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c:rrn - Ro '! .'. ! ~ / // .: .,., - --- . ·-RÉLA.TÕRIO · "ffiTlTtJ'fOSOC~TJ Data I I 1 Coo. -@~ 'D <P cf>;J., _ _..,,.8.,.....2 - , •-oca.._ cz VISITA AOS ÍNDIOS GAVIÃO E P.:ii.A...~A F.I. LOUR:)~S de l6 a 22.07.84 Eii: JÍ-?.ARAIIÁ No dia l6 de julho, fomos i : até a sede do INCRA de JÍ-Pa ~aná, falam.os com o Sr. Hélio, executor do ·Projeto Ouro Preto. As ir.ct'or~çÕes que o mesmo nos forneceu sobre as inva- sões no PI Lourdes foram poucas: Que o INCRA e FUHAI fizeram relato~ rios sobre a questão~ Mos relatórios constam. a presença de apenas 132 fe.JIÚlias na área. Disse ainda, que o INOJL~ havia encerrado ' as atividades de acentam.entos de parceleiros no Exojeto Vida Nova ( que faz divisa coffi a áre~ dos Índios) e ~ue as lin.~as que c8ntinuam, foram abert~s ~elos próprios posseiros. Erri. 1S'78, errtr-ar-an as grimeiras f'anrí as de co Lono s, A primeira invasã~, üeu-se co~ a entrada ue Nilson Tonetti, paranaense que veio do Para6u~i. Em 1980, secundo os invasores, e INCRk iniciou o lotea r.errto de :parte da área, seguinio-se z, Lnvaaao de toda a terra entre' o i62..rapé Prainha e IY'.li.nério. ?or inicíativa, não se sabe. de quem, · ·trocaram o nome do i6ara:pé Pr aâ.nhe j.ar-a L:;inério. O li:rti te da área, honologado, ao sul é 1 .1 1 1 1 1 1 J - , - - .. o l.62.rape .=-ra2 nna, Accri tece ,;_ue UIL 'o r-açc do .Prainha, chamado "Fur-o do Prai :i1& 11 ou "Che f'e J-2 .•. ~2.1 do ::.--r-.in.}:2.11, ficou como Pr ad nha e o Prainha de , . ~~2J.''J.O. : j :- r inclusive G::- ~ .. ·~s i'::l so c , ~ e--: ,·. T u~ r •... -·· .. ~~;;:. :lesses mapas, foi :fo::.'c1e c í.do -.~elo l ~- ·, ., J .. , c:.?J1di::::: ~o e:. _;;:ef-3i to de ••. "":"""I._ .:. l.,,::i t ..,. ~o lote do se~ Vi~c{lio ~onetti. O .. \·- .. .: ,., )' ~ ~ - "Y"'.: . - . - ~e- .-~_,-e Lcur o.e s , "---, ' a da vila N~va Coli~a, L c ; · ::,·:;::r.:...: ele .,·...:-:.:.:·:.:.d e, o 1:.i:':!ei:·in.~10, corae ç ou :! irJce::.~civ2..r as inve. ' . ·• ' \ i i 1 1 J

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Page 1: Data -@~ 'D cf>;J.,

c:rrn - Ro '! .'. ! ~ / // .:

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- --- . ·-RÉLA.TÕRIO · "ffiTlTtJ'fOSOC~TJ Data I · I

1 Coo. -@~ 'D <P cf>;J., _ _..,,.8.,.....2 -

, • •-oca.._ cz • VISITA AOS ÍNDIOS GAVIÃO E P.:ii.A...~A

F.I. LOUR:)~S de l6 a 22.07.84

Eii: JÍ-?.ARAIIÁ

No dia l6 de julho, fomos

i :

até a sede do INCRA de JÍ-Pa

~aná, falam.os com o Sr. Hélio, executor do ·Projeto Ouro Preto.

As ir.ct'or~çÕes que o mesmo nos forneceu sobre as inva­

sões no PI Lourdes foram poucas: Que o INCRA e FUHAI fizeram relato~

rios sobre a questão~ Mos relatórios constam. a presença de apenas

132 fe.JIÚlias na área. Disse ainda, que o INOJL~ já havia encerrado '

as atividades de acentam.entos de parceleiros no Exojeto Vida Nova (

que faz divisa coffi a áre~ dos Índios) e ~ue as lin.~as que c8ntinuam,

foram abert~s ~elos próprios posseiros.

Erri. 1S'78, errtr-ar-an as grimeiras f'anrí Lá as de co Lono s, A

primeira invasã~, üeu-se co~ a entrada ue Nilson Tonetti, paranaense

que veio do Para6u~i.

Em 1980, secundo os invasores, e INCRk iniciou o lotea

r.errto de :parte da área, seguinio-se z, Lnvaaao de toda a terra entre'

o i62..rapé Prainha e IY'.li.nério.

?or inicíativa, não se sabe. de quem, · ·trocaram o nome do

i6ara:pé Pr aâ.nhe j.ar-a L:;inério. O li:rti te da área, honologado, ao sul é 1

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1

J

- , - - .. o l.62.rape .=-ra2 nna,

Accri tece ,;_ue UIL 'o r-açc do .Prainha, chamado "Fur-o do Prai

:i1& 11 ou "Che f'e J-2 .•. ~2.1 do ::.--r-.in.}:2.11, ficou como Pr ad nha e o Prainha de

, . ~~2J.''J.O.

• : j :-

r inclusive G::- ~ .. ·~s i'::l so c , ~ e--: ,·. T u~ r •... -·· .. ~~;;:. :lesses mapas, foi :fo::.'c1e c í.do -.~elo

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·, ., J .. , c:.?J1di::::: ~o e:. _;;:ef-3i to de ••. "":"""I._ .:. l.,,::i t

..,. ~o lote do se~ Vi~c{lio ~onetti. O .. \·- .. .: ,., )' ~ ~ - "Y"'.: . - .

- ~e- .-~_,-e Lcur o.e s , "---, '

a

da vila N~va Coli~a, L c ; · ::,·:;::r.:...: ele .,·...:-:.:.:·:.:.d e, o 1:.i:':!ei:·in.~10, corae ç ou :! irJce::.~civ2..r as inve. ' . ·• ' • \

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02

-··--·-··--~-----~~ . --- -----------'- sões, grilando lotes e vendendo a terceiros. Ele possui 6 lotes de

42 alqueires cada, na cabeceira do Lourdes, .no centro da AI.

Outro grande incentivadorJdas invasões é o seu 1..'Iário Men

des hlOnteiro (Mário Gaúcho), parcêleiro.

A construção da estrada da fazenda Castanhal, ·que cor­

tou parte da AI era 1983, contribuiu sobremaneira para intensificar'

as invasões.

Segundo afir:maçoes do seu hlanoel Ferreira, o pessoal do

INCHA deu autorização em 1981 para comprar, caso fosse para cá do

marco 03 - TR 05/08 - l'lA. INCRA (NUPL.iUi).

Ele comprou a terra, em que está, de I.Ioacir Camurça, da

TELE?..OE de JÍ-Paraná, 4 lotes de 4l clqueires cada. Pagou 900 mil

cruzieors. Dezam um. do cumerrto de compra e venda, reconhecid~ em car- .l..., . 1:,0rlO.

.b. :falta de :placas indicativas, informações, ·:fis-caliza­

ção, policiar::ento e pe:rambu.lação dos Índios na :parte sul ê:.:cda.v~-:: área,

f2cilitaram a entrada e :perma..~ência de invasores.

COI\~ os nrV.A.SORES

A falação era muita, ao certo não se sabia qual era mes

mo •..•... - 2. si i, uaçao ,

, :pra

"Essa área tá toda ce:r-tada., te~·m.ais de mil famílias aí f

dentro, já há uns 20 quilômetros ô e picada"· •• Sssas foram as primeiras informações.

Fomos visitando os barracos, em cada um, novo drama, vá - , - :r-ias enganaço e s e 11Vim do Par'ana , do Par agua.i , do Mato Grosso, de Sao

Pau.l.o , de Einas Ge:r·ais .•. t1

Procedências diversas, sofrimentos iguais, as mesmas as

pi~aç:Ões: u.IL. pedaço de chão.

Caíram na terra dos Índios :por que não tinha.Tu onde cair. . ,

rn nguem ~uer briga com Índios, neE nessa terra • ~ .L,.. • 1nsisl,1r, aperia s '

~uer ~;m~ terra pa:ca viver e produzir.

r:::..zeBos váYias i:,Te..vações de de::poü, ... en to s e -:;oà.os :foram

nesse sentido:

li o 6--Yande cuf.pado é o DWBA, que ... só dá terra pros '

e e xp.Lo r-a t:iõ.os nós, e o Lo no e ~ Índios ••. " 11

••• quere:1.:.0s te::-:ra e não bric::!. co::.::; Índios... ti

"· .. o I:"~CPJ_ :fez t o da essa conf'uaáo , eu tenho aqui o ca

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li. . . 03

dastra.mento ••• 11 --·----------· Todos querem uma solução, para sair para outra terra.

O José Alves, homem forte, calejado de tanta explora~ão

e sofrimento, dizia em tom de revolta e quase desespero:

"Padre, eu quero é uma metralhadora para matar o meu'

próximo que me pisa... • •• não aguento mais, meu sangue ser sugado

••• porque fazem isso coo o palire? .•• Porque.não avisaram e resolve~

ram no coEeço, agora, que a gente tá colocado, nova judiação •.• "

Seu VirgÍlio Tonetti, pa:ranaense, veio do Paraguai, seu

lote faz divisa com a AI, dizia:

" .•. lfineirinho tem seis marcações, prá lá do Lourdes •••

Teve um cara que tava fazendo marcação perto dos Índios (Arara),

que se encontrou com eles e quiseram. levar ele para a aldeia, mas

nao fizeram maldade com ele 11•

11Se o Mineirinho, que é at1toriãade, devia dar exemplo,

entrou pe gando :merra lá, aí, nÓis também :fumo tirá mar caçào ",

INVASORES

Os nones relacionados, são dos invadores que encontramos, - • J conversamos e pegamos o nome. Se nao fosse o restrito tempo, deverma

mos levantar mais dados.

NOT,IE oss TEL:20

l. Sinval / Valdeli

2. Helson Ii'iachado

3. João Ir1aria

raràná 3 a. li 2 a. "'

PR-Aparecida 1 mês Comprou de Os

valdo da Nova

Colina. 4. Lv.;z Soares da Silva J1":'T' - Joara

li li

PR - sa l e- FQ._ li " ti

~ li 11

!_!. fl li

11 li li

li " 11

l .m.

5. :r.íru1oel '' 11 4 a. n cn ca teve terra

está abrindo roça. 6. ?edro .,

7. i.:ário " 8. Silvestre li

9. Llbino tt

lO. Batistn dos Sa_~tos lt

ll. ?r2.ncisco àoe Sr:ntos " 12. Paulo da 3ilvc

': ") j r ~ e, • ô C' J I ~ '> 3; Lv _ ..)• .•.• e.;...,lc;;..., ose a.... _ , a Fa.!' aná 2 m. 11

l!j.. J:z:.::.: à.or :.:edei:r·os :r...:.c-=tnLlirir~a 2 a. ~ora N. Colina

25. Ivo ?edro de Gliv~i~a tt lf li

LiLdolfo Pereira d~ Silva 5 a . . . ,., .J. ••• U" i~,:osto, lir.L'-ia

1 r ' i

. --l·~- !

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1 1 ! t ·1 1 '

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Page 4: Data -@~ 'D cf>;J.,

1 i 1 1 ' i . i

--TEMm OBS ---------~ 1

7 4, Gl Vide. Nova, ! : 1

s.Í tio Prainha, nº · !

.. . . 04

-cont-. .. HOEiE ?BOCZD.

cadastro

001058/00 093/81.

17. Francisco _!,ma.do da Silva I1IT- JO.A...B.A está chegando

18. OavaLdo Pereira de Souza ti

19. i:aurÍlio Rodrigues da Silva l'JG-TeÓfico Otoni tem um b2.rraco, CO!;!! pr-ou de Geremias.

colocação teffi 1 ano. 20. Fr'ancd aoo Simões s. Neto - SP-Stº .Amaro

21. José Bernardino de lvíelo - Perna.mbu.co -

22. João Severino - PR-Cascavel - 2 a. - tem escola no lote.

23. Nilson Tonetti - Paraguai - 6 a. primeiro mo:r·ador/mui ta be:n:fei t.

24. A.parecido .bndrade - IET-Sinop - 5 a. 25. ET2.11cisco Pereira da Silva - PR - mor~ JÍ-Par~a, comprou lote de

VirgÍliq de JP, a 1.100.0ÓO,OO

26. lfm.rio Damascena - 1'.::G-C5.Y·2.tinh& - mora f'az , Triangulina, há 4 a. faz roça no lote.

27 1\r. • -~ 1 d -~ (il • J.,:.a.rciano .t.iac~1a o - .::1:~ - o m. comprou de J oaq_uim da liil..:."la 7 4 28 . .b:m.2.deu dos Santos - PR-LeÔnidas !fu.rQues - 8 ~.

TIEPOTI·,IEI'rros :JOS IIN ASORES

IIBLSON LlACH.AlX) - Entrei aqui faz dois meses. ?ois é o g_ue eu digo, eu

espero que o II'WRA., ne? •• •:tome uma ;;rovidenci2. de

colocar nÓis num lugar ou noutro, né? É o que nÓis t.amo s e spef ando ,

nÉ? Se nóis tamo ~qui? porque nós brigQemo, não til'1ha outro lugar

de morar, e tn.nha q_ue vim aqui Turabaiá, nós aamo pob r e , Precisamo vi­ ver da roça, do trabalho, da a~Ticuitu~a e o sinliÔ mesrmo tá vendo aí o nosso sofriaento ds e s t.rada e t.udo , trabaiando, enfrentando, nós - , nao cue:ce7:'0S o çue e . ~

, ..• . - . - , •. 1na1os, nao quere~os nao, nois do.s á:rec::.s dos .J...· - , ,. • .••• , • ,r,, quer emo s un, c2L l,i::.:_ :o !sra n.:· 1 s üro..o aia e vi ver, ne t

EGOE - O senhor :f.s.lou que a un s 20 q_uilÕraetros lá prá de21tro já tem ••. ~

:·T.2.LSG:·~ ~- _,;:._(;}:._'.lJv - t;, uns 20 g_ uilÔr:e tro s-· mais 01.~_ menos (2.UC eu corihe ço, •. , ~ - . ..• Ja ce~ cne10 ue ~ente ... uns ten roça, outros tá mo

, so s~sira, ·teTI de todo tipo. c í.raa , ez;

Sirc., o s erinoz- ache. ~ue tê:z: quarrt o s hcmerrs trabalhanà..o aqui '

de~tro?

23: .. sc:: - Pois, o c.:.ue eu vo; d í.z e r ? G q'ue o ae nhoz- acha seu Jorge?

toàa, u.~ ~otal certo ... por~ue a cor.te p:..r2 aqui nessa

. ' ; 1

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Page 5: Data -@~ 'D cf>;J.,

"' ~- • 05

região, então aí gente só fica cuidando naquela parte da gente, en- -·· - . ------------- --- - -- ------ ----- --· ,·

tão, 2 gente não :mais calcui:a as vezes muitos vai, lá prá dentro ,

so

1 ~ ' 1 ! ·-------:i i !

prá marcar e dizer que tém aquela área, então 4iz que tem área mais

não faz benfeitoria nenhuma ~ue nem a gente tamos fazendo aqui. Qu.er

dizer que somo certo, porque às vezes muito mais quer vender, marcar , ,.,, - ,

pra vender, entao nao e trabal~..ador.

SIINAL É, e outros, ,

como tem ai, com a média de 2 alqueires de ca~

cau, um alqueire de mandiocal plantado, vô coiê a média de

80 saco de feijão, mais ou menos 100 sacos de arroz e tém ~Í a média

de 50 cova de jaca, mais cento e poucas covas de manga, banana, tam~

b~

• l

EGOI': É, e o seu Sinval já trabalha a quase 3 anos aqui, tem uns 6

alqueires :mais ou menos desmatados e plantado9 Você também

podia dar o teu depoimento, como é~ue você acha que se devia encamin..~ar

logo ess~ si~Qação?

Sil:Pl AL - Quer dizer, eu acho que o lote é principalmente :para a mí.nha

mulher, quer dizer, se eles peg-2.ssem um pedaço de terra,aí a gente ta

mo pronto a desocupar, também, que a gente ti-rasse a colheira da gen

te, quer dizer, mesmo que não indenise o :plantiu do cacau,- essas coi

aa s , Ll.2..Ís· dá um :pedaço de terra, um que é área boa :prá gente trabaiá,

1 i ' 1

f.' 1 1 1 i

porque área fraca para gente trabaiá num produz o que precisa, -1- - errcao ,

se eles desse· uma terra, g_ue é prá ela merm?; g_ue não é err.. meu nome,

trabaio, sou representa..11te dela, que nós num -samo casado, então ela

~recisa, são 6 filhos, quer dizer g_ue então pra os filhos dela ficá

colocados, nós vive mas não samo casados, é isso, que o meu depoime~

1 1

1

to, eu cho aue é só isso ... . . • pré: sair, ~- gente ta.mos pronto a ,,

sai. desocupar.

~v..s..nto à Questão dos Ín~ios, a gente gostaria da sua ?Osiçao !

t2.:w.bém., ser::!.r,;::::·e acorrte ce de, ex: gercl, a briga estoura entre um

pe q uano e outro pe queno , r.o c ce.so vo ce s , que vem ps.ra traball}.ar, o .•. - e .. voce~ e s t.ao dentro du terras dos

., ~ . ::i.110.10 S • L1{' S vo . ~ - ..•.. - /

ces n20 estao ai, ., .

os indios, ,

como e

- na.o , .J-. ,; .., • cozi cr a a.nm o s - nao, nÕs ~amos ~í, f~ze~do ~osi-

ção contra o Índio coisíssima nenhuma, nós taw.os aí, a fim

de tr2baiá e vivêr nossa vida .• ~ Ou se não der, que o II.:C!U. coloca ;•

nÓi s no t1tra. corrt.í.nho , nós temo· saind.a eu não quero rier; utilização do

não é meu não, só quero ninha arinha de terra, r.:-i.eu cc_ntinho prá

viver.

Page 6: Data -@~ 'D cf>;J.,

06

EGOI'J Tanibé~ Pe dr'o Laércio, está quí , d.entro dessa área do Lourdes

e ele também vai fala1.1 um pouco sobre essa situação, como ele

l ' )

veio pra cá e a força que ele já fez prá que tivesse um _pedaço de ter

ra e que até hoje ele não conseguiu.

PEDRO - "Bera, nós veios do Paraná, com::prern.o a marcaçao e agora foi '

me d.ido pelo I:i'TCRA, é acidentado, serra e _pedra, não tem con

diçao de trabaiá, nós foi, fêz seleção, eles n~o tivero até agora •

)

•.. _,... , , . r.oa s pequemo a terra pra no i o , +emo , b . . .sem. terra para nos, tra aa.ari-

do, dando a renda pros outros, é isso aí. 1.

EGOI~ - I'Ta terra onde vocês trabalham como .arrendatários. ,.(

- .1:.1. ,

Ta, então esse foi mais um depoimento, . amb, ~em t em outro conpa-

nheiro dele, aí! Se queria falar um pouco, como é o seu nome?

LLIIZ C)3LOS P:&uL'il - É, eu vim de Tu'.:a.to Grosso, Juara, cheguei aí1

fui ao INCRA, co~ todos os doclli!lentos, cheguei

lá, reFresentei e pedi terra prá trabaiá, ten..ho 6 ~iilihos, 4 home e

2 :r::nJiher. Então eu falei com o home do ••. chefe lá do INCRA, que eu

nao como é o nome dele ••.

-,-UT r7 o TT ,, • l -Pal , . .., , ..a. l., _L, - .tle..L..lO, e e e s .L aran, :;ira mi:c. que nao , que .so esperasse a ~ 1

t· 1

1

seleção, aí eu fui, :preguntei prá ele g_uando seria essª sele­

çao , ele falou g_l:te :;.:ão sabia se era cor; UE. ano, se er-a com dois nem'

se era colli três, aí eü falei que precisava de terra, que eu era, esta

va na rQa, num tirii~a aonde morar, situação fraca, dinheiro não tem.'

:5'zltão eu :falei com eles. Como é que eu. .:poderia fazer, queria ir prás •

te:::.~ras? Eu tô cem 41 ano s e nun ca :;:;ossu< terra, tr.sbalhava no ~.:í.E.to :t-

Grosso , ar-r-endado , pagando renda, l u:;ar difÍ c í , então eu me destinei

a -.rir à Rondônia. A firr. do :::::1wRP. me dá um pedaço de terra prá mí.m tra

b a'Lriar-, l ~, , . ~ ~ e e s r a.i ar-am pr-a r,::..i::.., Q.Ue eu a:rTe::lQ8.sse um p,eci.açc de terra de

0'1,.,, c uer ums ne e ao a "Í ,.,..,..~ ·'" · ·,b ,,,, 'r1,1T' r,,, e eu f'"-i !:'+r.,.. o novo c ue r '· -~'~-- ••• ~' , .•• .._; \,,.A. ~-1....~ Lo-(_~ t=-.L ._ __ , • .......:. ...•.. ....., - -'-'\....!.. .__..) '-J.7 l.. ':: • -

, , , :rencla e ar 2.·en.3..:iclo eu j 2. ·;,r'.:~!..' Llhavf: la, quer cli z er , :;,r2. trabalhar a:r·

dr.do , num s o'o r-e nerr. pe.:c.. a Jesa:,es2.. -::iorcue de Dreço c ue as coisas tão, - " - ..L ••.• •.•• , , • , .., ..L d' ~ rrun, d.a r.era :pr~ despesa, o que vai sobrar pru c.e spe sa a [;Cnve a a.e

2-ren5.o pro .PS. trão e ç_uê que sobra pro c o í, -'c['..do do trabalhador? Então •... . . . ~ .•..• . , , .,..

me .. e s ua.ne a a .Y.1..n:. e ora essa IaE.18. pra ca e to trc:..'lJal:12....-ido, à.irrubando,

a :i~ ~e a:~:rumn.r o ~ao ?TOS ~eu ~ilhos co2ê. Á gente é ~r2co net pode

~azê bra..~de coisa, esse a..~o & sente ?O~i2 derrubá u.ns 4 alqueires,

.r

Page 7: Data -@~ 'D cf>;J.,

07

ano que vem pod.ia dirruba Uüs 4 ou 5 ou 6- né? E abri· e prod1gui, g_uer

d.izer que a gente fica aí trabalhando à toa aí, perdendo serviço, a

gente :pretende ;fazê um bem de raiz, plantar um café, que se j e cacau, . . que seje um _pé de fruta, uma coisa e outra, :pnra que os filhos da gen

te se forme trabalhando1 pra quê a.mru11lã ou dispôs, ter o fiD10 prá

ajudar na renda pró estado. E desse jeito fica a gente impatado, num

sabe se trabalr.i.2 ou se fica parado. Se vai trabalhar prá qualquer um,

aí vai ter q~e p~gar Tenda e num sobra, a situação ~oje em d.ia tá du ra: né? Se para em JÍ-Para.'tlá, o alug~él, co~o é que faz? Nem tem con

diçÕes de pagar aluguel, paga tu.do, no fim das corrtas , vai :passar ne

cessid.aà.e, como já ta.mo :passando, né? 3ntão,-o meu depoimento , ' e esse,

e:·· lião peço que poderia fazer uma forcinl1.a :prá gente que g_eur fürabai

ár1 que mi~..has mãos iá são calejadas de tanto bater machado e foice,

né? e nata eu tenho, tenho só filhos e vontade de tr~balhar e :por

aqua eu :paro •.

Então, +amb é.m o senhor- pode q_ue o II~CR.A lhe ajude _prá canse -

guir uJj!. lo te. 7 exa -'-a.m ,.., +e .t!i, .;-_a. u eri u , conseguir Tu~ lote. Por~ue a gente preci 8.A3LOS

r • dr sa trabalhar e fazer _progv:esso,ne? ~orque assi~ num a, -'- ' ' . a_ .s» '1 . ..._ d . , ' .p' l' -1- . a- geri ce -r;a cru an o .L anc i.a a e tu o Ja criado na roga, meus ..:.J. no, 1.1U-

do já trabalha, pranta um broto, um pé de mil~o, capina, né? Então a

gente precisa à.e UI!lE:. .!... ' .!... b . , , 'W. • uerra pra 1.1ra aia, pra·ensinar

r dia os rnn.ior vigarista q_ue tem de:::itro da cidade

os Iilhos a tra- b aã á , porque hoje er:i , e ::_::org_ue nao - Cara vai trabaiã na renda, não1 +em t0 .•-,-,a u-('.: t,., .L.;J. __ •.•• _-a..

, t:raoaia,.

sobrª nada, ele vai prá cidade trabaiá de empregado, o filho vê uma

coisa lá, bÔa de comer, ele tiem vorrcade à.e comer, nem tem dinheiro, '

ele se arrisca até a :pegar, e nós do sítio num ta.mo·· atrás d.isso, nóis

do sÍ tio andamo a trás de pla.i-itá uma coisa e outra, UE abacaxi, um ar

2~0::., um feijão, -,..,e',;: "D-r-::i o ue os I~ílhos -- • - - - 'i ~ - -- -ee cresça , - trab 2..lliando pra nao '

, e-32org_ue

.,,.,,...,r ~-:)-• _:_ -,-...,. ..•. ,.... ·--lo~ ' ~br"\-,:. .<.:.c-:.v ucL v8--'--..:;.. ..:.:.!. ç:. -c;rç,. , .. la., 0 ~2.i ter:, seis :fil:-1os, ele va.í , um

al , "' - , , - . esse s a.rio r.ao fü: pra tr2:tar ê e a as; v í.ô a , ele riao "tendo

?Yoprieduàe, v2i ~cr ~~E p~gs-- aluG~el, vai p~gar isso, aquilo outro, r-,. .J:-..; r,, ~ d; • l ~ r "" :::1.'"'· .!.. .!.~, n,.;,.o e..:. p1 ,_ TlaQa, e::.J.t~c, na roça a 6ente ens í.na os filhos a tra

~ '"1 ""l , r,.J- - o p o,__a, e_.:..,ao ..,~ c~ia tudo ~o trabalho, vai trab3.lhar e não te= preci­ :r ....,._ -r-- lo r---. d.- !'.._..:'t ... .--. ..• '.,.._ ""·1 -.!' ..::_ cerrce -f' J!v:..::,._riQ riao.a e l.:...L.~0u.e .•..• , .9::;i_ Q_!J.e a..1.~ •.. em, a O --v z az

roça, né? ~1~ão nc cid~de não te= je~to, e bente está estudando

o r :::..lho Das o estudo e.nsd.na 1..:r~::..ta co í sa rv.im, oaa tarr-..JJé~ ensina coi

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Page 8: Data -@~ 'D cf>;J.,

... 08

•... " ~ ' ' ";;\.... ..•.. :::: b . ' . ..r,,. 11 sa uoa. t21JJDem, né? __ ___.L;I.LJ..Tu:.Q_~-----ii:~~:._te n~~-.Qisa_.t~.B.4.~ _fills::i..nar __ os ... .L_l 10 trabaiá.

EGON - Tá, ent2.o esse é mais 1m. depoimento nesse dia l7 de julho

84, aqui no PI Lou:rdes.

Bem, dentro dentro dessa perspectiva, logo, de deixar ràal

E.ente as áreas dos Índios pras Índios, nas o pessoal que está moran­

do aqui em cima,t2.Tibém quer o ID.ÍniIIlD de condição pars poder viver,

então podi~ colocar um pouco momo é que vocês vêem isso. Nesse caso

aGora d2 saída de voces, o quê que v9cês gostariam pelo menos que vesse?

E·.:.t-JJOR Pois é, eu tõ de acordo de saí e entregar a área dos Índios,

agora se for a , e:poca da pla...~ta ou o p~antio já esteje plantado e o.

Ti~C:-tl me aé um. pedaci:!1.ho de terra num. lugar prá, pelo me.no s colher a

:pla..-vi ta, prá mí.m levar o recurso, ou o IIWRA me a.á o recurso p:rá mim'

poder e~traz' por cin:a da ~utra, abri, fazer minha colheita, min-~a p'

p:ra..--i t í.nha e entregar, é o ~ue eu exijo.

LINDOLFO - Por que o negócio é o seguinte, eu viB aqu; tem 3 a..~os, en

tão :fui chama do pr a requerer, a:rriç_v.iri, mandar-am o e adas

tro, eu entrei trub a.Lhando e com. muí. ta difi c·lJ.là.aéie. _:.._gora tem caf é pra1.1. taã.o , já tirei uns caro c í.nho s d e prontas, .p , car e , j i tem 2 b ar'r-acas

ter::. 6 a.l.quer-e s d.irruoado f muí. to printil. .A6ora, eu quer-o que ele me

amostre UL'.l. :pedaci.ILh.o q.e te::·::::·a :prá eu acab ar de romper o meu resto dos

mGus a:i.os de vida, por~ue j~ tô ca.~sàdo de-~rabalhar eB perca. Porgue

j 2. tô carraado d.e , mas num vim :prá quá , _p::.~a invadir ~erra nem, nem

sfreâtar p:roblema ~liu.:rr:, a ~rova do cad.rasto que tá aqui e do papel

Qe 2 .. T:riq_tir·inento, mesmo qys num. va.Le naãa , nas eu tenho ele, eu qu~

ro a co'r d.o, ....... -,-.- d ... ..:_1... r-,--,--.-..!-.Z·..-,..,d ----,,.: .... ..!..... • "'"' ;: ~ •. , -.Lc..~ seno ::lll)..LuÚ C:--.l.Cl,.,!...1...;., o, l)..Ll O;,;.vIO, que nao SG,Jé'.. naque .s; es ermos, on

::s 2ü::6UGD ç_uer. J::J1-:;ão e u a ceá to , coloco o ::ilho, coloco a mulher, eu,

E-- '1; r-. ,... ; c,··o V. ----V \.<4,.V-~• eu nao q_uero que s táo ,

·-.. ...•.. -- -~-_;-·..!.,

, , t~ ..... :. :.:~. ~' .. :2 o J ia - , nao e?

.. . . ~ - ) ;... -; 1 ,. r- t -J. Q - __ ..._1,...,..._._ nós -,~ _ _,._._::: 10 cor; ::;:,ráq_ui1 e.e

so::ri:c.c21to i-.rá 1,oier ade LÜ::·ir esse lo- - - doente, né? :sJ..s doente, , - :.)2-~c. ve se eu do ente,

rli. e-..

aue

vao , e & o sua :;_::icrspec·ti va ,

cue 2. s erihoz-a acha, :p:ro :::".; .. +ur-o ?

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3LIOSITA - L'IJ.! Eu. acho q_u.e se eles der cu tr-a terra prá gente adquã -

rir, não que ::or milito lo-nge;- ne-·rTL.s • p~rto, , que a geh- · --·-- --.i- ·-'.

.,_ , • , d . ~ , h d r ' 1 ..1.. • ue .:poae, Ja epcz,s o.e ve.i, o, cansa o, num e 2:JOssive_ que a gerrre vai

se enfiar lá pro centro do mr:.to. Eles dão U1IlQ terra a nós prá :poder'

ver se a gente se coloca prá não ficar des2.rr.~~ado, depois de velhoó

Qv_e nao é possível que vá ficar jogado, que se eles der outra terra , ,. . , ,.. - ,w . ..L - .,., pra nois, mas per~o, ne? ~ue de conQiºao, que a gen~e possa uraba..Lna.r,

q_ue . , ele J3. Yive com 60 &""lOS e . , C::0 eu J2. COD ..,_;;, só nois dois

; pra. trabalhar,

1 . l ·~ '~ U~l:f!' pe a vi~a, ne:

FP~JICISCO .AM/l...DQ DA Silrf~~ terra é o seguinte: se eu

ficar na cidade, eu não tenho ;profissão, ~~~~12 ~rofissão é roça, eutoco roça, se r-í 2. ananhá, cr í.ar meu filho

:passando :fome, :prá mim seri& uma gra..11.de tristeza, né? Eu criar um fi

lho na cidade prá ele ser laa..rão, é nroblema aue eu n~o quero nrá mi - ..•.. - ..•.•

~~~ f ~11· voceA ~g ~ -~ -'-~~ _am~- a, enü~n~eu. E isso além de ser um wericha, é uma no- cl~ ç_-ae nao se i nunca; Ev. sou criado na roça, sou car-a de lavoura, sou

e..;;_r·ic::l ton e eu não +enho -:;erra prá ~raoalhar. Preciso de uma terra'

E o que eu faria? Eu não :posso comprar essa terra,

nao catxí tal "P""\:'°I~ corarrraz- ~.1.-ao C...~- _p-. e.. \., .. .._.1::-'-- - ' - posso

c12.tle , - nao tenho condição de m2nter :rr:inha f2~1li2 n~ cidade, inclusi-

vel~e~te e~ toco~ um. ~enino ~2 cita~e ve~de~do natilo nrá nao :pas- - - sE.I· s. c:::-i se, g_ L1.e eu não trouze di~eiré

E o sel'lilor está nessa ~~e~-do Lour'de s há quarrto tempo?

, . nos ~2210 com o ria s co s :;as, , , - , , ..•

ai, ne? ~~~ nos pass~ ~5 à.ias

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?_!_lfCISCO que eu che gue.i , che gue í, ••

::1s_ crLee , não trou .... xe nada, então o pe s so a.L falou; Vamo - ., J:I ..1... 1 .,. , - ••.• A - \j _... ..L. a. 2..1.i n2 iren~e ~raoa~nar, qQe Iome voce na8 passa. voce pra.E~an o, v~

então e.; C:igo inclusive,

r10 rza to nós t&?Lo em 2. - r , ~u2.nto a e ass, que s tao de c;_us :;.. te~.Y';::, e ó o s .í.nd.i o s e que o

o ue 1;"-r--:,,T f. T -· ll-<r-- e de 2:::--. '::.?-L no cc so ô e -ex_pul-

sa.:r o pec so~~ 1 ~- ..... .: .. :.~iac '?

Eu cr.L 280, me dá U8P. terra r • .::_Jra im.m

, ~- ;J..TIC..lOS, sou C:..2 c co r-do dá uzac terrc.

.:f -·-2u tô aq_ui . , ,

J a 112 7 2..:"l.OS,

--..: ._"-"'-..._ I:·:03..1:. u;a :;.eu.é.ÇO ê.e terra, :poz-g_ue o Il~8::C . .A 2.g_d, :pelos ,._enos,

Page 10: Data -@~ 'D cf>;J.,

• 10

ele nao , ' da 0erra, Gle ve2'.1de a terra, então a gent~. tem que brigar,

se apelar, pe l.o que o pessoal ·diz, pelo que o p11;vo Lnf'o rma :prá gente,

é se há ·ü.ITJ. :pedaço ele te:rra, pelo menos não tem. ri.ngufn, pelo :n:.enos a

gente entra prá f'az er- um. produto sabe? Poz'que , -~ gente não pode ficar

que a cidade não dá .:prá gente, a mulher, -f' 'l" senao a .... ann, a.a,

começa a r-oubar , hcme é tam.b ém obriGado a roubar, :;;org_ue o ga2J.110 não

dá e ele trabalha cedo prá comer tarde, né? Nessas c)ndiçÕes, ,

pra

gente não dá, - en tao , . :i.1018 força p:rá ver se o ta!D.o f azerido UlTI.a

à.2 prá gente pelo meno s um pedaço de terra, liber2. a gente :pelo menos, . , , -, .,.,-,.~,. ,. T ,._ , '"' porque aqua a are a e e.a 2 uus, ... aao e r -~ , . . .. , ..., .;...:as no i s 2:u:i -caL:10 aqua :Jra r azer

., . os 1nd2os correr, Qizso, nóis tano espo.nc~r eles, nós num tamo

g_uerenà.o c0~trolar UJT. só modo de . , , •. , vaver' pra noa s , que eu acne u·,2. gra:2:_

de riqueza. Prá no í s , todo mundo t:rabal}1and.o, :produzindo o pr-odu to ,

por que aqui :produto, :pelo aqui, , ., :;:,rá. poder o menos e :pra se c0m:prar

:pr &11 t ar , ,

quando ,,. :prá vende'r ,

, e UD preço enorme, voce colhe pra cornpr-ar

, V.E açuccr , então, , . sexnoa.s , ,,-,. _, - _, ner Ja nao tem V'GW.Or,

toe.o zrunâo paz-ar e num :fazer :produçao, nó í s :vai :morrer de fone, todo nundo V2.~ IJ.OY'-,,.8...,. ('D ~ome -o·"'"'U8 nó i s ·'-o~ ,0••1.c,+-,,,.,.1-.aJ.har O lutar ""OD a ..--. - - - ..•.. ~ '-' - .- ' ..z,' ..:.. \.j_ -~ ~ .JVJ.,..ô. ;.._:.. L, - UJ.. C,í,,J., · .,.. ...,.. '-

v.i da , e criar gado, que os f azor1C.ei~o s C.G.Ç._-:.;. ~

, . - nois I'-ao cone ca:pim. o ar- comer nosso alimento,

roc , uras, mand í,o ca , una bat!lta, nÓis tem que fazer pr oduçac , e a.e minha

. sou nova to ,'. cheguei aqua nesses e. BeL, eu vi

dias. ~ias de sai:r da terrB., do Ínc.io eu

c~ntra nao, eles que ceda u.ma terra ~rá mim tra- q_ue

:;;;11e rier; o :Z:1.0::..:.ec f'a'Lo u aí, e.e c í.dade , nao enten , do ~.r-r"ia S0"' s-<>; -J· .••• ,-..-.-p--r cor: 1-c,,~,_-,,-v,!C: r.c sr;o !Y'..:...;:;,... -'·i·---~·"r'lur. c.1-e .,,,...., 1·uct'"'"Y' ___ ,._._._. ' .._, ._ - ~v-- ._.._ U _.__ _..'"-.._." V V-"- .!.... •. - ._._ ' '-.!..!.. uc......:....1 v--- ~----t...L · u_.._. bc;....L '

, ,-_,::,-+-=­ ..... ._, u~

né?

~ e js. fu;

o-:..·- .. :_ ;::··.ÜO noquela área alÍ, u_:_:,_ ' cru~c:..:::··o s,

, ca ,

"':""-; "'1 -- ••.... C"' ..,- •••••• ~ -· --L-·'-' ~ _:-1.J... .._ 1:;-).~0 :Qequeno e eu nao v'o'u i'i-. o:::.:.e

.:~- .. ;_e - Zs:iero eles D.e colo e.~.::-, <;les ~: .. e {~:-na.o outr~ te:-r-a, t°L;:.dO li era!

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11

1

JOSÉ FERREIRA Então, esses Lo tez.í.nho , eu. comprei. do sru Moacir Ca- •

qu.i z que ele me

murça. Na ocasiª'1 g_ue

levasse lá no IKCIU..,

J ----- eu vim compz-ar' isso aqui, eu

ele foi de acorã.o, nos fumo lá,. f'umo mui to bem ricibià.o. Os homi pricuraro um mapa lá, no sta-a to o ma

"'-' • I T ., pa , como nao, eu nao sabia o que era, num conhecia a area, ne? .Ai

eles ac~s2..ro esse marco aqui em cima (do IHCRA), que diz qüe tem, eu

nunca vi, mas dizem que tem • Disseram., desse marco prá diante, temi • ,.,,,, , 'T" , •• •• , , ,

qae respeitar, nao e FLIT~~I, mas e proJeto de ser, isso ai, ta pra re

so Lver , né? Qu.e tem os delegado de FUi~AI, tem prisidente de FU1lA1 e

isso tudo tem que ver aonde é que eles vão legalizar essa á.I·ea. Então s_.- . i ~to cir , ~ e e~em sse terreno pra vencer? Um eu ainda procurei, na, mas, e

(.,..-;',rl'T"l ~) : , ,L-.!lA ~ , r delesra.isse: "~, se ele ta vendendo e porque tem, ele comprou, num'

].)O de 1 ••• • ,

.:ranaia, então, ele vende, que o senhor pode trabalhar". Eu di-

go, eu fou ver se dá prá trabaiá um pouquinho. Então eles me disseram

que iam vir, i2.D demorar apar-e ce r aqui, mas que vinha, eles quer-ã a' .·,

me achar aqui. E ainda -nrinquei com eles, eu digo: é capaz que ache, • 1

se nuJL. ~e achar, po~e achar algv.Ill da faL1Ília. Então a gente tá espe:r~

do, eu já })Oiia ter ido lá no nmnA, , ver como e que tava, porque se

esses home (da Ful~AI) teE uma comU:.'1.icaçao co~ eles, eles pode avisar

a ~ente, rié ? 1ras o a-riso que eles me deram é que eu podia comprar e

t:rao2.l~ sossegado. De modo que eu estou nessa, aqui, es:pe:rando eles

1 i

( =~~8~.). :Bão conversei mais com seu Ifoacir, nunca mais pude er..contra:r, e..,;"" e' ,,- hcrierc .,,.,"..: .l..o oc·--·-"' do .__ - vW..- .1. ~.:.,__-- .!.il.V-1.. u u. .... v~ • • • me parece aue está aí na TELERON (

. . -, ••

E é só isso, agora a gente vai ver em ~ue fica, né?

qual se~ia a sLIB posiçao, diante disso? O qµê que o senlLor

E no caso de a divisa ser realnente lá no Kinério (Praá.nha},

JOSÉ FER..:::~EIIL\ - 3o~, eu ?eço a Deus c~e não prenete até lá. 7amo se'

••• • - , , 4 peC!2.c1:~~o :2ra noa s ,

Agora, o se~1.or 1.:ê, que e.D.

~ d í.z era ;_ue te:c::. até a crc..c·~.;2. lir.:11a, lá. ;,_ quarta li!1..'la. ::pe ~, ....,"" ~D ;..,..,,, rio L , .... ~ la' L,- .•. ~- e_ .• - '-'- 01.:._ ues, •

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v , 12

·JOS:É --iliv~S ---No ··PTincÍpio ,- .houve os :prieeiros 15 1ti1Ômetros,- · dos a.ce.g -,-; l

te.menta do ITWRA, agora, d í.po i s , com mais 3 ou 4 ano s ,

sv~biu, pela ganância de ter~a do povo que vinl1a de fora, que nicis-

si tava ãe um :pedaço de terra para trabalhar, então houve um outro a!.

aceLtanento do I~CRA, que o povo ent~ou na área de terra, 11,9.s pontas

d~s linl.1.E!..s, dispois dos :primeiros 15 quilÔnetros, bem aí, somou adis

tância de 30 g_uilÔm.etros ·e o I1ICRA :parou :por ali, mas roais adiante,

o INCRA tofilou nas suas iniciativas de trabalho, co~..hecimento de um

córrego chamado Iii.nério,m.as :por não conhecer geografica=i.ente, que ague

le ali era o córrego }.'fi nério, o I:~C?cA consri.úer-ou como sendo rio Erai-

~ir..a, aonda esta a Qefinição da área ~ ., a_· aos :;n ios, do Prainha :pra o la

dg do rio :,íachado, prá onde o rio Liachad.o cor-r e, Qua.."1.do observou que

não era o :prai:n..."la, alÍ onde está o minério, foi bem mPis adi&"1.te,

g_u.ando o IT:O?.A, mais adiante foi fazer levantamento, para fazer en­

cerramento das lin..~as, ou seja, encerramento é cha~ada a eletrônica, então fizeram os encerranentos da eletrônica e na vistoria, conheceu

,q_ue o rio g_ue eles conhe cd.am antes por l?rai:nha, não era :pP-rainha, aí

deram o nome de :minério, d2Í, então ele pe6ou o nome de minério. Ob­

de - .J- ~ , serve.nao u8FiOem, que era o rio I.:inério., viu que era uma área _,.; d.-L..L

terra, completamente livre, não tiD....~a nada a ver esse :pedaço de chão,

com o chão dos ~nQios, que estava do·:FTainha,:pa.ra o lado g_ue corre o

rié I.Ca.chado. O povo da ·eletrônica (da pw?.A):,·;eles mesmos começaram

a fazer, eles iizeram ~iarcaçãod de 19 lotes; ba (lir~1a) 82, esses l9 •• 1otes, eles der8JL. :para o .:povo que precisava de terra; os mesmos.rap~

zes oue fizeram as linl1as de encerramento, fizeran a eletrônica.

o pvo obse:rva..~do através de lingi.:tagem de Uiil e de

m .. üro, eu fci um;.; das prineiras pessoas a yir, . ,

eu Ja tou com quase

5 anc s g_ue estou acz_u~ dentro, o meu nome é José .Alves, todo mundo me

corihe ce ao ui, eri - ., , tJ 2=pa2.n.ar1a, ~ue eu já traos.lhei em fa:rn.ácia muito tem-

, . c-:-i:;-.::.e1~c::::_ c , {''._...._ :ião Gosto do clima cidadã..."'li~co, entc:o,

e. qua s e cinco aT10 s , :po:rq_uo se-..J. sei r:_ue es

é o pessoal ~ue fez os incerr8.!:le~7-os, - entao,

co::-1 r;o, honens q_ue neces e po'uca.s

~Ô.!]_DiTir UJil t

C1,;:;o -,-,-~a' t.e r o s eonu~ -,,·-~,:,n ..;O ----rJ. marru'Le nc ao ão o ue ~ .:...p--,-.~a n.,..0,:;""7 ... -~ J .•.. -.... 1.,,... - ..;,C .._. c..:,.....L..-.__;.•&) ' :1 -. ~ ,.,t.::_.J.3'c.:;.. ;..\À.._ C.. v--- .:J- u~,

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Page 13: Data -@~ 'D cf>;J.,

13 ·-

Então~ o aenhcr fazend<:~iro, que era da ponta da 86, vendo ' ..

que o povo que ãl.1 e:nt:rava, na are a, g_üeantes-e-rà-êonsi-fferacfa - "da -- --:·--'-·

~u:~...I, depois já não era r:.ais, chamado Nelson Gregório, cresceu a

boc~ e os lhos de2ais eE cima do povo e começou a falar com o parente

dele pr2 tr não trabalhar mais, não deixar o povo entrar par'a as ter

ras, nao queria mais que o povo entrasse para as terras, CQmeçou a f~

lar com o primo dele, que é o seu Beniardino, seu Bernardino disse,'

o Lha I~elson, cume que você quer g_ue eu impeça que o povo entra, visto

que a terra é da FDNAI, você tem algv.ma coisa ave~ com isso? Ele

ficou de mal com o parente, nao quiz l!lais nem conversa com o parente

dele. Bem, veio aos nossos ouvidos, e~tão nos sentimos à vontade,~ na terra, visto que nÕs arrte s penaava que era uma ter:ra dos Ínà.i·os e

hoje já não é mais terra do Índio, então :fig_uemos à vontade ..

Seu ~elson Gregório, ma.~dou dois pistoleiros enfrentar-nos,

aqu.i na 82 e seu :Bernardino, nesse mesmo dia falava: "Olha aí dentro

tem um homem muito trabalhador, um homem muito zeloso, cumpre com as

ooribaçÕes, é bom que um tlomem daquele você mexa com ele não •. Ele (ja

61..mços) disse, quem ~ ele? Seu :Bernardino disse é José Alves9

Eles ( jagLLD.ÇO s) disse, aí a gente não pode conversar com ô

José .Alves?

- Z17âo, :pode, ele é um homem educado , só o ue mexer com um ho- znem que trabalha, :::ião é b orn,

:72.g_uele eu ia - ., , õ.e s cendo para Ji,-Parana., me deparei com eles 1

2..li 21.2. casa do seu Bernardino, ' tavam ali em seis pessoas, sem poder

e1:trar ..

prá den-~ro a.a S2, _po:rq_ue tavz. esse impecilho,·esse fecha por-

~eira, que é o aenho.r l-";'elson Gregório, que estava enviando esses do í.s

:;i:..2-tolei:~os, cem caz-ao í.na na cab eç a do ar~eio e todo bem equ.i pado de

.:·-evo2. ·ver, cora a e.:z.l,_:_2.)e de -!Jt:.12.s por fo:ra, t ava num. tipo mesmo ç;_ue

Ô .., , seu ~ê

, prai, -

}.,OTQUe nós, t82;1D ,

nos e s tamo s errtr-ando

~ ... c...:.::.G:1.do u:::0 lc-v-2.:.:.ta.E.er.:.to r,c ssE:. teTra, ;,org_ue essa terra f do seu.. !7el- - s:::.o.

:E:u. clisse: Olha mo ço , eu conheço os ::'w.-i6.a2e::.1tos ..::: "er:r2. des-

:.E C e eu sei que o seu i:-els~n nü:.: ·Lem n2à.a. ?ors_ue ,

ali,

de 86, tem um :pi caã.ão e :nós ::-es})ei tpT-;-ins o pi cadao , :)ali prá

~. - _;.1· ~- , ,

_,...._ ,. --- - _..,l... ,...... .&"--- ........,;,_ __._ .... 1,..... --- o- -- - ------- ~--- -. ---C/ .I.J.a.V \:::;> v.;l.W.U:::; ..:.. t:::..!. J..!i\.l.V ::,cu.. .,.n:.;..!..;;:,v.u. WC J.J.Vl:;I _pc.;::,;::,c.-- _lJGI- e;. \J

, , cc, , rio e

:aQO ue lá, nós vamos ~erir o seu Nelson, o que é o :pQtri~Ônio dele, ãtli :;;Yrá cá, nós e s t.azso s à v~r..taa.e.

J.{ eles sé decid.ir2L1 e. obedece::-, l)ef;.s.7'2Iil seus arrí.rac.í.s e fo-

! j 1 1 l I· 1 1

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14

r'ara dizer ao p3.trão, a b ar'r-e i.r-a que encontrou. voltou e ô.í.sae ao pa-, ,

· - ··~r-5.o, He-:tl,f~, se·gi11Td·o--·o-que···a-c·onte-ceu.,·-e-J:e ·-silerrCinu·-e- o·s- tempos pas

Ao pass2.r do 3º para o 4º ano, agora nÓis esta.mos assim, so­

f'r-endo outra batalha do seu l'Telsão, porque dizem que ele esteve em 1

Cu.iabá e em Oua ab a , ele :pÔà.e conqaã s tou um. documento e esse documen-

to, ~ ~ , • ..1... .., u1zem ~ue e regis~rauo, , , - ·- - .•. e o que nos sabemos e eu nao observei,

n.e.o lÍ o documento, :mas dizem-&ue o documento é registra.doo E dizem ..•. •. ., , - ;

Q.1J.e o senhoz- t11u:::; de J1-:Parm1a, . tem o do cuznerrto em mao e e para ser

e::~:~ref,ue ao seu i'Telson GregÓrio. Mas os ad-vogados, g_ue um dos pare~

le::.~os do ::G:CRA, ob sar-vando g_ue estava ferindo os _i.dliIJ.etros de um

s:f tio que · estava nas acerrtamerrto s do IN8:2i·~, já de 9 par'a 10 ano s , era

u21:. aôsu.rão, este é UTI líder da 86, procurou socorro para defenàer os

seus direitos. :Então' _:procurou uns advo gado s que estão entre o· merca­

do velho, do outro laó.o e a :B~, uma rua q_ue ::passa naquele meio, são

2 advo gado s que trabalham. juntos. Ele foi, se entender com e·sses ad­

vo gs .•. dos, eles achar-am poz: bem, desenvolver este ab surdo que está a­

CJntecendo, de querer tirar UE pedaço de área, de um. cidadão aue es­

tá r.:.os acentar::.entos do INCRA já há l.0 anos, :para dar JlaT2. seu Nelson

G , . -:regorio. Co.trossim, foi enviado ali, um homen., par a anr-ancar

f."8l"COS de cimento, q_u.e era os :m.arcos·colocados pela instit-oição, .:pe­

lo II·:C:--ti •• E dali, o seu. :Da.:rli, corrver-sou com os advogados e os advo-

gaê.os . , .:l. t ·1,0 cou 2. causa pra acn.an e, e.foram verificar com Bua Exelên-

eia, se::1hor Juiz de direi to e en ccn trou real T,;ente os do curaerrto s :§ei- . ~ ,

tos, riae mao s do juiz, aguar dando apcna.s U1I1 certo ar-ranho , que esta.

na i..21cob ência do juiz, prá poder ::e cl1.8.J'.' as :portas e· dizer ao _:po-.ro,

ê.os seus oficiais de justiça, a nudança dentro da área q_ue 1

i? J"a' náo ~ ,.-:,o-i ~ ~ -- - .LJJ.C ..••• _ o '

· . ., er~ terra indigena, à..e:;,~oi s, o

. ., . no pr:;..nc1p10,

in terv2.ndo :pelo meio ta:rrLlérr., ~izendo ~ue a terr~ era das ., ., . 1na.1os, :p:r-·a .fec~:..c.r 2.s :ç,01'tcir:;. pro :povo não entrar.· Qu.2....'Yldo ob s er-vou

1'·"'0 °U, .•.. ..,.,0 e s t ado (7·0.1..~0 r-,,,.0º""0) 1{ e-ri "º".;,,.,-i...; cuí.ôt,;- e= ,,..,.~ei~.,.-,,,tr _......__ ' V U- ;;;;; L,......., .•... .sz: U- V- O._.,. ' -\..- - vv--1...c..&.Wc., vL ......•.. ..__ _.... C.::..t.J ..,... 1.1__..1,..

isto é, eu não re~~stro i3so, CO!ilO una CC".'..' ~iê:ZS., :porg_ue

01..~. riao Yi O do CU.!D.Ct to 7 . ., , isso ai e seu :Derli, r- -•,n -1e co· rtou o 1 { - .- . ..,,.. V l,.,.ll.A.'"' 1- .i-U f -..-.4_.. ..... ,

86, - , 1'., ., 1 ., e~e e icer ao pess~8- a2 se2:unã.o lir.J·1.2., eu estou corrtanâo , J

r--, ~ _:-·,~ri n n ':. ,, t:.\ c.11 ~,,~ ~ nT n T"'M!:l ~ri~

Se ô.e:n +ro rl ~ C'""' .;. •e ,:, ~- ~"'.J. . .,:.....i..\,,t' ...J..C_..::i Clr,...J.._,~ e-._- f

à.i:,.c, ,...:::.tá f::ng_un.drado dentro .:.e um

1: 1. 1. }

! {

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os

a

,: l

' .,

Page 15: Data -@~ 'D cf>;J.,

15 •' p~inc.ípio justo, é lei, né?

--· .. ---- -- · ---------Nã.o--somos -oriundos -de -nós mesmo_,; não temos· a nQ'!Sa própria '

liderança, nós aguardamos, :;;>or;ue eu sei que i-ÍÓis necess.i tramo s de

uma terra e eu, pelo menos, sou ura faminto .:po:r· uma -tc::!:'IS. e aqui es -

tou bem, rico d.e f'ar-tur-a., rico de moz-ad.a e e sper o que g; aqtzi eu fi - - , , . ,

ca=, se o seu Nelsao nao me importunar, se a areados :mdio~, nos es tivermos ~ora, •.• .• , , #Y .,1.... d . me.i.noz- :pra nos e se nos e e •. a.verrno s en rra, eu estou'

disposto a que os Índios me :permita que eu fique morancm com eles.

RODOLFO DUARTE - Eü cheguei aqui no ano de 80 e assim g~e eu cheguei

(apiei) . ,

eu fui 110 r1;cB.~ :pedir prá 1 na :roã.ov1aria.,

ele, orientação de um terreno e ele pegou rieu nome e ficou lá e eu '

com mais UE ano e tanto, :fiz seleção e b axe í. em. cima pri receber ter

reno. z·, 4 vezes por semana, na porta do T:·~c?:..A e ele, nsnca decidiu'

nada e eu tinha uns trogy.in..:."lod de uma máquã na de foto, trog_uei numa

lia , não posso fica: n2 cidade, cidade

~ J..nh , ca, que eu 1.,e~ o fami- , .. , ., , e v1da pra poore, ne?

l 1 l ·

c.ati11~1.a na cidade, com. essa datinha, eu consegui compnar essa marca-

ção. E foi negócio que eu fiz e eu já vim prá

nao 3ntao

. , , eu virr:. :pra ca e .1-""' ., =l J... 1.,0 ai c en •.. ro, né?

, ~ ne? ·1.·e:o. o ue ver o aue resol ~ - - ve , eles ver, não a gente, por que 1 , a· ., e es oue e o causador isso ai. (:!e, •.... ~ eles tivesse me dado ~.m t , - ., erreno, ai eu :iao tava passs.nuo o que eu

tô passm1do aqui, certo?

, ..... , . ' d :?EDRC; P0:2~ILLC VI=:I?..A. - EL1 calculo que .aa nao .tem ninguem anverrcan o,

nao tem n~ia de nentira, porque o se:nl~or vê, '

-1 i

•1

ex í.s te um2: pro:p~g2.n.ê..a mzi, to g.;.~an.a.e sob r e a sobz-a de teri'a que +em em ~ ~ ft • , d h . .,,. - - ..!- •. .:t.oncio:rne., :::J2.s so propa6a..-ri 2. mesmo, e ega aqua e a maior merrza.r a,

; , .. , d . I~os temo, por exeznpâ,c , considerado-se recem che gadc , na 01.s

ano s aí, o senhor- :pode ir, teia seL.::'3.na, na i,ort2. elo n~c:R.(, que q_uan-

do eles ficar canac.t i vo d.2 fizio:ia0i 2. do nenhcr , eles expulsaI!l de , - , la, d.i z er; que neo -teE, eu j e. fui di vers2.s ve z , não co:1segG.i nada, che

, . ~:·ra 1!12.7:., fent:ro ã.e ? aD.Qé o•· no - - -1. ... l:'_

01 es tp-· ob r ; ,...aç;:;o r e ~ ·'--n·-,,1e,· ~. lo...f- --- ••• ..J..;:;_., ._.. u. e.... t.,...,. __ ....._ - e.:. gc:2te. 31.es re c l.amam que , o I:~CnJ:~ não

ter:. co:t1eliçÕes de e:..tencler a ..; ~-~r'; s==o a de-,·: '·nd,:: ,:; e» .i. .•. - '\; '-,.:.. a ' 'C,;.._.___ """"" ""'-'-" terra que teilL aqui'

~.,e~ condição ·­ ...

si::~· :porç_ue teB ::;.ui t::: te::'r& sobrando, ba.s

u~n estrada, ~ue né? ..,...,1 - - .., • ,, ..,_. , •. . ... ..1.. ' .t.....es ziao _poc;_em o.izer c;;.ue e r.ezi ulr~, q_ue e a.nve n no ue cer •.. a.s

Page 16: Data -@~ 'D cf>;J.,

}

16

pessoas gue faz essas vistorias, como os senlLores, assim, por~ue

se.nflores mes-mos· ·são··-~este:inüiiha-··ae-ver· o pessoal sofrido que tá os •

entrando no mato, invadindo a área dos Índios, prá poder sobreviver.

E acho gue isso aí é culpa totalmente do INCP...A.

Como se fossee essa outra área do Novo Aripuanã, que eles fo

ram. lá no sul, fazer uma medonha duma propaganda prá trazer o pessoal

e deixar passar ?rivaçao, como passou.

Então, eu calculo que eles é QUe deviam ter um pouco mais de

respeito e responsabilidade coR o colono, co~ a huro?rridade e distri-

l i l

1

1nri r a terra. !·

Deixar de apoiar t.arrtc fazendeiro, que , tem muí. to fazendeiro'

dá lucro ne~hv.m prá eles aí, di~?lismente explora Índio, ex-

plora nó í s , pequenos agricultores, que temos mais direi to do que

eLes, porque temos mais menos condições de sobreviver do que elesº

SALV.P.DOR JOS~ DA SILVA: NÓis interessamo, segundo como fiel.a gen­

te vai colocar, estamo na esperança, tamo

i 1

1 !• .• . . 1

··'t

. , na esperança e agora toma de acordo, o povo quer viver, o povo que e

humilde de coração, com8 todos os trabE:lhadores, como o senl1.or sabe,

:filhos da Nação-. .Agora, acontece .L ' ., e s LtS. :par.;e ai, :foi um engano, is-

j i 1 r 1 1 .:

~ue ~re~uenta o mato, sertão, prá adqui~ir :prá todos nós, que somos

., ..p • d ~+- a.· ., soai ~oi um engano os camponeses •.. c,.uuao, quer izer, gue ai, agora,

:1.Ós e spara que a IIICR.A, então, ela ajuéia nó.i s , nestes momento, que '

nó í.s t.amo :;;o::::' :fora do acordo de nós e;puls.'.ll' ,índio, que nó í.s não ta-

i . i

l· l 1 _i

1.1 l

mo ~or fora do acordo de nÓis trabalhar, nÓis queremo trabalbaT', o

~ovo todo, então, interessa trabalhar.

Então yrá nÓis criar as nossa família, como eu mesmo, ten..~o

"":

~ ..:--; 1 - ::;i .i a z.no , téillbé:::!l te:rúo nora,_ filho co sado , tudo taí, espera11.do a opor l 1 t"L,rià aô.e , q_ue v'enha , que nó.i s também se for :prá pagar, nóis t.arío ém '

_.._. ~ ~, , . . .,_ , ' d ~ d • 1 . ul::'é:.~O QO SC-L2!.T20 do -cerreno e :pagclIIl.O camo em. Tu O o.e acor O 2. ea ,

es:p2ro que se for f aze r a reu..":l.ião do ::povo, , • ...L. • IlOJ.. S ramo JUil-

to, to do s igopl , as zue sma opiJ:1..ião, que se j e um, se je todos.

:.:.:2cos :3rr: l976, der::i.a::::- ccç ão , m::.is oi to j - •

l::'.ldlO s , o

raaz-cc ::.:-06, àe 30.10. 76, q_ue ~ice. pe2~to ã.s. cor:.:flu.ência ô.o s igarapés'

?uro d o !-:rainhe. e ?.rairü1a. .. .... ' ' i '

E:r.: l980, o r:::C3.J, .. , se.::;·.:.....":l.c.o ::o::,:~;;.:r·;::;:. .s.J.c-.;.!ls dos :.r,.11"'á.sores, acom .,.,, .. -,~-,a.-o os .!nd"'os o;:,. •••• r;u a p i e-·~.., "c,-.-,~:...,...,1-.,,.,-.a.~o o -:.-.0~0 ~o :::,.,....,.;1,1-,a es ~...,~--.1.t..o.. ..L ..i.. , _u ..L ••..••.• -- '-"- --..!-'·~---~-- _ ......._ \..o.. .•..•. tw.i- •.•••• ...__ ! o '

Page 17: Data -@~ 'D cf>;J.,

17

1 1

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' ·- • 1 1

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' í ' 1 ' ' 1. 1

' . j 1

----------------·---- ····- ···--. sa seria a eletr~nica, encerramento das linhas.

O DWR.A colo cou um marco perto do .i gar-apé . Fu.ro do Prainha,

isto é, bem dentro d~ área indígena, no dia 04º08.81, nº 03-TR 05/

80 - IJA INC3.A (i~JPLA:N ) e

Segundo outra versão, dos invasores, sobre o marco 03-TR 05/

80 - MA I?JCRA, teria sido o fazendeiro Nelson Gregório, que mandara'

colocar naquele lugar.

CP.!JJ .. _S TRA1íENTO

Como o seu Lindolf'o ?ereira da Silva, que mora na continua

çao da linha 74 - Gleba Vida Nova , sítio Pr a í.nha, que está caa.astra­

do sob n9 00 1058 00 093/81, :p2::.ga im_posto, existem mais à.e 19 farÚ -

lias na mesma situação.

:Ihnguém. soube ex.Plicar como é que o INCn.A ..PÔde cadastrar um

lote que está dentro de u.:mE:. área indígena demarcada e homolada pelo

presidente da Re~Ública.

'

1

I. . r. ·_ ;j 1 . . . 1 . ' 1 . - 1 1 .

t cm~"=?.CIO :D.A TER...u ,.., ' - ,

Ad demora e im?uri~dade com ~elaçao a invasao,levaram varias

pessoas a :f2.ze:re:rr... d.a g.rilagem à.a área-· "marcação" - negócio altamen

te l~crativo. O preço da marcação é em torno de 1 a 1,5 milhão de

, .. '

--;- , -. .. ~ ..:....,-. .r'.L.2. lil Ul v a gente de empresas ou Sirm.as ne JÍ-?a:raná que manda

!. 1 ,- '

!.. l! 1 •

t· - 1 . 1 1 • 1 1 - 1 . 1

1 i 1 ... l

cr-uze í.r-o s,

~ , , ;'.., , . :ze...:.er IGa:rcaçoes na area, como e o caso do dono a.a :Parlil.6.cia Rocha, Im.

al - . p .e-e ça s , e t.c,

Xilson Tonetti, já vendeu algumas mez-caçóes , sego.na.o ele, in

ve s t í.u o ô.í.nhe.í.r-c 12. ms srso , no seu lote.

Seu Otávio, c ue está a.errub~do à pouco s metros de um acampa - - .L. 1 -1--~~:i.-.. ; , • - ' l ., raerrto .r:2'ara, ramo em js. vendeu mua tas colo caçoes a avrauores d.eses.:pe

"'~na.- o a nor riª-º +c,y, e,.,.. -"- 0.,..,.ra .•.. ~ ....; ..•.. -- l.1-- ~ v ••..• ..L. • - , A ne go c La tt, ô e s sa.a ::J-2:r·c2~ç·oes levou nesses ultin:os meses, cen

,-,·.- o \.i_ LA. ••••.• 2..S dos

'e.""''"-; :;o e ~,...<:>-a _ _...\ __ ....,. ..•. _.c.:...l.. ' r,:::' os .;randes e cpe cuã.adoz-e s que tenta.E ti~ar provei

~,:o à.a s:.. ~uação. :Ó O C2.SC

l. Cereelista s~ to _m tôn:io, ::e JÍ-.Paraná

4 lo~es de 42 al.queir~s c~da, 1ica aci!.U:l do

"'!

Page 18: Data -@~ 'D cf>;J.,

18

do Erai1L~a, no carre~dor da lirih.a 78. I' , . --'2;--jjn:pai~as - J1-Para.J1a·----------·- _! __ ---·

Marcou 4 lotes de 42 alqueires cada, fica acima do ig. Fü.

rodo ~rain..~a, ~o carreador da lir~lia 78. 3. 2'.Jalag_ui as (:madeireiro).

:·.:Ia.rcou 5 lotes de 42 alqueires cada, entre o Ftrr;o do Prai

4. :LlineiYinho (Usino Caetano de J.ndrade), Nova Colina.

nha e o E'rai:::iha.

?ossvi 6 lotes de 42 alaueires, fica nas cabeceiras do iga.ra ~ - :pé Lour-de s,

5. Fazenda Triangulina - JÍ-Pa.raná.

Possui terras na divisa da AI (fora dela) nas está avan­

ça..~d9 aos poucos para dentro dela, impedindo, inclusive a presença 1

de colonos na região, :para,assim, resguarda.no 11seu pedaço11•

6. Nelson Gregório - JÍ-Paraná, Iazendeiro

Quer grilar terras dos Índios, que já estão ocupadas :por

colonos-invasores. Diz que tem título da terra, "feito II em Ouí.ab á e

estava nas :mãos do Juiz de uireito de JÍ-Paraná.

7 - ' . R ha J/ - ' • l!'arJ:1.ac1a .•. oc. ~ - 2-J:'arai---ia. . .,.,, ..., ,

Possui mar caço e s e peoes na area.

i 1

j. 1 1 1. 1 1

! !

Nelson Gregório e Mário ?iloto, fazende~ros, ·segundo afirma­

çoes de colonos, teriam oferecido Cr$ 30 milhões para o.pessoal do

Di.ar'Lazaerrt e sao retirados ô.a .AI, milh2.res de metros cúbicos

; 1 l l i

1

I. 1.1 ' '

"ajudá-los a conquistar a terra 9-e su~'±>retenção11•

r I.:AJJSIREI?..OS

de :madeira eD tora.

O roubo ô.e csa madeira se intensi:ficou nos ·t5.ltimos 2 anos, sen

à.o / - , ~ construia.os varu,o s 'carreaê.ores' (picad2s :por onde passam os cami

- ..L.. \ lL~oes com voras1.

C:;_ve-se, 2.0 Te5ião,, cons tan ternerrte bE:.rülho de noto

ce r re.s f unc í.onandc e '.ll~vores caindo.

l.::..alagy..is.s é un :~_os que ma'í s r-e t.í r-am made í.r-a , e l e ::_Joss1ü c ua ta-o . ,- . 1' h' c~.:..::_~~l!1oes ~·ue pv..xC!L rr..nC.c1~·a a, a dois 0210s

Isso sera f~ar de outros DB.deir2iros que nao :foi po2sível le

'.~::..r.-c::.....r os ncme s e outros dados.

ESCOLAS

:)entro c.2. área invadiüa, entre os igarapés F"..rro ào ~Tsin...-ia e

=:-:.·2.::..::ili.a, já :funciona:n. 2 escolas. As me sr;a s s foram cons~rUÍdas p~ los :próprios colonos. Os :;,ro:fe.ssO:?.'e s são :f oz-ne e idos e :pagos pela

Page 19: Data -@~ 'D cf>;J.,

I.:::EC (Secretaria ~.1ü.:icipcl de Educação e Cultura) _de JÍ Paraná. ·------40- --- - ---·---·----------·----- --,-

são elas:

1 ..•.. 3scola Riõ - ., -- , Ji-..t'ara...Tla, com 25 alunos, professora Iraci. <

2. Escola Rio Ii:achado, com 23 a'Luno s , :professor Leodato Lo

:pe s de Lie.Lo ,

3. Escol~ Rio ChÍ, com 20 alunos, professor .Alvaristo.

Essas escolas começara.ma funcionar a partir deste ano.

A.o fornecer :professores para estas escolas, a Prefei tu.ra de ; - , Ji-~E;.ra.t""JZ. mostra o interesse em legitimar e fortalecer2 a invasão da

terra dos Índios.

AO El7COJ'iITR.O DOS 1:NIJIOS

Depois de ouvir tantos depoimentos e sentir de perto a gravi

dade dos acontecimento, julgam.os fundamental ir conversar com os Ara

~2. e Gavião.

As in±'oI'ID.a.ÇÕes a respeito dos Índios e d.e como chegar às al­

deias fora:I!l muito restritas e contraditórias.

Dia 19 c~egaJTI.os à cado do seu Geraldino, na beira da AI. A{

de::..xam.os o carro e :partimos pelas :picadas e var-adour e.s, r,.' l . - ' d =Pºs a_gu:1s erros, a~rasos e eng2.nos, cneg8.Ill0s a caso o seu

Otávio, não sem Qificuldaêes,

co~panheiro Joãozir~11.o.

e spe c í.a'Lmerrte por pa.:r:te - da malária

En+ar'de cer-, b anho Ótimo, assado de coró com arroz, rede mere

cida, frio danaco, esper~ndo a:mà..""J.hecer.

Joãozir.Co.o arianhe e eu muã.tc baqueado, sem co ragem e condiç.Ões

de deixar a rede e :iL.UÍ to meno s :prossegui~ a caraí.nnada • .,-. - '1 • --,__ ~ -,., • ; 1 , al - • f, -v. .ue cauarao s Q_Ue -T2.'".:.anc.e e ~gon, iria::r.os ace a o.ea,a Ai. ara. l';inguém sábia E..O ce rto o var-aãour o , 1.1ois não encontra:;:nos ne-

. , ' . . -,, pessoa que J& ~ivesse iuo até a a'l de.í.a .

Cor; :poucos rrí.r.u+o s d e cczrí nhaô.a , encontramos UIJ. acancamerrto ,

estava vazio, D::2.S Qeviar:.

~s·~:-:~ IDra }·~á ~:::,1:;_:~o ~G_·-i_: .' o.

:.:o:.:·::--er:do co er.:c:>n-tro dos adultos, :::ulhs1·es se esco::2:ls::.iêlo ria casa ..•

Aos ~ri.:!!.eiY02 cc.l!l.primei:tos, só rcsJost~ da m.3.o eYg-d.da, ir-d.i ~=.:1c_~ z: ôa.sa da Yu:::LI, :pE:X"a onde co~ti:::.uávarnos ancr.nô o , escoltados -;-

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Page 20: Data -@~ 'D cf>;J.,

, , r

• 20 .,.

por curiosos olhares. ,.., ...• . .• "' . ·-

Quem sao voces? Cade·a autorizaçao?

Viemos aqui conversas, a pedido do bispo .••

Bispo não manda nada ag~i •••

Sim, sabemos, Jna.s estivemos visitando os invasores e gosta

L.._; -- - .. ------, ; 1 : 1 ' i I :·

/ r1a::i.os de. conversar •••

A aspereza do ~rimeiro momento foi cedendo lugar a v.µi. desce~

traído papo sobre a situação. Tanto assim que o próprio Carlos, en-­

fermeiro e o Cacique Jlvaro, sugeriram que fôssemos buscar o companhei

ro doente.

- Qt.1em vai?

Egon prontificou-se a ir, sendo acompanhado :por outro Índio' I.: ! 1 e dois curumi.na,

Em menos de duas horas bateram na tapiri do Otávio.

Com.o é Joãozinho? .r... voz suara e rouca do fundo da rede deu logo a entender que

o quadro não estava anãmador-,

ç2s e decidiu: o jeito é experimentar. •• '

·I 1 i i ~ . 1

.1 -' í i

'. i : . '·' 1: 1' i:

[ 1

P . - , t' . assei ma.L essa m~nna, a ruim ••• .. , ~- , , , Pois e homem! !-:,__em.os te buscar, que tal. . • sera que da pra

tentar?

;áolemente, . e:rribrulhado no cobertor suado , Joãozinho tentou rea

6i~- .• o corpo não respondeu .•. malmente conseguí,u sentar: dor de ca

b eça, f'r'aque aa , pois ficou sem comerv- ·aorei:j .• _. j:untou as Úl ti:mas for . f

.• , • ; ...J:-- :oas Ja se preveniram com v.m p~u pra ~azer a maca •

rcz. o ue na alàeia tinha :pocleriE;. ch2Gc.r, em S'.) corro.

Andar am um 1muco e viram que e.r a in:possível teimar. Lembra-

To:edia ta.'!lente os Ínti:i.os I_;a.:i.1·!;iram err. b us ca c.f":is nulas. Joãozinl10 e .Egon

:.:·i ccz-am de ten t;a:.1 se cu.ir l e:-.,_ -tG.:2en te. O con ta-go-;:;a da s ene r gi as "'craga

erise de ::r·io, fo- . '

6u.eir2. no rae í o elo va:::-·~:uo:..rro. C. -~er::.lJO pC!.ssou, ccnie ç ou crio í. tecer e n2.-

à.2. da mula checar. ~ ,.._,;_ ·-_.r.-L ..r'"1r.~·,,..., ,-.,.--..; ,.:::'.' 0-'.'l.,~r.l '""""'º l'"T"r-,""r"'"' - ,...- •• ~-r - .l.F.:.. _v-c. 1;...8-1.ue ..:..-~~u Cc_,_..:.. -""-·º, ..:>---1-u,;... .J."'""'" L,c.....:.U!)~ '::1.;,ie O ou:::_o

vou ser eu, c1i ssG E&Qn. :i

Pa.s so s :;,-1c s,-:~:io s , coxpc s sado s, sobre as _pe ê.ras, :f.õil.!has, :paus, •• ;

Já no escuro, apar-e ceu a e cpez-ad a , a~ e~contro d2 mula ... da aldeia. i!

:::02:çicndo clepois, quaã espada, a escuridão da ma tu , cora o Joãozinho •

c~ur,a ... Cheg2..!"·nzi., enf'Ln, a aria i.ad a cama o acolheu.

Page 21: Data -@~ 'D cf>;J.,

21

No outro d.i.a , conversando com o Cacique ksexo , vimos que se •.

- - · · ·· --rlã- importante seguir até a aldeia dos Gavião, dficu+ i 7' !:I ''ª 1 ; ·'ª"ª '

dos invasores.

Seriaill r::J.ais 5 horas de caminhada. Partimos com muita dispo­

sição, na certeza que a iniciativa seria importante.

Na recuperação, ficou o campa.heiro doente. Tudo ia mllito bem,

Ç_~a.."Yldo um sinal apareceu: um cai tetu avançou sobre o Egon. Enganando

o cbã cno com um galho, Egon conaeguí.u pular no cangote, derrubando-o.

Lego chegaraD E..:.~_ande e Âlvaro e amarran.os o animal para entregar ao

cacique Gavião como sinal da nossa a.nüzade.

- ta nossa contribuição modesta na luta pela recuperação da

pensáve.rnos no cam.i:nb.o.

Depois .de hora e meia com o caitetu carr~gado, avistamos a

aldeia, com o mesmo ânimo da par·tida, pensávamos; o esforço está re-

terra,

compenaado,

~ESOS - REFÉI:TS

Qua.Dào fom.os avistados, seguiram-se uns gritos e como o toque

de mais um início de novela,ensaiada, tudo correu rápide e ordenada.a

:c L ente. Dos lados acorria.JL. mulheres e cria...~ças, enquanto em cadencia

da marcha, os gaerreiros aramados e pintados, avança:varn sobre nós. O

cernirio, cuiã.ado nos mnimos detalhes: "Bem. ·vindos visi t21:1tes 11, anun

cic.:va:n gr-andes faixas, engua...~to no próprio {ch;o (gr8.1Ila) se via impres . . -

soa saudação: ºL comuná âade do J?.I. Lourdes saúda os visitante". ... Os guez-r e í.r-o s , cora plumas nas orelhas e narinas, emo al.avam '

suas flexas e bordu.nas.

SeB entender o que desiilava dia.~te dos noss9s olhos, nesse'

estranho espetáculo, algulli~s ·conjv.ntur2s: será treino prá expulsar '

os Lrrvaoor-es , ou ts.lvez ritual d.e r·ecepção?

A C"11-f'1" 'Y'T~"'C;O 11a-o -1-~-·~dou· __ v..1..- ..•.... --c:::.1,............ - u_....... •

EÔa ta:::·àe, quer.: são vocês? Sem au.torizaç3:o da FUlf.D:?

e vs:r corso _votem.os ajvt_:..:r.

r=.:.utcrização? - ::ao tenos, :;,or-qu.e •••

I:isso, ouatro l!l50S fo~tes e fi:nnes se grudo..T2.Il em cada um. de -- i1 nossos 'bruços, e r a 2. orô.ern õ e :prisao.

- Vocês estão presos. 3 só vao s:..ir dC1.qui quando aparecer

.~elecado da Fl.l!7J. ... I. 11 Fa.Lo u er:.e:rcicanente o cacã que Catarino.

1 1 ·' i •.

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Page 22: Data -@~ 'D cf>;J.,

22

~~-- -~~~~~-

' 1 1

·1 E _para documentar o flagrante, ele tirou, ele mesmo _puxou ••

, . , .. . , . uma maquina fotografica ~ tirou varies fleches.

·Federíamos ser jagunços, bandidos, assassinos.

Assim, _.chegados ·da· mata, 'c.Lar'o que não _po~er~a.m.os ser conf'un . '

didos com funcionários da FUNAI, que só chegam do alto.

Nisso, o Joãozinho já esta~a _preso, tal!lbém, na casá do chefe

de Posto.

t que a enfermeira desta aldeia,' tinha ido à aldeia dos .Ara­

ra, no helicÓ_ptero da Eletronorte, e como o Joãozinho estava lá, do-

' ' l !· 1 r 1 1

·ente e era nosso companheiro, trouxeram-p.oL'para os Gavião, _para nos

esperar. Quando .ele chegou na a.Lde.í.a , foi presoe e ficou à nossa . es- ' [:

1 1

:pera.

O grande crime de que éramos incriIJ..inados, é de não sermos 1

portadores do mágico _papel, que transforma criminosos e irresponsá­

veis em inimigos amá.veis.

Não teve conversa, nenhULla explicação fez aparecer o _pa~el '

encant~à.o.

1 1. 1

l O S.ADISilü DOS FUNCIONÁRIOS

Se2 er-tender muito be~ tuQO QUE havi~ ~assado, começamos a

seri-;:;ir a pressão física e psicológica arquitetada e fomentada pelos'

1.; ! ' l ·; 1 . i .: : f12~cionários do ~osto.

3:ng_~21to os Índ.ios :prossego-i aJL. no seu ·ritual de entrar abru:E ,:

··:

aaLa er; que ,

e s tavamo s , cor; seus ges-tos e expr-e aaoe s a.IJ.ea-

çadoras, o c~efe de posto e sua mulher, não per.dia:m t"empo de envene­

nar o erribiente com ·sidicos comenta.rios: ., - ..._ - ,,_

- Os Lnd i.o s t2.o querendo acabar cor; v'o ce s , .A si truaçao nao es , ._ A r A

t~ ooa pra voc~s.

Os Í~dios estão ~t:..ito i~rit~dos e pode~ a ~v.al~uer momento ' - ' agressao a voces.

- l~ao se ~ .... r::-i sq_ue:c. dé«r um. :pc.ss2. ::zor2. de caaa , nem para defe- . , ~- "" e~~-::::-· o u urn.nar- s em que nos acompannemo s vo ce a,

- ~·;n.o sei 2.té quando vou conseguir corrtrro Lar' os Índios.

O cl:.r:;.a C:e tensão :foi aumen cando na m86.ida que a noite .foi '

c};_-2 c2.21.ã.o. Os Índios aca.L1po.ra::;:;. ao :::'edo~ à.e. c2.sa onde nos -1- , cncon l.,rava -

, procurovnnos upressc:.r o p2ssar do tenpo,

o~ ~~~~cos .fun.cionários do pos~o ce divertia.:r:. com a recapi~ulação

ucs fstos e fingindo dralüáticid~de do I:1.0ncnto.

Page 23: Data -@~ 'D cf>;J.,

23 .•

Na calada.da noite, quando o relógio ·já vencia pesadas 24 lt, .. o silência foi interrom:pidÕ por risos .. -e .. ãbafaâ.o· peio lençol. Foi ~

d~m.onstração clara do sadismo incontido desses funcionários.

No · ou_~o dia, ~ repetição das ameaças, _tensão •••

Pela fonia da Eletronorte, ficou confirmada a vinda do elicÓ:e_

tero, enquanto o chefe do :posto colocou-fogo no clima de dra.m.aticida

de, chamando :pelo rádio:

. [;

- Por ~avor, Manaus ou Roa Vista, entrem em contato com urgên eia com a delegacia de Porto Velho e peçam para virem atJ o PI liotll2- des com ·máxima urgência, :·:pois estão presos aqui, três funcions';irios '

do cn.rr e os ~ndios es.tão quer-endo linchá-los ••.

Joãozinho continuava tremendo, jãj não se sabia se era da 1

malária ou de medo.

''

LIVRES - ENFIM

Era meio dia.

O barulho do helicóptero soou esperança naquele tenso ambien

te. Era :possibilidade :pelo menos de comunicar algq, mandar recado.

Ernande escreveu rapidamente para o bispo: "Estamos presos, 1

refens ••• exigem a presença do Apoena ou outro da delegacia da FUNAI

prá nos soltar ••• :façam o :possível, - corremos perigo de vida •• ·~

Outro ba_1"Ulho., chega aos nossos ouvidos: - t o a~ião, toma-

r2 que seja o Apoenal ':

O avião ate:rrisou na aldeia·. • I ... I

Coração bateu forte. -~ ·, Já há uma semana os Índios esperavam o Apoena e j~ estava:m.1

até revoltados e tensos com essas raerrta.r-ae dos br.ancos.

três a mais a esperar pelo dito.

.Agora éramos

-.O que vocês me aprontaram. •. ?

Foi a A:poena dizendo, enquanto nos cumprimentava.

Explicamos noss2. intenção e tudo que se ha~ia passado.

O chefe do ~osto, linpa dia:ra.te do chefe:

;JI! to nino , J

se apressou em deixar sua barra

- Tratei bem a vocês, ~ão é verdade? Eles apareceram sem au 1 I·

.•.. . - uorizaçao e •••

A:poena se retirou :para1conversn.r com os índios.

Poucos minutos depoi~~~~r~am na sala, os dois Alva::'.'o, · dos krara e Catarino, dos Gavião que se dirigiu à

caci9.ues,1

, nos:

- .A.m:ibos, estão liberados. Enunca mais apareçam aqui ••.. sem

::.uto~ização da FU:rAI.

Page 24: Data -@~ 'D cf>;J.,

e 24

No mesmo tom, Catarino se dirigiu· ao'piloto do avião: • E voc~a.eí:xãreles-i-o·go-- e-m-ij{-.;..~~1- --- ·· ·--- : ··

E já na saída, quando Egon pergu..~tou~ - Catarino, e os nos­

sos objetos, que o pessoal pegou, relógio, gravador •.•

Não, isso vocês perderam..

t claro que nada mais desej~do do que chegar at~ o avião,.

pois foi tudo tão rápido, em co~panação aos longos minutos anterio-

res. '":.·

Thau!

O avião partiu!

( . ~

SITUAÇÃO ATUAL

Não existem dados exatos sobre o número de famílias residen~ -~~5c:=_,.. . . -,

tes na área (podendo chegar a 500) e -o número.de :i;narcações já feitas

e derrubadas em andamento ( tal.vez, umas 800).

Com esse- processo de invasão, entram cerca de 6 novas famí- .....

lias :por semana da AI, acessas ruh.turas, :já estão sendo atingidos uns ~·.;:;

40.000 ha de área invadiãa.

Como se já não bastasse todos esses problemas para os Í..~a.ios,

a Eletronorte está fazendo estudos no sen~ido de construir uma barr~

gem no rio 1'Iachado. De imediato, isso significa :perigo para os Gav.i t . . .. - - ,.., , .. • "'

ao e .Arara, que po âez-ao ter suas terras inundadas J)elas aguas da hi- . · ·

drelétrica. A exemplo dos Waimiri/Atroari ~. Balbina e Parakanã e "Ga- ,· ,. ~ 1 ; • . - d 'O , . " . ., : • ' J ., ..

viao o .•. ara, com a Tucurui. · .· .. - ..- ~ .. . t -...i -";"

Já existem linhas de Ônibus de JÍ-Paraná ~té o interior da ·,

área, invadida, dos Ín~ios. Esses Ô~ibus vão pela estrada da fazen-

da Qastanhal.

A FIDIAI entrou com pedi~o de Ação Possessório - Interdito de

:1anutenção, com o respectivo mandado liminar de Manutenção contra os

ir-vasores, na Justiça Federal, em 17.07.84. _Dia 01 de agosto de 84, o Jm..z Federal Ilrnar do Nascimento

Galvão, negou a Liminar de Ação de Llanutenção de posse, peâida pela

FURAI, causando, isso, grande revolta nas comunidades indíeenas do Lour de a,

Dia 09 de agosto de 84, o Delegado da FilliâI, Apoena, infor­

mou que os Gavião e Arara haviam declarado que sua paciência havia ' I

se esgo±ada, e que após a vej'áa da produção de borracha dos Gavião,

eo JÍ-J?.ara.n4, iriam, eles mesmo, expulsar os invasores. Já estavam. cansndos de esperar pela justiça dos brancos.

/

Page 25: Data -@~ 'D cf>;J.,

25 li

PROPOSTAS • {

l. Que o INCRA, atrav~s de seus técnicos, efetue um le~ànta~ m~nto rigoroso.na ~ea, para saber quem precisa realmente de terra•

ou não. E aos-que reaãmenméo~"D.ecessita.m, que sejam reacentados numa

outra terra.

2. Que a Prefeitura de J~-Para.n4, através da SEMEO, retire '

as 3.escolas que funciona dentro ·aa ~ea invadida e as ~aça :funcionar

forá. Para facilitar a saída dos invasores.

3. Que a FUNAI, atrav~s da ~ustiça,' responsabilize criminal­

mente aqueles que estãó roubando madeira e vendendo enescrupulos~,E; - , te marcaçoes na area.

OBS.

Cada semana que passa, mais seis famílias entram.na terra

· dos Índios. Isto.significa :mais de 25 famílias ~or mês que entram e

não vão querer .sair depois. Pelo menos pr~ ser jogadas na beira estrada.

--i ·----~-;1J da·., .. ,

Porto Velho Ro, 17 de agosto de 1984

...• · ~nande Se_gismando

~· E~on Dionísio Heck ' João Lobato (Joãozinho)

••

1

1 ·1 '

.•.. ~