Sancho não se cala para fazerranger os dentes dos moinhos de vento.

E é ai que mora o perigo para os coronéis, para os oligarcas,para os corruptos.

Há vozes que não se calam jamais. 

Juca Kfouri

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Índice

Janeiro de 1998........................................................ 11

Julho de 1998 .......................................................... 14

Agosto de 1998 ........................................................ 14

Setembro de 1998 .................................................... 15

Outubro de 1998 ..................................................... 16

Novembro de 1998 .................................................. 27

Dezembro de 1998 .................................................. 28

Janeiro de 1999........................................................ 29

Fevereiro de 1999 .................................................... 30

Março de 1999 ........................................................ 38

Abril de 1999 ........................................................... 39

Maio de 1999 .......................................................... 53

Agosto de 1999 ........................................................ 65

Setembro de 1999 .................................................... 74

Outubro de 1999 ..................................................... 78

Dezembro de 1999 .................................................. 83

Fevereiro de 2000 .................................................... 87

Março de 2000 ........................................................ 87

Abril de 2000 ........................................................... 97

Maio de 2000 .......................................................... 105

Junho de 2000 ......................................................... 116

Julho de 2000 .......................................................... 116

Agosto de 2000 ........................................................ 116

Setembro de 2000 .................................................... 117

Outubro de 2000 ..................................................... 117

Page 7: Dossiê K [Jorge Kajuru]

Novembro de 2000 .................................................. 123

Dezembro de 2000 .................................................. 123

Janeiro de 2001........................................................ 133

Abril de 2001 ........................................................... 134

Junho de 2001 ......................................................... 137

Julho do 2001 .......................................................... 158

Agosto de 2001 ........................................................ 163

Setembro de 2001 .................................................... 171

Outubro de 2001 ..................................................... 173

Novembro de 2001 .................................................. 175

Dezembro de 2001 .................................................. 176

Janeiro de 2002........................................................ 178

Fevereiro de 2002 .................................................... 181

Março de 2002 ........................................................ 181

Abril de 2002 ........................................................... 182

Maio de 2002 .......................................................... 198

Julho de 2002 .......................................................... 222

Agosto de 2002 ........................................................ 237

Setembro de 2002 .................................................... 242

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Janeiro de 1998

Com apenas um mês de vida no ar, a Rádio Kengatinhava na montagem de seu Departamento de Jorna-lismo. No esporte, a emissora já nascia herdeira da consa-grada marca “Feras do Kajuru”, desde 1987, com lideran-ça absoluta nas transmissões de futebol. A Rádio K nãopensava ser diferente, apenas não queria ser igual ao res-tante da imprensa goiana, que não servia ao povo, mas seservia do povo, escondendo a verdade sobre os 16 anos dePMDB em Goiás. Milhões eram gastos em publicidade ofi-cial e pessoal. Governantes eram tão endeusados que, emtodos os anos, no aniversário de Íris Rezende, haviacolunista que pedia para decretar feriado.

Decisões tomadas pela Rádio K:

1) Pioneirismo, dando exemplo de imprensa livre.

2) Ser a primeira emissora a recusar dinheiro público,só aceitando anúncio da iniciativa privada, com restriçãoa alguns produtos. Mídia de governo, jamais.

3) Estabelecer uma relação de mão dupla com o ou-vinte, que passou a ser o único censor da emissora, comliberdade de expressão, sendo nosso “ombudsman”.

4) Introduzir, pela primeira vez, a prática do jornalis-mo investigativo, com denúncias embasadas e documen-tadas.

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Quanto custava o silêncio da imprensa goiana? Aqui,a Rádio K denunciava os gastos do PMDB, somente emmídia oficial do Governo.

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JJJJJulho de 1998ulho de 1998ulho de 1998ulho de 1998ulho de 1998

Diretamente da França, onde cobria a Copa do Mun-do pela Rádio K, Kajuru, em comentário de uma hora, de-sabafou e desafiou a oposição política em Goiás, no senti-do de que, se não houvesse um homem capaz de enfrentarÍris Rezende, ele próprio sairia candidato de oposição aogoverno.

AgAgAgAgAgosto de 1998osto de 1998osto de 1998osto de 1998osto de 1998

A Rádio K inicia a cobertura das eleições para o Go-verno de Goiás, com a coragem de contar a verdadeirahistória dos 16 anos do PMDB e revelar as mazelas do co-ronel Íris Rezende.

Marconi Perillo, único adversário de Íris na eleição,aproveitava-se dessa cobertura inédita da Rádio K, em seuprimeiro ano de vida. Marconi e Kajuru nunca haviam tro-cado uma palavra. Kajuru tomara essa decisão de cobertu-ra jornalística porque, desde 1986, já enfrentava Íris sozi-nho na imprensa goiana.

O único político, aliado de Marconi, que tinha relacio-namento com Kajuru era Ronaldo Caiado, embora ideologi-camente não houvesse nenhuma identidade. Todavia,Ronaldo salvou a vida de Kajuru, quando um diretor da UDR,(Wolney) já falecido, resolveu matar o jornalista.

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José Roberto (jornalista/Folha de São Paulo): “Mas só secolocando no lugar do eleitor de Goiás, do Mato Grossodo Sul, que ficou com o resultado defasado e que, quan-do chegou na hora da apuração, teve uma surpresa.”

Carlos Augusto Montenegro: “Eu acho que o eleitor temtodo o direito de reclamar com a TV Anhanguera, deGoiânia ou de Goiás, tem todo o direito de chegar e man-dar uma carta pra televisão, e falar: olha, foi horrível opapel de vocês; eu, como eleitor daqui, gostaria de acom-panhar isso até o final; é, fiquei muito triste, muito chate-ado de vocês não terem contratado o Ibope até o final,então, acho que o eleitor de Goiânia tem todo o direito.Agora, fazer pesquisa de graça eu não faço.”

SetembrSetembrSetembrSetembrSetembro de 1998o de 1998o de 1998o de 1998o de 1998

Dez dias antes da eleição, no primeiro turno, Kajurudenuncia a fraude da pesquisa do IBOPE, comandada emGoiás, pela afiliada da Rede Globo, Organização JaimeCâmara, que dava a Íris Rezende vitória no primeiro turno,com 26% de frente.

Aconteceu que, em Maio (quatro meses antes das elei-ções), o IBOPE foi contratado pela afiliada da Globo parafazer 04 rodadas de pesquisa em Goiás. Foi feita a 1ª, quedava a Íris, naquele momento, 26% de frente. Estranhamente,a TV Anhanguera dispensou as outras 03 rodadas que o Ibopefaria. Por sua vez, o PMDB ficou propagando essa pesquisaaté 10 dias antes do 1º turno. Naturalmente, sem revelar adata em que o Ibope pesquisava. Abaixo, através do Pro-grama “Roda Viva”, da Rede Cultura de Televisão, o Sr.Carlos Augusto Montenegro revelou o segredo, que, para aRádio K, já havia sido desmascarado, provocando revolta ea virada de Marconi no 1º turno.

PROGRAMA “RODA VIVA” - TV Cultura

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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OutubrOutubrOutubrOutubrOutubro de 1998o de 1998o de 1998o de 1998o de 1998

Marconi Perillo vence o primeiro turno e faz agrade-cimento histórico a Kajuru. Como Íris Rezende foi maiscriticado e denunciado, Kajuru era o máximo para o jo-vem político.

O CANDIDATOMARCONI PERILLODECLAROU, NO DIADA VITÓRIA:

– “...Kajuru, parabénsa você, a toda a sua equi-pe, pela cobertura e pelotrabalho jornalístico exem-plar. Corretíssimo. Vocêestá dando uma lição de in-dependência e a sua rádioestá, sem dúvida, contribu-indo para a democracia emGoiás. Vocês fizeram umtrabalho sério, você chegoua ponto de colocar a sua rá-dio em jogo para que a ver-dade prevalecesse. Vocêdeu uma grande contribui-ção à democracia emGoiás. Você teve um gestode civismo, ao colocar emjogo seu patrimônio, paraque a verdade prevaleces-se em Goiás. Você ajudoumuito a democracia, emGoiás, com a sua rádio e asua pesquisa.”

Depoimento, ao vivo,às 19:35hs, pela Rádio K.06 de Outubro de 98.

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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Kajuru denuncia na Rádio K o Caso Caixego.

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Kajuru começa a receber ameaças de morte.

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DEPOIMENTO DE WELDON PAULO

“Depois do primeiro turno da grande eleição de1998, com cobertura maciça da Rádio K do Brasil,fui convidado por um membro do departamento co-mercial da Rádio K do Brasil a entrar em contatocom a Paula Panarelo, já que eu tenho amizade como Camarguinho (Camarguinho que casou com PaulaPanarello, filha do Paulo Panarelo), pra providenci-ar um grande patrocínio, visando esse grande deba-te do segundo turno das eleições de 1998. Estive aquina Rádio K, entrei em contato com o Paulo Panarello,ele disse que não tinha o mínimo interesse. Ao che-gar na Rádio K, fiquei de frente com o Ebraim Arantes,que estava sentado no sofá da recepção da Rádio K,cumprimentei ele, e chamei ele pra entrar no depar-tamento comercial, e aí me falaram que a Rádio Kestava saindo às ruas para arrumar patrocínio visan-do patrocínio desse grande debate. Eu falei proEbraim, o Ebraim assistiu à reenvindicação que foifeita por mim. Ele falou: ‘Olha, já tenho os patrocíni-os, que é Viena Medicamentos, do Arione José dePaula, loja que pertence a Arnaldo Rabelo e aTorneadora Aeroporto’. Era um final de semana, eupeguei meu carro, fui na residência desses profissio-nais e desses empresários e peguei a assinatura nocontrato da Rádio K do Brasil, aí peguei o contrato,preenchido, nome da firma, CGC, tudo. Recebi um

Kajuru recusa, publicamente, através da Rádio K, pro-posta de 100 mil reais, como patrocínio de cobertura daseleições no segundo turno, feita por um dos coordenado-res financeiros da campanha de Marconi, Ebrahim Arantes,que, juntamente com o repórter Weldon Paulo, foi até aresidência de Kajuru, levando dinheiro em espécie.

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telefonema na minha residência, do senhor EbraimArantes. Ele estava no Supermercado Cristal, que ficaali no Setor Oeste, perto da galeria do Cinema Um.Ele me falou que estava com o dinheiro, aí ele pe-gou um envelope do Castro´s Park Hotel, eu me lem-bro perfeitamente, escreveu no envelope, HeldonPaulo, com H e não com W, que é meu nome e fa-lou: ´olha, tô te entregando o dinheiro, 100 mil re-ais’; eu telefonei pro Kajuru, falei: ´Kajuru, eu já re-cebi do Ebraim.’ Ele pegou e falou: ‘eu não aceitoesse dinheiro.’ Eu falei: ´como é que é? Não aceitoesse dinheiro, eu não quero esse dinheiro’. Eu pe-guei e falei: ´ó, Kajuru, eu vou na sua residência,onde você está’; ele tava com gota, em cima dacama, aí cheguei lá com o Ebraim Arantes, entregueio pacote de 100 mil reais, ele não aceitou, falou:´não, não quero esse dinheiro.’ O Ebraim insistiudemais pra que ele pegasse o dinheiro, e a Rádio Ktava precisando do dinheiro, o Kajuru não aceitou.O Weldon Paulo perdeu 10 mil reais nessa brinca-deira e o Kajuru não aceitou, Ebraim falou assim:´Kajuru não gosta de dinheiro. ̀ Eu falei: ́ mas eu gos-to’; eu falei assim: ‘eu vou pegar esse dinheiro, vou àdiretora financeira da rádio’. Kajuru, irritado: ́ Se vocêpegar esse dinheiro, eu denuncio você na Rádio K’.Eu falei: ‘bom, então fim de papo, Kajuru não quermesmo. Ebraim, tchau.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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Kajuru declara, no ar, que vai anular seu voto e fazcomparação entre Íris e Marconi. Aconteceu no dia 9, às 9e meia da manhã, em programa ao vivo, onde estavampresentes os jornalistas Altair Tavares e Cassim Zaiden, e adeputada federal Nair Lobo.

"Eu, Jorge Kajuru, não tenho ne-nhum partido, acho os dois candidatospéssimos para Goiás, na minha opinião.Péssimos dos péssimos. Tanto é que omeu voto é nulo. Não vou votar em ne-nhum.

Essa é a minha posição.O Jorge Kajuru não tá nem aí com

nenhum dos dois. Não preciso de ne-nhum dos dois. Conheci esse MarconiPerillo agora. E dei a opinião antes decomeçar o primeiro turno sobre os dois,da seguinte maneira: para mim, trata-va-se de Iris Sênior e Iris Júnior. Na mi-nha opinião, o Íris não tem nenhum fi-lho tão parecido com ele, como oMarconi.

Essa é minha opinião.Disse, aqui, que os mesmos erros

de Íris, certamente Marconi os terá da-qui a 4 anos. A menos que ele me sur-preenda, o Sr. Marconi Perillo.

A Rádio K do Brasil vai continuarfazendo oposição jornalística a qual-quer governo eleito em Goiás, porqueessa é a nossa posição de independên-cia. Não queremos nenhuma relaçãocom o governo. Não aceitamos aqui, eé o único veículo de comunicação quenão aceita publicidade oficial de gover-no. Todo mundo, em Goiás, aceita.

Vença quem vencer as eleições,continuaremos com esse trabalho po-liticamente jornalístico."

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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NoNoNoNoNovvvvvembrembrembrembrembro de 1998o de 1998o de 1998o de 1998o de 1998

Já eleito, antes de tomar posse, o governador MarconiPerillo, acompanhado dos auxiliares Demóstenes, Sandoval,Luiz Felipe e Ferrari foi até a residência de Kajuru, quandoaconteceu o primeiro encontro entre ambos, dia 20. À es-pera de Kajuru, Isabela, sua mulher, e a empregada Bigaouviam da cozinha, com medo de alguma discussão.

Na oportunidade, Marconi, sem constrangimento, fezduas propostas:

1) Que a Rádio K desse uma trégua em crítica a seugoverno, alegando que ele precisaria de muito tempo pararecuperar o Estado. Revelou o tempo de 08 anos;

2) Toda denúncia que chegasse até Kajuru que, pri-meiro, entregasse a ele, deixasse o governo resolver e apu-rar e, quando o governo terminasse esse processo, liberariaa Rádio K para falar do assunto.

A resposta de Kajuru: “Imprensa não foi feita para dartrégua. E, sobre entregar a denúncia antes, trata-se de umacensura prévia, Sr. governador”.

O secretário de comunicação, Luiz Felipe, ponderouque a melhor mídia técnica seria a da Rádio K. Ainda nessaconversa, o governador pediu sugestão de nome para aSecretaria de Esportes. Kajuru pediu que o governador des-se os nomes e ele faria comentários. Nada teve sequência.Sobre mídia, Kajuru pediu para que nunca mais alguém dogoverno falasse em assunto comercial, pois já era público,meses atrás, no ar, o compromisso da Rádio K, de jamaisaceitar mídia de Governo.

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DeDeDeDeDezzzzzembrembrembrembrembro de 1998o de 1998o de 1998o de 1998o de 1998

A Rádio K denuncia que Jalles Fontoura foi escolhidocomo secretário da Fazenda por causa de um empréstimona campanha eleitoral, de 3 milhões de reais, feito por seupai, Otávio Lage, durante o 1º turno. Até hoje, a emissoranão foi desmentida.

23 de dezembro de 199820 horas e 30 minutos – Cafeteria Bandeira Café

O secretário de comunicação, Luiz Felipe, pede en-contro com Jorge Kajuru e, sem nenhum constrangimento,faz uma proposta em nome do governador Marconi Perillo:Um milhão de reais, em dez parcelas, para ser sócio daRádio K. Kajuru, estupefato, pergunta: “Quem seria meusócio?” Resposta de bate-pronto: “O governador, por quenão?” Imediatamente, Kajuru recusa e avisa Ronaldo Caia-do que, no dia seguinte, vai ao governador, conta a conver-sa, diz que Kajuru não é homem de dinheiro e, sim, deamizade, pede uma reação de Marconi e o governador ga-rante demissão antecipada do secretário. Moral da história:O secretário, até hoje, faz parte da equipe de comunicaçãodo governo e, somente cinco meses depois deste episódio,pediu demissão do cargo de secretário de comunicação poroutro motivo. Foi denunciado por sua própria superinten-dente, Marialda Valente, por irregularidades e favorecimentona licitação de agências.

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JJJJJaneiraneiraneiraneiraneiro de 1999o de 1999o de 1999o de 1999o de 1999

No dia 1º, na posse do governador Marconi Perillo, aRádio K foi a única emissora que transmitiu, recusando-sea receber os 9 mil reais que o Governo pagava pela trans-missão de cada rádio. Durante a cerimônia, a Rádio K criti-cou veementemente o discurso de Marconi, declarandoque o povo de Goiás era injusto com Ari Valadão e OtávioLage, seus maiores aliados na eleição. Dois ex-governado-res de tristes lembranças.

Ao colocar no ar a chamada, com a voz do governa-dor, prometendo em campanha que, a partir do seu pri-meiro dia de governo, reduziria os impostos de 17% para12%, eis que o secretário da Fazenda, Jalles Fontoura, veio,no ar, para dizer que o governador não havia feito essapromessa. A Rádio K o desmascarou, reproduzindo, na ín-tegra, a declaração do próprio governador, feita no horáriopolítico da campanha. Jalles calou-se.

MARCONI PROMETEU

“O imposto de Goiás é o maiscaro do Brasil, é o mais ver-gonhoso do Brasil, e eu, noprimeiro dia, vou enviar umamensagem para a Assem-bléia, reduzindo o imposto daenergia, da água, da gasolina,do gás de cozinha, porqueisso é cidadania, esse é umcompromisso que eu assumoaqui. Eu vou acabar com essaindecência, se Deus quiser.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.brSetembro/98 - Horário EleitoralNão foi cumprida a promessa.

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30

Ainda em janeiro, a Rádio K coloca no ar chamadacom a voz do governador Marconi Perillo, prometendo egarantindo que, em seu governo, a imprensa seria livre paradenunciar qualquer escândalo.

FFFFFeeeeevvvvvererererereireireireireiro de 1999o de 1999o de 1999o de 1999o de 1999

Kajuru avisa publicamente, pela Rádio e pessoalmen-te, ao governador Marconi Perillo, que empresários goianos,da iniciativa privada, estavam querendo investir na RádioK e reclamavam que o governo não estava permitindo.Marconi desmentiu e Kajuru deu um exemplo nominal: oSr. Rivas Resende confirmou essa versão com o testemu-nho de Jorcelino Braga, na empresa Panarello.

Marconi mudou de assunto. Kajuru completou: “Pare-ce que eu tinha razão, governador, o que Íris fez em 12, osenhor vai fazer em quatro”. Perillo disse que estava sendoofendido e, assim, acabou o 2º e último diálogo entre osdois. Mais tarde, Kajuru comprovou como o governadorera capaz de se envolver em compra ou venda de emisso-ra. Bem mais covarde que Íris Rezende.

MARCONI PROMETEU

“.....Quando ganhássemosas eleições, a imprensa se-ria livre, não haveria maistutela, a imprensa é livre,pode colocar todo dia nacapa do O Popular, e dosoutros jornais, escândalosum atrás do outro.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

Outubro/98Comício Final, na Praça Cívica.Naturalmente, não foi cumpridaa promessa.

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A Rádio K denuncia contrato suprapartidário e outrasavenças com loteamento de cargos do Governo na cidadede Aparecida, com assinatura de Sérgio Cardoso, vulgoSerjão, cunhado do governador. A revista “Veja” tambémrepercute a denúncia, tratando o caso como o primeiro daHistória política do País.

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Essa última, é a rubrica de Serjão, que, até hoje, atuano Governo e se enriquece de forma espetacular.

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OBS.: Houve mesmo o loteamento de cargos.

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O governador Marconi Perillo tenta, de todas as ma-neiras, convencer a Rádio K a aceitar uma mídia técnicade 150 mil reais mensais. Em troca desta mídia, o governopedia a imediata demissão dos funcionários da Rádio K:Martiniano Cavalcante e Luiz César Leleco. Kajuru recusapublicamente tal oferta, em programa das 8 horas da ma-nhã, e mantém os funcionários na emissora.

A Rádio K lança projeto “Associa K”, em parceria comPelé, para o ouvinte se associar à emissora, pagando 5 re-ais mensais, como alternativa para evitar falência da emis-sora, mantendo sua indenpendência.

DEPOIMENTO KAJURU

Jorge Kajuru: “... Vender ações pra todo mundo,como a gente vai lançar agora, graças a Deus, por-que o Pelé já cansou de esperar também e, aliás, jámandou avisar a esse governador, o Pelé, falando aoJuca, domingo em São Paulo, que esse governadorpode mandar qualquer documento pra ele, porquejá mandaram tudo pra ele, contra mim. O Pelé man-dou dizer pra ele: ‘fala pra ele mandar o que elequiser, que eu não vou mudar minha opinião sobrevocê e sobre a Rádio K do Brasil, pode mandar oque quiser’. Então, vender ações agora, tentar ven-der 300 mil reais em ações porque, sinceramente,ouvinte, do fundo do meu coração, os seus cincoreais mensais, ouvinte, os cinco reais que você forpagar, comprando ações da Rádio K do Brasil, cincoreais por mês, que eu não quero um centavo a maisdo que isso, os seus cinco reais mensais, cinco reaispor mês, ouvinte, os seus cinco reais por mês, valemmais, valem muito mais pra mim, pra minha honra,valem muito mais do que os 150 mil reais mensais

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que o governo Marconi ofereceu pra mim, pra mepagar, pra me comprar, e pra que eu tirasse da rádioo Martiniano, o Leleco e o Gama, e pra que euparasse de fazer comentário político, que foi a pro-posta que eu recebi de cento e cinqüenta mil reais,com testemunhas, do senhor Manoel de Oliveira, eos senhores secretário e superintendente da Secre-taria de Comunicação. Essa foi a proposta feita, queevidentemente eu não aceitei.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

OBS.: Kajuru desistiu, logo no segundo mês, deste projeto, antes dereceber as primeiras contribuições. Martiniano Cavalcante discordouno ar, queria que o Associa K continuasse, mas Kajuru se aborreceucom críticas de jornalistas concorrentes que alegavam semelhançasdeste projeto com a “Sacolinha” dos pastores. Na verdade, a finalida-de da Rádio K era ser uma espécie de TV a cabo, com assinantes-ouvintes, que poderiam tornar a emissora tão livre, que dispensaria atéos anúncios da iniciativa privada.

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Março de 1999Março de 1999Março de 1999Março de 1999Março de 1999

A Rádio K denuncia o uso de máquinas do governo naUsina de Otávio Lage, pai do secretário da Fazenda JallesFontoura.

A Rádio K relembra, no ar, chamadas das promessasde campanha do governador, tais como: 100 mil empregosem quatro meses de governo e tolerância zero em relaçãoà segurança, bem como melhores condições de trabalho ede remuneração aos policiais.

Kajuru é convidado para programa de “Jô Soares”, noSBT, com o objetivo de falar sobre as denúncias de irregu-laridades nas campanhas de Íris Rezende e Marconi Perillo.Exemplos de casos “Caixego” e “Ligue 900”.

Jô - E aí, o que aconteceu?Kajuru - Nós avisamos que ía-mos fazer isso. E fizemos essainvestigação profunda nosdois principais candidatos aoGoverno: do PMDB e doPSDB. Três dias antes da elei-ção, recebemos a denúnciafatal, que foram sacados 5milhões de reais “in cash”, doBanco do Estado de Goiás. Eaí está essa confusão até hoje.Quando a gente denunciou,nós fomos chamados de lou-cos, acusadores sem provas.E, hoje, aí estão as provas, efalta apenas o julgamento fi-nal da Justiça.Não há dúvida que foram sa-cados os 5 milhões, e agoraresta apenas provar se esses5 milhões saíram do Bancoe foram para o comitê doPMDB. E fizemos a mesmainvestigação na mesma cam-panha.Jô - Do PSDB?Kajuru - Do PSDB. Que tam-bém há suspeitas de irregu-laridades, mas ainda semprovas. Mas continuaremosem busca dessa reportagem.Fizemos com os dois candi-datos.

O jornalismo livre e investigativo daRádio K do Brasil provocou a primeiraentrevista de Jô Soares com umjornalista de Goiás.Programa Jô Onze e Meia,do SBT, 22/03/99

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Abril de 1999Abril de 1999Abril de 1999Abril de 1999Abril de 1999

A Rádio K denuncia esquema de corrupção e movi-mento financeiro ilegal de caixa 2 durante campanha deMarconi Perillo. Envolvia a empresa Ligue 900, do Sr. VilmarGuimarães, tesoureiro de Marconi Perillo, e, naquela épo-ca, no governo, secretário de Indústria e Comércio. O Mi-nistério Público Federal, através do Procurador Hélio Telho,solicita denúncia da Rádio K e começa investigação.

Com cópia de escritura em mãos, a Rádio K denunciaa estranha compra de duas fazendas no Mato Grosso, porparte do irmão do governador, Antônio Perillo, que nuncahavia trabalhado. Incompatível com as rendas e saláriosaté de seu irmão, Marconi, desde quando foi deputado es-tadual e federal. Mais de 2.000 hectares, as áreas.

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Maio de 1999Maio de 1999Maio de 1999Maio de 1999Maio de 1999

A Rádio K denuncia o escândalo SECOM 2, envolvendoo secretário Luiz Felipe, com provas de irregularidades apre-sentadas pela própria superintendente da secretaria, MarialdaValente.

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O governador Marconi Perillo promove sua primeira en-trevista coletiva, onde qualquer jornalista teria o direito dequestioná-lo. Coincidentemente, foi a primeira e última deseu governo. Motivo: Kajuru, acompanhado de documentos,questionou o nepotismo em seu governo, tão criticado por elepróprio no governo de Íris, e, principalmente, questionou ocomando paralelo de seu governo, na pessoa do cunhado deMarconi, conhecido como Serjão, trabalhando dentro do Pa-lácio. Ele ainda era assessor do prefeito Nion Albernaz e con-selheiro do BEG. Ou seja, mantinha três empregos simultâne-os.

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1ª Prova

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2ª Prova

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SECRETÁRIA DO SÉRGIO CARDOSO

Jorge Kajuru: ... Alô, de onde fala, por favor?(Secretária): Assessoria...Jorge Kajuru: ...Assessoria de onde?(Secretária): Prefeitura e governo.Jorge Kajuru: ...Prefeitura e governo? Aí não é, não éaí que fica o seu Sérgio Cardoso?(Secretária): É.Jorge Kajuru: Ah, então, mas aí é a assessoria dogovernador ou do prefeito?(Secretária): Do governador e do prefeito, em con-junto.Jorge Kajuru: Ah! a assessoria aí é do governador edo prefeito?(Secretária): Justo.Jorge Kajuru: O assessor tá aí, doutor Sérgio Cardoso?(Secretária): Não, é horário de almoço, tá pro almoço.Jorge Kajuru: E ele fica aí que horas?(Secretária): Olha, ele hoje talvez nem venha, por-que ele foi olhar umas obras em Guapó.Jorge Kajuru: Em Guapó?(Secretária): É.Jorge Kajuru: Ah, ele é, de manhã, ele atende a pre-feitura ou o governo?(Secretária): Ele atende os dois, em conjunto. Tantoo pessoal da prefeitura, como o do governo.Jorge Kajuru: Então, pra eu falar com ele, eu tenhoque ir onde? Na secretaria?(Secretária): Você tem que vir aqui no gabinete.Jorge Kajuru: Tá, o gabinete fica onde?(Secretária): Fica aqui no palácio.Jorge Kajuru: Ah, o gabinete fica aí no palácio?(Secretária): É.Jorge Kajuru: Ah, tá certo. Ele é, é.....

No ar, ao vivo, no programa “Hora da Verdade”, a Rá-dio K liga e flagra pelo telefone.

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11 de maio de 1999: data do primeiro fechamento daRádio K. A emissora ficou fora do ar 32 horas. O Ministériodas Comunicações alegou irregularidade na cerca de prote-ção dos transmissores da Rádio K. Todavia, o Ministro dasComunicações, Pimenta da Veiga, em audiência comRonaldo Caiado e Jorge Kajuru, confirmou o pedido do Go-vernador de Goiás e argumentou que a emissora estava ba-tendo pesado no seu amigo. O ministro exibiu, na audiên-cia, a degravação de uma fita contendo palavras chulas con-tra Marconi Perillo em programa policial terceirizado porSandro Mabel, que, na época, era inimigo de Marconi e tra-balhava como chefe-de-gabinete do senador Íris Rezende.

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Documento, em degravação, enviado, pelo governa-dor Marconi Perillo, ao Ministro das Comunicações.

OBS.: Nos dias de hoje (desde 2001), Sandro Mabel (ex-chefe-de-gabi-nete de Iris, é amigo e um dos maiores aliados de Marconi, como filiadodo PFL. Enquanto que Luís Gama (que usou os baixos adjetivos acima)também é amigo, de frequentar palácio, goza de grandes patrocíniosdo Governo em seu programa de TV, na emissora estatal.

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Fiscal da Anatel, lacrando o transmissorda Rádio K do Brasil, em 11/05/99.

Os ouvintes da Rádio K do Brasilse mobilizaram em umamanifestação popular, no dia 13de maio de 1999, na frente daEmissora (Av. Goiás, 174), de ondesaíram em passeata pelasprincipais ruas da capital goianaaté a porta do Palácio dasEsmeraldas (Praça Cívica),encerrando o manifesto emrepúdio ao fechamento arbitrárioda Rádio K do Brasil.

Após audiência com o ministro, a Rádio K foi reaberta.Kajuru tomou duas providências imediatas: 1) Afastou olocutor responsável pelos palavrões; 2) Tirou do ar o pro-grama policial “Rádio Kadeia”. Nunca mais a emissora teveprograma policial.

Em tempo: Antes de aRádio K ter sido suspensaJorge Kajuru e MartinianoCavalcante já haviam, noar, criticado de formaveemente os palavrõeschulos usados noprograma terceirizadocontra o governador.

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AgAgAgAgAgosto de 1999osto de 1999osto de 1999osto de 1999osto de 1999

A Rádio K denuncia gasto absurdo com as verbas se-cretas, acima de 1 milhão e meio de reais em comida,bebida, jóias, presentes e mordomias. O governo foi sedefender, e o Porta-Voz soltou uma pérola:

MARCOS VILLAS BOAS

“.... Essas pessoas vi-eram aqui, não vieram sópassear não, nós estamosdoidos para poder oferecerum vinho a elas, pra queelas fiquem num ponto talque possam prometer aoEstado de Goiás aquiloque nós precisamos...”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

Porta-Voz do Governador

OBS.: O Porta-Voz tentava explicar por que tanto vinho era consumi-do, toda noite no palácio. Depois de meses, Marcos procurou a RádioK e solicita: “Não coloquem no ar aquela minha declaração... o meufilho disse que está com vergonha na escola”. A emissora atendeu aoapelo de pai, embora o jornalista não merecesse.

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Documentos apurados no Tribunal de Contas, sobre asverbas secretas gastas irresponsavelmente.

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OBS.: Uma das maiores criticas de Marconi contra o PMDB nas elei-ções de 98, foi exatamente o gasto escandaloso com as verbas secretas.

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SetembrSetembrSetembrSetembrSetembro de 1999o de 1999o de 1999o de 1999o de 1999

A Rádio K denuncia superfaturamento na Secretariada Saúde. Documentos vieram da própria secretaria, atra-vés de uma funcionária.

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OutubrOutubrOutubrOutubrOutubro de 1999o de 1999o de 1999o de 1999o de 1999

A Rádio K prova nepotismo no governo, com a exis-tência de 17 parentes diretos de Marconi Perillo. A maioriaabsoluta recebendo sem trabalhar. A tão criticada paneli-nha virou caldeirão.

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A 1ª Dama Valéria Jaime Perillo sempre se considerouuma autoridade.

Daí a relação de seus parentes no governo. Existemmais seis parentes diretos, mas não conseguimos o docu-mento.

Aqui, mais 04 parentes do Governador, que hojesomam 21.

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DeDeDeDeDezzzzzembrembrembrembrembro de 1999o de 1999o de 1999o de 1999o de 1999

O governador exige, de forma direta, a saída de seisdos dez maiores patrocinadores da Rádio K. O diretor doPoupa-Ganha, Sílvio Leite, maior anunciante da Rádio, sóvolta a anunciar após saber que o Ministério Público Fede-ral iria exigir explicações dessa pressão do governo. Trêsmeses depois, o Poupa-Ganha rescinde, em definitivo, umcontrato de dois anos.

Gravação de Jorge Kajuru, conversando com Sílvio Leite,Diretor-Presidente do Poupa-Ganha, que, ao tomar conhe-cimento das reações do povo e do Ministério Público, arre-pendeu-se de atender Marconi.

Sílvio: Rádio K do Brasil!Kajuru: Fala, seu Sílvio...Sílvio: Kajuru, põe o Poupa-Ganha no ar o dobroque você vinha fazendo, heim...?Kajuru: (risada) Você é um gozador!Sílvio: É sério!Kajuru: É!Sílvio: Pode estourar a boca do balão aí!Kajuru: (risada) Você tá falando sério?Sílvio: Tô falando sério!Kajuru: E como é que eu faço com o processo doMinistério?Sílvio: Humm...Kajuru: O que eu falo?Sílvio: Bom, não sei! Ministério é Ministério!Kajuru: Mas o problema é que o Ministério Públicotá em cima. Como que eu faço? O que eu falo no

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depoimento? Falo que foi um mal-entendido? O queeu falo?Sílvio: Você diz que houve um mal-entendido e queo gerente, inclusive o gerente até saiu daí, né?!Kajuru: É!Sílvio: É autorização minha. Eu estou lhe dando au-torização agora. Hoje eu tomei conhecimento dissoaí, e realmente veículo nosso, produto, passa épo-cas, tem vários aí que eu tenho contrato, que passaseis meses , suspende e volta depois de vinte dias,de quinze dias, um mês, e você está autorizado apartir de agora, Poupa-Ganha, a marca da sorte.Kajuru: Pode começar a publicidade amanhã?Sílvio: É, agora tá bom!Kajuru: Eu já falei tudo no ar. Como eu vou negarpara o Ministério Público?Sílvio: Tá certo.Kajuru: Não tem jeito!Sílvio: Um cheiro.Kajuru: Então vai pro pau, então?!?Sílvio: Pode botar no ar a partir de agora!Kajuru: Tá combinado.Sílvio: Tá bom!Kajuru: Um abraço!

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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OBS.: Neste relatório, a queda brutal na receita da emissora, apósMarconi exigir saída dos maiores anunciantes, ameaçando até a fisca-lização nas empresas.

Relatório de faturamento da Rádio K, no ano de 1999.

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Fevereiro de 2000

A Rádio K denuncia compra superfaturada de equipa-mentos para subestações da CELG, superando 100 milhõesde reais, e provoca a investigações do Tribunal de Contas,que, por sua vez, apura e proíbe a compra.

Março de 2000

A Rádio K denuncia o escandaloso e inédito caso daPrimeira-Dama de Goiás, que recebe mais de 9 mil reaismensais de salários e gratificações. E a distribuição de fo-tos oficiais da Primeira-Dama, confeccionadas com dinheiropúblico e sendo distribuídas para todas as prefeituras doEstado, fixadas nos gabinetes, como se ela também fosseuma autoridade eleita pelo povo.

Foto oficial

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Declaração de rendimento, com seu cargo na AssembléiaLegislativa do Estado de Goiás – salário de R$ 782,11 (setecentos eoitenta e dois reais e onze centavos)

Documentos referentes à servidora Valéria Perillo

Tabela de vencimentos dos órgãos estaduais. Como presidente daOrganização das Voluntárias de Goiás, a servidora tem direito avencimento de R$ 1.552,80, mais gratificação de representação no valorde R$ 3.447,20, totalizando salário de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

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Portarias, regularizando a disposição da referida servidora, daAssembléia Legislativa, para a Governadoria do Estado, onde elapassa a desenvolver as suas funções.

“Eu tenho que cuidar dasminhas filhas,

que não contam com apresença constante do pai...”

Declaração de Valéria Perillo à Revista Veja.

Despacho 88/99, concedendo à servidora Gratificação deRepresentação Especial no valor de R$ 3.500,00 (três mile quinhentos reais). Esta gratificação é concedida pelogovernador do Estado, por despacho, sem discriminar omotivo do pagamento.

Cargo Assembléia

Cargo OVG

Gratificação Especial

TOTAL

R$ 782,11

R$ 5.000,00

R$ 3.500,00

R$ 9.282,11

Resumo dos salários

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A Rádio K denuncia, com provas em fotos aéreas, oespantoso crescimento de um sítio do governador, próximoà cidade de Pirenópolis. O terreno, que, durante a campa-nha de 1998, foi citado pelo governador como herança desua esposa, com cinco alqueires, passava a ter, um anodepois, tamanho superior a 50 alqueires.

Fevereiro/99 - Máquinas do Governo trabalhando nafazenda de Marconi Perillo.

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Vale lembrar que, enquanto candidato ao Governo,Marconi Perillo declarou no horário eleitoral de Rádio eTV, em Outubro/98, que não tinha dinheiro nem para com-pletar seus estudos . E que teve sempre uma vida simples esem luxo.

MARCONI DECLAROU

“Sou de uma família simples,uma família que lutou e traba-lhou a vida toda para sobrevi-ver. Todos conhecem o meu pai,todos conhecem o comercianteque foi o meu pai. A simplicida-de e a vida difícil dele e de todaa minha família. De modo queeu não tenho nada a temer comrelação a nada. E eu tenho é,graças a Deus, uma vida limpa.

Tenho um apartamento demorar, tenho dois carros finan-ciados, um carro quitado e te-nho uma chácara que foi heran-ça do meu sogro. De modo queeu não tenho nada a preocupar.O meu pai trabalhou 13 anos,de dia e noite, ali na praça doSetor Oeste. Todos conhecem avida nossa e eu não me preocu-po com relação a isto.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

Marconi, em Horário EleitoralOutubro /98

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Setembro/2002 - Piscina aquecida, guarita de seguran-ça máxima, jardim de plantas raras, adega, charutariaclimatizada. Uma estrutura suntuosa para uma vida de purolazer. Tudo isso para quem, há 4 anos, não tinha nada edizia, em público, que não gostava de luxo.

Mágica: alguém consegue viver essa vida, adquirindoesse patrimônio, em apenas 4 anos, recebendo R$ 6.500,00líquidos?

Só mesmo um MÁGICO!

Evolução Patrimonial

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O repórter Vladimir Neto, da revista “Veja”, tambémconfirmou a incompatibilidade entre os salários do gover-nador, de R$ 6.500,00, e seus gastos com a mansão. Só emmateriais de construção, apenas na loja “Irmãos Soares”, osr. Perillo já havia comprado 96 mil reais. Porém, não tinhapago. O repórter da Veja conseguiu fotos aéreas da fazen-da de Marconi. Quando desceu do avião locado para estefim, foi surpreendido por policiais. Até hoje, não sabemosse a Veja não quis publicar as fotos ou se os policiais lhetomaram a máquina.

Abril de 2000

A revista “Veja” publica, na edição do dia 19, comdetalhes, a denúncia da Rádio K sobre os salários ilegais eimorais da Primeira-Dama. Com o título “Evita goiana”, donaValéria Perillo teve a coragem, em entrevista à “Veja”, deresponder: “Eu também tenho de cuidar das minhas filhasque não contam com a presença constante do pai”. Apósessa justificativa pelos salários de Primeira-Dama, “Veja”definiu como um caso único de maternidade remuneradano país.

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veja 19 de abril, 2000 47

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Contra a Rádio K, que, em março, fez essa mesma denún-cia, o governador e a Primeira-Dama moveram seis processos.E ainda conseguiu tirar mais seis anunciantes da emissora. Paracom a revista “Veja”, que publicou nacionalmente igual de-núncia, e que, ao contrário da Rádio K, usou adjetivos pesa-dos contra a Primeira-Dama, como, por exemplo: “Valéria Pe-rigo, ops, Perillo”; “por causa de suas travessuras”; “foi manicu-re”; “Evita de Goiás”; “primor de marketing caboclo”. Enfim, oque fez o governador? Simplesmente, uma semana depois, dia26 de abril de 2000, enviou uma carta-resposta à revista “Veja”,prometendo demitir a própria mulher, informando que pagaria,de seu próprio bolso, as fotos oficiais feitas inadvertidamente.Era a confirmação de tudo. Kajuru decidiu arrolar Marconicomo sua testemunha, no processo de sua esposa Valéria con-tra o jornalista, baseando-se nessa confissão do próprio mari-do à Veja. Na página 105, as provas.

No dia 21, foi feita, por escrito, uma minuta de contra-to, no escritório do conhecido advogado Dr. Felicíssimo Sena,a pedido do governador, representado por três empresários,na pessoa de Rivas Resende, uma proposta irrecusável, detrês milhões e trezentos e cinqüenta mil reais, por 49,67%das ações da Rádio K. Todavia, era tão político o contrato,que, entre as diversas cláusulas, destacavam-se duas, de for-ma curiosa:

“Parágrafo 2º da 3ª cláusula: o vendedor deixará de exer-cer atividade radiofônica na Rádio K até 31/12/2002”, coin-cidentemente, no final do mandato de Marconi.

“Parágrafo 3º: o vendedor não exercerá atividaderadiofônica em qualquer outra emissora de rádio no Estadode Goiás, até 31/12/2002”.

E, por fim, a 5ª cláusula: “Letra A: não emitir juízos devalor sobre atividades político-administrativas nas esferas mu-nicipal, estadual ou federal”. Evidentemente, Kajuru recu-sou, mas guardou o documento.

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OBS.: Jorcelino Braga e Ronaldo testemunharam o recebimento dessaproposta que Kajuru revelou no ar pela Rádio K.

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Maio de 2000

A revista “Veja” cobra as duas promessas do governa-dor, na edição do dia 10 deste mês, na página “Holofote”,com o título “Onde está o decreto?”. A revista informouque o porta-voz de Marconi garantia que o governador jáhavia assinado o decreto, dando fim à boa vida da esposa.Só não sabia dizer por que o tal decreto não tinha sidopublicado no Diário Oficial. Moral da história: A Primeira-Dama nunca foi demitida. Até hoje recebe os R$ 9.200,00.

OBS.: Que semelhança comFernando Collor! Marconiassumiu a denúncia e pro-meteu demitir a própria es-posa. Collor ameaçou fazero mesmo no episódio LBAcom Roseane. Até brincoude tirar a aliança.

10/maio/2000

26/abril/2000

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Ainda em Maio, sem constrangimentos, o governadorpassou a falar publicamente, em rodas políticas e empresa-riais, que, a partir dali, sua briga com o Kajuru seria pesso-al, de família contra família. Fui avisado por Ronaldo Cai-ado que, por sinal, tranquilizou-me: “Ele não é homem paracolocar a mão em você”.

O jornal “Folha de S. Paulo” repercute que as denún-cias de corrupção no governo de Goiás fizeram o governa-dor suspender mais uma vez a Rádio K. A “Folha” previuque seria um fato raro na história recente do País. Afirmouque, nos últimos 15 anos, nenhuma emissora foi tirada doar no Brasil, com alegações de irregularidades técnicas (au-mento de potência do transmissor). O jornal também retra-tou que a Rádio K perdera 59 anunciantes, por pressãopolítica, desde dezembro de 1999.

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Felizmente, a Rádio K tinha apoio do Ministério Públi-co Federal, que questionava o motivo dessa suspensão:

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Motivados pela situação desesperadora de pré-falên-cia da Rádio K, os jornalistas Juca Kfouri e Marcelo Rezende,velhos amigos de Kajuru, em companhia do ator goianoStephan Nercesian, promoveram um encontro com o go-vernador de Goiás, no dia 22, um sábado, às 20 horas, noHotel De Ville, em São Paulo, horas antes do embarque deMarconi para a Europa. A conversa teve início com a in-tenção de se pacificarem as relações. Quando o governa-dor disse que daria “140 tiros na cara do Kajuru se nãofosse cristão”, Juca Kfouri decidiu se levantar e ir embora,pois não acreditava que, um dia, fosse ouvir isso de al-guém. Mas Juca acabou ficando, pois o governador deci-diu contar que uma pessoa fizera, em nome de Kajuru,proposta para o governo pagar, em publicidade, mídia de150 mil reais mensais. O nome de Cleuber Carlos foi reve-lado por Marconi. Cleuber, naquele momento era, além deafilhado do governador, também um dos publicitários dascontas das estatais do governo. Marcelo Rezende imagina-va que Cleuber fosse confirmar a versão de seu amigo go-vernador. Engano: Cleuber Carlos declarou, na manhã se-guinte, que o governador não estava falando a verdade eque jamais Kajuru pedira qualquer centavo de publicidadeao governo. E ainda completou que, ao contar essa pro-posta ao Kajuru, imediatamente, tudo isso, em fevereiro de1999, foi dito em detalhes no ar. Conforme Juca havia ad-vertido ao Sr. Demóstenes Torres, testemunha do encontrono hotel, se toda essa história fosse mentirosa, nunca maisKfouri voltaria a vê-los. Foi o que aconteceu, emboraMarconi tenha insistido diversas vezes para reencontrarJuca. E ainda completou que, assim que Kajuru soube daproposta, fez questão de, em fevereiro de 1999, leva-lá ime-diatamente ao ar.

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Eu, Cleuber Carlos do Nasci-mento, brasileiro, portador da CI2.346.237, SSP-GO;CPF 450.596.321/72, repórter,morador na Av. T-4,Nº 550, Aptº 1201-B, SetorBueno, Goiânia, Goiás, afirmopara quem interessar possa que:

E sobre o que disse o governador, ele não foicorreto com as afirmações dele pelo seguinte: nuncatratei de negociação de mídia com o governadorMarconi Perillo, sobre a Rádio K em nome de JorgeKajuru; afirmo ainda que, em nome dos funcionáriosda Rádio K do Brasil, tentei convencer Kajuru a acei-tar mídia técnica do governo.

Kajuru recusou-se. Jorge Kajuru já foi para o arimediatamente e disse que não aceitava qualquertipo de proposta de mídia do governo, porque eleachava que era impossível a relação Governo/Rá-dio, recebendo a mídia, mesmo sendo a mídia téc-nica.

Eu, em nenhum momento, conversei com o go-vernador sobre patrocínio, publicidade na Rádio Kdo Brasil . O Governador Marconi Perillo nunca ou-viu de minha boca qualquer tipo de proposta daRádio K do Brasil em nome de Jorge Kajuru.

Kajuru não aceitou nem o posicionamento dosfuncionários em aceitar a mídia técnica do governo,por achar que seria impossível esta relação. Posteri-ormente, conversei com Marcelo Rezende, e relateia ele o transcrito acima.

Sem mais para o momento e, por ser verdade,firmo a presente.

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Eu, Juca Kfouri, jornalista ,RG 3.337.194, declaro a quem in-teressar possa:

Que me encontrei com o go-vernador de Goiás, Marconi Perillo,em maio do ano passado, num ho-tel perto do aeroporto deGuarulhos, em São Paulo, para dis-cutir as relações dele com JorgeKajuru e sua Rádio K do Brasil.

Entre outras pessoas, estavampresentes ao encontro o jornalistaMarcelo Rezende e o secretário daSegurança Pública de Goiás,Demóstenes Xavier Torres.

Que ouvi dele muita mágoa em relação ao jor-nalismo exercido pela emissora; que ele chegou adizer que, se não fosse cristão, daria “140 tiros nacara do Kajuru”.

Ele disse, também, que as críticas ao seu gover-no começaram depois de ele ter se recusado a pa-gar R$ 150.000,00 mensais, em publicidade, para aRádio K.

Surpreso, eu disse a ele que, se aquilo fosseverdade, eu romperia com Jorge Kajuru e faria umadeclaração pública a favor dele, governador Perillo.

Como supus, a “informação” dele não passavade leviandade, razão pela qual, como o adverti noencontro, não voltei a vê-lo, porque deixei de acre-ditar minimamente no que dizia ou diz.

É o que eu tinha, em resumo, a esclarecer, ra-zão pela qual dou fé e firmo a presente.

Juca Klouri reuniu-secom o governadorMarconi Perillo, dia22 de maio de 2000(sábado), às20h30min, no HotelDeville, em SãoPaulo, horas antes dogovernador embarcarpara a Europa.

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Este é o relato de MarceloRezende, jornalista, RG025846553-6, Instituto FelixPacheco, RJ, feito a quem interes-sar:

"Se eu não fosse cristão, daria140 tiros na cara do Kajuru." Estafoi uma das últimas frases ditaspelo governador de Goiás, MarconiPerillo, no encontro que tivemos no

Hotel Deville, próximo ao Aeroporto de Guarulhos, SãoPaulo. Lá estavam o secretário de Segurança Pública deGoiás, Demóstenes Torres, o Chefe da Polícia Civil,Marcos Martins, o jornalista Juca Kfouri e algumas pes-soas ligadas ao governador, mas que se encontravamafastadas da mesa onde estávamos.

Foi uma frase de arroubo, um desabafo, dita de ma-neira incisiva. Como foi também a outra frase: "Ele sóme critica porque não aceitei colocar 150 mil reais depublicidade na Rádio K." Ou também: "O que vocêsquerem de mim?"

O que nós queríamos, eu e Juca, era que o governa-dor parasse de perseguir a Rádio, lutasse pela Rádio nãoser fechada a cada instante pelo Governo Federal, en-tendesse que críticas, às vezes, são mais saudáveis queos aplausos e que ele entendesse, de uma vez por todas,que a Rádio K nunca aceitou e jamais aceitaria publici-dade de seu ou de qualquer outro governo, para manter-se independente e fiel à verdade e aos seus ouvintes. Odinheiro de publicidade do seu governo não teria o efei-to de 30 moedas. Kajuru não iria trair seu ouvinte pordinheiro algum.

A publicidade não foi aceita, os tiros eram arroubose o preço final foi um ataque de direito à democracia,ao eleitor, em resumo, ao cidadão: A Rádio foi fechada,calada, amordaçada, mas nem em silêncio a verdade secalou. E nunca se calará.

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Junho de 2000

Coincidência ou não, o governo de Goiás passou apublicar anúncios de duas, três páginas coloridas na revis-ta “Veja”. O governador, por sua vez, foi almoçar em SãoPaulo com toda a direção da revista. Moral da história:Nunca mais a revista “Veja” tocou no assunto que ela mes-ma tanto cobrara, sobre os salários inéditos de Primeira-Dama, ou “Evita Goiana”, conforme publicado.

Julho de 2000

A Rádio K entrevista o ex-prefeito Lilo (Francisco AgraAlencar Filho), da cidade de Itapaci, e obtém, pela primei-ra vez, uma confissão pública de que o prefeito e MarconiPerillo, quando era deputado federal, dividiram uma pro-pina no valor de 60 mil reais. Nilo desafiou Marconi a abriro sigilo bancário de seu pai, que, na época, depositou odinheiro em conta pessoal do Banco Sudameris. Até hoje,o governador não respondeu à denúncia e tampouco per-mitiu abrir o sigilo bancário de seu pai.

Agosto de 2000

Kajuru viaja para Austrália para dar início à coberturada Rádio K nas Olimpíadas de Sidney.

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Setembro de 2000

No dia 23, a uma semana de sua volta ao Brasil, Kajurué surpreendido por um telefonema de sua esposa, contan-do-lhe que, naquela noite, às 10 e meia, em frente à farmá-cia “Farmação”, da avenida 85, em Goiânia, três homensencapuzados disseram que seu marido deveria ir emborade Goiás; caso contrário, ela morreria. Na madrugada se-guinte, colocaram bilhete debaixo da porta do apartamen-to, com a mesma promessa ameaçadora. Traumatizada,Isabela, nunca mais voltou a ser o que era.

Outubro de 2000

Kajuru voltava ao Brasil com a esperança de ver provi-dências tomadas pela Polícia Civil de Goiás e Secretaria deSegurança Pública do Estado, conforme compromisso dosresponsáveis, Marcos Martins e Demóstenes Xavier Torres,ao deputado federal Ronaldo Caiado. Como nada foi apu-rado e , baseado nas informações seguras de que tudo acon-teceu a mando do governador, Kajuru decidiu se mudarpara São Paulo e convenceu sua esposa, em profunda de-pressão, a morar uns tempos nos Estados Unidos.

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Na Pizzaria Pitigliano da avenida Portugal, em Goiânia,aconteceu um encontro entre Jorge Kajuru, Pedro Goularte o secretário da Fazenda, Jalles Fontoura. A finalidade eraconvencer Kajuru a deixar Pedro sozinho na direção daRádio K, para apagar o incêndio político de Marconi con-tra a emissora. Jalles foi franco e honesto na conversa. Ali-ás, foi a única pessoa decente do governo, que fez propos-ta digna e até confessou: “Foi mesmo gente do governoque mandou perseguir e agredir a esposa de Kajuru”. Jalleslamentou o fato, alegando que não compactuava com aqui-lo. Quando Kajuru citou Wilmar Guimarães como o exe-cutor, Jalles baixou a cabeça e respondeu: “Ele é capaz dis-so”.

Na cobertura das Eleições Municipais, a Rádio K de-nunciou flagrantes, com gravação em áudio, do governa-dor Marconi Perillo ameaçando os eleitores da cidade deAragoiânia, de que, se o seu candidato não ganhasse aeleição, a cidade perderia o hospital. Conclusão: seu can-didato não venceu e, de fato, o povo perdeu o hospital.

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GOVERNADOR AMEAÇANDO

“Vejam o que nós estamos fazendo juntos, e nósvamos fazer muito mais, e eu quero dizer, se essecandidato que fala mal de mim for eleito, eu nãovou fazer convênio com a prefeitura; olha, eu querodeixar claro, quero deixar claro aqui, o governo pagahoje, 70 funcionários do hospital, se esse candidatoque fala mal do governo não respeita o governo, ogovernador, for eleito, eu vou cortar o convênio dohospital. Vou deixar claro, eu tenho feito tudo, te-nho feito tudo para ajudar; pode vaiar, eu quero veré se vocês vão dar conta de administrar a cidadesem o governador, eu quero ver. Olha, se vieram aquipra vaiar o governador que trabalha por Aragoiânia,não merecem o respaldo, o respeito do povo. Nãoestão, não estão preparados para administrar nem acasa deles.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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DEPOIMENTO DO PREFEITO (um ano depois)

Prefeito: Abri o hospital que ele fechou; assim que euganhei a eleição, num dia...Jorge Kajuru: ... Então quer dizer que ele cumpriu a pro-messa, então?Prefeito: Ele cumpriu a promessa...Jorge Kajuru: ... Ele falou que ia fechar o hospital se ocandidato dele não ganhasse a eleição.Prefeito: A única promessa que ele prometeu dentro domeu município e cumpriu foi essa...Jorge Kajuru: ... Ele fechou o hospital?Prefeito: Fechou o hospital no outro dia ....Jorge Kajuru: ... Fechou depois da eleição?Prefeito: Depois, eu ganhei a eleição no dia 1º, no dia 2,as portas do hospital estavam fechadas; eu denunciei noMinistério Público...Jorge Kajuru: ... Que é isso, prefeito?Prefeito: Exatamente.

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Na cidade de Catalão, o governador também amea-çou que, se a sua candidata não ganhasse, a cidade morre-ria à míngua, como Anápolis.

GOVERNADOR

“Não sei sequer setem dignidade pra falarde alguém; eu faria comele o que eu faço com oprefeito de Anápolishoje, esqueceria ele delado; desprezo pra eles.Se ele porventura ga-nhasse, o prefeito deAnápolis, que é a maiorcidade de Goiás, e se-quer recebe um convitemeu para uma solenida-de; e lá em Anápolishoje, seu Moreira, Paulo,lá em Anápolis hoje, oprefeito é o quarto naspesquisas com 10%.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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Na cidade de Cumari, o governador respondeu às vai-as de alguns eleitores, diante de seu discurso, repetindo,por três vezes, aos berros, da seguinte maneira: “Vai pente-ar macaco!”

GOVERNADOR

“Palmas pra aquelesque estão vaiando ali, elesnão tiveram educação nacasa deles, vamos dá edu-cação pra eles. Espera umpouquinho, senão o pes-soal não escuta: Vai pen-tear macaco, rapaz, vaipentear macaco, vai pen-tear macaco.”

No dia 25, os transmissores da Rádio K são lacradospela segunda vez. Novamente, com alegações absurdas deirregularidades técnicas. O fechamento pedido pelo gover-nador durou 37 horas. A Justiça concedeu liminar à emis-sora.

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Novembro de 2000

No dia 6, o governador mostrava a sua estranha forçajunto ao Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga. Valelembrar que Marconi e Pimenta são sócios em algumaspropriedades goianas, e o filho do ministro é Procuradordo Estado. Enfim, neste dia 6, a Rádio K sofreu seu terceirofechamento em 3 anos de vida. De novo, por irregularida-des técnicas. O fechamento durou 3 dias. Novamente, aemissora obteve liminar para voltar.

Dezembro de 2000

O governador chegava ao número impressionante de15 processos pessoais contra Kajuru. Até então, não sabía-mos se Marconi pagava seus advogados com dinheiro pú-blico ou com dinheiro do próprio bolso.

Dia 5 – Chega o momento da maior covardia do go-vernador contra a Rádio K. Simplesmente os transmissoresforam lacrados pela quarta vez, e, dessa feita, com motivosmal explicados, ainda referentes à primeira suspensão, ouseja, por causa do tamanho do muro de proteção do trans-missor. Dessa vez, o objetivo era mesmo levar a Rádio àfalência. Foram 30 dias de suspensão, exatamente no mêsmais difícil em termos de anúncios e, por coincidência,período de dupla folha de pagamento, por causa do déci-mo-terceiro salário.

A emissora, sempre líder de audiência, com média mí-nima de 80% dos rádios ligados, veio a sofrer, neste mês,uma perda de 89% de faturamento. Apenas 11 de seus anun-ciantes pagaram a mídia não veiculada, ganhando reem-bolso posterior, ajudando a emissora, que registrou um pre-juízo de R$ 186.200,00, somente naquele mês.

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Naquele mesmo mês, os jornalistas Juarez Soares e Mar-celo Rezende e o vereador Elias Vaz foram falar com ogovernador e o ministro Pimenta da Veiga. Tiveram a pro-messa pessoal e não cumprida, por parte dos dois, de quenunca mais a Rádio seria suspensa, desde que o governa-dor não mais sofresse críticas com adjetivações, especial-mente “menino maluquinho do Ziraldo”. A Rádio K cum-priu sua parte. Os políticos, não.

O Ministério Público Estadual, através de seu chefe, oPromotor Abrão Amisy Neto, publica artigo no dia 30, nojornal “Diário da Manhã”, condenando a mais arbitráriapunição que um veículo de comunicação, até então, sofre-ra.

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Eu, Juarez SoaresMoreira , RG 2.997.974,SSP-SP, CPF 504.293.698/53, residente na RuaFaustolo, nº 648, Vila Roma-na, São Paulo, Capital. Ve-nho declarar a quem inte-ressar possa:

A reunião foi realizadano dia 19 de dezembro de2000, no gabinete do minis-tro das Comunicações, Pimenta da Veiga, em Brasí-lia. Estiveram presentes o próprio ministro, o gover-nador de Goiás, Marconi Perillo, o vereador pelacidade de Goiânia, Elias Vaz, o diretor da Rádio K,Pedro Goulart, e eu, jornalista Juarez Soares.

A Rádio K nessa data estava suspensa, por 30dias fora do ar. A intenção da reunião foi tentar umacordo, para a solução do problema. O governadorPerillo disse ao ministro que gostaria que a Rádio Kvoltasse a funcionar imediatamente e que, para isso,estava disposto a retirar o processo, que ocasionaraa suspensão da emissora. O ministro ouviu, disseque “tudo bem”, mas que seu assessor direto quecuidava dessa parte jurídica, não se encontrava pre-sente, pois estava em viagem, a serviço do Ministé-rio. Afirmou que, tão logo ele voltasse, cuidaria doassunto.

Eu pedi ao ministro para se empenhar a fim deresolver o problema antes do Natal, para que as fa-mílias dos funcionários pudessem passar essa datamais tranqüila. Nada disso aconteceu, a rádio cum-priu, até o último dia, a suspensão imposta. O argu-mento usado foi o de que depois de estabelecida apena, não se poderia suspender ou diminuir o prazoda punição.

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Na continuidade da conversa, o governadorMarconi Perillo afirmou que estava disposto a reti-rar os outros processos em andamento contra aemissora Rádio K. Assim, não haveria outras puni-ções. Para tal, estava sua Excelência o governadorpronto para assinar um documento, oficializandosua proposta. Com o mesmo argumento de que odiretor jurídico estava viajando, tal ato não se con-cretizou. O governador de Goiás pedia apenas que,a partir daquele momento, não fosse maisadjetivado, nos comentários feitos pela emissora arespeito de sua administração. Todos os que repre-sentavam a Rádio K se declararam de acordo,achando justa a reivindicação. Assim, todos espera-vam uma convivência profissional e respeitosa, narelação Rádio K/Administração do Estado de Goiás.Como se verificou através de fatos posteriores, aemissora cumpriu sua parte; o governador, não.

Por ser verdade, firmo a presente.

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Eu, Elias Vaz deAndrade, Vereador porGoiânia, RG 1.345.642,SSP-GO, CPF422.894.401-91, residenteà rua T-64, nº 186, SetorBueno, Goiânia, Goiás,declaro a quem interessarpossa:

Preocupado, comocidadão goiano, com asconstantes ameaças de intervenção e com as inter-rupções das transmissões da Rádio K do Brasil, efe-tivamente determinadas pelo Ministérios das Comu-nicações, me reuni, em São Paulo, com JorgeKajuru e Martiniano Cavalcante, e ficou decididoque eu trabalharia como interlocutor frente ao go-vernador Marconi Perillo, para tentar buscar umasolução para o problema.

Marconi Perillo atendeu ao apelo e nos reuni-mos, ele, eu, Marcos Villas Boas, e os jornalistasJuarez Soares e Marcelo Rezende. O governadorreclamou do que chamou de excesso deadjetivação nos comentários políticos emitidos naRádio K. Chegou a afirmar que Jorge Kajuru teriaofendido a primeira-dama do Estado. Ponderei queera de meu conhecimento e realmente havia ocorri-do comentário agressivo na Rádio, mas que eles nãohaviam partido de Kajuru e, por sua vez, questionoupublicamente os autores dos comentários.

Logo após essa reunião, a Rádio voltou a tersuas transmissões interrompidas. Pedi, então, ao Se-cretário Estadual de Infra-estrutura, CarlosMaranhão, que sugerisse ao governador uma inter-venção no Ministério das Comunicações em favor

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da Rádio. A reunião foi agendada e, por sugestãodo governador, eu e Juarez Soares fomos convida-dos a participar, para testemunhar o empenho dogoverno do Estado em solucionar o impasse.Marconi Perillo voltou a reclamar das adjetivações.O Governador pediu ao ministro, no entanto, auto-rização para que a Rádio K voltasse a funcionar e secomprometeu a retirar todos os processos do gover-no do Estado, contra a emissora, no Ministério.Marconi Perillo disse, ainda, que a Rádio poderiamanter sua posição crítica frente aos fatos políticos,mas pediu que a emissora interrompesse asadjetivações ou comentários pessoais. Isso foi o queficou acertado.

Desde então, a Rádio K do Brasil vem cumprin-do com a sua parte do acordo até hoje, por sua vezo governador e o ministro não estão cumprindonada, tanto assim que a Rádio K foi tirada do ar,uma vez mais, em junho passado, por uma semana,e mais dezenas de processos foram abertos.

Sendo verdade o que acabei de relatar, firmo opresente.

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OBS.: Espontaneamente, o promotor enviou esse artigo para o Diárioda Manhã. Marconi não gostou e foi tirar satisfação com o jornalistaBatista Custódio, presidente do jornal. Batista, aliás, que tentou, diver-sas vezes, convencer o Governador a parar com essa briga. E Batistasabe e propaga que Kajuru não teve culpa. E que não mostrou radicalis-mo. Foi Ronaldo Caiado quem ouviu esse depoimento de Batista Cus-tódio em julho de 2002.

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Para surpresa do governador, o líder do governo naAssembléia, deputado José Lopes (PSDB), confessou ementrevista ao vivo, que foi mesmo o governo quem man-dou fechar a Rádio K. Presidente da Assembléia Legislativa,Sebastião Tejota, também governista, em visita à emissora,disse que foi uma loucura de Marconi. Martiniano Caval-cante ouviu tudo e registrou no ar, na hora.

ENTREVISTA COM JOSÉ LOPES

Ricardo Lima: Porque eu tenho uma colocação prodeputado estadual José Lopes, PSDB, líder do PSDB,a gente tá falando aqui muitas coisas sobre plantasmedicinais, mas o senhor, que está na política háum bom tempo também, o que o senhor acha daimprensa, o senhor acha que a imprensa é livre aquino estado de Goiás, deputado José Lopes?José Lopes: Olha, Ricardo, na verdade, depois queveio aqui, quero falar com toda a sinceridade, mes-mo pertencendo e sendo líder do meu partido oPSDB, na verdade, Goiás deve muito ao proprietá-rio dessa rádio aqui, o Jorge Kajuru, ele chegou eestá sendo um professor, e eu não tenho razão ne-nhuma, nem conheço o Jorge Kajuru pessoalmente,nunca conversei com ele; estive aqui várias vezes,na sua rádio, como vou em outras, mas Jorge Kajurutem, através da sua luta, eu pra mim, acredito que éaté um maluco, mas tem dado uma aula de conquis-ta da imprensa livre em Goiás; a opressão que eleestá sofrendo, a opressão que a Rádio K do Brasilestá sofrendo é um demonstrativo nítido que a im-prensa em Goiás ainda não é livre e só vai ser quan-do existir pessoas como esse Jorge Kajuru aqui; lógi-co que vem toda a equipe, mas a equipe só existe, etodos os profissionais, e precisa de homens que te-

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nham a força e o desprendimento como Jorge Kajurupara conquistar uma imprensa livre tanto aqui emGoiás, que Goiás seja o estado a iniciar essa im-prensa livre, mas de forma alguma é livre e aquiquero prestar a minha homenagem ao Jorge Kajurue dizer, se ele, um dia, realmente for calado, se asua rádio for fechada, não se preocupe, onde passauma idéia, dez milhões de anos depois, passam oscanhões para defendê-la, e precisa de alguém coma força com a determinação de Jorge Kajuru paradefender a imprensa livre que é o melhor para opovo.

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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Janeiro de 2001

No dia 3, o jornal “O Globo” repercutiu, em notapublicada pelo jornalista Ricardo Boechat, que a suspen-são de 30 dias, aplicada à Rádio K, foi a mais longa puni-ção do gênero na História do Brasil. Terminou a nota de“O Globo”, com a seguinte definição: “Nem a ditadurafez igual”.

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Abril de 2001

No dia 9, a esposa de Kajuru volta ao Brasil. Com sigi-losa chegada, sem que ninguém soubesse do fato, à exce-ção exclusiva de pai, mãe e marido. Dois dias depois, emGoiânia, na residência dos pais, que já tinham mudado onúmero de telefone e instalado bina, Isabela volta a sofrerameaça de morte, via telefone. Em dois dias, a própria Po-lícia Civil de Goiás veio a confirmar que o número do apa-relho pertencia ao Sr. Marcos Perillo, primo do governadore dono de uma loja de equipamentos para ginástica, noShopping Flamboyant. Kajuru pediu socorro a seus amigosRonaldo Caiado e Jorcelino Braga, também amigos de Mar-cos Martins e Demóstenes Torres, respectivamente diretorda Polícia Civil e secretário de Segurança Pública. Provi-dências foram tomadas. Um policial de nome Ronaldo fezo serviço completo, localizando, inclusive, o primeiroagressor e perseguidor da esposa de Kajuru, quando do iní-cio desses lamentáveis episódios, em setembro de 2000.Esperava-se, por parte do governo, as providências cabí-veis que, até hoje, não aconteceram. Kajuru decidiu, en-tão, separar-se da esposa. Na verdade, foi uma renúncia aocasamento, para segurança maior à esposa e à sua família,os quais não suportavam mais tanta pressão. Parece ter sidomelhor, pois até o lançamento desse livro não voltaram afazer qualquer tipo de ameaça ou perseguição. Por partede Kajuru, ficou a triste ferida de ter perdido uma família. Eum amor, até hoje, insubstituível.

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Junho de 2001

A Rádio K e a revista “IstoÉ” apresentam uma bombás-tica denúncia sobre o esquema de propina no governo deGoiás, envolvendo empreiteiras e lobistas, arrecadandofundos para as campanhas de Marconi. Teve acesso à gra-vação feita por Aniceto de Oliveira Costa, uma das seispessoas participantes da reunião que definiu quem iria re-ceber a propina final. Um fato estranho ocorreu. A Rádio Kexibiu a íntegra da gravação, onde, no final da conversa,ficou 100% claro que era o governador o responsável porreceber e distribuir o dinheiro: Jair Lage Filho, o primo dosecretário da Fazenda, Jalles Fontoura, terminou a grava-ção revelando, aos empreiteiros e lobistas da reunião, oque acabara de ouvir em seu telefone celular, na frente detodos, de seu primo Jalles, ou seja, “este dinheiro é paraentregar para o Marconi”. Já a revista “IstoÉ”,inexplicavelmente, não publicou essa conversa final, ten-do a mesma gravação da Rádio K em mãos.

Assim como aconteceu com a revista “Veja”, em 2000,dessa feita, o governador agiu de forma mais rápida: foi aSão Paulo na mesma semana, almoçou com toda a direçãoda revista “IstoÉ”. Curiosamente, quinze dias depois, o go-verno de Goiás foi o único anunciante de todas as páginasda revista “Isto É Dinheiro”. Normalmente, essas ediçõesvêm com anúncios de governos estaduais, no máximo deseis páginas. Foi a primeira vez na história da revista queum só governo comprou todas as páginas, sem exceção.Da capa à contracapa.

Coincidência ou não, nunca mais a revista “IstoÉ” pu-blicou uma linha, uma nota sequer sobre o escândalo. OMinistério Público Estadual, através de seu Promotor AbrãoAmisy, iniciou uma investigação minuciosa do caso. Ou-viu todos os depoimentos, inclusive os de Marconi.Logicamente. todos negaram. Quando o Ministério Públi-co concluiu que precisava dos sigilos bancário, fiscal e te-

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lefônico. Eis que entrou a Procuradora Geral do Estado,Dra. Ivana Farina, conhecida como a “Geraldo Brindeirodo Cerrado”, que não só engavetou o processo, como tam-bém paralisou toda a investigação. Por quê? Simples: seabrissem esses sigilos, todos descobririam a verdade, nua ecrua, na gravação de toda a conversa dos senhores Francis-co, Manara, Brasil Leite, Marcelo e Jair Lage, feita porAniceto. Ou seja, foi mesmo o governador quem recebeu ecobrou 25% de propina da Construtora Triunfo. Vale lem-brar que o governador, até hoje, processa Kajuru e a RádioK por causa dessa denúncia. A revista “IstoÉ” jamais foiprocessada. E o Promotor Abrão Amisy continuainconformado, decepcionado por não ter podido seguir coma investigação.

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Patrimônio preservado: na Cidadede Goiás investimento de R$ 3,5milhões atendeu todas as exigênciasde tombamento feitas pela Unesco

Química poderosa: criaçãoda Universidade Estadual deGoiás apóia necessidadesdas empresas

Missão possível: recordesmensais de arrecadação há maisde um ano

Referênciainternacional: clínicas deolhos como a CBCO, deGoiânia, estão à alturadas melhores do mundo

Alta produtividade: investimentos deR$ 46 milhões em irrigação alavacamresultados do campo

Frigorífico de R$ 400 milhões: aPerdigão escolheu Rio Verde entre 40opções de cidades

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A reunião começa com uma conversa informal entrecinco dos presentes. Jairzinho ainda não havia che-gado. Nesse ponto, a conversa é morna. Pouco de-pois, Jairzinho chega ao local.Jair – Manara, tudo bem?Manara – Tudo bem.Jair – Você que é o Eduardo

Manara?Manara – Sou eu, Eduardo Manara.Jair – Ah , Eduardo Manara.

Eles se ajeitam nas cadeiras. Jair vai logo tratando doque interessa.Jair – O negócio do...Manara – É...Jair – Esse negócio que já tinha falado antes, bemantes com o Brasil, que era uma situação do governa-dor Marconi Perillo, que passou isso para o Jalles. Tácerto?Manara – Jalles, quem é?

– Jalles, o secretário...– O secretário da...

Participaram da reunião:• Aniceto de Oliveira Costa, agrimensor, ex-prefeito

de Pontalina.• Francisco de Assis Camargo, ex-chefe do escritório

da Triunfo em Goiânia e ainda ligado à construtora.• Eduardo Manara, chefe do escritório da Triunfo em

Brasília e Goiânia.• Brasil Leite Camargo, sub-empreiteiro.• Marcelo Sampaio, corretor e lobista.• Jair Lage Filho, o Jairzinho, primo do deputado esta-

dual pelo PFL e secretário da Fazenda, JallesFontoura.

Gravação, na íntegra, da conversa sobre os pagamen-tos de propina, que somente a Rádio K exibiu:

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Jair – Isso. Ele (Jalles) ficou responsável de fazer issopara o governador. E eu, na época, conversei com oDito (Benedito Wilson do Nascimento Júnior, um doscinco donos da Triunfo). Falei: 'Oh, Dito, você játinha me falado lá no veinho um dia que tava preci-sando receber isso. Tem essa oportunidade, eu tô re-cebendo isso e tal... se você quiser, eu converso lá,eu acho que...

O representante da construtora quer logo saber porque Jairzinho se meteu no negócio, que já estava acer-tado entre a Triunfo e os lobbistas Marcelo e Brasil.Manara – Vamos só botar os pingos nos is. Você fa-lou com o Dito? O Dito falou para você tocar o negó-cio para frente?Jair – Exatamente.Manara – Eu falei para o Brasil há dois meses atrás...para ele tocar o negócio pra frente, tá? E uma vez,como tinha duas pessoas falando, é melhor então va-riar entre os dois, você e você.Jair – Exatamente.Manara – Na véspera de nós recebermos o dinheirodevido pelo Governo, eu não lembro a data exataagora. O Chico (Francisco Assis Camargo da Triunfo)me ligou, e falou que o... O Brasil (Brasil LeiteCamargo) estava recebendo. A turma do Brasil... issona véspera, no dia em que nós recebemos, uma quar-ta ou quinta-feira, o Chico me ligou meio-dia e meia,uma hora... e eu falei: pega o cheque, o resto do acer-to a gente vê depois. Quando foi três e meia da tar-de... o Queiroz, que é diretor-administrativo nosso,ligou para mim. O Dito ligou pro Queiroz e falouque há 15 minutos atrás você, Jair, tinha ligado paraele, dizendo que você ia receber e que você fazia por21%.Jair – Não! Eu fazia não, é 25%. Isso é acertado como Governo.

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Manara – Eu não estou discutindo percentual. Só que-ro saber se tem conversa.Jair – Tudo bem.

O representante da construtora quer saber pra quempaga a comissão: para o lobista, com quem tinha acer-tado antes, ou com o primo do secretário, que se me-teu no negócio depois que o dinheiro já havia sidoempenhado.Manara – Nesse mesmo dia... Veja, o que eu falei. Euacertei com o Brasil, a turma do Brasil. 'Ó Manara,nós vamos pagar 25%... (...)Eu pago 25(%)... 30(%)eu não pago mais pra ninguém’. Agora, o que eu vimfazer aqui hoje, ô Jair, foi bom até que veio você,que foi intermediário da conversa com o Dito, nãofoi nem o tal de Milton (Onorato), chefe- de -gabine-te de Jalles) que já me encheu o saco para caralho. Oque eu vim fazer aqui foi o seguinte: eu quero saberpra quem eu dou o dinheiro. Eu vou pagar, não sei sevou pagar os 25 (%), eu tô de saco cheio (...) Só detelefonema ontem eu recebi uns 30 do Milton. Ante-ontem minha esposa chegou de viagem e ele acor-dou minha esposa umas quatro vezes.Jair – O Milton?Manara – O Milton. Pra falar comigo. Meu celularquebrou, troquei por um novinho... tanto que ele li-gava. E eu tava no DNER trabalhando. E ela (a espo-sa): 'Eduardo, não sei mais o que eu faço'. E ele(Milton) duvidando dela: 'Ele não chegou mesmo?’ Etá que enche o saco. Que eu não sei nem que é oMilton, não me interessa (...) o que eu quero dizer é oseguinte: pagar eu quero. Agora, vocês vão decidirpra quem. Eu prefiro entregar na mão do secretário,ou então na mão do governador.Jair – Não, eu acho que você deve pagar para quemvocê acha que tem que ser.

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Começa uma discussão. Ambos falando alto.Manara – Não, eu não tenho que achar nada. Não,não, não... veja você...Jair – O problema é... Eu, por exemplo...Manara – Não, eu vou pagar(vai ser) o valor estipula-do para pagamento do recebimento. Agora, vocês doissão os dois articuladores do negócio. Vocês três, vocêsquatro, não interessa...Jair – Eu conversei com o Brasil e o Brasil virou paramim e falou assim: 'Então, estou fora disso'.

O lobista Brasil queria sair fora, quando o secretárioentrou no negócio.Brasil – Então vamos embora. Agora eu queria falar,eu não sei se foi através do Chico ( ex-chefe da Triun-fo em Goiânia). Então, não sei se foi através do Chico,se foi através não sei de quem, dizendo que o Jairzinhoestava no meio. Eu liguei para o Jairzinho e falei: - eele Jairzinho falou...: ‘Ah, não... é... porque o negó-cio... e tava no negócio... aí’; eu virei e falei: ‘entãose é assim, eu tô fora’.Jair – Exatamente.Brasil – Se é assim, eu tô fora. Aí eu peguei; me co-muniquei com ele virei e falei: ‘Chico, tá na horaainda...’; eu conversei com Jairzinho. O Jairzinho mecontou isso e eu falei no caso aí, então eu tinha con-dições de chegar para cair fora naquela época. Saíatudo numa boa, foi o que eu falei. O Chico pareceque umas quatro horas depois, eu não sei...

O celular de Jair toca e os outros continuam falando.Logo depois ele volta.Brasil – ... aí eu babo, não, espera aí.Chico – Se ele quiser pagar para você , por mim...Brasil – Não, não é para mim não Chico, péra aí.. aíeu pedi, então tá fácil, Chico. Eu aviso o pessoal, oMarcelo, esse mais um prefeito, na verdade, um can-

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didato a prefeito, o Adailton, um baixinho...Manara – Que me ligou algumas vezes também.

– De onde que é?Brasil – De São Miguel do Araguaia, então eu tinhaconversado com ele. Tô fora. Eu falei isso para você,não falei?Manara – Falou.Brasil – Chico, tá assim, eu tinha avisado você... aí oChico virou e falou pra mim. Brasil, eu conversei como Dr. Queiroz e com o Manara. É para mandar o trempra frente? Foi isso, não foi, Chico?Chico – Você virou pra mim e perguntou: é para man-dar pra frente ou para parar? Eu falei: eu não sei falarpara você. Tenho que falar com o Manara, e o Manaravai me retornar. Eu falei com você que é pra mandara coisa pra frente, isso foi na véspera do recebimen-to, ou dois dias antes do recebimento.Manara – Olha, eu... não quero saber... Só quero sa-ber pra quem e de que forma, e eu acho que nãodevia ser na mão tua.Jair – Não, pra mim não tem problema nenhum.Manara – Então, quem leva lá pra conversa com oJalles.Jair – Eu te levo lá agora.Manara – (...) Só vou marcar, não vou entregar hojenão. Nós vamos marcar...Jair – Tudo bem.Marana – Fica ruim pra você?Jair – Porque o problema de você ta achando ruimcom o Milton...Manara – Eu não tô achando ruim com ninguém,chefe. Eu tô ficando mal-humorado...Jair – O Milton entrou nisso aí, vamos dizer, de gaia-to, como eu também entrei, tá certo?

O representante da construtora deixa claro queJairzinho só entrou no negócio na última hora, para

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tirar vantagem do dinheiro liberado.Manara – Eu só vou dizer pra você o seguinte, paranão deixar sem deixar de falar, em momento algumnos últimos dois meses, você, Jair, nos procurou, vocêsó nos procurou uma hora depois que tinha avisadoo Chico.Jair – Não, não, eu conversei com ele, Queiroz, unsdois meses antes. Um dia, antes de sair, eu falei: ’ ó,Dito, o negócio tá de pé.Manara – ...eu tava junto...eu tava em São Paulo, oDito ligou umas duas e meia e três horas da tardepara Queiroz em Porto Alegre. E o Queiroz te ligou.Eu falei Queiroz, o Dito falou com o Manara. O JairLage tá recebendo 25%. É melhor do que negociarpelos 30%.Chico – Deixa eu te falar... o Jair Lage não tinha nadaa ver com isso. Meu negócio era o meu negócio queeu tinha para receber no estado. Eu apenas fiz por-que o Dito me falou que estava precisando receber.Tá certo, como eu tinha uma amizade com ele, pe-guei e liguei para ele, ver ser ele me orientava. Tácerto? Eu não tenho nada com isso. Eu entrei tam-bém de bobo que sou.

Depois, o lobista conta que o dinheiro só saiu com aajuda do candidato a prefeito de São Miguel doAraguaia, amigo do governadorMarcelo – Deixa eu contar, só um instante. Quandoa coisa falou comigo, eu falei: 'ó, eu não tenho con-dição', mas se o prefeito (Adailton), que é muito ami-go do Marconi, foi colocado na campanha peloMarconi em São Miguel do Araguaia e perdeu... Comoo Brasil tinha que passar no papel, eu falei: 'prefeito,aqui ó. Você é muito amigo...Jair – Esse é outro(...)Marcelo – Espera, você falou, agora eu tenho direitode falar.

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Jair – Não, lógico.Marcelo – Peraí, deixa eu acabar de falar. Eu falei: ́ ó,o prefeito tá precisando'. Ele falou: ‘me dá o papelaqui, eu vou no Samuel Almeida (deputado estadualdo PSDB) que é um deputado, e foi no governador epegou o “autorizo” do governador'. Uma semanaantes de qualquer coisa, eu liguei pra esse aqui, eleligou pra São Paulo. Eu falei: 'eu quero um contratodesse negócio'. Uma semana antes. Nem tinha fala-do(...) Foi quando o prefeito falou que já tinha faladocom o governador. Isso foi o que ele me passou.

O celular de Jair toca novamente. Jair atende e a con-versa continua. O lobista conta que conversou com osecretário sobre a propina.Marcelo – Então, eu procurei o Jalles e falei: 'Jalles...Eucomo sou muito amigo do Jalles, eu falei: 'tô preocu-pado com você porque o primeiro telefonema queme chegou pro Manara foi a informação de que vocêsestavam cobrando 25%. E, você, como secretário, euacho que você tem que zelar pelo seu nome'. Elefalou: 'não, Marcelo, isso foi com autorização do go-vernador'. Do jeito que você falou, ele me falou.Manara – Deixa eu dar um aparte aí. Foi o primeirotelefonema. O primeiro telefonema que ele deu foiassim: até quem ia me procurar era um cara chama-do Milton, que era chefe do gabinete do...Pois é, se o Milton é secretário Particular do Jalles...Então, tá errado...Marcelo – Então, eu falei: 'o Jalles... A minha preo-cupação, inclusive...Jair – O Jalles mesmo tá doido pra acabar isso. Ele játá... Esse negócio tá desgastando ele, é um negócioque ele não tem porra nenhuma a ver com isso. Nósjá falamos: 'sai fora disso, Jalles'.(...)Olha, quem táno governo, infelizmente, tem que...

Eu falei isso pra ele...

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Jair – Agora, se o (deputado estadual) Samuel foi lá efalou com o governador e o governador autorizou, aíeu acho que vocês devem entregar o dinheiro praele. A minha posição é a seguinte: pra ir agora...(...)

Todos falam ao mesmo tempoJair – (...) e foi entregue (...)porque o governador au-torizou o deputado a receber. Porque ele tá sendocobrado pelo governador. Tá entendendo? Ele tá sen-do cobrado. Então, ele vai ter que falar: 'oh, elesestão achando que tem um que não quer pagar'.Manara – Não, em momento algum.Jair – Pois é, isso é o que eu falei.

(Barulho de marteladas atrapalha a audição da con-versa)Marcelo – Isso não vai acontecer de jeito nenhum sedepender... Eu não conheço ninguém lá de dentro...Mas... Sei que é um cara muito sério, então isso nãovai acontecer. A maior preocupação minha foi essemotivo. Tá certo? Inclusive, eu falei com o Jalles nafrente dele.. lá no auditório... falei, Jales, pelo amorde Deus, eu tô preocupado... o governador.. tá co-brando dele...Jair – Olha, eu não quero(...) Se alguém recebeu viadeputado, autorizado pelo Marconi, acho que vocêstêm que entregar pra ele(...) Eu tô botando aqui bemclaro: eu não quero atrapalhar ninguém. Se alguémrecebeu via governador, o governador falou: 'vocêvai lá, paga pra esse pessoal, vou pagar, você rece-be', aí eu acho que tem que pagar pra ele. Eu vouchegar no Jalles e falar assim: 'o pessoal pagou'. Voudizer uma coisa bem clara a vocês...(...)

– Você alguma vez ouviu falar de ...Jair – NãoManara – Eu sei, por isso é que falei...Jair – Não tô enganado não, tenho certeza absoluta

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,graças a Deus. A empresa Triunfo é idônea, é umaempresa muito séria, é um grupo forte.Manara – Tem no Brasil inteiroJair – Conheço a Triunfo de São Paulo, Triunfo deMinas, conheço aqui em Goiás,é uma empresa. Dis-so aí , pode ficar tranqüilo.Manara – Nunca deixamos de cumprir nenhum denossos acordos (ruídos) E aí, agora eu ouvi vocês. Pormim, a minha preocupação de procurar o secretá-rio...

O representante da construtora resolve ironizarManara – Eu só quero fazer o pagamento.Jair – Se foi o governador que recebeu pra você(...)você paga(...) Eu vou falar: ‘ ó, fulano pagou pro fula-no’. E ele vai chegar no governador(...)Manara – Se fizer um rachinha - 10% para cada um -pagava tudo. (...) Sobrava 5% para encheção de sacoque eu tô tendo e 10% para cada um.

O representante da construtora se impacientaManara – Vamos fazer o seguinte. Eu vou ali foratomar mais um sorvete e vocês resolvem o caminhodo dinheiro. O dinheiro eu quero dar. De preferênciaentregaria na mão do Jalles. Não tenho a mínima cara-de-pau de entregar na mão dele, não vou ligar nemum pouquinho. Ou pro próprio governador, porquedo jeito que está tá ficando complicado. O que vocêacha, Chico? Eu vou dizer bem claro para os doisgrupos aqui. Eu vim aqui para pagar.Jair – Acho que você tem que dar... Se ele falou quefoi lá... foi no governador e o governador disse queautorizava dar, você paga pra ele. Porque eu...(...)Manara – Como é que fico eu nessa história? Se vocêfalar assim pra mim é tal hora e tal lugar... Se vocêfala, Manara, te encontro dez e meia no aeroporto,dez e meia eu irei lá. Eu falei para o Chico trazer a

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turma aqui em Brasília, que eu vou pagar os paga-mentos atrasados da obra depois. Dei cheque paraum, para outro, pra outro e acabou ,e não temos nadaa ver com Goiás. Não estamos trabalhando aqui.

Os lobistas continuam conversandoBrasil – Jair, deixa pagar pra você.(...)Marcelo – Não, não. Eu prefiro que, se o Jalles temautorização, e ele tá autorizado para fazer isso, quevocê vá pessoalmente no secretário e entrega paraele.

– Faço, faço...Marcelo – Eu, por mim, tá liberado.Manara – Que dia você quer ir? (falando com Jair)Deixa eu falar pra você como é que fica. Só precisame falar, que eu tenho o valor lá(...) eu até preferiaque alguém fosse em São Paulo buscar, eu até prefi-ro...

Barulho de marteloBrasil – Senta aí, Manara. Você se considera meu ami-go?Manara – Como amigo seu, quero falar duas coisasprocê. Primeiro, pega o Jalles e vai a São Paulo(...)Jair – Não, isso eu já falei com ele. (Mais barulho).

Jairzinho conta que, como o governador chamouJalles e listou as empresas que tinham dívidas a rece-ber em 98, segundo ele, era só chamar o pessoal ecobrar a propina. E fala em Valdivino, da Associaçãodos Empreiteiros.Jair – O governador chamou ele(Jalles) e falou: queroque você faça isso. Você chama o pessoal e eu voupagar 98, eu tô aqui com uma conta de 6 milhões etanto para pagar de campanha. Passou para ele ascontas(...) e disse: ‘ó, você paga o pessoal de 98, quevem aqui pra receber e vai recebendo 25%(...)’ Isso

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foi conversa do governador com ele. Ele chamou oValdivino (da AGE), certo..?Brasil – O Valdivino tá recebendo um.Jair – Não, tá recebendo um não. Tá recebendo devárias pessoas. Pegou todo mundo que tinha créditoalto lá... de verba de 98. Ligou pra cada um... Eu nãotinha visto o nome da Triunfo na lista. Eu falei: 'oha,Jalles, a Triunfo eu sei que tem, posso falar com eles?'Pode'. Aí eu liguei pro Dito, conversei com o Dito:'pode pôr'. Depois, quando nós fomos chegar, nahora que fui levantar, tava no nome da Queiroz, e aQueiroz já estava na lista... do Jalles. Ele pegou todosos créditos altos lá. Aí a Tratex não quis receber...aAndrade Gutierrez não quis receber. Falou assim:‘Não, nós não queremos receber para pagar 25%...’Brasil – E eu aqui encarrascado(sic). Nós aqui pagan-do 26%... Eu como subempreiteira. E tô com o papelpor escrito.(...)(...) Então o governador mandou ele passar o dinhei-ro...Jair – O Valdivino ficou responsável por contactarcom as empresas e acertar isso. E a Triunfo, como eujá tinha combinado com o Dito(...) Ali foioperacionalizado, isso foi feito em três etapas, nósinclusive fomos a segunda a receber. A primeira foi(...)a Coesa, nós recebemos segundo... levantar esse di-nheiro, passar para a Agetop, providenciar os contra-tos todos(...) e pagar.

O lobista não se entende com o primo do secretárioBrasil – Jair, Jair, eu tô dizendo como amigo seu: pas-sa pra ele esse dinheiro.Jair – Eu não tenho que passar nada.Brasil – Mas pode abrir mão.Jair – Não posso abrir mão de um negócio que não émeu.Brasil – Então, pronto, acabou a conversa. Não cho-

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ra depois, não.Jair – Não, eu não, não tenho nada a ver com isso,não.Brasil – Você vai ver o tanto que vocês vão se ma-chucar...Jair – Eu? Eu não vou ser machucado... não tenhonada a ver com isso não.Manara – Só vou deixar bem claro: a Triunfo não temnada a ver com isso. Não tem não. Não tem.Manara – Meu telefone o Chico tem, a hora que qui-ser você me liga. Fala: 'Manara, vamos marcar a data,a hora e local'...Não é isso? - Agora, se você querpagar pra ele...Jair – Essa opção... Eu não quero nada...(...)

Em outro trecho, Jair volta a vincular propina comcaixa de campanha.Jair – Ele tá pegando, passando para o governador, ogovernador tá pagando as contas de campanhas, eunão sei o que ele tá fazendo com o dinheiro, pramim eu não quero nem saber o que ele tá fazen-do...(...)

A partir desse ponto, a conversa se torna repetitiva,até que Jairzinho resolve ligar direto para Jalles. Ten-ta primeiro o escritório e atende uma mulher cha-mada Maria:Jair – Qual é o celular dele? É o Jair, primo dele ( elerepete o número em voz alta)

Jairzinho liga no celular. Jalles atende. A conversadura 2 minutos e 10 segundosJair – É o Jalles? Ô Jalles, tá bom? Beleza. Tudo tran-qüilo? Tá aonde? Heim? Ah, de Catalão pra Goiânia.Ah, de Bom Jesus pra Goiânia. Tá, né? Oh, Jalles,deixa eu falar aqui. Eu tô com o Eduardo Manara, daTriunfo, e tô com o Aniceto, ex-prefeito de Pontalina,

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tô com o Brasil. É aquele problema que eu já tinha teadiantado, você se lembra? Hem? Pois é, o Aniceto táfalando aqui que esteve com você, que conversoucom você... Hem? Você não... Hã...É do Marconi. Sei...Certo. É, né? Tá. Então tá bom. Não, ele quer marcarpra entregar aqui semana que vem. Hem? Que diaque você pode estar aqui? Hem? Tá. Como é que é?Jair – Tá certo, então tá bom. Nada, um abraço, tchau.Ele disse que o Marconi falou que esse dinheiro épara entregar para o Marconi.

– Então vão marcar pra entregar pro Marconi.– Esse dinheiro é... o Marconi é que está distribu-

indo.– Então, entrega pro Marconi.– Você marca pra entregar pro Marconi?– Tá resolvido, não tá? (...)– Quinta-feira, ele viaja para São Paulo, só volta

na outra quarta. Vamos combinar para quarta-feira.Tem que marcar com o governador na quarta. Entãopode marcar para quarta-feira.

Barulhos diversos. A gravação fica inaudível. Termi-na a reunião.

Conclusão: Os nomes de Marconi e Jalles foram cita-dos por mais de 70 vezes durante a conversa gravada. Al-guém acredita que o Governador não estava envolvido?

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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No dia 21, pela quinta vez em dois anos, os transmis-sores da Rádio K foram lacrados. Mais uma suspensão pormotivos “técnicos”. O fechamento durou sete dias. A Rá-dio só foi reaberta depois de conseguir liminar na Justiça.

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Julho do 2001

A mando do governador, um grupo de empresáriosgoianos procura Kajuru em São Paulo e tenta mais uma vezcomprar a Rádio K. Para se preservar, Kajuru exigiu que aproposta fosse feita por escrito, em forma de minuta decontrato. A proposta foi curiosa e inusitada:

1) Envolvendo as áreas já pertencentes à Rádio K e queficariam para Kajuru, os valores financeiros da proposta che-gavam a 8 milhões de reais;

2) Os compradores ainda assumiriam todas as dívidasexistentes com quaisquer credores, inclusive de origem tra-balhista, tributária, ou previdenciária, declaradas ou não;

3) Queriam comprar, em definitivo, a Rádio, (100%)mas não abriam mão de continuar usando, no mínimo, porseis meses, as marcas “K” e “Feras do Kajuru”;

4) E a parte inusitada: a cláusula sétima do contrato decompra, assegurava a Kajuru, pelo período de três anos, acontar da data da venda, o direito da recompra das ações(99,34%) pelo mesmo valor do presente instrumento, cor-rigidos pelo IGPM. No parágrafo primeiro dessa cláusula,Kajuru poderia recomprar a Rádio três anos depois, pagan-do apenas 500 mil reais de entrada e o restante em cin-qüenta parcelas iguais e sucessivas; será que eles deixari-am com Marconi reeleito?

5) Quando Kajuru fez a contraproposta de que fecha-ria o negócio, desde que pudesse revelar todas as cláusulasno ar, e que o jornalismo da emissora fosse comandadopor Marcelo Rezende, em substituição a Kajuru, que, porsua vez, ficaria apenas na programação esportiva. Moralda história: o grupo de empresários nunca mais falou sobreo assunto.

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6) Kajuru mostrou essa proposta aos amigos Juca Kfourie Juarez Soares. Jorcelino Braga foi testemunha do recebi-mento da proposta pessoalmente em São Paulo na agênciaFTPI, ao lado do sr. Rivas Rezende e da advogada dele,Dra. Fátima.

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OBS.: Kajuru reconheceu que os dois empresários foram pressionadospor Marconi, pois ambos, antes dessa proposta, fizeram empréstimosdecisivos à Kajuru para evitar a falência da emissora.Ninguém ajudou mais Rádio K do que Odilon e Paulo. O Odilon, in-clusive, dizia que aquilo era por amizade à família de sua esposa e paraexistir pelo menos uma emissora independente em Goiás.

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Agosto de 2001

Em entrevista a programa da TV Brasil Central deGoiânia (emissora estatal), o governador atacou Kajuru commentiras e sem nenhuma prova. Marconi achava, nesse dia,que Kajuru já tivesse vendido a Rádio K para os empresári-os. No dia seguinte, Kajuru pediu direito de resposta à emis-sora, que, por sua vez, negou. Kajuru, então, foi à Justiça eobteve liminar, na 12ª Vara Criminal de Goiás, para res-ponder a Marconi no mesmo programa, mesmo horário,na semana seguinte, pelo tempo de oito minutos e trintasegundos. Assim se esperava que acontecesse. Kajuru láesteve, no dia 9. Dez minutos antes de começar o progra-ma, chega uma liminar, concedida pelo DesembargadorJoaquim Henrique de Sá. O governador impedia, na Justi-ça, o direito de resposta de Kajuru. Conclusão: Só restou aKajuru o direito de exibir, na Rádio K, o que falaria na tele-visão. Em tempo: tal Desembargador foi nomeado porMarconi, de quem é amigo pessoal.

OBS.: No dia 5 de Julho, ao meio dia, uma quinta-feira, Kajuru reveloua proposta recebida, ironizou Marconi perguntando como o Governodevolveria os milhões aos empresários que jamais quiseram comprar aRádio. Até porque, se quisessem, comprariam por 1 milhão e meio nomáximo, mas nunca por 8 milhões.Enquanto estiver vivo, não vendo a Rádio K para ninguém, só permi-tirei arrendá-la para os próprios funcionários em 2003, se esse “Meni-no Maluquinho” (Marconi) for reeleito. Porque aí não aguentarei en-frentar, por mais 04 anos, esse Íris Jr.; Deus não vai permitir 20 anos decoronéis.

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Antes de tudo, minhas desculpas àsociedade goiana. De minha parte, pre-feria que, em Goiás, brigassem as idéiase jamais os homens. A justiça só me con-cedeu 8 minutos e 30 segundos, então,vamos em frente, relatando começo, meio e fim:

1º) Senhor governador, há uma enorme diferen-ça entre nós.

Senão vejamos, ouçamos e recordemos o mêsde outubro de 1998, segundo turno das eleições parao governo de Goiás, precisamente dia 20 de outu-bro... Eu, Jorge Kajuru, já tinha opinião formada aseu respeito governador, na época, candidato.. Eutinha esta opinião, mesmo depois de ter sido muitoelogiado pelo senhor.

Veja, na página 26 doDossiê K, o depoimentode Jorge Kajuru.

Eu não mudei de opinião, governador! Mas osenhor, nesta mesma época, tinha opinião a meurespeito e da Rádio K e falava assim no dia 6 deoutubro, após o primeiro turno, e antes de saber oque eu pensava do senhor.

Veja, na página 16 doDossiê K, o depoimentode Marconi Perillo.

Direito de resposta de Jorge Kajuru, no programaOpinião e Debate, na TBC Cultura, concedido pelo juiz

Benedito do Prado, da 12ª Vara Criminal de Goiás,e cassado no dia 09 de agosto, pelo desembargador

Joaquim Henrique de Sá.

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Como o governador Marconi Perillo citou aqui,neste programa, o nome de seu afilhado, amigo, emeu funcionário há muitos anos, o repórter CleuberCarlos, aqui eu o convido para falar desse episódiocom as suas palavras e jamais as minhas, sobre aproposta de R$ 150.000,00 em mídia para a RádioK. Eu não só recusei, como fui para o ar, no dia 09de fevereiro de 2001, comentar publicamente sobrea proposta. E Cleuber Carlos se lembra como issofoi discutido no ar.

Veja, na página 113 doDossiê K, o depoimentode Cleuber Carlos.

Três dias depois deste assunto ter sido discutidopublicamente na Rádio K, veio o dia 12 de fevereirode 1999 - o comentarista Martiniano Cavalcante fa-zia questão de explicar no ar, por que os funcionári-os da Rádio K não concordavam comigo, por recu-sar mídia do governo, conforme já havia decidido,também de forma pública, desde o governo PMDBem agosto de 98.

Martiniano -“o que nós pensa-mos, os funcioná-rios, é que deve-mos aceitar a pu-blicidade de umgoverno ou de umempresário, desdeque ela seja umapublicidade mera-

mente técnica. Agora, o mínimo de liberdade quefoi conquistada tem que ser mantido, e não é justo,

Martiniano Cavalcante - comentaristapolítico da Rádio K do Brasil

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eu quero dizer isso ao ouvinte, é minha opinião,não é justo que um veículo como a Rádio K, sesubmeta a um espectro, sendo o veículo que tem amaior participação em mídia particular aqui emGoiás. Não é justo que a rádio K fique espremida,sem poder usufruir de um mercado público, pas-sando dificuldades que os outros não passam por-que estão vendendo falcatruas, opiniões falsas etc..nós temos que manter a dignidade.”

Governador, o senhor acha que alguém acre-dita na chance de a Rádio K lhe pedir R$ 150.000,00mensais de mídia, e o senhor recusar? Aqui estãoos documentos do tribunal de contas... O senhor jápagou à imprensa, em 2 anos, mais de R$ 90 mi-lhões... É recorde... E não pagaria 1,5 % do quegasta por mês à Rádio K?

Sobre a venda da emissora:1º) Não vendi a Rádio K (Anúncios DM , pági-

na ... do Dossiê da Mordaça)2º) Não me ofereceram 5, e sim 8 milhões por

100% da Rádio, mas, como exigiram a minha saídada emissora e o fim do jornalismo investigativo,logicamente eu recusei a proposta.

Termino dizendo o seguinte: governador, nos-sa vida na Rádio K é 100% aberta: Todos sabemque o senhor nos levou à falência - fechou a RádioK cinco vezes, uma delas por 30 dias, tirou deze-nas de nossos patrocinadores, e muito mais , semfalar no pedido de cassação que o senhor fez emBrasília.

Então, eu faço negócio de forma pública... Sóhá duas cláusulas simples, morais e democráticas...não muda nada no esporte, eu continuo no coman-do e no jornalismo, Marcelo Rezende assume meulugar.

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Deixo aqui, publicamente, uma minuta do úni-co contrato que aceito negociar. É tão público queaté o senhor, governador, pode comprar, sem a ne-cessidade de se esconder e mandar representantesbem orientados.

E quanto a dizer, governador, que eu pedi algu-mas vezes, encontro com o senhor. Proponho aosseus amigos e auxiliares Paulo Beringhs, FlorianoGomes e Lizandro Nogueira que contem publica-mente o que foram fazer em São Paulo, no ano pas-sado, levando inclusive o recado que o senhor esta-va com o coração aberto e, caso não queiram con-tar aqui, por favor, autorize que eu ponha no ar, afita gravada da nossa conversa...

Eu só peço que o senhor deixe a instituição Rá-dio K em paz, concentre seus rancores na minhapessoa - atinja ainda mais a mim... Processe-me peloque de fato penso e afirmo... Eu luto pela minha li-berdade... O senhor luta por uma vaidade ferida...

Cuidado, Marconi! O seu governo poderá sertragado pelo turbilhão do tempo até que dele sóreste uma pálida reminiscência...

O que falei aqui, assim respondi no dia 6 dejulho passado, no ar pela Rádio K, um dia depoisque o Marconi aqui, neste programa.

Portanto, não preciso de dois anos e meio pararesponder a ninguém.

Mas eu sei por que o senhor só veio me atacarpublicamente, dois anos e meio depois... Tudo foipor causa dessa gravação com sua voz, que colo-quei no ar, pela Rádio K , no dia 2 de julho, um diadepois de saber que o senhor, mais uma vez, pro-metia ao povo goiano, abrir seus sigilos, após de-núncia de propina na ISTO É.

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Marconi -” Com relação ao sigilo bancário, eunão tenho a menor preocupação, queria até pediruma coisa aqui, pedir ao doutor Desmóstenes, quetraga hoje aos candidatos uma proposta de quebraimediata de sigilo bancário meu, do senador, daminha mulher, da mulher dele, dos nossos parentestodos e também dos nossos assessores, porque mui-tas vezes escondem maracutaias, corrupção com as-sessores. Faça um favor a Goiás: peça a quebra dosnossos sigilos bancários, para que Goiás não tenhadúvida nenhuma com relação à evoluçãopatrimonial, eu também peço que quebre a evolu-ção patrimonial e o sigilo bancário."

Por falta de tempo, nada mais devo falar. Sópedir que o senhor cumpra agora o que prometeu,há dois anos e meio, sobre os seus sigilos...

Boa noite, povo goiano!

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

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No dia 14, pela segunda vez, Kajuru é convidado de JôSoares. Dessa vez, para seu programa na Rede Globo. Du-rante a entrevista, Jô pergunta sobre a Rádio K. O jornalistaaproveita e pede publicamente a FHC que não permita mais,em seu governo, punições à emissora. Jô brincou que, se opresidente não estivesse viajando, poderia me ouvir.

Kajuru: A minha rádio foi tirada do ar 5 vezes, sabiadisso?

Jô: Não! Não sabia.Kajuru: Meu querido presidente Fernando Henrique,eu conheci o alfaiate do presidente FernandoHenrique, aqui em São Paulo, eu era menino, o al-faiate dele, o pai do jornalista Osmar de Oliveira.Ele falava assim "- Kajuru, o Fernando Henrique éum democrata. Grande homem." Ele botou, inclusi-ve, o nome do neto de Fernando Henrique. Eu acre-ditei, votei no presidente, democrata, tal...Presidente não faz isso comigo, presidente, peloamor de Deus, cinco vezes a minha rádio já foi tira-da do ar.Jô: Mas tirou por quê? Comentários que você fez arespeito do próprio presidente?

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Kajuru: Comentários, denúncias... A Rádio faz de-núncias. A Rádio faz um jornalismo muito forte.

Jô: Aí, pá... sai do ar?!Kajuru: É ... A Rádio tem o Alexandre Garcia, tem oMarcelo Rezende, e vai estrear agora o RicardoBoechat. Então, ela tem um jornalismo diário muitoforte, é só denúncia todo dia. Tudo embasado, do-cumentado.

Jô: Quer dizer, denuncia, sai fora, denuncia , saifora...Kajuru: É , tem sido assim. Mas não vai ser feitoassim mais não, né?!Ainda mais depois desse pedido que eu fiz aqui,público, né?!O presidente está vendo o programa, o presidentenão vai tirar a Rádio K?

Jô: Aí, eu não sei, se ele estiver no Brasil, ele deve táassistindo...(risadas)

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Setembro de 2001

A Rádio K relembra, no ar, chamada com a voz do pró-prio governador, prometendo 400 mil novos empregos emquatro anos. Afinal, já se passavam três anos e o desempre-go, em Goiás, era o maior de   s ua história.

PROMESSA DEEMPREGO

“Nós vamos, no go-verno, no primeiro dia,eu já vou mandar umamensagem à AssembléiaLegislativa, solicitando aredução de 17 pra 12%,o imposto do comercian-te, do empresário, do in-dustrial, e aí eu vou atin-gir aquela meta de criar,nos primeiros quatro me-ses, 100 mil empregosem Goiás e, ao longo dequatro anos, 400 mil em-pregos, vamos fazer issoporque nós seremos cria-tivos, nós faremos um go-verno planejado e essa é,sem dúvida alguma, aprincipal meta, a princi-pal ação para gerar em-prego, renda e crescer aarrecadação do Estado.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

Evidentemente não foi cumprida.

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A Rádio K relembra, também, as promessas não cum-pridas, com relação à redução de impostos e à segurançapública.

PROMESSAIMPOSTO

“O imposto de Goiás é omais caro do Brasil, é o maisvergonhoso do Brasil, e eu, noprimeiro dia, vou enviar umamensagem para a Assembléiareduzindo o imposto da ener-gia, da água, da gasolina, dogás de cozinha, porque isso écidadania, esse é um compro-misso que eu assumo aqui. Euvou acabar com essa indecên-cia, se Deus quiser.”

PROMESSASEGURANÇA PÚBLICA

“Nós vamos ter uma atua-ção decisiva, comprando veí-culos, e, munições, armamen-tos, e acima de tudo, pagandobem o policial pra que elepossa prestar um serviço dequalidade, eficiente, reduzin-do a taxa de crime em Goiás,com o programa tolerânciazero com o crime.”

Audio no www.radiokdobrasil.com.brAmbas não foram cumpridas.

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Outubro de 2001

O governador toma conhecimento do comentário pú-blico que Kajuru fizera na Rádio K, informando à socieda-de que estava se afastando da direção geral da emissora.Cansado de tudo, Kajuru pedia, no ar, aos funcionários,que tomassem conta da Rádio, mas que jamais vendessema opinião e linha editorial independente. Kajuru teria Mar-celo Rezende na direção de jornalismo e, por sua vez, aban-donaria os comentários políticos. Marconi Perillo procu-rou Ronaldo Caiado e Jorcelino Braga, melhores amigos deKajuru, propôs uma reunião, onde queria dizer que ajuda-ria a Rádio K no que fosse necessário. Kajuru aceitou areunião, pela primeira vez, para que ninguém em Goiásnunca mais o culpasse pelo radicalismo de jamais teraceitado conversar. Mas Kajuru condicionou as presençasde Marcelo Rezende e Edmo Pinheiro no encontro. Kajuru,de forma objetiva, comunicou ao governador que, a partirdaquele momento, Marcelo Rezende e Jorcelino Braga to-cariam a Rádio K. E que não tinha nada a dizer a Marconi,exceto deixar claro que não aceitaria nenhum favor porparte do governo. E que, se o governador quisesse mostraralgum gesto de boa vontade para com a Rádio, que entãodeixasse claro aos empresários de Goiás que não haveriaperseguição fiscal a quem desejasse anunciar na emissora.Kajuru foi para o ar, contou tudo sobre a reunião e confir-mou que ficaria muito surpreso, porém satisfeito, se, dessavez, o governador cumprisse sua parte. Marcelo Rezendetambém relatou como foi a reunião e começou a trabalhar.Durou pouco. Vinte e dois dias depois, estranhamente, aRede Globo pediu que Marcelo deixasse a Rádio, imedia-tamente. Sem entender, o jornalista pediu explicações àGlobo. Ouviu apenas que era uma questão política. Moralda história: Kajuru teve que voltar à direção da emissora econtinuar enfrentando a asfixia comercial, promovida porMarconi, com a saída de anunciantes, em média, de cincopor semana. E por que o governador não cumpriu a suaparte? Simples: para ele, não bastava a saída de Kajuru do

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jornalismo. Ele queria o fim das críticas a seu governo e oinício de uma relação semelhante ao que ocorre com orestante da imprensa goiana. Ou seja, só falar bem de seugoverno. E Marcelo Rezende, como novo diretor de jorna-lismo, jamais concordaria.

OBS.: Nas últimas páginas, o jornalista Marcelo Rezende opina sobreos episódios e a relação com Marconi Perillo.

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Novembro de 2001

O governador vai a São Paulo e se reúne, duranteuma hora, com Marcelo Carvalho, um dos dois donos daRede TV!, onde Kajuru trabalha. Acompanhado pelo em-presário Laerte, dono do Guaraná Dolly, um dos maioresanunciantes da Rede TV! e o mais novo investidor emGoiás, onde monta uma fábrica de refrigerante. Na con-versa, Marconi pede a Marcelo Carvalho que convençaKajuru, seu funcionário, a vender a Rádio K. O compra-dor seria Laerte e, caso ocorresse a venda, o governadorretiraria os mais de 30 processos contra o jornalista. Mar-celo Carvalho, por sua vez, chamou Kajuru para uma reu-nião, juntamente com Alberico Souza Cruz, superinten-dente de jornalismo da Rede TV! Quando Marcelo ini-ciou a conversa, relatando a proposta do governador, Al-berico, irritado, pediu para encerrar o assunto, lamentouque um dono de uma rede de televisão trouxesse um re-cado como aquele, e completou: “O Kajuru não vai ven-der a Rádio, nunca quis vender e manda esse governadorcuidar da vida dele”. Reunião terminada. Kajuru fez esserelato, no ar, pela Rádio K.

OBS.: Em julho de 2.002, dia 03, Jorge Kajuru pediu demissão, no ar, da Rede TV. ComoAlberico Sousa Cruz não teve contrato renovado, Kajuru, solidário, decidiu sair junto.Motivos de amizade e lealdade não faltavam, mas uma das maiores razões foi a posturade Alberico neste episódio em que o dono da Rede TV queria convencer Kajuru avender a rádio K.

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Dezembro de 2001

Com provas documentais e oficiais do Tribunal de Con-tas do Estado, a Rádio K denuncia o maior escândalo degastos com propaganda pessoal da história dos governosde Goiás. Marconi gastou, somente no ano de 2001, maisde R$ 90 milhões em mídia. Kajuru, com os números ofici-ais dos governos de São Paulo e Rio, provou, em compara-ção, que Marconi gastara cinco vezes mais que Alckmin,em São Paulo, e três vezes mais que Garotinho, no Rio,candidato à presidência da República.

Até mesmo o Jornal “Oficial” O Popular, talvez pordescuido, publicou uma charge mostrando a verdadeira es-tratégia do governo Marconi, na diferença do que gastavacom publicidade em comparação com saúde e educação.

Fonte: Jornal O Popular de 02/04/2002.

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Janeiro de 2002

O governador resolve bancar cinco rádios goianas jun-tas para a transmissão da Copa do Mundo: Anhanguera,Brasil Central, Aliança, São Francisco e Pousada. O gover-no desembolsa mais de 2 milhões de reais em compra dosdireitos e demais despesas na cobertura da Copa. Cadaemissora recebeu 404 mil reais. O objetivo era impedir aRádio K, em crise financeira, de transmitir o evento espor-tivo mais importante. O governo já vinha repassando essesvalores as emissoras desde 2001.

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A Rádio K denuncia e antecipa como serão os contra-tos particulares de Marconi Perillo com os cantores serta-nejos Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano. Confirma osvalores de 5 milhões de reais para Leonardo e 4 milhões emeio de reais para Zezé di Camargo e Luciano. A Rádio Krevela que os cantores farão shows nas festas pecuárias e,de surpresa, terão que parar de cantar e chamar o governa-dor ao palco, e, ainda, elogiá-lo como o melhor governa-dor da história de Goiás ou o mais honesto.

LEONARDO

“Obrigado a vocêspor estarem aqui, tá, cur-tindo o show, participan-do dessa festa maravilho-sa, e lembrando a vocêsque se eu estou aqui éum presente do governa-dor Marconi Perillo, quemandou pra vocês aquio show, tá, essa festa ma-ravilhosa. Tá bom? Bele-za?”

Audio no www.radiokdobrasil.com.br

OBS.: Mais à frente, na página 208, o tamanho do escandâlo de gastoscom outros cantores, pagos com dinheiro público, da Secretaria daAgricultura. Fazia parte do Caixa de Campanha para a reeleição deMarconi, com 02 anos de antecedência.

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Fevereiro de 2002

Kajuru anuncia que a Rádio K cobrirá a Copa do Mun-do, exclusivamente com dinheiro dos patrocinadores dainiciativa privada e completará as despesas investindo 80%de seus rendimentos na Rede TV!, por cinco meses. Termi-nou dizendo que desafiava as outras emissoras goianas avender uma só cota de patrocínio da Copa, que viesse dainiciativa privada e, não, dos cofres públicos, via Marconi.

Março de 2002

A Rádio K denuncia de uma reunião do governadorcom prefeitos do PFL, realizada no Palácio. Um dos parti-cipantes entregou à Rádio K uma fita, onde Marconi decla-ra, sem constrangimentos, que seu governo precisa mesmogastar dinheiro com a comunicação. Surpreendentemente,revelou aos prefeitos que, por causa desse dinheiro gastocom a imprensa, ele liderava todas as pesquisas para a ree-leição, contra seus adversários, na cidade de Goiânia. OMinistério Público Federal iniciou investigações e concluiuque a Justiça Eleitoral deveria punir Marconi. Por sua vez ajuíza, Dra. Carmecy apenas multou o Governador.

MARCONI

“Nós temos que ter dinheiro para comunica-ção, todo mundo tem que ter sua mídia. Comesse dinheiro, nós ganhamos; eu particurlamenteganho dos dois principais adversários que falamem ser candidato nas pesquisas aqui na cidadede goiânia.”

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Abril de 2002

A Rádio K entrevista, ao vivo, Pedrinho Abrão, presi-dente do PTB/GO, que confirma ter recebido duas propostasescandalosas do cidadão Marconi Perillo. Com testemunhode Ademir Lima, Pedrinho confirmou que realmente o go-vernador lhe propôs comprar sua área valiosa da AvenidaIndependência, avaliada em 3 milhões de reais, e ainda lheofereceu o quanto fosse necessário para gastar com a elei-ção de dois federais e quatro estaduais, por seu partido, oPTB. Kajuru havia apresentado essa denúncia há 15 dias.Com qual mágica Marconi teria 3 milhões.

PEDRINHO ABRÃO

Jorje Kajuru: ... Então, diante da luz da verdade, cha-mada Rádio K em Goiás, e, diante dessas coisasestarrecedoras que estão acontecendo em Goiás,com o governador Marconi comprando tudo e to-dos, é verdade ou mentira que o Marconi, ao con-versar com você, há pouco tempo agora, me pareceque o encontro foi na sua residência, e eu já deiessa informação aqui, por isso que eu tô perguntan-do, já foi dada aqui no Tele-Kajuru Denúncia, elecomeçou a conversa com você no “boa noite”, que-rendo comprar sua área, valiosíssima, ali na Aveni-da Independência, que já foi palco de comitê políti-co, no “boa noite”, querendo comprar, perguntandoquanto você queria naquela área, e é verdade oumentira que ele disse a você, quanto que você e seupartido precisavam de dinheiro, pra eleger quatrodeputados estaduais e dois federais, isso é mentiraminha?Pedrinho Abrão: Não, não é não, é, foi colocado eeu disse, bem claro, que, dentro das minhas empre-sas, o faturamento delas em relação a governo esta-dual, federal e municipal é de 0,0%, e que essa po-

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sição eu não discutiria, e que eu discutiria a questãode respaldo para os nossos candidatos, apoio políti-co para os nossos candidatos, e ele disse: quantovocê precisa pra eleger quatro estadual e dois fede-ral, eu disse que a minha discussão era política e,não, dinheiro.Jorje Kajuru: ... Aliás, me permita uma curiosidade,Pedrinho Abrão, aquela área sua, na Avenida Inde-pendência, está avaliada em quanto? Se você podeme dizer isso publicamente.Pedrinho Abrão: Ah, não tenho noção porque nãoexiste interesse em vendê-la né, Kajuru?Jorje Kajuru: ... Mas, é uma área valiosíssima ali?Pedrinho Abrão: É uma área grande, né , é um área....Jorje Kajuru: ... Alguém aí no fundo cochichou, sevocê não tem noção do que vale, se você não tem,como é que eu vô tê? Como é que o Martiniano vaitê? Você não tem noção de quanto vale?Pedrinho Abrão: Vale em torno de três, quatro mi-lhões de reais.Jorje Kajuru: ... Três, quatro milhões de reais. É ver-dade ou mentira que você tem testemunha dessaconversa com o Marconi?Pedrinho Abrão: Tenho, tenho testemunha, sim, ti-nha uma pessoa presente do meu lado, que vocêconhece bem.Jorje Kajuru: ... Essa pessoa é o Ademir Lima?Pedrinho Abrão: Exatamente.Jorje Kajuru: ... É ela?Pedrinho Abrão: Ademir Lima estava do meu lado.

A Rádio K denuncia, com provas documentais, maisum escândalo na Secretaria da Saúde, com mais de 30 mi-lhões de reais gastos em compras superfaturadas de remé-dios, comandadas pelo primo do governador, Sr. MarceloPerillo.

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Maio de 2002

As emissoras de rádio bancadas pelo governo viajampara a Copa, anunciando apenas dois patrocinadores: oGoverno de Goiás e a Prefeitura de Goiânia.

Por sua vez, a Rádio K também viaja, anunciando opatrocínio de onze empresas privadas, com destaque parao Bradesco, a Nestlé e a Universidade Salgado de Oliveira.A Rádio K obteve os maiores índices de audiência durantea Copa, com média mínima de 85% dos rádios ligados, eainda foi a única rádio brasileira que transmitiu a Copadurante 24 horas por dia e todos os jogos ao vivo. Aindacontou com a ajuda financeira de José Luiz Datena, emR$ 50.000,00, além de seus comentários, ao lado deSócrates, diariamente.

A Rádio K denuncia, com documentos do Diário Ofi-cial, as dezenas de contratos, envolvendo superfaturamentode veículos de comunicação, completamente desconheci-dos da sociedade. O governo paga a essas empresas valo-res fora da realidade do mercado de mídia. Nenhuma dúvi-da: o caixa de campanha seguia o fluxo.

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OBS.: Aqui, o curioso fica por conta do valor pago pela missa transmi-tida, via canal fechado, só para Goiânia.

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A Rádio K denuncia relatório do Ministério Público,que revela: o dinheiro que o governo Marconi arrecadacom infrações de trânsito não está sendo aplicado na edu-cação de motoristas e pedestres, conforme manda o Códi-go Nacional de Trânsito. O escândalo é maior ainda ao seconstatar que esse dinheiro está sendo usado em showssertanejos.

Na Assembléia, os deputados estaduais fizeram umaintensa discussão em relação aos gastos milionários do go-vernador, em cachês para cantores sertanejos. Um dos de-putados aliados de Marconi, delegado Rosiron Wayne, sol-tou uma preciosidade em plenário: para defender os gastosde seu governador, Rosiron bradou: “O governador estácerto, o povo precisa desse tipo de show, e essas músicassertanejas servem para reconciliar casais”.

Shows Contratados por Marconi, no dia 4 de Julho de2002 e publicados no Diário oficial / GO nº 18.942, dodia 5 de Julho de 2002. Shows pagos pela Secretaria deAgricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás.

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Alex, Fernando e Banda R$ 1.000,00

André & Andrade R$ 20.000,00

Banda Átima R$ 7.500,00

Banda Êxtase R$ 1.000,00

Banda Tennessee R$ 15.000,00

Bruno & Marrone R$ 625.000,00

Chico Rey e Paraná R$ 300.000,00

Clayton Lemos e Romário R$ 12.000,00

Elvis & Ricardo R$ 70.000,00R$ 40.000,00R$ 600.000,00

Elivelton, Júlio César, SanfoneiroMoacir e sua Banda R$ 12.000,00

Gino & Geno R$ 150.000,00

Geovana Texas R$ 4.000,00

João Marcos & Dejair R$ 25.000,00

Juca e Jeca R$ 12.000,00

Leo & Leo R$ 9.000,00

Marcos e Rodrigo R$ 17.500,00

Ouro Negro e Dorivan R$ 27.000,00

Racyne & Rafael R$ 60.000,00R$ 50.000,00

Thalles & Blenner R$ 25.000,00

Trio Alto Astral R$ 12.000,00

Zabumba Beach R$ 15.000,00

TOTAL R$ 2.110.000,00

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Em almoço no Palácio, nove dirigentes do futebolgoiano receberam do governo um patrocínio de um milhãoe duzentos reais para ajuda de custo na disputa do Campe-onato Goiano. Durante a conversa, um dirigente começoua falar sobre Kajuru. O governador, sem constrangimentos,na frente de todos, disparou: “Várias pessoas ligadas a mimestão me procurando para matar o Kajuru, mas agora euacho que não compensa matá-lo”. Dos nove cartolas, doisdeles tiveram a coragem de, pelo menos, revelar tudo aoKajuru, por telefone. Como os dois jamais quiseram ser iden-tificados, com o natural medo de perseguição, José LuizDatena e Jorge Kajuru decidiram contar todo esse triste epi-sódio no ar, durante o programa “Datena Repórter Cida-dão”, pela Rede TV! Para não serem identificadas, as vozesdos dois dirigentes foram distorcidas.

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Datena: “Olha, eu falava sobre a morte de jornalis-tas do mundo inteiro e aqui no Brasil, eu pensavaque isso não acontecesse mais, não é? Mas teve umareunião em Goiânia anteontem, com clubes de fute-bol e o governador de Goiás; e o governador confir-mou ter recebido propostas de pessoas que queri-am matar o Jorge Kajuru. Jorge Kajuru, que conheçodesde menino e luta pela verdade. Eu tentei entrarem contato com o governador e não consegui. Umapessoa que estava nessa reunião deu a seguinte de-claração:

(GRAVAÇÃO DA TESTEMUNHA)“Várias pessoas ligadas a ele já pediram para aca-bar com você, te matar e tal... que ele não ia perdertempo em fazer isso, não, que hoje não compensa-va”.

E tem outro depoimento. Depois eu quero depoi-mento do Marcelo Rezende! Estamos à disposiçãoda assessoria do governador para falar sobre isso.Me parece o primeiro ponto dessa questão é que ogovernador deveria ter chamado a polícia e dito quealguém estava se apresentando e propondo matar oJorge Kajuru. Me parece uma coisa lógica. Estouatrás do governador, mas, até agora, não obtive res-posta.

E tem outro depoimento também, vamos ouvir:

(GRAVAÇÃO DA TESTEMUNHA)“ ...ele disse que não gosta de você, você não gostadele, que o problema é o seguinte, já procuraramele oferecendo para matar você.”

PROGRAMA DATENA REPÓRTER CIDADÃO – REDE TVDIA 23/05/2002

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Datena: “Kajuru, você conversou com essas pesso-as ontem? Traz o Jorge Kajuru aqui.”

Kajuru: “Antes de ontem, Datena, eu conversei comessas duas pessoas e, evidentemente, elas tem o mes-mo medo que eu tenho. Eu sou filho único e tenhouma mãe para cuidar. Essa não foi a primeira vezque aconteceu, e, infelizmente, depois da primeiravez que meus amigos, Juca Kfouri e Marcelo Rezende,tentaram conversar com o Governador MarconiPerillo a respeito da liberdade de imprensa da RádioK, porque ele prometeu em campanha que a im-prensa seria livre em Goiás. Eu fiquei assustado como que ele disse aos meus dois colegas e passei atomar providências.“

Datena: “Marcelo, você chegou a ter contato com oGovernador lá em Goiás?”

Marcelo Rezende: “Tudo bem, boa noite! Eu estivecom o governador duas vezes. Eu venho aqui comotestemunha. Encontrei o Governador Marconi Perillono Hotel Deville aqui em São Paulo, eu, Juca Kfourie Estepham Nercessian, e, no final do nosso encon-tro, que era uma tentativa de conciliação entre oMarconi Perillo e o nosso amigo Jorge Kajuru... Na-quele momento, ao final do encontro, o governadordisse o seguinte: ´se eu não fosse cristão, eu daria140 tiros na cara do Kajuru`. Nós nos apavoramoscom aquilo e, agora, quando surgiu novamente esseassunto, eu disse para o Kajuru: Tenta colocar issono ar em rede, porque é a maneira de você se salvar,escapar de um atentado. Eu não estou dizendo queeste atentado seja feito pelo governador MarconiPerillo.”

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Datena: “Mas não é isso. O governador, segundo euentendi... ele disse que foi procurado por pessoasque se dispuseram a matar o Kajuru, é isso que medeixa preocupado. Nós não podemos viver num paísde jagunços. Nós já estamos em 2001. Mas isso ébrincadeira, estamos no século XXl.”

Kajuru: “O que me preocupa, o Marcelo sabe disso,e é por isso que estou em São Paulo, que com aminha ex-esposa aconteceu um fato. Eu estava nasOlimpíadas com o Juarez Suares, na cidade deGolden Coast, quando, por volta das 10h30 da noi-te, na Avenida 83, em frente a uma farmácia, pega-ram minha ex-esposa e deixaram claro a ela que, seeu não fosse embora de Goiás, eles iriam matá-la.Eu, inclusive, estou dizendo ex-esposa, porque tiveque me separar, renunciar, porque ela, a família e euficamos com medo. Eu tenho medo desse senhor.Não estou acusando. Eu gostaria que ele avisasse àpolícia que pessoas são essas que se ofereceram parame matar, para agradá-lo, e ele não tomou nenhu-ma providência. O que é isso?”

Datena: “Seria o mínimo de se esperar da maior au-toridade do governo goiano. Tentei conversar comele hoje e ontem também, e não obtivemos retor-no.”

Marcelo Rezende: “A produção falou com dois as-sessores diretos dele e eles disseram: ´já, já ele tele-fona`. E ele não telefonou! E, por ser uma autorida-de desse naipe, que tipo de gente é essa com quemele conversa? Como ele não denuncia, como maiorautoridade de um estado, ele tem uma notícia deuma possibilidade de um crime e ele não denun-cia.”

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Datena: “Mas é a questão colocada desde o princí-pio aqui. Como ele recebe uma proposta indecoro-sa dessa, ele deveria procurar as autoridades, a polí-cia civil, e falar: ´Um sujeito me procurou e ofere-ceu pra matar o Kajuru por mim. Isso é o mínimoque a gente espera... Mostrando quem são essaspessoas que fizeram essas propostas.”

Kajuru: “É bom lembrar, Datena, que o Governadorsabe o por que a sua produção está tentando ouvi-lo, porque, na Rádio K, eu também estou falandosobre esse assunto desde ontem. Não é estranho elenão querer atender o programa Datena Repórter Ci-dadão, porque ele sabe o motivo.”

Datena: “Não atender o programa não é o proble-ma. O problema é não querer atender a sociedade.Não é para mim nem para o programa, tem que serdiscutido com a sociedade. A primeira providênciaque ele deveria ter tomado era procurar a PolíciaCivil.”

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Julho de 2002

Aproveitando o fato de kajuru estar fora do vídeo emSão Paulo, ainda acertando sua saída da Rede TV!, por terpedido demissão, em solidariedade a Alberico Souza Cruz,o que fez o governador de Goiás? Foi a Brasília, entroucom uma representação processual, solicitando do minis-tro das Comunicações, Juarez Quadros, a cassação, emdefinitivo, da Rádio K, via decreto presidencial. E, ainda,pediu sigilo de todas as suas acusações no referido proces-so. Também exibiu cópia dos 34 processos que, pessoal-mente, move contra Kajuru. Enfim, são 670 páginas, com ogovernador relatando tudo o que, para ele, aconteceu nes-ses quatro anos, suficientes, perante seu julgamento, paracassar uma emissora de rádio, pela primeira vez, neste país.

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Durante esse período de quatro anos, ainda poderia sefalar de casos e escândalos, como:

A) O caso Uni-Rio e a CELG. Foi feito pagamento adi-antado. Até hoje, a CELG não conseguiu provar que obte-ve benefícios, e o Tribunal julgou o contrato como irregu-lar.

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CASO – UNI-RIOCASO – UNI-RIOCASO – UNI-RIOCASO – UNI-RIOCASO – UNI-RIO

O que você vai ler agora é revoltante.

Setembro de 2000 – A revista Isto É denuncia des-vio de dinheiro na CELG.Março de 2002 – O jornal nacional denuncia: umainvestigação do Ministério Público do Rio levantouindícios de que uma fundação sem fins lucrativos,está, usando o nome de uma Universidade Federalpara arrecadar milhões de reais.

PRÓ-UNIRIO é uma fundação sem fins lucrativos,que teria como finalidade apoiar o ensino e a pes-quisa da UNIRIO, usando o nome da universidade,a fundação controlada pela família Manzolilo firma-va convênios com o poder público em vários esta-dos do Brasil.

Em Maio de 2000 – A CELG contrata sem licitação afundação PRÓ-UNIRIO, que recebe quatro milhõese quatrocentos e cinquenta e sete mil reais com umserviço que não era sua especialidade. O pior, oserviço nunca foi realizado, o dinheiro segundo aimprensa nacional, foi desviado para a campanhado PSDB em Goiânia.O Ministério Público passa a investigar a denúnciae quebra o sigilo fiscal e bancário dos diretores daCELG. O tribunal de contas do Estado conclui que ocontrato CELG/FUNDAÇÃO PRO-UNIRIO é umafraude.

Agora você vai conhecer a verdade do caso CELG/PRÓ-UNIRIO.

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Entrevistamos, em Copacabana, no Rio de Janeiro,em um hotel, uma testemunha-chave. Uma pessoaque sabe exatamente como funcionou todo o es-quema da fraude envolvendo a CELG e a fundaçãoPRO-UNIRIO, fraude essa de 4 milhões e meio dereais. E vocês vão descobrir que isso foi apenas ocomeço, porque essa fraude poderia ter sido muitomaior. Dona Rita – gerente de documentação téc-nica de projetos da UNIRIO:

Dona Rita – Exatamente o quê a senhora fazia nafundação PRÓ-UNIRIO?“ Eu era gerente de documentação técnica de proje-tos.”

A senhora era funcionária da Fundação PRÓ-UNIRIO?“Empregada contratada com carteira assinada.”

É aqui que a senhora trabalhava?“É, eu trabalhava na época em 2000 na FundaçãoPRÓ-UNIRIO, no terceiro andar”.

O que a senhora sabe exatamente sobre essa frau-de de 4 milhões e meio de reais que saíram do Esta-do de Goiás pela companhia de eletricidade, aCELG, e vieram para o rio de janeiro?“Foi assinado, em 22 de maio, um contrato entre aCELG e a fundação PRÓ-UNIRIO para recuperaçãotributária. Em 5 de setembro, foi transferida paraconta bancária da PRÓ-UNIRIO uma importânciade quatro milhões e meio para a agência do Bancodo Brasil da Praça da Bandeira, número da conta:48322-2 favorecendo a PRÓ-UNIRIO, com nota fis-cal em nome da PRÓ-UNIRIO. Foi pago esse valorpelos serviços que teriam sido prestados”.

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A fundação PRÓ-UNIRIO tem competência parafazer um trabalho pelo qual foi contratado?“Não, inclusive esse foi o primeiro trabalho nessaárea que a PRÓ-UNIRIO assinou um contrato.”

E o trabalho foi executado?“Que eu tenha conhecimento, não, porque não re-cebemos os relatórios finais do contrato”.

E nesse golpe, todos os vários documentos têm aassinatura do Governador Marconi Perillo, não éverdade?“Tem a autorização dele, pra confecção desse con-trato, tanto desse, como com outras companhias ,que não foram realizados”.

Por que a senhora acha que só foi realizado ocontrato com a CELG, desde que nos temos aquiem documento mais de dez empresas oficiais doEstado de Goiás, solicitando o mesmo tipo de con-trato?“Eu acredito que porque, uma semana após o rece-bimento desse dinheiro, houve a denúncia, e então,os outros processos não tiveram andamento, nemtampouco o restante ,se eu não me engano, de seismilhões, por aí, que ,segundo o contrato, a CELGainda deveria pagar à PRÓ-UNIRIO”.

Se não tivesse havido essa denúncia, qual seria omontante financeiro desse golpe?“Não dá pra prever, não dá pra dizer, é muito di-nheiro.”

Qual o esquema de distribuição desse dinheiro ecomo parte dessa fraude retorna para Goiás?“De acordo com o contrato, ele teria que vir para a

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PRÓ-UNIRIO, a taxa que cabia pra PRÓ-UNIRIO ea PRÓ-UNIRIO fazer o repasse, o pagamento à em-presa Novafase, por ter realizado o trabalho. Só queisso não foi feito, a PRÓ-UNIRIO repassou três mi-lhões e oitocentos e noventa e um, no dia 6 desetembro, por intermédio para o IBDU; o dinheirosairia da CELG, viria para a conta da PRÓ-UNIRIOe da PRÓ-UNIRIO, ia para um instituto, para esseinstituto, então, movimentar e repassar o dinheironovamente para o estado de Goiás.”

E foi nessa agência do Banco do Brasil, no Rio deJaneiro, na praça da Bandeira que a CELG deposi-tou os 4 milhões e meio favorecendo a fundaçãoPRÓ-UNIRIO não é isso?“Exatamente, é nessa agência que a PRÓ-UNIRIOmantinha conta e que recebeu o dinheiro vindo daCELG. Na própria agência, ele foi dolarizado, essedinheiro foi levado para o aeroporto de Jacarepaguá,e lá foi entregue em maleta, em maletas tipo 007,entregue para um representante do governo deGoiás.”

Após sacado e dolarizado, o dinheiro do escândalodo caso CELG/FUNDAÇÃO PRÓ-UNIRIO veio paraesse aeroporto numa mala e foi entregue a um re-presentante do governo do estado de Goiás, repre-sentante esse que veio para o Rio de Janeiro comum avião do próprio Governo do Estado, é issoDona Rita?“É isso, confirmado, aqui que foi entregue a malapara o representante do Governo de Goiás.”

Qual o destino do dinheiro?“ Para a campanha da senhora Lúcia Vânia.”

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Se a senhora for chamada pelo Ministério Públicopara depor, a senhora reafirma tudo que esta di-zendo aqui agora nesse momento?“Reafirmo e falo a verdade, o que eu sei e o queaconteceu.”

Depois dessas denúncias, a senhora tem medo quelhe aconteça alguma coisa, medo de algum tipo derepresália?“Tenho muito medo.”

Medo de quê, exatamente?“Tenho medo de ser perseguida, porque o pessoal ébarra pesada, é um pessoal realmente que temenvolvimento com outros políticos, com outras pes-soas e eu não sei o que poderia acontecer, realmen-te me sinto muito insegura daqui pra frente.”

A senhora sente medo pela sua vida?“Sinto.”

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OBS.: Na última semana de setembro, a Revista “Carta Capital” trouxeuma reportagem completa sobre o esse escândalo.

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B) A propaganda pessoal do Cheque-Moradia, onde ogovernador colocou sua assinatura pessoal no impresso,com o abuso de propaganda extemporânea.

C) A farsa de uma delegacia (CIOPS), inaugurada porMarconi e desmascarada pelo Jornal Nacional da “RedeGlobo”. O apresentador William Bonner não conseguiu fi-car sério ao contar que, depois da festa de inauguração,não havia mais nada, nem os equipamentos e ninguém nolocal para atender os problemas da população.

D) O famoso roubo de energia, “gato”, em uma fazen-da de propriedade da cunhada do governador, na cidadede Pirenópolis. Houve flagrante do funcionário de plantãoda CELG, quando o “gato” foi feito, ou seja, não pagavamenergia havia quatro meses. O funcionário, perseguido, foitransferido para a distante cidade de Águas Lindas.

E) Os cinco funcionários que deixaram a Rádio K, em2001, recebendo propostas milionárias, com luvas de atéR$ 180.000,00, completamente fora da realidade de mer-cado até em São Paulo. Tudo patrocinado pelo governoMarconi, que considerava uma boa tática para reduzir amassacrante audiência da emissora. O valor de 180 foi pagoao locutor Edson Rodrigues. O contrato era tão político queencerra no dia 31/12/2002, ou seja, até no fim do governo.Fazendo justiça, Edson Rodrigues foi o único que deixou aRádio K sem pedir 01 centavo de recisão. Outros foramcovardes, entraram na Justiça (Como José Carlos Lopes,Karina Bittencourt e Eutália Franco) e queriam fortuna.Roberto Sampaio não entrou, mas pediu muito pelo acerto.Lopes, pelo menos, fez razoável acordo na Justiça. Por par-te de Kajuru, não ficou mágoa. Só decepção.

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Agosto 2002

Após essa absurda, ditatorial e criminosa legislaçãoeleitora em vigor, Jorge Kajuru decidiu sair do ar até o finaldas eleições. Como cidadão, Jorge Kajuru gravou depoi-mentos aos partidos políticos PMDB e PT, para serem vei-culados em comícios e serviços de alto-falante, para alertara população sobre o que a imprensa goiana (bem paga)esconde.

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BG... (Música “Depende de Nós”, de Ivan Lins)

“Depende de nós, se este mundo ainda tem jeito,apesar do que o homem tem feito.”

Kajuru: “ Meus amigos, minha gente, ter conhecidoem São Paulo, o inigualável jornalista brasileiro MinoCarta, estar convivendo e lendo Mino e sua CartaCapital, ter sido homenageado pela revista do dia19 de dezembro do ano passado, com a foto capitalda última página... tudo, cada vez mais, parece serpós-graduação para mim, em dois anos de exílio.Rádio K, esse meu sonho, esse meu filho, a emissoraque só denuncia e persegue os corruptos. Que defi-nição definitiva! Que achado para qualificar a Rá-dio K!Na verdade, seguimos com o mínimo de combustí-vel e o máximo de coragem e independência. Resis-tir é preciso.Pagamos caro por não engajar na mais antiga profis-são do mundo: a da prostituição de idéias e informa-ções, em que se transformou a maioria da nossa ine-fável imprensa goiana. E, aqui, a prostituição é semmenosprezo algum àquelas que exercem verdadei-ramente esse ofício.Nossa missão insiste em fiscalizar o poder, onde querque ele se manifeste. Somos responsáveis pelas mais

1ª) EDITORIAL

Setembro 2002

Aqui, os depoimentos de Jorge Kajuru, ao vivo, pelana Rádio K, nos quais são relatados assuntos pessoais, edi-torial, esclarecimentos e chamada de alerta e orientaçãoaos eleitores:

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graves denúncias políticas de dois governos diferen-tes em 5 anos de nossa existência como rádio. Nemos advogados, tampouco os acusados, conseguiramnos desmentir em nenhum dos escândalos aqui re-velados.O povo goiano, em sua maioria absoluta, é do bem,sabe que aqueles de bens vão passar, e sempre fica-rá a nossa confiança na dimensão e potencialidadedo Estado de Goiás, que transcendem as mazelas dopoder contingente.”

BG......( Música Apesar de Você, de Chico Buarque)

“ Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Eupergunto a você, onde vai se esconder da enormeeuforia... como vai proibir quando o galo insistir emcantar...”

Kajuru: “ Apesar de tudo, vamos respirando, porquetemos oxigênio de orgulho por vocês, ouvintes, porvocês, patrocinadores, por vocês, funcionários e ami-gos, que seguem a nos motivar. Não sabemos o quan-to mais suportaremos fisicamente e financeiramen-te.Nós podemos perder tudo, como já perdemos qua-se, mas jamais iremos perder a sua confiança, a suaaudiência, a sua amizade. E de nossa parte, a nossadiginidade.Muito obrigado, e a minha volta só depende de vocêe de mais ninguém. “

BG ....( Música de Geraldo Azevedo)

“ Eu não estou indo embora, estou só preparando ahora de voltar.”

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Kajuru: “Estou aqui como cidadão, eleitor e jornalis-ta. Votar, você vota em quem você quiser. Não seinfluencie por ninguém, o voto é seu, mas a Rádio Ktem a obrigação de fazer um pedido a você. Maisum alerta! Uma campanha contra a mentira nessaseleições. Tome cuidado eleitor com a mentira, espe-cialmente nessas eleições. Preste bem atenção. Vejana televisão o nariz dos candidatos! Veja aquele na-riz que vai aumentando todo dia, a cada promessa, acada palavra, como um Pinóquio, não deixe ser en-ganado. O candidato que mente é capaz de tudo, deroubar, de qualquer coisa, a mentira é feia, é peca-do, na Bíblia, João, 8, v.44, falando o que pensavaJesus, tá claro: diz que a mentira é tão feia que odiabo é o pai da mentira. Veja bem, o diabo é o paida mentira, ninguém tem o direito de mentir paravocê, prometer para te fazer de bobo, chegar ao po-der, se enriquecer nas suas costas, aproveitando dasua boa fé, da sua boa vontade. Esteja atento eleitor,quem é mentiroso não merece o seu voto. Uma cam-panha da Rádio K.”

Spot Comercial Gratuito

“Diga não à corrupção! Você sabia que o candidatonão pode oferecer nada ao eleitor em troca do voto?Não pode oferecer comida, cesta básica, par de ócu-los, dinheiro, nem dar transporte na hora da vota-ção? O candidato que faz isso, não pode concorrer aeleição. Isso é lei. Procure a OAB de sua cidade edenuncie, e de qualquer maneira, quem pode confi-ar num candidato que compra votos? Vote limpo em2002. Uma campanha Transparência Brasil.www.transparência.org.br”

2ª) ALERTA

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Kajuru : “É verdade, quem tenta comprar o seu voto,quer comprar a sua dignidade, principalmente, por-que a dele já se foi a muito tempo.”

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Kajuru: “ Meus amigos, minha gente, ouvinte K, nos-so patrão, nosso único censor. Realmente, pretendoque seja esse esclarecimento definitivo, muito maisdo que importante.Ainda não voltei, pra valer, ao microfone da Rádio Kpor duas razões simples: a primeira, por questão desaúde. Eu só vou ter alta pela Drª Angelita no dia 23,uma segunda-feira. Seria dia 18, mas ela entende queeu preciso de uma recuperação maior. Até que real-mente não haja mais nenhum tipo de risco no pro-blema que sofri e, na cirurgia a que me submeti, aquiem São Paulo. Então, só no próximo dia 23 de Se-tembro, uma segunda-feira, vou estar pronto para otrabalho, em alta médica. E é exatamente, no dia quecomeçarei a trabalhar na Rede Cultura de Televisão.Também voltarei a escrever no Jornal O Lance, e,nesse dia, talvez, volte diariamente ao microfone es-portivo da Rádio K, já que, no jornalismo, não tenhocomo falar, você não pode falar pela nova legislaçãoeleitoral e ainda mais na Rádio K! Qualquer pergun-ta minha é mal interpretada e lá vem punição, lávem suspensão. Enfim, é melhor, durante as eleições,ficar calado como quer a justiça, e como tem sidoem Goiás ultimamente e, infelizmente, aí não porcausa da justiça, e todo mundo sabe por causa dequê e de quem. E, paralelamente, a outra razão sim-

3ª) ESCLARECIMENTO

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ples é essa: É saber se eu vou ter motivação, vontadede voltar, enfim, saber o que vai acontecer em Goiás,o que vai acontecer com a Rádio K, que vive umasituação muito difícil, muito humilhante, com novase covardes perseguições, uma situação financeira daspiores que sofremos, nesses quatro anos, superior atéàquela de 1998, na Copa do Mundo da França. Essaé a verdade! Mas, a gente sempre saiu de todas decabeça erguida, com muita honradez, com muita dig-nidade. Estamos tentando sair dessa. Tá muito difí-cil, por isso, essa é a outra razão. Não sei o que vaiser da minha vida, e propriamente o que vai ser davida da Rádio K.Mas, esse esclarecimento é definitivo e importantepor alguns motivos. Eu, quando voltar, no dia 23, euvou falar muita coisa, tenho muitos agradecimentosa fazer sobre tudo o que aconteceu com a minhacarreira, nesse período, e especialmente com a mi-nha doença, onde tenho muita coisa para falar, e temmuita gente para ser citada em tudo o que aconteceucomigo. Mas hoje aqui nesse esclarecimento, eu pre-tendo ser breve, e é por se tratar de um assunto queaconteceu, nas últimas 24 horas, que eu nem redigio que estou falando aqui. Quero falar do coração eda minha alma. Não redigi nada. Tô aqui de impro-viso conversando com vocês.Todo mundo sabe, em Goiás, e porque não no Brasilinteiro, porque agora houve um exemplo brasileiro,eu nunca aceitei participar de campanha política deninguém, de forma direta, ou seja, botando a minhacara no dia a dia do horário de rádio e televisão.Nunca, em minha carreira, eu aceitei. Continuo vir-gem, politicamente falando, em horário de rádio etelevisão. Nunca fiz isso por dinheiro nenhum. Sequisesse agora faria nacionalmente; eu fui convida-do para ser o âncora nacional, em todo o Brasil, na

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campanha de José Serra! Os jornais do Rio e SãoPaulo noticiaram e, inclusive, publicaram a minhadeclaração, a minha resposta à proposta que o pu-blicitário Nizan Guanaes me fez. Eu fui o escolhidodo Nizan Guanaes, ele não queria mais ninguém.Queria apenas eu, Kajuru, ancorando o horário doJosé Serra na Televisão e no Rádio. Evidente que Gugucontinuaria porque é cem mil vezes mais importan-te que eu, mas o âncora, o apresentador do progra-ma seria eu, a proposta foi me feita no valor de R$1.200.000,00 pagos à vista! Enfim, durante uma se-mana, conversamos sobre o assunto e eu declareiaos jornais, à Folha de São Paulo publicou a minhadeclaração na íntegra, na época, de que eu não acei-tava pelos seguintes motivos:1 – Eu não concordaria em fazer nenhuma crítica aomeu amigo Lula do PT, candidato à presidência darepública. Meu amigo e meu candidato, sempre foie sempre será. È meu amigo pessoal. Essa foi a pri-meira discordância minha que a campanha do Serrajá não gostou.2 – Eu não aceitaria fazer parte de resposta todo dia,essa baixaria contra o Ciro Gomes, não sou amigodo Ciro, jamais vou votar no Ciro nessas eleições.Mas não queria participar.3 – Essa foi decisiva para a coordenação da campa-nha de José Serra evidentemente não me querer. Eufiz, exatamente sabendo que na campanha do Serraninguém iria aceitar essas minhas exigências. Eu nãoaceitaria falar bem do Governo Fernando Henrique,porque foi um Governo de quem eu sempre faleimal. Eu não poderia aparecer para todo o Brasil, ago-ra, numa campanha política falando bem do Gover-no do Fernando Henrique, então, a única coisa queaceitaria para fazer esse horário do Serra, seria ape-nas se fosse para falar das qualidades do candidato

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José Serra, que tem qualidades indiscutíveis. Mas,evidentemente, eu gostaria de saber antes o que euteria de falar, se eu não concordasse, eu não grava-ria. É claro que a campanha não concordou. Então,eu não aceitei nenhuma campanha nacional comoessa de José Serra, repito o valor R$1.200.000,00 (ummilhão e duzentos mil reais).Em Goiás, evidente que eu não aceitei até hoje fazercampanha de ninguém. Aparecer na campanha derádio e televisão por nada, e muito menos por di-nheiro. Porque, se fosse dinheiro, para mim em Goiás,eu teria aceitado, nesses últimos quatro anos, o di-nheiro que me ofereceram. Eu já falei publicamentee não preciso repetir. Chegaram até a R$8.000.000,00(oito milhões de reais) para comprar a rádio ou en-tão a metade R$3.000.000,00 (três milhões de re-ais), quase a metade R$3.300.000,00 (três milhões etrezentos mil reais) por 50% (cinqüenta por cento)da rádio e bastava eu não falar mais de política, eutinha que falar só de futebol. Só isso, era só eu nãofalar de política. Então, se fosse a questão de dinhei-ro, evidentemente que eu teria fechado. Todo mun-do sabe com quem, né? Muito antes e não agora emeleição. Eu jamais iria fazer isso, evidente, né?Bom, por que estou fazendo esclarecimentos? Isso éapenas complemento ou recheio desse meu comen-tário. Na verdade, esse esclarecimento é para pesso-as maldosas, irresponsáveis, que ficam fazendo fofo-cas sempre em direção a mim, com a finalidade deme prejudicar e, principalmente, de me jogar con-tra os meus melhores amigos em São Paulo. Esse foio objetivo da fofoca, que provocou gente a procurardonos de televisão em São Paulo, querendo saberse era verdade ou não. Quero deixar bem claro aqui,eu não uso amigo meu para nada, ninguém jamaisvai falar em meu nome, ninguém jamais vai fazer

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proposta em meu nome. Jamais em hipótese algu-ma! Nunca, ninguém foi autorizado a em meu nomepedir qualquer coisa pra alguém, especialmente prapolítico, E usar amigo meu, eu jamais faria isso emhipótese alguma! Estou me referindo a José LuizDatena, da Rede Record de Televisão, Juca Kfouri,da RedeTv, Marcelo Rezende, da RedeTv e tantosoutros amigos que tenho no Brasil, especialmenteesses, que, mais que amigos, são irmãos. Juca Kfouri,inclusive, quem duvidar pergunte a ele, mande car-ta, mande e-mail,... se é verdade ou não. Ele vai res-ponder. Ele veio me oferecer espontaneamente parafazer um depoimento em Goiás, contra um candi-dato, que o Juca conhece bem, e não quer vê-lonunca mais. Pergunte ao Juca se eu aceitei? Se eutelefonei pro Juca pedindo pra ele a gravação dessedepoimento? Nunca fiz esse pedido pro Juca, em-bora ele tenha oferecido a mim. Isso eu não fiz, issoeu não quis. O mesmo com Marcelo Rezende quetambém se ofereceu e está à minha disposição nahora que eu quiser pra fazer depoimento em relaçãoa um candidato em Goiás, e muito menos faria issocom o José Luiz Datena, que não acompanhou mi-nha história em Goiás, como o Juca e o Marceloacompanharam, e porque ele tem um contrato coma Rede Record de Televisão, que eu respeito. Entãojamais iria fazer, jamais iria pedir, mesmo que ele seoferecesse, eu jamais, porque se eu não aceitei o doJuca porque que iria aceitar o do Datena. Jamais façoisso, eu não preciso disso, Graças a Deus. Não pre-ciso, primeiro, tudo que eu falo tenho provas docu-mentais do que eu falo. Vocês vão ler no livro queeu estou lançando pra minha consciência, pros meusamigos, pra minha história, o livro que terá distri-buição gratuita. Vocês vão ver nesse livro o DossiêK tudo documentado.

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Então, quem documenta e prova que nem eu, eu nãopreciso de usar ninguém, amigo meu pra me avalisar.E, graças a Deus, eu tenho credibilidade suficientepra não precisar de aval de ninguém, os meus ami-gos presenciaram e falaram e fizeram depoimentossobre fatos que eles presenciaram, não que eu con-tei pra eles, não que eu relatei pra eles. É bem dife-rente. Agora, como cidadão Jorge Reis da Costa, forado ar, fora do microfone, fora da Rádio K, fora datelevisão, fora de jornal, eu tenho direito de falar oque eu quiser, inclusive já falei, já gravei depoimen-to pra quem quiser usar em comício! Em comício!Em carro de som, mas não em horário político derádio e televisão. Fiz! Fiz com muito prazer e muitogosto!!!Agora, nenhum amigo meu pode e será usado, eunão autorizo, de forma alguma, a usar qualquer coi-sa de amigo meu, seja Datena, seja Juca, seja Marce-lo, seja quem quiser e eu tampouco vou pedir, praDatena, pra Juca, ou pra Marcelo, entrar na campa-nha política de alguém, pra entrar em horário políti-co de rádio e televisão. Jamais! Perguntem a eles sealgum dia eu pedi isso. A eles, embora, eu repito, oJuca e o Marcelo tenham espontaneamente ofereci-do a mim depoimentos deles, eu não quis, não pedi;nunca disse a eles quero gravar com vocês. Porque,como jornalista, eu procuro fazer a coisa com maiorisenção possível. Como cidadão, eu tenho motivos.O que eu sofri como homem, como cidadão, comohomem de família, como ex-esposo, pelo que eu jásofri na minha vida, eu tenho esse direito de reagircomo cidadão. Isso eu tenho, isso eu tenho, isso eufaço, e como a situação da Rádio tá chegando denovo aquele ponto de covardia de perseguição, man-daram até o Ministério do Trabalho pra pegar a Rá-dio pra autuar, pra multar. De novo, suspenderam a

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Rádio, há poucos dias, com multa de R$22.000,00(vinte e dois mil reais) e, todo mundo sabe, que issoé 100% (cem por cento) político, é pra levar a Rádiode uma vez por todas à falência, porque sabem quea Rádio está de novo à beira da falência, em funçãode que eu saí da RedeTv por solidariedade a umamigo e não tenho mais os recursos financeiros quetinha até maio deste ano e que eram recursos finan-ceiros suficientes para bancar os prejuízos mensaisde quarenta, cinqüenta mil reais que a Rádio K tinhae tem, até hoje, todo mês e eu bancava com o meusalário da Rede TV; agora não posso mais, desde omês de junho, quando deixei a emissora no dia três,e a Rede TV não me pagou, até hoje. Portanto, desdejunho, eu não tenho recursos financeiros. E até naminha doença eu tive ajuda do irmão, do pai JucaKfouri, inclusive ajuda financeira. Quero dizer aquipublicamente, senão eu não teria condições de pas-sar pelo que eu passei, de enfrentar, com tantos gas-tos com medicamentos, embora a minha cirurgia te-nha sido gratuita, tenha sido feita no Hospital dasClínicas, porque eu não tenho plano de saúde, e nãotinha condições de pagar uma cirurgia tão cara e tãograve como a que eu fiz, porque eu corri risco devida realmente. Conforme a equipe médica informou,o meu caso quase se tornou uma síndrome de furniê,que é um caso quase que mortal proveniente do dia-betes, da prostatite. Então, é por saberem da situa-ção da rádio, a rádio voltou a sofrer perseguiçõescovardes de todo o tipo: saída de anunciantes, tudo.Não tem problema, mas já que a situação tá assim,já que fazem esse tipo de fofoca pra me jogar contraamigo, então quero dizer, aqui, hoje , nesse mo-mento como cidadão, a partir de agora, eu estou ádisposição de qualquer horário político de rádio etelevisão. Qualquer candidato que me der espaço

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para atuar como cidadão com provas, documentospara mostrar as verdades que a imprensa de Goiásesconde. Eu quero dizer publicamente que estou àdisposição seja quem for. Eu não vou pedir voto! Pedirvoto eu não vou, mas mostrar as verdades que a im-prensa goiana esconde eu faço.Vou pra televisão, pro rádio e faço isso pela primeiravez na minha carreira já que o jogo é esse, eu topoentrar no jogo e quero dizer aqui que,, espontanea-mente, gratuitamente, não quero um centavo pra fa-zer isso todo mundo sabe que se fosse por dinheiroeu aceitaria o dinheiro do Zé Serra nacionalmenteum milhão e duzentos! Ou aceitaria o dinheiro, maisde milhões que me ofereceram, nesses quatro anos,pra tudo e pra calar a boca. Então, não tem dinheiroque me compre neste mundo, não existe cor de di-nheiro que me compre neste mundo, não tem valor,não tem quantidade que me compre. A única coisaque me resta, e eu morro com ela, é minha dignida-de. Mas já que o jogo é esse, como cidadão, eu topo.O candidato que quiser, eu vou pra televisão, prorádio, pronto! Já que chegaram a esse ponto, eu tavaquieto, calado até por questão de saúde, todo mun-do sabe disso, eu tava no meu canto, mas tão me-xendo comigo, querem briga, querem fazer jogo sujo,me jogar contra amigo, portanto, eu vou entrar nojogo, com uma diferença, eu não vou entrar brin-cando, eu entro com documento com tudo provado,não entro com minha boca, entro com papel, atéporque, se eu não provar, me tiram do ar imediata-mente e se quiserem me botem na cadeia, se o queeu falar não for provado, documentado. Portanto,agora estou à disposição. Era isso. Entendam, comoesclarecimento ou como desabafo, muito obrigado,espero que tenha sido definitivo”.

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Às 09h45, do dia 17/09/02, o Procurador RegionalEleitoral, Marco Túlio Oliveira e Silva, entrou em contatocom o jornalismo da Rádio K do Brasil, para informar quehavia impetrado uma abertura de investigação judicial elei-toral contra o candidato Marconi Perillo, no TRIBUNAL RE-GIONAL ELEITORAL. A ação foi movida em razão de usoindevido de meio de comunicação social, abuso de poderpolítico e abuso de autoridade.

O Ministério Público Eleitoral pediu liminar, determi-nando a suspensão do privilégio concedido ao candidatoMARCONI PERILLO, pela empresa UNIGRAF, no seu jor-nal DIÁRIO DA MANHÃ, em especial na capa do jornal enas páginas principais de política daquele meio de comu-nicação, na forma do art. 22, inciso I, letra “b” da LC nº 64/90.

E, ainda, conforme a Lei Complementar nº 64/90, pe-diu a declaração de inelegibilidade do representado(Marconi Perillo) pelo prazo de 03 (três) anos e a cassaçãodo seu registro, como candidato ao governo do Estado deGoiás, segundo art. 22, inciso XIV da Lei Complementarmencionada. A ação pediu-a no valor de 100.000 (cemmil) UFIR, para cada ato de descumprimento da decisãoliminar, pela qual deve responder solidariamente o investi-gado Marconi Perillo, sem prejuízo das responsabilidadespenal, civil e administrativa previstas em lei, inclusive oque dispõe o art. 347 do Código Eleitoral.

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Entrevistador: Marcelo, o que se pode relatar mais,além de sua opinião, sobre o primeiro encontro comMarconi Perillo?

Marcelo Rezende: O mais importante de tudo, quetalvez não tenha em nenhum desses cantos, das coi-sas que eu li, é dizer o seguinte: que nada que oMarconi fala, ele cumpre. Isso que eu vejo como asíntese da personalidade do Marconi Perillo, de to-das as conversas que eu tive com ele. Então, aquiloque falou dos 140 tiros era um arroubo. No fundo,um sujeito que pensa isso, não é que ele vá fazer.O problema não é pensar, é o ódio que carrega naalma. Ele não ia dar um tiro. Até porque ele não temcoragem de puxar um revólver. O que é, na verda-de, é a necessidade que ele tem de eliminar o inimi-go. Ele não consegue ver as pessoas comoadversárias. E, sim, como inimigas. E pra se livrar doinimigo, ele é capaz, num ato falho, de falar em ma-tar. Mas, na verdade, é um ato primitivo dele. Porum motivo simples: isso ficou claro em todas as con-versas. Ele não consegue conviver com o controver-so. Ele não sabe viver com quem tem a opinião dis-tinta da dele. Então, é muito difícil, pra ele, que as-cendeu muito cedo ao poder, com práticas antigas.O Marconi não é um jovem político com práticasmodernas. Ele extraiu da política tudo o que a polí-tica tem de pior. E uma das questões que a política

Uma entrevista sem cortes, com o jornalista MarceloRezende, que é um dos amigos de Jorge Kajuru que maiscontribuíram na construção desse patrimônio moral, cha-mado Rádio K. Marcelo também foi o que mais insistiu natentativa de convencer o Governador Marconi Perillo a sa-ber conviver com a democracia, a liberdade de imprensa.

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tem de pior é as pessoas não saberem viver com seuscríticos. Elas querem destruir. Um exemplo típico depersonalidade, de prática política, o ACM. Ele sóenxerga o inimigo. E aí vem o maior traço decoronelismo de Marconi. Ele é tão antigo, no senti-do da política, que é pior que o Íris Rezende. O Íris,mesmo quando você combatia a opinião dele, eleera incapaz de querer matar, destruir. Ele queria teconvencer nos argumentos ou por algum esquema,mas não pensava em te eliminar, deixá-lo morrerdevagarzinho. Já, no Marconi, se revela uma almamuito carregada, literalmente da treva. Marconi éum retrocesso ao processo político e democráticodo país. Um jovem que possivelmente vai ter vidalonga na política, trazendo todos os esquemas anti-gos, que nós, brasileiros, cidadãos e democratas, de-sejamos ver enterrados. O Marconi é o perfil de umBrasil que produz políticos de quinta categoria. Oque me espanta é olhar para o povo de Goiás, e nãoimaginá-lo vendo. Porque tudo é feito na base doassistencialismo e clientelismo. Sempre com promes-sas. Se dá alguma coisa na época da eleição. Caren-tes, as pessoas se apegam àquilo como a uma tábuade salvação. É a mais absoluta falta de educaçãonesse país. Tudo é feito de propósito. No governoMarconi, me chocava assistir a cenas de foguetes,comemorando a chegada da merenda escolar. Fazerfesta porque estava alimentando barrigas de crian-ças. O cúmulo do cúmulo. Em síntese, aquele ho-mem (Marconi), que sentava em nossa frente, é estemesmo homem. O mesmo que se comprometeu, vá-rias vezes, a deixar a Rádio K fazer seu jornalismode verdade, e nunca cumpriu nada. Muito pelo con-trário. Marconi consegue olhar na sua cara, pareceestar tudo certo e, por trás, ele está te traindo. Ele foium aproveitador da minha boa crença. O Juca Kfouri

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não acreditou nele hora nenhuma. Foi mais sensatoe arguto do que eu. Eu acreditei no primeiro encon-tro. E, talvez por isso, a minha decepção foi maior. Apalavra de homem tem um valor muito grande pramim. Infelizmente, para o Marconi Perillo, palavranão existe. A alma dele é muito feia, é uma almasuja. Porque um homem que dá a palavra dele e nãocumpre, ele não merece o perdão de ninguém.Marconi terá que prestar contas a Deus. Um dia háde prestar!

Entrevistador: Mesmo assim, você ainda deu aMarconi uma chance de cumprir palavra. Foi quan-do o governador insistiu e lhe pediu um último en-contro, onde pretendia que Ronaldo Caiado, você eoutros amigos convencessem Kajuru a ouvi-lo.Marconi queria esquecer tudo, pois tomara conhe-cimento de que Kajuru, em São Paulo, iria se afastarda Rádio K e você assumiria a direção geral da emis-sora. Ali, você acreditou em quê?

Marcelo Rezende: Ali, mais uma vez, eu acrediteina palavra, porque estávamos na frente, na casa dodeputado Ronaldo Caiado. E vou te dizer de ante-mão. Me espanta também que o Caiado, para man-ter seu cargo de político, continue unido ao Marconi.E isso é bom botar no livro também. Quem se mistu-ra com porcos come farelo. Ronaldo me parecia trans-parente. Naquele dia, em sua casa, o Marconi fezuma série de promessas. Como teto daquele lar, eleera um avalista da palavra de Marconi. O Marconi,mais uma vez, não cumpriu. E mais uma vez, acre-ditei: Não me sinto traído só pelo Marconi Perillo,porque esse me traiu várias vezes, mas me sinto tam-bém traído pelo Ronaldo Caiado. Ronaldo acabouse igualando ao Marconi. Quando uma parte não

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cumpriu, Caiado tinha que vir a público, denunciare se afastar dessa pessoa. Goiás me ensinou muitascoisas. Principalmente a fraternidade. Tenho gran-des amigos em Goiás. A beleza de um povo recepti-vo. Mas também me ensinou como a política podeser rasa, como pode, cada político que você olhano olho se transformar num Calabar. Eu me sintoassim. Se eu tivesse que criar um paralelo na histó-ria do mundo, eu diria que o Marconi Perillo foi umCalabar. Ele traiu alguém que ele disse que não iriatrair. E aí, não é o Jorge Kajuru ou a Rádio K; é, naverdade, a democracia. Marconi não se imaginaDeus, ele tem certeza de que é Deus. Íris Rezendetambém se achava e, um dia, apareceu um MarconiPerillo na vida dele. Eu espero que, na vida doMarconi Perillo, apareça um outro Marconi, só queesse, espero, seja um homem voltado para a demo-cracia, a palavra e, fundamentalmente, para a famí-lia. Porque um homem que trata seu semelhantedessa maneira, não gosta de ninguém e, sim, só deseu poder. O dia que este poder escapar de suasmãos, ele vai aprender o que é a vida. Outros jáaprenderam.

Entrevistador – Você foi dos poucos amigos do Jor-ge Kajuru que não deu razões para escrever o livroDossiê K?Marcelo Rezende: – Eu não dou razão, nem tiro arazão. Não julgo. Essa gente não merece o Kajuru,que ficou doente por tudo isso e, na cama, acaboude escrever o livro. Eu não escreveria. Kajuru deve-ria esquecer essa gente (políticos) na fogueira, umcomendo o outro. Sabe por quê? Porque só lá nafrente, no futuro, eles vão perceber o quanto a Rá-dio K era importante, criando parâmetros de discus-são. Eles não têm essa visão histórica, porque que-

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rem meter a “mão na massa”agora. Têm que consu-mir tudo agora, num espaço de tempo curto. OKajuru só vai recuperar o estado de ânimo e a vida,no dia em que rasgar esse livro. Do contrário, voucontinuar vendo um amigo doente, cansado, amar-gurado, sem razão de viver. Enfim, a história doKajuru já está feita.

OBS.: Kajuru respeita o sentimento de Marcelo, como amigo-irmão,em relação a Ronaldo Caiado. Entretanto, Kajuru não se sentiu traídopor Ronaldo, que já foi a São Paulo, pessoalmente explicar os motivosde não romper com Marconi e tentar salvar uma reeleição como depu-tado federal. Kajuru entende, porque, na verdade, por 03 anos e meio,Caiado sofreu todo tipo de retaliação do governador por ter apoiado eprotegido o Kajuru. Um erro não pode apagar mais de 10 anos firma-dos pela lealdade em qualquer circunstância. A Rádio K sempre com-bateu Caiado politicamente, de forma dura, mas Kajuru nunca deixoude reconhecer sua amizade canina.

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Em Tempo:

Antes de imprimir o livro “DOSSIÊ K”, na gráfica,aconteceu um fato:

Um segmento da Igreja Católica, com liderança res-peitada e moralmente intocável do conhecido Padre LuísAugusto, mostra interesse em arrendar 50% das 24 horasdiárias da Rádio K, para mensagem de fé e alto nível deconceito religioso. Kajuru argumenta que, se Marconi ga-nhar as eleições, poderia entregar a emissora nas mãos dosfuncionários, com a direção de Téo José e Charlie Pereira,por 4 anos. Kajuru , nesse caso, ficaria 100% fora do mi-crofone, da administração, e aconselharia os novos ( funci-onários) responsáveis pela Rádio K a vender, por 4 anos,essas 12 horas diárias à Igreja Sagrada Família, do Pe. LuísAugusto, por um valor semelhante às nossas dívidas, ouseja, R$ 600 mil reais pagos em 04 parcelas. Assim, a emis-sora ficaria zerada, e teria uma programação dividida: 12horas de esportes e 12 horas de religião. Abandonaria ojornalismo, para sobreviver sem perseguições durante 4anos. Afinal, em Goiás, os Governos não aceitam impren-sa livre, especialmente, uma linha de investigação e de-núncia embasada-documentada. Então, que, transparente-mente, sejam apresentadas duas alternativas. A primeira ésimples. Se não pode fazer um jornalismo de verdade, tam-bém não faça de mentirinha. Antigamente, com a censura,eram lidas “receitas de bolo”. Agora podemos optar pormensagem de fé e rezar para Goiás se livrar dos coronéiscorruptos. Kajuru não permitirá valor acima de R$ 13.000,00na possível locação de 12 horas diárias à Igreja SagradaFamília. É sabido, no mercado, que, por um aluguel comoeste, outras igrejas ( como evangélicas) pagariam R$ 50 milmensais no mínimo. Padre Luís Augusto é amigo da famíliaK e mereceria o privilégio. E a segunda solução, casoMarconi se reeleja, seria Kajuru deixar de vez a emissora e,infelizmente, não voltar a viver em Goiás, seu estado de

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coração. Se assim o povo goiano decidir nas urnas, até avenda da emissora será admitida. Desde que seja exclusi-vamente por valores semelhantes às dívidas, hoje acumu-ladas pela emissora. Jamais com objetivos de lucro, poisum sonho pode até acabar. Mas com dignidade. E na cer-teza de Kajuru voltar. Quatro anos passam e serão suficien-tes para consolidar, em São Paulo, sua vida profissional efinanceira, podendo adquirir nova emissora em Goiás.